"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 20 de agosto de 1991

A RÓTULA DE ACESSO AO CRISTO-REI


José Antonio Lemos dos Santos      

     Algumas indicações de projetos feitas na Câmara de Vereadores de Cuiabá passam quase desapercebidas quando mereceriam maior atenção e destaque pela importância que envolvem para a vida da cidade. Uma delas refere-se à duplicação da Ponte Nova e da Avenida Dom Orlando Chaves até avenida da FEB. Apresentada pelo vereador Júlio Muzzi, esta proposição apresenta algumas dimensões que precisam se consideradas e aplaudidas.

     Uma, é a coragem política de atravessar o Rio Cuiabá, fato que deveria ser corriqueiro, mas que, infelizmente, não o é. Embora dividida em 2 municípios, a cidade real em que vivemos é uma só, a Grande Cuiabá. A continuidade física, funcional e fraternal faz do Rio Cuiabá um elemento de união, de ligação ao invés de uma barreira, ou um obstáculo de afastamento. Assim, devem ser saudadas as iniciativas que investem em um moderno espírito colaborativo entre os filhos do Cuiabá, ainda que habitantes de suas diferentes margens; ainda que cidadãos d municípios diferentes. Em assuntos de interesse comum, e a cidade é um deles, não seria nada demais que os governos, executivos e legislativos, se procurassem para somar suas forças, afinal junto os 2 municípios abrigam um terço ou mais da população mato-grossense, e suas sedes juntas formam a maior cidade do Oeste brasileiro. Essa integração é uma tendência inexorável, inclusive já prevista na Constituição Estadual quando autoriza a criação de Regiões Metropolitanas e Aglomerados Urbanos.

     Outra dimensão da referida proposta é sua importância urbanística. Olhando o mapa da Grande Cuiabá é fácil ver que o trecho fica no centro do núcleo urbano e envolve um de seus mais importantes cruzamentos, onde são frequentes acidentes interrompendo a fluidez daquela que é uma verdadeira espinha dorsal da cidade. Ligando o CPA ao Trevo do Lagarto, numa extensão de mais de 20 km, essa grande via dá ainda acesso ao Aeroporto Marechal Rondon, um dos principais portões de entrada da cidade.

     Ainda que a ponte não seja duplicada imediatamente, uma obra mais cara, é de extrema urgência que se resolva de maneira definitiva a interseção da Avenida Dom Orlando Chaves com a Avenida da FEB resolvendo também a questão do acesso ao bairro Cristo Rei. O vereador Muzzi poderia incorporar à sua proposta a interligação dos 2 segmentos da avenida Dom Orlando Chaves que hoje encontram-se desligados. De avião ou em uma foto aérea pode-se ver com nitidez que a referida avenida sofre uma descontinuidade de no máximo uns 500 metros quando se aproxima da Avenida da FEB. O próprio fato dos 2 segmentos terem o mesmo nome indica à existência ao menos de uma ideia de interliga-los, dando forma aquela que deveria ser uma das mais belas avenidas da grande Cuiabá em continuidade a Miguel Sutil.

     Esta obra pode inclusive ser preocupação do Vereadores de Várzea Grande, da sua prefeitura e até do governador do estado, que foi prefeito. Seria muito oportuno o somatório de esforços entre Cuiabá, Várzea Grande e o Governo do Estado para realização desta dessa obra que vai ajudar a todos, em especial facilitando em muito a vida dos moradores do Cristo Rei e adjacências. Qualquer dia desses acabam construindo um ou mais de um edifício no eixo da ligação pretendida tornando-a muito mais difícil, ou mesmo inviabilizando-a. por enquanto é um projeto de baixíssimo custo em face em face a seus benefícios.

     Apresentado neste mês de agosto que marca os 10 anos da morte de Dom Orlando, esta proposição talvez tenha tido também um sentido de homenagem. De qualquer forma a importância da proposta recomenda que se avance mais um pouco. Trata-se de um dos cruzamentos mais importantes da cidade que precisa ser tratado de maneira urgente e completa. Não podemos repetir soluções parciais como os viadutos do CPA e do Pico do Amor, que por não estarem completos com suas alças de acesso, hoje constituem sérios pontos de estrangulamento urbano cujos reparos dependerão de muita criatividade e muito dinheiro. Com pouco coisas mais poderiam ter sido construídos completos. Pois então, que nos sirva de lição.

Publicado no jornal do dia em 20 08 91