"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



quinta-feira, 30 de junho de 2016

ROBERT VENTURI, 91

ROBERT VENTURI & DENISE SCOTT BROWN -Artium

Um revolucionário da Arquitetura que no último dia 25 completou 91 anos. Compartilho abaixo seu GENTIL MANIFESTO, texto fundamental para a compreensão da Arquitetura contemporânea, incluído em seu livro de 1966 "complexidade e contradição na Arquitetura".

"Gosto de complexidade e de contradição em arquitetura. Não gosto da incoerência ou arbritariedade de uma arquitetura incompetente, nem do preciosismo intrincado do pitoresco ou do expressionismo. Pelo contrá­rio, refiro‑me a uma arquitetura complexa e contraditória, baseada na riqueza e na ambigüidade da experiência moderna, inclusive na experiên­cia que é inerente à arte. Em toda parte, exceto em arquitetura, comple­xidade e contradição sempre foram reconhecidas: da comprovação da máxima inconsistência da Matemática, por Güdel, à análise de T. S. Eliot sobre a poesia 'difícil', até à definição de Joseph Albers sobre a qualidade paradoxal da pintura.”

“Mas a arquitetura é necessariamente complexa e contraditória, até no inclusivismo dos tradicionais elementos vitruvianos: comodidade, solidez e encanto. E hoje as necessidades de programa, estrutura, equipamentos mecânicos e expressão, mesmo de edifícios simples em simples contextos, são diversas e conflitantes de modo anteriormente inimaginável. Somam‑se às dificuldades a dimensão e a escala sempre crescentes da arquitetura no planejamento urbano e regional. Acolho os problemas e exploro as incertezas. Ao abraçar contradição e complexidade tenho como objetivos tanto a vitalidade como a validade.”

“Os arquitetos não podem mais aceitar a intimidação da linguagem puritanamente moral da arquitetura moderna ortodoxa. Gosto mais de elementos híbridos do que 'puros', de comprometidos mais do que 'limpos', dos distorcidos mais do que dos 'diretos', ambíguos mais do que 'arti­culados', dos perversos e impessoais, dos convencionais mais do que dos projetados', de acomodações em vez de 'exclusões', dos redundantes em vez dos 'simples', tanto conhecidos quanto inovadores, inconsistentes e equívocos em lugar de 'diretos e claros'. Sou pela vitalidade confusa, contra a 'unidade óbvia'. Incluo o non sequitur e proclamo a dualidade.”

“Prefiro a riqueza de significados à clareza do significado; a função implícita à função explícita. Prefiro 'ambos, um e outro' a 'ou um ou outro'; preto e branco, e às vezes cinza, a preto ou branco. Uma arquite­tura válida evoca muitos níveis de significado e combinações de focos: seu espaço e seus elementos tornam‑se legíveis e trabalháveis de diversas formas simultaneamente.”

“Mas uma arquitetura de complexidade e contradição tem uma obrigação especial para com o todo: sua verdade deve estar em sua totalidade ou em suas implicações de totalidade. Deve incorporar a difícil unidade da inclusão ao invés da fácil unidade da exclusão. More is not less".

(Extraído de ARQUITETURAS & TEORIAS, João Rodolfo Stroeter, Editora Nobel – 1986)

domingo, 12 de junho de 2016

PROPORCIONAIS ENGANOSAS


José Antonio Lemos dos Santos

     Que me perdoem os especialistas em política, mas, como cidadão abordo um assunto que muito me incomoda, ligado à tão necessária reforma política no país. Trato das eleições proporcionais, ou melhor, a forma como ela é praticada no Brasil, que parece desvirtuar maquiavelicamente as intenções de voto do eleitor, sendo comum ser imputado ao cidadão a culpa pela má qualidade de nossos governantes.
     Como sabemos, no Brasil temos dois tipos de eleições, as majoritárias e as proporcionais, e é importante que existam as duas. Nas majoritárias vence o candidato que tiver mais votos. É simples e todos sabem em quem vota e a quem elege. Nas proporcionais já não é tão simples. Nestas o objetivo é eleger a proporção do poder político entre as diversas correntes partidárias, proporção esta expressa no número de cadeiras que cada corrente conquistar contando os votos de todos os seus candidatos. Estas cadeiras, conquistadas com o voto de todos – todos - os candidatos do partido ou coligação, serão ocupadas apenas pelos mais votados, os quais, em geral não são aqueles escolhidos diretamente pelo eleitor. Por isso os mandatos das eleições proporcionais são dos partidos e não dos candidatos. Esta é a beleza das eleições proporcionais, mas também seu grande mal entre nós. 
     Em suma, o eleitor pode escolher um bom candidato e eleger sem querer outro, até mesmo um que ele quisesse banido da vida pública. E por que acontece isto? Porque as listas dos candidatos definidas por partido ou coligação não são mostradas aos eleitores, deixando-os sem saber quem seu voto pode eleger de fato. E mais, as listas de candidatos dos partidos são montadas habilmente pelos seus caciques de forma a garantir sua própria permanência no poder ou a eleição de seus escolhidos. Não seria uma obrigação natural da Justiça Eleitoral promover a divulgação de tais listas? Por que não divulga?
     Sem discutir a qualidade dos candidatos, mas tomando, por exemplo, as últimas eleições para a Câmara Federal em Mato Grosso temos que os candidatos eleitos não tiveram em seu nome nem sequer a metade dos votos dados a todos eles, eleitos e não eleitos. Apenas 45%. Isto é, 55% dos que votaram para deputado federal votaram em outros candidatos, votos que somados pela legenda definiram os escolhidos para as 8 cadeiras, cada uma valendo 167.664 votos. Pior, contando com as abstenções a proporção dos que votaram nos candidatos eleitos fica em restrita a 35%, isto é, em cada 3 eleitores inscritos apenas 1 votou nos eleitos! Como dizer que os eleitores os elegeram? 
     O problema não está em votar em um e eleger outro, mas no eleitor não saber quem de fato pode eleger com seu voto. As eleições proporcionais são importantes e existem nas democracias mais evoluídas do mundo, mas no Brasil parece distorcida. Lá fora o eleitor sabe em quem vota e quem eventualmente seu voto pode eleger. Aqui não. Por que não divulgam ao eleitor a lista de candidatos que seu voto pode de fato eleger? Podia ser no verso dos “santinhos”, ao invés de calendários ou escudos de times de futebol. A publicação das listas dos candidatos poderia ser uma boa e fácil providência enquanto a reforma política não vem, se é que um dia virá de verdade. Com elas o eleitor veria que junto a seu candidato preferido pode ter outro ou outros que ele não quer eleger, podendo mudar sua escolha para outra lista. Aí os partidos pensariam melhor ao escolher seus candidatos. 
(Publicado em 10/06/16 pela Página do Enock, no dia 11/06/16 pelo Diário de Cuiabá e Midianews, FolhaMax, ...)

Comentário no FolhaMax:
"Cidadão | Domingo, 12 de Junho de 2016, 19h58

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Falta uma reforma eleitoral. O político na verdade também é um servidor público, pois é eleito para cumprir o papel de ser representante da sociedade no atendimento das demandas sociais. Como servidor público deveria atender alguns critérios essenciais ao bom desempenho do cargo, tais como: ficha limpa, escolaridade mínima exigida (ideal nível superior) ser conhecimentos de áreas básica da gestão pública, dentre outros pré-requisitos exigidos para participar de um concurso público. Caso contrário, o filme que estamos assistindo vai continuar, só mudarão os atores."

No Midianews:
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Eliezer  11.06.16 22h20
Grande artigo! como se ve o sistema é montado exatamente pra que o eleitor nao saiba em quem votou e nem o eleito tenha compromisso com o eleitor. ainda vem analistas politico mal informado falar que a culpa é do eleitor que tem a memoria curta e descompromissado pq nao lembra em qm votou. como lembrar se o cara quer na la nao foi o que ele depositou o voto? esse sistema é o mais vil e perverso de todos."

Comentário por e-mail:
Ermelinda De Lamonica Freire 12/06/16:
"Sou favorável ao voto nulo, caso os candidatos não sejam recomendáveis."