"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



sábado, 31 de dezembro de 2011

SANTUÁRIO PROFANADO

Mesmo que não se concorde total ou parcialmente com o artigo abaixo, trata-se de um belo e importante texto, principalmente para os arquitetos e urbanistas, que têm no assunto um dos principais e atuais campos de preocupação. As imagens são da internet e foram acrescentadas por mim.





SANTUÁRIO PROFANADO

Luiz Antonio Simas, O Globo

     A anunciada intenção do governo do Rio de Janeiro de privatizar o Maracanã é mais um capítulo da febre tecnocrática e desumanizadora que assola nossos governantes.
     Marca, lamentavelmente, a supremacia do mercado sobre a cultura — entendida como conjunto de símbolos, projeções, anseios e comportamentos que caracterizam um povo em sua cotidiana tarefa de reinventar a vida. É ela, a cultura, que nos humaniza.
     Ferido por reformas que o descaracterizaram, atravessado, feito o padroeiro, por flechas suspeitas, o Maracanã é vítima da mania de modernizar o eterno, profanar o sagrado e tornar provisório, marcado pelas vicissitudes do tempo, o que já transcendeu a esse próprio tempo, o cronológico, e vive no território do mito.
     Reformas e privatizações fazem parte, ainda, do contexto mais amplo de elitização do esporte, transformado em grande negócio. O futebol, que começou no Brasil restrito às elites, foi tomado pelo povo e virou a paixão da massa.
     Numa macabra volta ao passado, assiste-se agora a uma nova elitização do jogo. Distante do povo, o futebol retorna, sob o manto da gestão empresarial, ao berço aristocrático de onde saiu.
     Existem lugares de esquecimento, territórios do efêmero — penso nos shoppings — e lugares de memória, territórios de permanência. Esses últimos são espaços que, sacralizados pelos homens em suas geografias de ritos, antecedem a sua própria criação e parecem estar aí desde a véspera da primeira manhã do mundo.
     Exemplifico.
     No velho cais da Praça Quinze vivem, consagrados na memória das pedras, os marujos que, liderados por João Cândido, quebraram as chibatas da Marinha na revolta de 1910.
     Na materialidade da Pedra do Sal ressoam batuques de sambas e berram os bodes imolados aos deuses que chegaram da África nos porões dos negreiros, acompanhando seu povo. Ali assombra um silêncio que grita o horror do cativeiro em suas noites.
     Cada degrau da escadaria da ermida de Nossa Senhora da Penha, a mais carioca das santas, materializa os milagres e a dor de joelhos esfolados em sacrifícios de gratidão aos prodígios da Virgem.
     O Maracanã era assim, como a Penha, a pedra e o cais. Nasceu estádio de futebol antes do rio que lhe nomeia; é carioca antes de Estácio de Sá; é de um tempo anterior ao tempo, como se erguido antes que a primeira flecha tupinambá cortasse o céu da Guanabara.
     O Maracanã é o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, onde Jeremias e Daniel bailam no ar como Zizinho e Didi bailaram nas quatro linhas. É o terreiro do Opô Afonjá, onde Xangô dançou pelo corpo de Mãe Aninha como Ademir, feito raio, rasgou o campo em direção ao gol. É a primeira ponte do Capibaribe e todas as pontes de São Castilho. É a ciranda de Lia de Itamaracá e a areia da praia onde Lia cantou ciranda, pois ali, na grama verde, um anjo de pernas tortas cirandou um dia.
     Isso é cultura, não mensurável pelas regras do deus mercado.
     O Maracanã é mais, muito mais, do que tudo isso. É o templo onde oraram e comungaram brasileiros comuns — feito eu, meu pai e meu avô. Sempre juntos, na alegria e na tristeza, na vitória e na derrota, porque aqueles a quem os deuses da bola uniram no cimento das arquibancadas dinheiro nenhum deveria separar.

Luiz Antonio Simas é professor de História

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ONU INDICA BRT PARA MOBILIDADE URBANA

Sistema reduz emissões e melhora o transporte coletivo



     A Organização das Nações Unidas (ONU) destacou os benefícios obtidos por cidades que implantaram o sistema BRT (Bus Rapid Transit) no seu transporte coletivo pela redução da emissão de gases tóxicos e melhora na eficiência do serviço, fatores que influenciam diretamente na qualidade de vida dos cidadãos.
     Os dados apresentados no relatório “Rumo a uma Economia Verde – Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza”, produzido pela ONU, além de ressaltar a alternativa bem sucedida que é o BRT para a mobilidade urbana, aponta a necessidade de os governos apostarem em soluções de mobilidade baseadas em sistemas sustentáveis de transporte.

     O documento produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente destaca que Curitiba, primeira cidade do mundo que adotou o BRT, ainda nos anos 1970, houve redução do uso de combustíveis e, consequentemente, 30% a menos na emissão de gases tóxicos. Bogotá, na Colômbia, onde opera o conhecido sistema BRT, Transmilênio, também registrou o declínio de 14% da emissão de gases.
     O BRT é um sistema de transporte público de alta capacidade que integra estações, veículos, serviços, vias expressas e sistemas de transportes inteligentes. Hoje, mais de 120 cidades no mundo tem BRT em operação e outras dezenas começam a implementá-lo. O BRT tem custos relativamente baixos e tempo de implementação curto. Ele é conhecido como metrô de superfície.

(Publicado pelo site EMBARQ Brasil   http://embarqbrasil.org/   em 02/12/2011)

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

NOVO AEROPORTO DE CUIABÁ-VÁRZEA GRANDE


 Depois de publicado aqui no blog no início de setembro, agora é oficial, noticiado pelo site da própria Infraero. Veja no link abaixo a nova estação de passageiros do Aeroporto Marechal Rondon.
http://www.youtube.com/watch?v=U7c3IteLZjA&context=C349070cADOEgsToPDskJbipgAFeR1qUsgFV4AmAQU

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

DESCULPAS ESFARRAPADAS

José Antonio Lemos dos Santos

     Mentalizava para o Natal um artigo positivo, alvissareiro, quando na quinta-feira o ministro Aloízio Mercadante afirmou que “morrerão pessoas neste verão”, acrescentando, “e nos próximos”, por causa de deslizamentos e inundações nas cidades. Segundo o ministro, o governo não pode evitar, mesmo que funcionasse o Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais – Cemaden, prometido para novembro. Disse que o Brasil está atrasado no mapeamento das áreas de risco, indispensável à operação do sistema de alerta que está sendo montado. A causa desse atraso seria a falta de geólogos para os levantamentos. Segundo ele, nenhum geólogo apareceu no concurso do Cemaden, pois estes profissionais estão absorvidos na mineração e no petróleo, que “paga melhor, imagina subir morro para ver pobre em áreas de deslizamento. Não há como competir.” Injusto, mas sobrou para os geólogos.
     O ministro foi no mínimo infeliz. Os desastres de verão que vem acontecendo em nossas cidades nos últimos anos são grandes tragédias urbanas e não “mortes de pessoas”. Por isso, partida de um ministro, esta declaração não pode passar despercebida, como se fosse algum “probleminha” que tivéssemos que aturar durante alguns anos, banalizada como tantos outros dados estatísticos. Estas tragédias vão continuar causando indignação nacional enquanto se repetirem. E o país indignado continuará cobrando de seus dirigentes uma grande ação nacional emergencial no sentido de que não mais se repitam as absurdas tragédias de cada verão, absurdas porque previsíveis. Ninguém aceita.
     Como urbanista, me senti ofendido. A Constituição Federal desde 1988 obriga as cidades brasileiras com mais de 20 mil habitantes a terem seu Plano Diretor. Ao longo destes quase 24 anos a grande maioria delas já dispõem deste instrumento que estabelece em suas leis específicas onde pode ou não pode construir. Seria subestimar a ciência do Urbanismo e a capacidade do Urbanismo brasileiro, admitir que os nossos Planos Diretores não partissem dessa avaliação básica. Uma das primeiras providências quando da elaboração do Plano Diretor de Cuiabá em 1990 foi a confecção de uma Carta Geotécnica com a UFMT. Não bastasse a Constituição Federal, o Brasil tem a Lei do Parcelamento Urbano de 1979, que não permite o parcelamento em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações ou que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, ou com declividade igual ou superior a 30%, ou com condições geológicas desfavoráveis, ou ainda naquelas onde a poluição impeça soluções sanitárias suportáveis. São determinações que podem e devem ser aplicadas a partir dos Planos Diretores, e o prefeito que não cumpri-las deveria ir para a cadeia.
     A ação nacional urgente prescinde de grandes sistemas de informações além dos que já subsidiam os Planos Diretores municipais. Eles podem ser aprimorados com o avanço das ações. Por exemplo, o programa “Minha Casa, Minha Vida”, do próprio governo do ministro, construiu este ano com as prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande, cerca de 3.700 casas das quais 2.600 foram para casos de risco ou vulnerabilidade. Se isto está acontecendo na Grande Cuiabá, em outras cidades brasileiras deve estar acontecendo o mesmo. Ainda é muito pouco, mas já é considerável e inédito. São vidas protegidas, vidas preservadas, pessoas que não morrerão por deslizamento ou enchentes. O ministro parece ter confundido um projeto de seu ministério com o problema geral. Escolheu um sistema de alerta incompatível com a realidade e a urgência das nossas cidades e agora espera adaptar as cidades ao sistema. Enquanto isso vaticina, “morrerão pessoas” nos próximos verões. Até que o Cemaden funcione. Que Deus nos ajude.
(Publicado no Diário de Cuiabá em 20/12/11)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ÁLIBI PREVENTIVO PARA TRAGÉDIAS

     Veja a notícia abaixo. O ministro deve estar desinformado (certamente não está brincando). A Constituição Federal, portanto desde 1988, obriga todas as cidades brasileiras com mais de 20 mil habitantes a terem seu Plano Diretor. E ao longo destes quase 24 anos a grande maioria delas já dispõem deste instrumento de controle urbano estabelecendo onde pode ou não pode construir. Seria subestimar a inteligência e a capacidade da ciência do Urbanismo em geral, e do Urbanismo brasileiro em particular, admitir que os nossos Planos Diretores não partissem dessa avaliação inicial. Não bastasse a Constituição Federal, o Brasil tem a Lei do Parcelamento Urbano, mais antiga ainda,  que vem desde 1979 - 32 anos atrás! - que determina (ainda é vigente) não ser permitido o parcelamento urbano em "terrenos alagadiços e sujeitos à inundações ... em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública ... em terreno com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento) ... em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação ... em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua correção.". O cumprimento destas determinações legais de 1979, de fácil mapeamento (nem precisa "subir morro para ver pobre em áreas de deslizamento"), já seria mais que suficiente para evitar a grande maioria dessas tragédias urbanas. Um absurdo supor que as cidades brasileiras acima de 20 mil habitantes não tenham regulamentado o uso e a ocupação do seu solo urbano. Com certeza as cidades de porte médio para cima todas tem. O que falta é responsabilidade das autoridades públicas em fazer cumprir o que já está planejado. Como urbanista me considero ofendido tecnicamente com as declarações do ministro. No caso de Cuiabá, uma das primeiras providências na elaboração de seu Plano Diretor , no início da década de 90, foi a confecção da Carta Geotécnica com a UFMT. 

Sexta, 16 de dezembro de 2011, 08h20
ALERTA

MINISTRO DIZ QUE "MORRERÃO PESSOAS" DEVIDO ÀS CHUVAS NESTE VERÃO


A principal dificuldade é a falta de geólogos para fazer levantamentos das áreas de risco nos municípios.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, afirmou ontem no Senado que o governo não tem como impedir mortes nesta temporada de chuvas por conta de deslizamentos em enchentes. "Morrerão pessoas neste verão. E nos próximos".
Segundo o ministro, o país não terá um sistema capaz de "impedir vítimas" mesmo que o Cemaden (Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), prometido para novembro, comece a funcionar 24 horas por dia, o que ainda não aconteceu.
"O que nós estamos fazendo é diminuir o impacto dos extremos climáticos que estão se agravando."
Mercadante afirmou que o país está atrasado no mapeamento de áreas sob risco de desastres naturais nos municípios. Essa informação é crucial para que o Cemaden, o centro que o governo está montando para produzir alertas de desastre a tempo de salvar vidas, possa fazer previsões de qualidade.
"Não queremos criar qualquer tipo de ilusão. Não há como impedir especialmente deslizamentos, em que temos entre duas e seis horas para tirar uma comunidade, uma favela, um bairro inteiro. Não temos tradição, não temos estrutura, não temos mobilidade para isso."
A principal dificuldade é a falta de geólogos para fazer levantamentos das áreas de risco nos municípios. De 251 cidades críticas, apenas 56 têm mapeamentos geológicos --e nem todas elas na escala necessária ao trabalho do sistema de alerta. Apenas 35 estão na base de dados do Cemaden hoje.
Mercadante afirmou que nenhum geólogo apareceu no concurso do Cemaden. Segundo ele, esses profissionais são todos absorvidos pelo setor de mineração e petróleo. "Paga melhor, imagina subir morro para ver pobre em áreas de deslizamento. Não há como competir."
     Outro problema apontado pelo ministro é a precariedade da Defesa Civil em vários Estados, com exceções como a de Santa Catarina, que melhorou seu sistema depois da tragédia de 2008. "Houve um salto de qualidade, mas a situação da Defesa Civil é muito heterogênea."
     Enquanto Mercadante falava no Senado ontem, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, dizia que o sistema de defesa civil do país está mais preparado do que no passado para evitar mortes.
Ele disse que o governo investiu neste ano R$ 132 milhões em drenagem e R$ 120 milhões em barragens e contenção de encostas, e que realizou simulados de preparação de desastres em 12 cidades.
Bezerra disse, porém, que a preparação não cabe só ao governo federal. "É preciso envolvimento dos governos estaduais, dos municípios e também do Congresso."


MAIS CHUVA
A chuva voltou a causar estragos ontem em Minas Gerais, que registrou alagamentos e desabamentos em Belo Horizonte e região metropolitana.
No Rio Grande do Sul, o dia foi de reparos em São Jerônimo, Triunfo, Fazenda Nova e Caxias do Sul, atingidas por chuva de granizo na quarta.
Em São Paulo, a chuva ocorrida na madrugada de ontem provocou alagamentos, quedas de árvores e problemas em semáforos. Um desabamento de casa deixou quatro pessoas feridas.

(http://www.hipernoticias.com.br/TNX/conteudo.php?cid=7982&sid=171  )

AGORA É HORA DE CONSTRUIR


  12 de Dezembro de 2011. No início da noite da sexta-feira, 9 de dezembro, o Juiz Federal Substituto Bruno César Bandeira Apolinário, da 3ª Vara/DF na titularidade, que havia concedido medida cautelar suspendendo a posse do arquiteto Haroldo Pinheiro na presidência do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR) reconsiderou sua decisão.
     Atendendo solicitação do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), o juiz comunicou ter apreciado e indeferido a impugnação interposta pelo arquiteto Ronaldo Tanimoto Celestino contra o resultado das eleições para os cargos de conselheiro do CAU-BR.
     “Subsidiariamente, requer que os efeitos da decisão proferida sejam restringidos ao conselheiro representante do Estado do São Paulo no CAU–BR, unidade da federação pela qual saiu candidato o autor” escreveu o juiz em seu despacho. Dessa forma, é apenas com relação ao cargo de conselheiro federal por São Paulo e seu suplente – para o quais foram eleitos os arquiteto Miguel Pereira (titular), e Daniel Amor (suplente) - que o juiz irá examinar a solicitação.
     “É que o requerente Ronald Tanimoto Celestino, sendo candidato ao CAU–BR como representante do Estado de São Paulo, detém legitimidade para se insurgir contra o resultado da eleição ao conselho em tela tão somente no que diz respeito à vaga destinada à representação daquela unidade da federação”, argumentou o juiz.

( http://www.arcoweb.com.br/noticias/haroldo-pinheiro-recupera-presidencia-do-cau-br.html  )

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

NIEMEYER, 104 ANOS



Hoje, 15 de dezembro, Oscar Niemeyer está completando 104 anos, na ativa. Falar sobre o grande mestre é pouco, e desnecessário. O melhor é dar uma espiada no seu site:

http://www.niemeyer.org.br/

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

RESORT EM MANSO

Veja no link abaixo uns filmezinhos mostrando o projeto do resort de Manso.

http://vimeo.com/33086298

UM BALANÇO NA COPA

José Antonio Lemos dos Santos


     Um balanço rápido sobre a preparação da Copa do Pantanal e as perspectivas de legado para Cuiabá e o estado, mostra que até agora a grande resposta positiva tem vindo da iniciativa privada. Dentre seus maiores empreendimentos, destacam-se o setor hoteleiro com 15 torres (até o momento) e um sofisticado resort de R$ 63,0 milhões no Lago de Manso, a indústria imobiliária com quase 100 projetos de grande porte, muitos com várias torres, o setor comercial com o Shopping Goiabeiras triplicando sua área, em um investimento de R$ 85,0 milhões e no setor industrial a fábrica de cimento de R$ 390,0 milhões no Aguaçu. Trata-se de um considerável aporte de recursos em um curto prazo. Viriam nesse volume sem a Copa? Acho que não tão cedo. E seria mais com alguma campanha oficial externa para atração de investimentos.
     Entretanto, a situação é alarmante quanto às intervenções de responsabilidade dos governos. Bem verdade que existem pontos positivos, como o andamento das obras da Arena Multiuso, o recapeamento asfáltico da cidade e a duplicação da ponte e avenida Mário Andreazza. Porém é quase só e chega ao absurdo quanto ao aeroporto e a mobilidade urbana. Com a Arena, são os três projetos fundamentais para a Copa acontecer. Até hoje a Infraero não apresentou o projeto básico da nova estação, prometido primeiro para junho, depois para setembro, depois para dezembro e agora para março do ano que vem. Seria fruto do pouco caso com que a Infraero sempre tratou Cuiabá ou o atraso na conclusão do projeto do VLT estaria atrasando a Infraero? Como a data da Copa não muda, creio que o aeroporto chegou ao limite de alerta máximo, mesmo considerando a obra em três turnos.
     Quanto à mobilidade, depende muito da conclusão do projeto do VLT que também não veio à luz até agora. Já manifestei minha curiosidade técnica pela solução da integração de mais de 40 mil passageiros na Prainha sem as desapropriações no Morro da Luz. A conclusão do projeto do novo modal é também determinante para a geometria das avenidas por onde passa, que são as vias estruturais da cidade, logo, as mais importantes no contexto da mobilidade. Já as demais vias estruturais fora do trajeto do VLT chegaram a ter suas licitações suspensas pelo DNIT por motivos risíveis que mais pareciam desculpas para não fazer. Felizmente o bom senso prevaleceu e o governador assinou na semana passada um convênio de R$ 165,0 milhões com o órgão federal para as obras. Ainda bem, mesmo que o cronograma de obras tenha sido empurrado desnecessariamente para os limites da viabilidade construtiva, considerado um regime de três turnos. Ainda assim, viva!
     O Dutrinha é emblemático neste quadro. Desde a demolição do Verdão foi prometida sua adaptação para voltar a ser provisoriamente o único estádio da Grande Cuiabá nas competições estaduais e nacionais. Pois bem, passaram os campeonatos do ano e o Cuiabá, sozinho, classificou-se brilhantemente para série “C” mas ainda não tem onde jogar. Pintaram os muros, derrubaram a única árvore lá existente e a prefeitura comprou o estádio como condição legal para os investimentos do estado. Porém nada de adaptação de fato. Parece que na preparação da festa máxima do futebol mundial, o futebol local foi esquecido.
     São gigantes os desafios que Mato Grosso e o Brasil assumiram ao pleitearem a Copa. Sem abrir mão das críticas, resta torcer para que se realize no tempo que sobra o máximo que a Copa oportunizou, de forma limpa, bem feita e pensando no legado para o povo. No mais, a Copa expõe ao próprio país e ao mundo as entranhas de uma estrutura político-administrativa enrolada, perdulária e incompetente, que precisa ser totalmente reconstruída. Este, o maior legado até agora.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 13/12/2011)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

JOAQUIM MURTINHO

José Antonio Lemos dos Santos


     A cidade é um centro de produção, mas sua produção vai além da economia, extrapola os bens e serviços e seu principal produto é a sua gente. A qualidade de seu povo é a melhor medida do sucesso de uma cidade. Já foi assim e devia continuar sendo. As cidades devem lembrar seus vultos como exemplos para reproduzi-los em todas as áreas do desenvolvimento humano. Nos meus tempos de escola primária, do “grupo” escolar, estudávamos suas vidas aprendendo a respeitá-los, e através deles aprendemos a respeitar ainda mais nossa gente.
     Amanhã, 7 de dezembro, devíamos lembrar Joaquim Murtinho, nascido em Cuiabá em 1848. Foi engenheiro civil e médico homeopata, professor da Escola Politécnica, Deputado Federal, Senador, Ministro da Viação e da Fazenda. Para Rubens de Mendonça, foi o maior estadista e financista brasileiro no período republicano. Alguns hoje só o conhecem como nome de escolas ou ruas, aqui, no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campo Grande, ou ainda como nome de cidades em Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Seu prestígio era tal que certa vez Dom Pedro II, Imperador do Brasil, tido como um dos governantes brasileiros mais cultos, assistindo a uma palestra dele sobre homeopatia, quis questioná-lo, recebendo em troca a sugestão de que quando "tivesse ímpetos de assistir a uma defesa de tese que Sua Majestade não entenda, deixe-se ficar em casa e leia uma página de Spencer".
     Mudaram os tempos e mudaram muito as relações de respeito entre a autoridade política e a autoridade técnica. Hoje qualquer político ou preposto de quinto escalão ou menos acha que pode desprezar o especialista enquanto ele próprio propõe sobre questões técnicas que não entende, como a preparação de nossas cidades para a Copa. Depois quer que o especialista se responsabilize tecnicamente pelas decisões, chegando até a forçar mudanças de pareceres em função dos interesses da hora. Imagine se não fosse a República e tivéssemos imperadores. Felizmente, os bons técnicos, como Murtinho, ainda insistem em existir, convictos da importância de sua responsabilidade social como portadores do conhecimento científico e do domínio tecnológico.
     Pioneiro da homeopatia no Brasil foi, porém, como Ministro da Fazenda que Murtinho ficou na história. Lembro Joelmir Betting em artigo de 1984 na Folha de São Paulo: “O saneamento da moeda nacional começou com a presença mágica do ministro Joaquim Murtinho (a partir de 1899). Murtinho só não é apostila nas escolas de economia do mundo ocidental porque nasceu no Brasil, teorizou no Brasil, e não em algum reduto da aristocracia acadêmica nos dois lados do Atlântico Norte.”
     Diz mais: “Mal empossado no cargo de chanceler do Tesouro, que ele chamava de “monarca dos entulhos”, Joaquim Murtinho disparou um vigoroso “pacote” econômico, politicamente atrevido: a palavra de ordem era a de acabar, em rito sumário, com a especulação financeira do setor bancário”, e segue, “Murtinho entendia que o Brasil da virada do século não podia tolerar uma economia meramente escritural, era preciso promover o refluxo da poupança nacional do mercado de papéis e de divisas para o mercado de produtos e de serviços.” A inflação foi quase a zero gerando o “pânico bancário” de 1900, com o sistema financeiro “experimentando uma quebradeira em cascata”, diz Betting.
     Aprendi com meu pai, que foi bancário orgulhoso em sê-lo, a reconhecer o valor dos bancos, mas, amargando seus juros, suas portas giratórias, e o número crescente de taxas exorbitantes, concluo esta homenagem ainda com Betting: “O “czar” Murtinho lavou as mãos enluvadas: que se quebrem todas as casas bancárias, desde que se salvem todas as fábricas, empórios e fazendas...”. Dá para esquecer?
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 06/12/2011)

domingo, 4 de dezembro de 2011

Palacete do Presidente em Cuiabá

Barão ocupa palacete como presidente da Província de MT

Romilson Dourado





     O brigadeiro Manoel de Almeida Gama Lobo, o Barão de Batovi, esteve à frente do Palacete do Presidente (da Província) por 16 meses, de maio de 1884 a outubro de 1885. O palacete fica à rua Pedro Celestino com a Cândido Mariano, no centro de Cuiabá. A imagem acima pertence ao acervo do fotógrafo Eurípedes Andreatto, o Nenê. No Museu da Imagem e do Som de Cuiabá existe apenas uma cópia do negativo dessa imagem em papel 50X60 cm. Barão de Batovi foi militar e político. Participou da Guerra do Paraguai e foi presidente da província de Mato Grosso, nomeado por carta imperial. Lutou nas guerras do Sul, na Campanha contra Rosas, na luta contra Aguirre e na Guerra da Tríplice Aliança. Em 1891, já na República, foi graduado no posto de Marechal de Campo. Ele se envolveu na Revolução Federalista e, por conta disso, foi preso e sumariamente fuzilado a mando do então presidente e antigo amigo Floriano Peixoto, na Fortaleza de Anhatomirim.

http://www.rdnews.com.br/blog/post/barao-ocupa-palacete-como-presidente-da-provincia-de-mt--2

COPA: RESORT EM MANSO

03/12/2011 - 21:35

Olhar Direto

Grupo investe R$ 63 mi e cria 800 empregos em mega empreendimento
Da Redação - Lucas Bólico



Foto: Reprodução

Um pequeno conglomerado de empresas investirá R$ 63 milhões em um mega empreendimento turístico localizado às margens do Lago de Manso. A estimativa é que a obra do Maluí Manso Hotel Iate Golf & Resort gere pelo menos 800 empregos, distribuídos entre operários da construção e o corpo de funcionários que trabalhará diariamente no local em funcionamento.
     De acordo com Jair Serratel Nogueira, um dos sócios do empreendimento, as obras se iniciam já na próxima segunda-feira (5), com a meta de que a inauguração aconteça antes da Copa do Mundo de 2014. O empreendimento deverá abrir as portas no dia 1º de maio de 2014.
     Entre 30% e 40% do quadro de funcionários deverá ser preenchido com mato-grossenses. A dificuldade maior tem sido é encontrar mão de obra qualificada para lidar com turistas de diferentes cantos do mundo. Para isso, os empresários irão qualificar, em parceria com o Sebrae e a Prefeitura de Chapada, o maior número de pessoas possível.
     A mega obra será construída em uma área de 117 hectares. No total, será construído um hotel com 244 leitos, sendo 148 apartamentos e 92 bangalôs, um centro de eventos com capacidade para mil pessoas, SPA, piscinas com lâmina d’água de três mil metros quadrados, quadras poliesportivas de tênis, campo oficial para futebol, marina, porto para atracar embarcações à beira do resort, campo de golfe com nove buracos e três restaurantes.
     O empreendimento cinco estrelas terá um sistema de comercialização pouco utilizado no Brasil, mas muito comum nos Estados Unidos. Será aplicado o Sistema Fracionado de Compra de Imóvel, no qual cada apartamento ou bangalô poderá ser escriturado por até 13 proprietários, que terão direito a passar quatro semanas do ano em férias no local pelo resto da vida.
     Os preços variam entre R$ 34 mil e R$ 72 mil, que podem ser divididos em até 60 meses. Os preços variam de acordo com o nível do quarto ou bangalô adquirido. Mas além do lazer e das férias familiares, o Maluí também será palco de negócios.
     “Terá um centro de eventos, que poderá ser usado em diferentes eventos corporativos. O espaço também poderá ser utilizado para leilões de gado. Hoje os leilões não tem muita opção, a não ser em feiras”, afirma Jair Serratel Nogueira.
     O grupo responsável pela obra é composto por Jair Serratel Nogueira, as empresas Teixeira Holzmann, Euro Consultoria, Bongiolo e TBA Blairo Maggi.

sábado, 3 de dezembro de 2011

CULTURA EM UM SITE

Tenha em apenas no link abaixo (basta clicar nele)  uma visão geral das artes e da cultura em geral em todos os tempos:

http://www.sabercultural.com/


Para facilitar o acesso a qualquer tempo, o link permanecerá aqui no Blog do José Lemos, na Coluna à direita, na Seção "Sites de Interesse".