"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A VOLTA DO FAN PARK

Estudo (2010) para o novo Shopping Popular (arquiteto Ademar Poppi)  www.grandecpa.com.br

José Antonio Lemos dos Santos

     A rápida intervenção do governador Silval Barbosa reafirmando a instalação do Fan Park na região do Porto fez retornar o bom-senso ao assunto. Além disso, resgatou para Cuiabá a perspectiva de um dos principais legados urbanísticos a ser deixado pela Copa do Pantanal. Desde a escolha das sedes da Copa 2014 sempre foi dito que a construção de ao menos um Fan Park em cada cidade-sede era exigência da Fifa, um parque urbano onde os jogos poderão ser assistidos em telões, dedicado aos torcedores que não consigam assistir aos jogos nos estádios, para depois ficar como uma lembrança significativa do grande evento para a cidade. Cuiabá não poderia perdê-lo.
     Essa boa invenção da Fifa veio a calhar, pois Cuiabá, apesar de ser a Cidade Verde, é carente em áreas verdes preparadas para receber seus habitantes, ansiosos por espaços estruturados para atividades ao ar livre, dissipadoras do estresse urbano. Porém, para Cuiabá o Fan Park tem um importância urbanística ainda maior. Fora a criação do novo parque urbano, com sua localização no bairro Dom Aquino, região do Porto, principal acesso da cidade, o Fan Park resolve pelo menos quatro problemas graves de Cuiabá. Primeiro, soluciona a antiga questão da transferência de seu Parque de Exposições, cuja localização ficou inadequada ao próprio funcionamento do Parque, bem como à circulação viária na Grande Cuiabá. Ademais, sua contiguidade ao trajeto do VLT e à uma de suas principais estações possibilita o tratamento conjunto da área dando um tratamento digno ao principal acesso viário do município e centro geográfico da metrópole cuiabana, também revitalizando histórico bairro do Porto, dois problemas antigos da cidade. Mas a maior das possibilidades é a da volta da cidade para o rio Cuiabá e sua recuperação como seu mais importante equipamento urbano, fonte de água e alimento, espaço de lazer ativo e contemplativo, elemento marcante na composição climática, ambiental e paisagística da cidade, além de patrimônio histórico por tudo que representou para a fundação de Cuiabá, para a formação de Mato Grosso e a ocupação deste vasto interior centro-continental.

Estudo para a conexão Cuiabá/Várzea Grande (arquiteto Ademar Poppi) turismomt.wordpress.com


     Arquitetura é a arte de transformar os espaços e assim por formação o arquiteto é um visionário que sempre enxerga a realidade na perspectiva de sua transformação para melhor, imaginando soluções geradoras das maravilhas urbanas construídas pelo mundo inteiro. Aqui também pode ser assim e aquela área do Porto é muito rica em potencialidades. Os projetos da Copa e a decisão do governador reacenderam as esperanças. Mesmo que não existam condições financeiras para se fazer tudo de uma só vez, pode ser elaborado um plano diretor integrando as áreas do Fan Park e a da estação do VLT (com sua nova ponte), chegando até a área do Museu do Rio, Aquário Municipal e Avenida 8 de Abril. Nele podem estar previstos o planetário, o novo Shopping Popular, praça gastronômica, monumentos, fontes e outros projetos a serem construídos à medida das possibilidades, ao longo dos anos. Enquanto não dá para fazer tudo, que seja feito logo o fundamental, isto é, o Fan Park, a reurbanização das avenidas e a transformação da arquibancada da Acrimat em uma Arena Cultural para o Siriri, Cururu e o Carnaval, complementando com o plantio de muitas árvores, a instalação de amplos, confortáveis e seguros passeios públicos, ciclovias e pistas de caminhadas em toda a área. E desde então a entrada da cidade fica assegurada como um espaço digno de uma das sedes da Copa e de uma capital às vésperas de seus 300 anos.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 31/01/2012)

domingo, 29 de janeiro de 2012

VOU-ME EMBORA P'RO PASSADO

Curta a poesia do arquiteto Jessier Quirino, declamada por ele próprio. Jessier está bombando no Youtube, já esteve no Fantástico e no Programa do Jô. Com uma sensibilidade aguçada retrata em sua poesia aspectos da vida comum do nordeste.  Abaixo coloco o link da poesia em que ele lembra o passado recente (décadas de 50, 60 e 70) com muito humor e emoção. Quem não conhece ainda vale a pena dar uma olhada , principalmente os que como eu já passarm dos 35 (eh eh) e viveu um pouco aquilo que ele descreve. Para os mais novos também é interessante, pois mostra um estilo de vida que passou, mas que deixou saudade. Veja:

http://www.youtube.com/watch?v=ODKK6xcKuyw

Como sabemos a Arquitetura deve expressar a época em que é produzida, daí a sensibilidade natural dos arquitetos e arquitetas. Alguns têm mais, outros têm menos. Jessier extrapola, vai muito além. Um artista genial. Vale ver.

sábado, 28 de janeiro de 2012

O NOVO PARQUE DE EXPOSIÇÕES DE CUIABÁ

Para quem não viu ainda, veja abaixo como será o novo Parque de Exposições de Cuiabá, em matéria de março do ano passado, publicado em http://agecopa2014.com.br/copa-2014/veja-como-sera-o-novo-parque-de-exposicoes-de-cuiaba.


http://www.copanopantanal.com.br/fotos/turismo/parqueacrimat.jpg


VEJA COMO SERÁ O NOVO PARQUE DE EXPOSIÇÕES DE CUIABÁ
Está pronto o projeto do novo Parque de Exposições de Cuiabá. Com nova área, agora situada na rodovia Cuiabá-Santo Antônio do Leverger, o novo centro de eventos da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), que vai deixar a antiga área localizada no bairro Porto para servir ao fan park oficial de Cuiabá para a Copa do Mundo de 2014, seguirá um estilo clean e moderno.
O novo parque de exposições contará com forte estrutura, incluindo arena multicultural (show e rodeio) para 30 mil pessoas, espaço para parque de diversões, centro de eventos, lago com fontes luminosas e prática de apresentações de esportes aquáticos e área para instalação de batalhão de Cavalaria da Polícia Militar do Estado, além de estacionamento para 10 mil veículos e até 50 ônibus. A área ainda deve contar com uma pista de pouso para aviões de pequeno porte.
Conforme cláusula contratual, a Acrimat só deixará a área do atual parque quando tiverem início a construção do novo complexo. As obras deverão ser erguidas por estágios. A imagem publicada em render (veja foto), mostra o novo parque 100% concluído. No entanto, o projeto da pista de pouso ainda não é oficial, já que depende de estudos e aprovação do Ministério da Aeronáutica.
A direção da Acrimat conta com o apoio do Governo para realizar a Expoagro de 2012 no novo local – ainda em obras –, embora sua conclusão está prevista para 2014. As lojas e restaurantes e demais dependências devem seguir uma padrão moderno. A exceção é o setor de baias de cavalo que deve receber instalações no estilo colonial.

Veja as dotações do novo Parque de Exposições de Cuiabá

* Pista de Pouso
* Arena Multicultural (Shows e Rodeio) para 30 mil pessoas
* Espaço para Parque de Diversões
* Centro de Eventos
* Estacionamento para 10 mil veículos
* Estacionamento para 50 Ônibus
* Lago com fontes luminosas e prática de apresentações de Esportes Aquáticos
* Batalhão de Cavalaria da Polícia Militar de Mato Grosso


Fonte: Copa no Pantanal

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

SILVAL CONFIRMA QUE PROJETO DO FAN PARK SERÁ CONSTRUÍDO NO PORTO

26/01/2012 - 11:40
OlharDireto
Da Redação - Marcos Coutinho e Priscilla Vilela

circuitomt.com.br

O governador Silval Barbosa (PMDB) descartou qualquer possibilidade de haver uma mudança no projeto do Fan Park da Copa do Mundo de 2014, conforme anunciado pelo próprio governo na última semana. A obra será em uma área do bairro Porto, em Cuiabá, onde hoje está o Parque de Exposições.
“Não houve mudança do local do projeto como foi especulado por alguns setores da imprensa. O projeto Fan Park será na região do Porto, onde consta no projeto”, declarou o líder do Palácio do Paiaguás em entrevista exclusiva ao Olhar Direto na manhã desta quinta-feira (29).
Ainda segundo Barbosa, a Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) e Dom Miltom, arcebispo de Cuiabá, propuseram uma área na região do Centro Político Administrativo (CPA) para a realização de alguns eventos. Essa proposta será avaliada pelo governo, contudo, Barbosa garante que não haverá alteração no projeto inicial.
No último sábado (21) a Secretaria da Copa (Secopa) anunciou que a Fifa Fan Fest – local de realização de eventos da Copa – seria transferida para a região da Morada do Ouro para proporcionar um maior alcance social a população. A área chegou a ser visitada pelo Secretário Extraordinário para assuntos da Copa Eder Moraes e pelo próprio Silval.
A decisão inclusive seria apresentada em Recife no Pernambuco durante o 2º Workshop sobre Fan Fest ainda nesta semana, onde serão definidos os locais para implantação das estruturas nas 12 cidades-sede. Entretanto, repercussão negativa sobre a opção, a ‘cúpula’ da Copa em Cuiabá e o governador enfatizam a manutenção do projeto inicial.
“Quero deixar claro que o Fan Park será realizado na região do porto e ponto final. A área oferecida pela Fiemt e pelo arcebispo Dom Milton poderá ser utilizada, mas o projeto vai ser executado no porto”, reiterou o chefe do executivo mato-grossense.
(http://www.olhardireto.com.br/)
Matéria semelhante no Midianews http://www.midianews.com.br/?pg=noticias&cat=14&idnot=75796
(Imagem da internet adicionada na postagem pelo Blog)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O FAN PARK DE CUIABÁ

José Antonio Lemos dos Santos


     No último sábado o Governo do Estado informou que a Fifa Fan Fest acontecerá na Morada do Ouro e não mais no Dom Aquino, região do Porto, centro da Grande Cuiabá. A Fifa Fan Fest é um evento que acontece durante as Copas do Mundo, destinado aos torcedores que não puderem ir aos estádios, seja nas sedes dos jogos ou em outras cidades do mundo escolhidas pela Fifa. É para “ser o segundo melhor local para torcedores de todo o mundo compartilharem momentos emocionantes, conhecerem a missão da Fifa, terem contato com as marcas dos patrocinadores e comemorarem o clima único que uma Copa do Mundo da Fifa proporciona”, segundo o site da entidade maior do futebol.


Imagem: turismomt.wordpress.com

     Para a realização da Fifa Fan Fest de Cuiabá estava programada a criação de um Fan Park, local preparado para receber os torcedores e que ficaria como um dos principais legados da Copa para a cidade. Por isso foi viabilizada a transferência do Parque de Exposições liberando uma área suficiente para receber além da Fifa Fan Fest, um conjunto de equipamentos tais como planetário, museu, uma arena cultural e até um novo Shopping Popular, o que daria um novo e digno aspecto urbanístico à principal entrada de Cuiabá. Por estar bem no centro da área metropolitana e colada a um dos futuros eixos do VLT, é uma das regiões mais acessíveis por transporte coletivo ou individual em suas diversas formas. O rio Cuiabá lhe assegura o caráter icônico local exigido pela Fifa. Era um dos projetos mais aguardados pela cidade dentre os programados para a Copa. No mês de dezembro passado essa proposta para o Fan Park foi mostrada a uma comissão da Fifa que esteve no local e que aparentemente ficou satisfeita com o que viu.
                
circuitomt.com.br 
     Nem bem passou um mês da visita, eis que o governo surpreende com a notícia da mudança dos planos. Qual teria sido o motivo? Seria falta de recursos para fazer o parque em sua totalidade? Sendo assim, podia manter a festa e o projeto do Fan Park no local, deixando as demais edificações para o futuro, e a cidade não perderia o parque. Ou teria a ver com a recente doação do espaço do atual Shopping Popular pela prefeitura? Nada contra a cessão, mas não podia ser em área de acordo com o projeto do Fan Park? Teria havido algum obstáculo em relação à liberação da área pelo município? É preciso que fique claro de quem é culpa por Cuiabá estar perdendo esse precioso equipamento.
                                                                   
circuitomt.com.br
     Por outro lado o novo local escolhido não tem os mesmos privilégios quanto à acessibilidade e situa-se onde está localizado o Memorial João Paulo II, área onde o Papa rezou a missa quando esteve em Cuiabá. Quando o estado cedeu a área havia o propósito de se implantar o Memorial como um espaço sagrado, amplo e digno de reverenciar o grande Papa e sua presença naquele local, como a Igreja vem realizando. Agora João Paulo II está sendo santificado pela Igreja, ampliando o valor daquele pedaço de chão cuiabano, um espaço a ser tratado como um local santo, condignamente preparado para receber católicos da região e de todo o mundo que por aqui passarem.

circuitomt.com.br
     A perda do Fan Park é uma grande redução nas expectativas do legado da Copa para Cuiabá e é uma decisão que poderia ser revista. Mesmo assim, sempre torcendo pelo sucesso da Copa do Pantanal e de sua Fifa Fan Fest, onde quer que aconteça, como arquiteto e urbanista, técnico e cidadão cuiabano, tenho que protestar contra a qualidade da imagem de divulgação do novo projeto, uma imagem que terá circulação mundial. Aquilo não está à altura de um evento de envergadura global, nem de uma cidade que abriga duas faculdades de Arquitetura.
midianews.com.br

(Publicado sem as imagens pelo Diário de Cuiabá em 24/01/12)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

FUGA DA EMBOSCADA

MARCELO PAES DE BARROS, doutorando em Física Ambiental, professor do Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso



     Nada podemos fazer para evitar. Neste momento em alguma abóbada do interior do continente tem início uma invasão. O invasor, Stratus, um indivíduo grave e tedioso, lentamente começa sua investida para tomar todo o céu. Sem resistências, a penumbra vai tomando toda a terra, como um véu que projeta uma luz lúgubre e monótona. Terminada a investida, no território sob o domínio de Stratus, prevalece uma paisagem opressivamente cinza, que parece não ter fim.
     De formas indefinidas e pouco espontâneo, Stratus disputa os céus com Cumulus e Nimbus. Aliás, para aqueles oprimidos sob o domínio de Stratus, é bom saber que a combinação de Cumulus e Nimbus, como um casal de tiranos, pode tornar mais difícil as condições de vida abaixo do céu. Cumulunimbus pode estender seu domínio por centenas de quilômetros, produzindo condições extremas e destrutivas, trazendo danos materiais e perdas de vidas.
     Os embates entre estes seres não tem hora marcada, acontecem nos céus todos os dias, desde a aurora dos tempos, por todo o Planeta. Para presenciar um destes eventos basta encontrar um bom lugar para contemplar o céu, afinal, Stratus, Cumulus e Nimbus são tipos de nuvens que se sucedem conforme o humor da atmosfera.
     Assim como a observação dos padrões de distribuição das nuvens no céu possibilitou a classificação destas e permitiu previsões confiáveis de mudanças no tempo atmosférico, em outros aspectos da natureza também são possíveis previsões baseadas em padrões encontrados nas regularidades na disposição de formas, números ou cores. Estudos sobre padrões são aplicados em diversas ciências. Pesquisadores comparando os padrões de crescimento de dois tipos celulares, células cancerosas e normais, mostraram que as colônias de células cancerosas possuem uma fragmentação menor, característica interessante para distinção destas. O estudo dos padrões também é aplicado para avaliar a distribuição de minérios no solo, a fragmentação de florestas, entre outras possibilidades.
     Neste sentido, pesquisas recentes do Programa de Pós-Graduação em Física Ambiental (UFMT) confirmaram que o padrão de distribuição das áreas verdes na cidade de Cuiabá contribuem fortemente para a formação do seu ambiente térmico. A extensão desta influência, de até 500 m, e a intensidade, de até 7,0 °C, varia com o período do dia e a estação do ano. Porém em todos os horários em que o estudo foi conduzido as menores temperaturas do ar foram encontradas em espaços com maiores percentuais de áreas vegetadas.
     Em recortes do espaço urbano com baixos percentuais de área vegetada o padrão de distribuição dessa vegetação atua de forma mais decisiva nos ambientes térmicos, sendo que nesses casos uma vegetação menos fragmentada resulta, mesmo que discretamente, em redução da temperatura do ar.
     A recente urbanização, que nem sempre levou em conta o clima local, produziu espaços carentes de vegetação, onde as condições ambientais foram ultrajadas, com agravo à saúde física e mental das populações. A intensificação desse processo pode gerar uma nova condição climática que afetará a qualidade de vida de toda a cidade.
     Estamos numa emboscada, auto-infligida, cujas consequências ainda ignoramos. Como as condições econômicas sugerem que essa dinâmica urbana se manterá por alguns anos, torna-se imprescindível que optemos por soluções sustentáveis e bioclimáticas, cuidados que irão decorrer na qualidade ambiental e valorização do nosso espaço.
      A recuperação dos córregos da cidade e a reconstituição da vegetação que os acompanha, constituída em parques urbanos, a conservação das pequenas áreas verdes e um programa efetivo de arborização de praças e vias públicas, são políticas públicas que podem fornecer o percentual e o padrão de distribuição das áreas verdes suficientes para uma melhor ambiência nestes espaços urbanos.
     A catástrofe climática urbana, provocada pela combinação insatisfatória da disposição urbana e dos sistemas de tráfego, resultados dessa forma de ocupação, com as características climáticas da região, isso podemos evitar.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 20/01/2012)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

LIXO AGROTÓXICO RECICLADO NA ARQUITETURA

     José Antonio Lemos dos Santos

     Todos sabemos certamente que o destino final das embalagens usadas de agrotóxicos era e é um dos grandes problemas ambientais no Brasil e no mundo. Mas o que nem todos sabem é que Mato Grosso é um estado referência na destinação final correta dessas embalagens. Logo Mato Grosso, justa ou injustamente tão criticado pelos seus problemas ambientais ? Em Cuiabá existe uma empresa que trabalha com a reciclagem de quase todas elas produzindo eletrodutos, drenos e outros itens importantes para a construção civil. A Plastibrás, localizada no Distrito Industrial de Cuiabá, foi a segunda indústria desse tipo a se instalar no país. Se interessar veja mais informações nos folhetos ilustrativos ou no vídeo disponível no site da empresa:


     http://www.plastibras.ind.br/portal/a-empresa

     Em tempo: Esta postagem não tem a intenção de ser um comercial, mas um informativo sobre um empreendimento local, uma forma ecologicamente correta e prática de responder aos desafios ambientais atuais, com uma solução que transforma um grande problema em empregos, renda, proteção à natureza, gerando ainda produtos úteis à sociedade, no caso, produtos de especial interesse aos arquitetos e urbanistas e todo o setor da construção civil.


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

TRAGÉDIAS DE VERÃO

José Antonio Lemos dos Santos


Deslizamento em Belo Horizonte.

     Indignados, de novo lamentamos as tragédias urbanas que se repetem a cada verão brasileiro. Seria uma inexorável sina nacional? Não. Aceitá-la seria desconhecer os avanços do Urbanismo que produz cidades com alta qualidade de vida pelo mundo afora, e da ciência e da tecnologia de um modo geral que realizam maravilhas, mapeando superfícies de planetas distantes ou trazendo imagens precisas do microcosmo. Seria tão difícil mapear ocupações de riscos em nossas cidades e em um ano transferi-las dignamente? Estou certo que não. Ante a grandeza das dores do ano passado e as palavras da presidenta Dilma na época, escrevi acreditando que aquele martírio de tantos brasileiros pudesse servir de “uma lição definitiva, ao menos uma forte luz de esperança de salvação para nossas cidades”. Qual o que.

Deslizamento em Sapucaia (RJ)

      Desde 1988 a Constituição exige de nossas cidades o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano. O Estatuto da Cidade reforçou a exigência. Após quase 24 anos, a maior parte das cidades brasileiras já dispõem desse imprescindível instrumento de controle urbano, que tem entre seus fundamentos a definição das áreas de risco. Mas a desculpa das autoridades é que nossas cidades não dispõem desse mapeamento, tendo inclusive sido criada uma outra lei obrigando os municípios a fazê-lo, repetindo a exigência constitucional dos Planos Diretores. Seria tão difícil marcar nelas as ocupações arriscadas? Creio que não. Também tenho certeza que todas as cidades brasileiras, ou sua imensa maioria, já têm suas ocupações de risco plotadas pelos seus órgãos de planejamento urbano ou suas Defesas Civis. Se não têm, o que eu duvido, bastariam alguns técnicos habilitados trabalhando com imagens de satélite facilmente adquiríveis ou, como se trata de salvar muitas vidas, com as disponíveis até mesmo em celulares do uso cotidiano. O programa “Minha Casa, Minha Vida” viabilizaria as transferências.
     Confio na capacidade do urbanismo nacional e não acredito que as autoridades brasileiras em geral sejam também tão desumanas, além de incompetentes e corruptas. Hoje sou inclinado a pensar que a questão é ainda mais ampla e mais grave. O país encalacrou-se numa situação que o incapacita a executar qualquer projeto ou programa. Nos projetos sem prazo as coisas vão se enrolando por décadas, e quase ninguém percebe o tempo transcorrido, vide aqui em Mato Grosso a BR-163, a ligação ferroviária de Cuiabá, o Aeroporto Marechal Rondon. Já os projetos com prazo fixos não perdoam atrasos e cobram um preço alto. As tragédias de verão são improrrogáveis, não aceitam enrolação e são cruéis se os projetos preventivos não acontecerem no tempo certo.
     O projeto da Copa do Mundo de 2014 vem denunciando ao mundo e a nós mesmos esse sistema político-administrativo enrolado, perdulário, corrupto e incapaz. Paralisante. Para impedir a corrupção, ao invés de simplesmente punir os responsáveis como é feito nos países civilizados, o Brasil optou pela criação de mecanismos de proteção sobre os processos, criando um labirinto burocrático no qual nada avança, a não ser a própria corrupção. Hoje, mesmo o mais capaz e bem intencionado dos governantes não se desvencilharia. A solução apressada foi o Regime Diferenciado de Contratações, uma forma legal de descumprir a lei, incrível, mas na situação talvez a única capaz de atender prazos como os da Copa e dos verões brasileiros que insistem em se suceder. Mais certo e definitivo será algum dia simplificar os processos, assegurados os interesses públicos, e punir aqueles que os corromperem. No fim da história, a impunidade é que está nos matando.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 17/01/2012)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

IPORAN

José Antonio Lemos dos Santos


                                         O pelotão do Tenente Iporan, logo antes do ataque a Montese. (http://www.portalfeb.com.br/)
     Não quero cantar as guerras, nem mocinhos, nem bandidos. Falo de heróis. Heróis são aqueles que abraçam com apego uma causa e agem de forma extraordinária para defendê-la com sucesso, podendo ser a camisa de um time, a bandeira de um país, ou uma cidade, uma criança afogando, um empreendimento arriscado. Podem estar de ambos os lados de uma disputa ou desafio e surgem em diversas situações. A guerra é a pior delas. As guerras produzem antes de tudo mártires, heróis ou não, todos vítimas de uma mesma tragédia, e como tal merecem respeito, todos, do lado de cá ou de lá, vencedores ou vencidos.
     As cidades são centros produtores que extrapolam o campo da economia. Seu principal produto é sua gente, cuja qualidade deve ser o principal critério de avaliação de seu sucesso. Cada povo lembra seus heróis personificando sua capacidade de enfrentar adversidades em situações extremas. São lembrados aos jovens como exemplos daquilo que sua gente, ele próprio, é capaz de fazer, até onde pode chegar. Um povo que esquece seus heróis, seus vultos, que não reverencia sua história e sua cultura, perde suas raízes, vira massa inconsciente para interesses escusos, ameba, borra histórica. A propósito, soube do falecimento do Coronel Iporan por um parente meu de fora, que nem é cuiabano, mas também é brasileiro, carioca. Ele, lá, achou importante.
     Falo do Coronel Iporan Nunes de Oliveira, herói da II Guerra Mundial, falecido no dia 3 de dezembro passado sem maiores ou menores reverências em Cuiabá, sua terra natal. Em Cuiabá e Várzea Grande existem ruas com seu nome. Minha mãe, cuiabana de tchapa-e-cruz, contava de sua bravura e de sua condecoração por um militar estrangeiro, que veio especialmente a Cuiabá para homenageá-lo. Ela dizia que nosso herói havia recebido todas as medalhas de guerra, menos a “de sangue”, que nem sei se existe de fato ou se é um resto do meu imaginário infantil, posto lá pela história contada por minha mãe.

O ainda tenente Iporan Nunes de Oliveira (www.portafeb.com.br)

     A internet tem muito sobre o herói cuiabano. Ele participou de diversas missões na II Guerra, ”nas quais sempre fazia prisioneiros alemães”, e em especial das batalhas de Monte Castelo, Castelnuovo e Montese. A tomada de Montese em 14 de abril de 1945 foi sua ação mais memorável. O último bastião nazista nos Apeninos oferecia intensa resistência e sua conquista foi o mais sangrento dos combates brasileiros. A situação era de impasse sem conclusão previsível quando o pelotão comandado pelo então 1º Tenente Iporan abriu uma pequena brecha no campo minado que protegia uma das bordas fortificadas da posição nazista. Teve seu contato cortado com o restante das tropas, mas mesmo assim avançou entrando com na cidade, tomando a torre local, fazendo vários prisioneiros e mantendo a posição de resistência. Diz a justificativa para sua Cruz de Combate de 1ª Classe: “Seu pelotão foi a primeira tropa brasileira a romper o dispositivo defensivo e adentrar no fortificado ponto de defesa dos alemães, em um momento em que as unidades da FEB engajadas na batalha sofriam pesadas perdas decorrentes da obstinada resistência inimiga. Demonstrou coragem, decisão, vontade, senso de cumprimento do dever e iniciativa.”




Fotos e pintura do site  www.forte.for.br

     A condecoração trazida a Cuiabá pelo “militar estrangeiro” foi a Silver Star do Exército dos EUA, trazida com numerosa comitiva pelo General Charles Gerhalt. Recebeu ainda a Ordem do Império Britânico, diploma assinado de próprio punho pelo Rei George VI, o Rei gago, sucesso recente no cinema. Em 1964 passou à reserva. Depois trabalhou como administrador de shoppings e chefe de segurança ferroviário. Se fosse americano era, no mínimo, filme épico. Brasileiro e, ademais, cuiabano, apenas mais um herói oficialmente esquecido.

* JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS, arquiteto e urbanista, é professor universitário

domingo, 8 de janeiro de 2012

ESPAÑISTÁN


Veja no link abaixo um filmezinho divertido que trata da Espanha, mas que pode ser de algum interesse para os brasileiros.

http://www.youtube.com/watch?v=EqW9srTn7xM&feature=player_embedded

sábado, 7 de janeiro de 2012

RESORT EM MANSO E PÓS-MODERNISMO

O projeto do Resort Maluí (ver aqui no Blog na coluna á direita)  em Manso, sugeriu a releitura do manifesto de Robert Venturi, considerado o documento inicial do Pós-modernismo na Arquitetura. Para facilitar quem quiser rever o Manifesto coloquei o texto a seguir. Tem a ver? Ou não? Pós-modernismo autêntico ou apenas a "incoerência ou arbritariedade de uma arquitetura incompetente, nem do preciosismo intrincado do pitoresco ou do expressionismo" renegado pelo texto? Ao menos para tentar iniciar uma frutífera polêmica de férias escolares, digo que para mim trata-se de uma autêntica manifestação posmodernista em pleno coração sul-americano.
José Antonio


GENTIL MANIFESTO

Robert Venturi
(Abre o livro Complexity and Contradiction in Architecture, do autor, 1966. )


     "Gosto de complexidade e de contradição em arquitetura. Não gosto da incoerência ou arbritariedade de uma arquitetura incompetente, nem do preciosismo intrincado do pitoresco ou do expressionismo. Pelo contrá­rio, refiro‑me a uma arquitetura complexa e contraditória, baseada na riqueza e na ambigüidade da experiência moderna, inclusive na experiên­cia que é inerente à arte. Em toda parte, exceto em arquitetura, comple­xidade e contradição sempre foram reconhecidas: da comprovação da máxima inconsistência da Matemática, por Güdel, à análise de T. S. Eliot sobre a poesia 'difícil', até à definição de Joseph Albers sobre a qualidade paradoxal da pintura.”
     “Mas a arquitetura é necessariamente complexa e contraditória, até no inclusivismo dos tradicionais elementos vitruvianos: comodidade, solidez e encanto. E hoje as necessidades de programa, estrutura, equipamentos mecânicos e expressão, mesmo de edifícios simples em simples contextos, são diversas e conflitantes de modo anteriormente inimaginável. Somam‑se às dificuldades a dimensão e a escala sempre crescentes da arquitetura no planejamento urbano e regional. Acolho os problemas e exploro as incertezas. Ao abraçar contradição e complexidade tenho como objetivos tanto a vitalidade como a validade.”
     “Os arquitetos não podem mais aceitar a intimidação da linguagem puritanamente moral da arquitetura moderna ortodoxa. Gosto mais de elementos híbridos do que 'puros', de comprometidos mais do que 'limpos', dos distorcidos mais do que dos 'diretos', ambíguos mais do que 'arti­culados', dos perversos e impessoais, dos convencionais mais do que dos projetados', de acomodações em vez de 'exclusões', dos redundantes em vez dos 'simples', tanto conhecidos quanto inovadores, inconsistentes e equívocos em lugar de 'diretos e claros'. Sou pela vitalidade confusa, contra a 'unidade óbvia'. Incluo o non sequitur e proclamo a dualidade.”
     “Prefiro a riqueza de significados à clareza do significado; a função implícita à função explícita. Prefiro 'ambos, um e outro' a 'ou um ou outro'; preto e branco, e às vezes cinza, a preto ou branco. Uma arquite­tura válida evoca muitos níveis de significado e combinações de focos: seu espaço e seus elementos tornam‑se legíveis e trabalháveis de diversas formas simultaneamente.”
   "Mas uma arquitetura de complexidade e contradição tem uma obrigação especial para com o todo: sua verdade deve estar em sua totalidade ou em suas implicações de totalidade. Deve incorporar a difícil unidade da inclusão ao invés da fácil unidade da exclusão. More is not less".



(Extraído de ARQUITETURAS & TEORIAS, João Rodolfo Stroeter, Editora Nobel – 1986)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A ARENA DE MINHA JANELA

O estágio das obras da Arena Pantanal visto de minha janela hoje, 04/01/2012.

Compare com a situação em 04/08/2011, 5 meses atrás.
Caso interesse, veja um filme das obras em no primeiro dia de 2012, clicando no link correspondente aqui no Blog, na coluna à esquerda, primeira seção.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O PREFEITO DO TRICENTENÁRIO

José Antonio Lemos dos Santos

     Vivendo o melhor momento econômico de sua história, a Grande Cuiabá chega a 2012 com a perspectiva de mais um ano forte, cheio de situações extremas, positivas e negativas. Como o ano que passou e os próximos neste seu terceiro grande salto de desenvolvimento, 2012 não será um ano qualquer pois forçará seus dirigentes a decisões ou omissões importantes que marcarão a cidade do futuro, para o bem ou para o mal. Ao cidadão cabe uma participação ativa nesse processo com a crítica consciente do aplauso e da reprovação, do apoio e da cobrança, e, em especial, com a força construtiva de seu voto nas eleições deste ano. Os cuiabanos – dirigentes e cidadãos - que vivem este momento mágico da cidade tem a responsabilidade de otimizar as oportunidades positivas na construção da cidade que receberá a Copa do Pantanal e em 7 anos festejará seu tricentésimo aniversário.
      No auspicioso emaranhado de situações que o ano de 2012 trará ao cuiabano, tentaria identificar dois grandes compromissos para o cidadão, dono da cidade. Primeiro, um intransigente acompanhamento ao pacote de obras que a cidade recebe como sede da Copa do Pantanal, e também como pólo de um das regiões mais dinâmicas do planeta. Segundo, as eleições municipais, afinal, elas poderão eleger o prefeito do Tricentenário de Cuiabá. Os dois compromissos se fundem, uma vez que as obras de hoje constroem a cidade da festa dos 300 anos, ela própria seu verdadeiro bolo comemorativo.
     Quanto às obras, hoje merecem atenção especial o Aeroporto Marechal Rondon e o VLT. Numa visão otimista restam 2 anos para as obras, mas até agora não vieram a público seus projetos técnicos. A Infraero outro dia apresentou a maquete de um estudo preliminar e a Secopa falou em um “termo de referência” para o VLT. Dada a urgência, nessa cobrança o cidadão vai ter que clamar com a arma do voto em punho a ação dos vereadores, deputados estaduais e federais e senadores. Não tem essa de cada um se esconder em seu quadrado, municipal, estadual ou federal. A cidade é só uma e é obrigação de todos eles. O aeroporto e a mobilidade urbana são projetos imprescindíveis para a Cuiabá do futuro e para a Copa, e têm que estar executados até o final de 2013.
     Quanto às eleições, a escolha dos dirigentes municipais na Grande Cuiabá – prefeitos e vereadores - é essencial pois deles dependerá a preparação da cidade para o seu Tricentenário, a mais significativa efeméride cuiabana no século, sua maior festa e maior projeto. O Bom Jesus de Cuiabá deu uma forte mãozinha arranjando a Copa do Pantanal como um poderoso instrumento nessa preparação, em termos de obras e serviços públicos, bem como treinamento e avaliação dos gestores públicos e da própria cidadania. Contando com uma muito provável reeleição, o futuro prefeito será o prefeito do Tricentenário. Mesmo não reeleito, ainda assim será responsável por 4 dos 6 anos após sua posse até 2019. A responsabilidade é grande, tanto dos eleitores como dos partidos na escolha de candidatos a altura dessa honraria.
     Melhor. O Tricentenário traz também a possibilidade de Cuiabá livrar-se da desgraça de ser tratada apenas como um trampolim político, balcão eleitoral visando o governo do estado. Quando qualquer processo de planejamento urbano exige um horizonte mínimo de 20 anos, em Cuiabá é de 2, cativo ao calendário eleitoral. Nada interessa além disso. Impossível! Ser o prefeito de Cuiabá no ano do Tricentenário será um laurel político e histórico, mas exigirá a permanência no cargo, abdicando à eleição ao estado de 2018. Daí talvez Cuiabá volte a ter um governante que resgate na prefeitura seus amplos horizontes e busque apenas a honra de bem governar sua cidade.
(Publicado pelo Diário de Cuiabé em 03/01/2012)