"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



sexta-feira, 26 de agosto de 2016

GASODUTO

PantanalEnergia

José Antonio Lemos dos Santos

De alma lavada com a vitória do Cuiabá quinta-feira à noite na Copa Sul-Americana, a primeira competição internacional de um time de futebol mato-grossense, prossigo listando os fatores positivos prontos para serem usados em favor do desenvolvimento da Baixada Cuiabana. Em época de eleições e de elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Vale do Rio Cuiabá (PDDI/VRC) o melhor é elencar o que temos de bom e de positivo que possam servir de base propulsora para a construção do futuro, ao invés de começar com nossos pontos fracos. Destaco neste artigo o Gasoduto Bolívia-Cuiabá, de quase 700 Km a um custo de 250,0 milhões de dólares, que se complementa com a Usina Termelétrica Cuiabá I, construída por 750,0 milhões de dólares, conjunto inaugurado em 2002 como o maior investimento feito em Mato Grosso e que até o momento encontra-se subutilizado, quase abandonado. Este artigo usa lembranças pessoais de quem acompanhou esses projetos sob a ótica do desenvolvimento urbano, e tem o intuito de indicar possíveis caminhos propositivos aos que planejam ou são candidatos.
     O gasoduto Bolívia-Cuiabá passa por Cáceres, Livramento, Poconé e Várzea Grande até chegar à Cuiabá constituindo grande vantagem comparativa da Baixada Cuiabana em relação às outras regiões do estado como potencial para seu desenvolvimento. Está prontinho para deflagrar suas benfeitorias em favor da geração de empregos, renda e qualidade de vida para a população. E nenhum instrumento se mostra mais indicado do que o PDDI/VRC para resgatar o gasoduto de seu abandono, vez que atravessa 3 dos 4 municípios da Região Metropolitana sendo que sua ativação servirá também à Cáceres e sua ZPE em início de implantação.
     O gasoduto Bolívia-Cuiabá traz para Mato Grosso o gás natural que é uma mistura de hidrocarbonetos que serve como combustível relativamente limpo e barato para geração de energia com diversas finalidades, bem como matéria prima de várias aplicações na indústria química, de fertilizantes a remédios. Em todo o mundo o gás natural alavanca o desenvolvimento industrial nas regiões em que é disponibilizado e aqui na Baixada Cuiabana poderia estar em uso residencial, movendo veículos, tocando industrias existentes, atraindo outras ou reativando antigas, como a da cerâmica, de alto consumo energético com aproveitamento da argila abundante às margens do Cuiabá. Mas ao contrário do interesse que desperta no mundo, em Mato Grosso o gás foi abandonado e só tem sido utilizado no funcionamento de 2 ou 3 indústrias e a Termelétrica, de funcionamento intermitente em função de necessidades do sistema nacional interligado de energia.
     A culpa dessa situação é atribuída ao governo boliviano pela descontinuidade do fornecimento do gás, gerando descrédito e desestimulando os processos de conversão. Mas foi também evidente um forte desinteresse político nacional, estadual e dos municípios que seriam diretamente beneficiados. Ao governo federal parecia interessar que uma fábrica de fertilizantes da Petrobras, cuja localização se discutia, ficasse em Mato Grosso do Sul e não em Mato Grosso, apesar de quase toda a demanda ser mato-grossense. Cortando o gás de Mato Grosso, a fábrica foi para Mato Grosso do Sul. O assunto também não era, nem é, palatável aos principais políticos do estado, donos de PCH’s e fornecedores de energia. A omissão se completa com o silêncio das autoridades municipais cujo horizonte não ultrapassa os dois anos do calendário eleitoral. Talvez agora o caso seja retomado com os mandatários estaduais já entrosados, com a chance de renovação das eleições municipais e o PDDI Metropolitano buscando os verdadeiros caminhos do desenvolvimento para os municípios do Vale do Rio Cuiabá.
(Publicado em 26/08/16 pela Página do Enock, HiperNotícias, MidiaNews, ArquiteturaEscrita, em 31/08/16 no Diário de Cuiabá e no site do CAU/MT,,....)
Comentários
No Facebook:
Roberto Loureiro 26/0816  18:30h
"Parabéns pelos textos de alerta sobre iniciativas de desenvolvimento de MT implantadas e esquecidas .Esperanças relegadas ao esquecimento sem respostas do "por que?" .Quem sabe essa nova leva de politicos reflita sobre esses temas e deem sequencias a sonhos que ja deviam ser realidade.Vale a pena tentar.Avante!."

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

MANSO


Foto Diário de Cuiabá

José Antonio Lemos dos Santos

     Prosseguindo na trilha dos fatores positivos disponíveis para o desenvolvimento da Baixada Cuiabana, neste momento de eleições e de elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Vale do Rio Cuiabá (PDDI), destaco a “Barragem de Manso” que é como se conhece a “APM de Manso”, nome reduzido para “Aproveitamento Múltiplo de Manso”, barragem localizada no rio de mesmo nome, afluente do rio Cuiabá. Este artigo baseia-se em lembranças pessoais, contando com a ajuda do engenheiro elétrico Roberto Loureiro que também viveu os fatos, visando ser apenas indicativo para futuras prospecções técnicas pelos órgãos afins, caso desperte algum interesse.
      A “APM de Manso” surgiu de dois problemas que convergiram para uma mesma solução, agregando em seguida a solução de outros problemas.   Vivenciei o início desse processo na calamitosa cheia de 1974 em Cuiabá como recém-formado voluntário, quando o então ministro do Interior determinou a realização de estudos para que Cuiabá não sofresse mais tragédias como aquela. Daí surgiu Manso. Depois em 1978 como membro da Comissão Especial da Divisão do Estado em Brasília, quando em conjunto com o governo do estado, decidiu-se pela energização de Manso, pois o novo governo federal não assumiu o projeto da Usina do Funil, à época a principal aspiração dos mato-grossenses. A alteração de projeto, levou a outras perspectivas de otimização do empreendimento, transformando-a no primeiro projeto de aproveitamento múltiplo em barragens no Brasil, o “Programa de Aproveitamento Integrado das Águas do Cuiabá e seus Afluentes”. E seria a primeira a ser construída, não fosse o espírito crítico de nós cuiabanos sobre nossas coisas e projetos que nos dizem respeito.
     A função que deu origem a Manso foi reduzir as cotas máximas das cheias do rio Cuiabá, evitando as inundações urbanas, função depois ampliada para garantir também uma cota de água mínima de 1 metro, evitando o risco que se anunciava do rio “cortar”. Sucesso total pois já em 2002, seu primeiro ano, Manso impediu uma vazão superior à de 1974, e impediu outras depois. Quanto à cota mínima, meu fornecedor no mercado diz que o rio ficou melhor para peixe. Um desafio para os futuros vereadores e prefeitos da Baixada, bem como para o PDDI é determinar, a partir de bases técnicas, se a cota de inundação, hoje 150m, deva ser ou não reduzida para efeito de ocupação urbana.
     Não houvesse Manso Mato Grosso teria entrado em crise energética alguns anos atrás, apesar de sua relativa baixa potência. Mais ainda, Manso previa à jusante de seu reservatório 3 outras usinas a fio d’água, Rosário, Jangada e Funil, para gerar cerca de 400 MW sem a construção de outra barragem de grande porte. Entre seus múltiplos aproveitamentos está também o abastecimento de água para as cidades do rio Cuiabá abaixo através de aqueduto trazendo por gravidade água já decantada da barragem. Manso é uma caixa d’água pronta a 100 metros acima de nossas cidades. Mereceria ao menos um estudo de viabilidade?
rdmonline.com.br

     E tem mais. O programa de aproveitamento integrado das águas do Cuiabá e seus afluentes previa ainda a irrigação de 50 mil ha na Baixada Cuiabana, gerando empregos, renda e qualidade alimentar. Em julho de 2013 houve até um fórum sobre o assunto no Palácio Paiaguás. Previa ainda projetos de piscicultura, e ainda em 2013 o então Ministério da Pesca realizou uma solenidade distribuindo certificados de concessão na “Área Agrícola da Usina de Manso” para os primeiros projetos. E nunca mais ouvi falar disso. Previa ainda projetos na área do turismo que vem se materializando em condomínios, restaurantes, marinas e agora inaugurando um resort de sofisticação internacional.
Publicado em 19/08/16 pelo site do CAU/MT,  Página do Enock, HiperNotícias,  no dia 20/08/16 no Midianews, ArquiteturaEscrita,...)

COMENTÁRIOS
Na Página do Enock em 19/08/16
Osmir
"Pela enésima vez,vou repetir:ÁS AGUAS DO MANSO E DO CASCA já vem para Cuiabá,pela calha do Rio Cuiabá,por gravidade e de graça há mais de mil anos.Querem encana-las e traze-las a custo do dinheiro público do pobre povo de MT—BABACAS!"


"Gostei! Vamos desativar o Rio Cuiabá e construir um aqueduto. Que tempos! E chamem o Lula para negociar a obra com a Odebrecht, assim a obra que é inútil será útil para encher as burras dos nada burros."

José Antonio Lemos dos Santos disse: sexta-feira, 19th agosto 2016 as 14:34 - Ip: 177.41.83.60
"Agradeço o privilégio de sua leitura e comentário Osmir. O problema é que a água ela precisa ser levada ao ponto mais alto da cidade para ser distribuída e aí entram em jogo as bombas que consomem muita energia a um custo tão elevado que em 10 anos se pagaria a adutora. Os antigos já faziam assim mesmo tendo suas cidades banhadas por rios importantes."

"IMPORTANTE ESTUDO."

NoMidianews
Fernando 20/08/16  15:03h:
"uma das vantagens é abastecer Cuiabá? Eu acho o abastecimento e distribuição de água em Cuiabá uma piada, a água não chega regularmente as residências... e a distribuição de energia elétrica tem melhorada nos últimos anos, mas no país todo, não somente aqui."


Pelo Facebook:
Paulo NInce   19/08/16     11:18h:
"Parabéns Jose Lemos sempre apontando caminhos para o sucesso do BR MT e Cuiabá, centro da América do Sul."

Francisco Gomes 20/08/16   09:47h:
"Grande professor... Sua postagem deve inspirar aqueles que acham que tudo é só política. Existe técnica e no planejamento urbanos é essencial!!!!"

]Carlos Eduardo Cuiabano  20/08/26   20h:
"Tive o privilégio de efetuar estudos em Furnas junto com a engenharia dessa conceituada empresa a nível de geração e transmissão de potência entre Mamso e Couto Magalhães. Desses estudos, com duração aproximada de três meses saiu um relatório de 200 pág. cuja conclusão indicava Couto Magalhães como a melhor alternativa. Manso prevaleceu e me parece que foi muito bom para o rio Cuiabá. Quanto ao fornecimento de energia, é uma usina medíocre, talvez forneça 20 % das necessidades da grande Cuiabá. Mas, o fato é que o conceito de sistema interligado já está ultrapassado porque todos os sistemas foram interligados. Hoje fala - se em Sistema Nacional. Daí, seremos afetados para melhor ou pior em função do que ocorrer no Brasil. O assunto é extenso e importa dar alguma informação. Trabalhei na operação do sistema interligado, matemática e computador, por mais de dez anos. Foi o embrião do sistema nacional e da Operação Nacional do Sistema, ONS. O assunto é vasto e muito bonito. Abraços."

José Antonio Lemos dos Santos  21/08/16 16:30  Dirigido ao Carlos Eduardo:
"Sua leitura e comentários sobre meus artigos me deixa lisonjeado. Este comentário então é especial. Acho que que nós que vivemos o período recente de nossa história em diversos setores devemos arranjar nossas formas de repassar esses conhecimentos à nova geração de mato-grossenses e cuiabanos. Tem muito aventureiro por aí dando cada chute que com o passar do tempo acaba virando verdade. Preocupo-me com as novas gerações e não com a possibilidade de nossas autoridades se sensibilizarem eles só pensam neles e com um horizonte eleitoral de 2 anos. Eu agradeço essas valiosíssimas contribuições de você. Sei que tem muito mais coisas a contar e na hora que achar importante é só escrever."




sexta-feira, 12 de agosto de 2016

A FORÇA DA METRÓPOLE


Foto José Lemos

José Antonio Lemos dos Santos

     O maior e mais importante patrimônio histórico deixado para Cuiabá por nossos antepassados é o futuro, não seu extraordinário passado, nem este dinâmico e desafiador presente. A socos e pontapés, muita luta e sofrimento, conseguiram resistir e permanecer neste lugar mágico, no centro da América do Sul, encontro natural dos caminhos continentais, primazia que lhe assegura potenciais fantásticos, mas que hoje é ameaçada por falaciosos argumentos e tenebrosas traições.
     Aproximam-se as eleições municipais e no último dia 28 de julho o governo do estado anunciou o início dos trabalhos de elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá (RMVRC), sob a coordenação da SECID e da Agência de Desenvolvimento Metropolitano da Região do Vale do Rio Cuiabá (AGEM/VRC). Eleições e planejamento têm em comum a expectativa de projetar o futuro em cuja construção todos os cidadãos devem se empenhar. Mas quando se pensa em futuro para a Grande Cuiabá e sua região de entorno, normalmente o que se faz é tentar construí-lo consertando o passado ao invés de trabalhar suas enormes potencialidades e vantagens comparativas regionais. E não se constrói o futuro debruçados sobre o passado tentando corrigir erros, contando coliformes fecais, aedes aegypti e outros déficits e carências sociais e estruturais. Ao contrário, só consertamos os passivos do passado numa perspectiva correta de construção do futuro.
     Para construir seu futuro a RMVRC tem muitos elementos propulsores prontos para otimizar suas potencialidades, e que em qualquer lugar no mundo seriam minuciosamente estudados e aproveitados. A começar por ser a região que concentra quase 30% da população de Mato Grosso, representando sua maior oferta de recursos humanos em todos os níveis de capacitação, população que conseguiu gerar em 2015 mais de 25% do PIB mato-grossense, o maior PIB no estado, o triplo do segundo maior PIB municipal de Mato Grosso. E dizem que não produz nada. Outro fator preponderante a ser explorado é sua localização estratégica no continente e no território mato-grossense, equidistante de suas principais atrações turísticas e centralizadora hoje de uma das regiões mais produtivas do planeta.
     População, localização e PIB significativos, criam entre si uma sinergia chamada efeito-aglomeração, diferencial atrativo para outros empreendimentos seduzidos pelos já existentes, gerando uma espiral ascendente de desenvolvimento. Dessa potencialização estrutura-se uma rede de serviços comerciais, bancários, hoteleiros, culturais, educacionais e de saúde, com suas infraestruturas instaladas em condições de continuar fomentando, atendendo as demandas do desenvolvimento regional e sendo impulsionado para cima por este.
     A lista de elementos propulsores que poderiam ser acionados em favor do desenvolvimento regional contempla ainda outros itens que se bem trabalhados levariam a RMVRC a consolidar-se como o principal polo da tão importante verticalização industrial da economia mato-grossense. O gasoduto Bolívia/Cuiabá, pronto e operante, que com a Termelétrica representaram à época da construção um investimento da ordem de US$ 1,0 bilhão! Só o gás seria suficiente para sacudir positivamente a economia de qualquer região no mundo com energia abundante, barata, limpa e, mais ainda, matéria prima para indústrias químicas de amplo espectro, de fertilizante a remédios. Aqui, motivo de piada. Na lista ainda teríamos o Aeroporto Internacional, a ferrovia bem próxima, o Porto Seco e o Aproveitamento Múltiplo de "Manso, e seus desdobramentos, assuntos para outros artigos.
(Publicado em 12/08/16 pela Página do Enock, HiperNotícias, no dia 13/08/16 pelo Diário de Cuiabá, Midianews, FolhaMax, Blog do Lúcio Sorge, Arquitetura Escrita, em 15/08/16 MuvucaPopular ...)
ERREI
Conforme correção encaminhada pela Presidente da AGEM/VRC os trabalhos de elaboração do PDDI  da Região do Vale do Rio Cuiabá são coordenados pela AGEM/VRC e Casa Civil do Governo do Estado, sem relação com SECID  conforme publicado no artigo.

COMENTÁRIOS
Por e-mail:
Ivo Cuiabano Scaff  12/08/15
Meus parabéns pelo lúcido artigo e a visão ampla, abrangente, com visão de futuro de gestão maior.
Esse enfoque de planejamento e definição politica de cenários porvir, queira Deus que seja lido e absorvido por quem tem poder de incrementar."

Cleber Lemes:
"Bom Dia Dr. José Antonio ! 
Concordo com você. Como exemplo podemos citar a região Portuária do Rio de Janeiro, com o MUSDEU do FUTURO, a praça MAUÁ , etc. Um abraço ."

No Facebook
Eloísa Pereira da Silva 13/08/16 07:50h
"não desemperra nem com Lub ou óleo de máquina. ..a ganância é tanta...o medo é tanto...de grupos fuinhas ...meterem a mão nas possibilidades e oportunidades...!...a individualidade e os interesses antagônicos afogam a mola de propulsão...!O resultafo é a inércia !












quarta-feira, 3 de agosto de 2016

A FERROVIA INADIÁVEL


José Antonio Lemos dos Santos

     Meu artigo da semana passada sobre as ferrovias transoceânicas teve o privilégio de conviver com uma sequência de 3 importantes e oportunos artigos de Onofre Ribeiro abordando o mesmo tema, publicados em diversas mídias de Mato Grosso. Com a habitual competência, o estimado articulista descreve em linhas gerais o que é o projeto dos chineses para a ferrovia ligando o litoral do Rio de Janeiro ao litoral do Peru, passando por Lucas do Rio Verde, para em seguida descrever os cenários extraordinários que se descortinam com os trilhos propostos a levar grãos para China e trazer para o Brasil “produtos chineses, tratores, máquinas, fertilizantes, químicos, elétricos e eletrônicos”. Diz ainda que a expectativa é que sua construção dure 6 anos, “depois que começar”.
     Onofre Ribeiro prevê ainda que um novo mundo se descortinará com profundas transformações para Mato Grosso e para o Brasil. Do alto de seu conhecimento de Mato Grosso acrescenta tratar-se de “uma imensa engenharia geopolítica, econômica e um novo posicionamento no poder político mundial”, com o qual “os EUA e União Europeia não concordarão de mansinho. Vão reagir e nos veremos aqui no Centro-Oeste brasileiro envolvidos numa guerra de interesses internacionais”, o que me soou como um alerta muito procedente aos mato-grossenses.
     Ou seja, nós metidos em uma grande guerra estratégica, conforme o título dos artigos. E tomo a liberdade de acrescentar: mundial; acrescentando mais ainda: com a qual nada temos a ver. A vocação de Mato Grosso é produzir e alimentar o mundo com sustentabilidade e segurança ambiental crescentes. Sua redenção é conectar-se ao planeta por diferentes vias de informações, cargas e pessoas. Mato Grosso precisa de trilhos, hidrovias, aerovias, infovias para se ligar ao mundo com rapidez, segurança e modernidade, compatíveis com a alta tecnologia e produtividade do trabalho de sua gente. Mato Grosso é o maior produtor agropecuário do Brasil, dando-se ao luxo de não precisar derrubar uma só árvore para dobrar sua produção. Maior criador de gado no Brasil, tem suas perspectivas ampliadas com a recente abertura dos EUA para a carne brasileira. É fantástica a sinergia das condições naturais de seu território com a coragem empreendedora e dedicação ao trabalho de sua gente que por anos garante significativos superávits à balança comercial brasileira.
     Contudo o mato-grossense encontra-se encalacrado em um trágico quadro logístico nos transportes que traz enormes prejuízos financeiros aos produtores, degrada o meio ambiente e ceifa vidas. Mato Grosso precisa para já da ferrovia chegando à sua grande zona produtora no médio-norte, urgente e não para quando forem resolvidas questões da geopolítica mundial sobre as quais não tem o menor controle. Lucas Do Rio Verde encontra-se a 560 km do maior terminal ferroviário da América Latina, em Rondonópolis, passando por Nova Mutum e Cuiabá em área já antropizada. Por que priorizar Goiás a 1.200 km, com araguaias e xingus a vencer, e ainda aguardar estratégias internacionais de desenlaces imprevisíveis? Só para não passar por Cuiabá, isolando-a, como querem alguns? Trecho importante do projeto chinês, a FICO surgiu com a justificativa de dar escoamento por um futuro porto em Ilhéus na Bahia, fugindo dos portos do Sudeste supostamente congestionados. Mas agora, surpresa, a transoceânica chinesa vai para o Rio de Janeiro! Ora, assim, a saída por Rondonópolis deveria voltar a ser a prioridade máxima. Quando forem resolvidas suas questões internacionais, que sejam bem-vindas a FICO, os chineses e sua transoceânica. Mas, não dá para ficar esperando.
(Publicado em 03/08/2016 pela Página do Enock, HiperNotícias, em 04/08/16 pelo Diário de Cuiabá,  Midianews, CAU-MT...)

Comentários
No MIDIANEWS:
Pedro Correa  04.08.16 19h31
"Só para não passar por Cuiabá, isolando-a, como querem alguns? Energúmenos, é claro, imagine um dos maiores polos consumidores, nas cercanias da dita ferrovia ficar de fora de seu traçado."

Paulo Sérgio de Campos Borges  04.08.16 18h44
"Brilhante a sua matéria e as do Onofre. Algumas considerações para acrescentar: 1-Não há planejamento no âmbito dos governos (estadual e federal); 2-As famílias chinesas já estão autorizadas a ter mais um filho - demanda por alimentos aumentará muito. 3-Tem projeto de lei no Congresso que visa aumentar a área de terras a serem adquiridas por estrangeiros. 4-Finalmente, governo federal sempre deu costas ao nosso Estado. As três (únicas) rodovias federais aqui no Estado foram construídas pelos militares na década de 70, por questões estratégicas."

Por e-mail:
Beatriz Lindenberg  09/08/16
"Zé, gostei muito dos seus artigos do dia 27 de julho sobre Transoceânicas e o do dia 3 de agosto, A Ferrovia Inadiável. Um artigo muito importante !  A sua explicação  e o alerta para o que está acontecendo é muito importante.Será que os todos o políticos locais compactuam com com estes projetos absurdos que estão circulando pela imprensa ? Deus queira que não, aí quem sabe as suas informações encontrem solo fértil.
Um abraço
Bia"

No Facebook
Eliane Gomes  05/08/16   09:35:
"Excelente a sua colocação. Vou compartilhar pois nos Matogrossenses precisamos estar atentos."