"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



quinta-feira, 31 de outubro de 2013

ESPERANÇA


Charge do arquiteto e urbanista Abílio Jacques Brunini Moumer. Muito legal. Espero que ele tenha razão. Espero. Olha a esperança de novo. O arquiteto é sempre positivo, projeta o que ainda não existe na esperança de que venha existir.  Sem esperança não há chance para a Arquitetura.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

BOMBEIROS, BOM-SENSO E LUVERDENSE

José Antonio Lemos dos Santos

     Apesar de tudo a Copa do Pantanal avança superando as imensas dificuldades do grande desafio, tanto as dificuldades normais de uma empreitada como essa, como aquelas que parecem plantadas por interesses que até hoje não aceitam Cuiabá como uma das sedes da Copa 2014. Na construção da Copa e de seu grande legado, Cuiabá e Mato Grosso vencem um leão por dia e, mesmo assim, nesta semana saiu a lista das primeiras 12 obras a serem inauguradas até novembro, obras significativas e necessárias que não seriam viabilizadas nem em décadas, tais como os viadutos do Despraiado e da UFMT, a duplicação da ponte Mário Andreazza ou a ponte do São Gonçalo, entre as outras. 
     Mas a maior vitória da semana foi do glorioso Corpo de Bombeiros de Mato Grosso por sua imediata e eficaz presença no incêndio no subsolo da Arena Pantanal, sexta-feira passada à tarde, que poderia ter se propagado de forma grave caso não fosse combatido de forma quase instantânea. De estranhar no início do sinistro as centenas de comentários de leitores felizes nos sites nacionais, alguns daqui, festejando o incêndio como o ponto final da Copa em Cuiabá, uma legítima pretensão mato-grossense e cuiabana, como seria de qualquer outra cidade brasileira. Mas logo apareceram nossos bombeiros e a brigada de incêndio da obra debelando rápido o fogo, num show de competência técnica. Moro perto da Arena e ainda naquela tarde passei por lá e não vi sequer sinal de fumaça. Não sou de me deter em coisas negativas, mas esse fogo me deixou com uma pulga atrás da orelha. 


                                 copadomundo.uol.com.br


g1.globo.com
                                                                                                                                                                   
     A participação dos Bombeiros de Mato Grosso foi noticiada, mas ainda não 
suficientemente exaltada pela presteza e competência de sua ação. O sinistro foi melhor que um teste programado de segurança e serviu para mostrar que ao menos nessa área a Copa do Pantanal está em mãos muito boas e preparadas. Sou do tempo em que em um chamado emergencial como esse o normal era - a contragosto da corporação - encontrar os caminhões estragados ou sem combustível, sem pneus,  telefone cortado e coisas desse tipo. Muita gente por aí achava que isso ia acontecer, mas aconteceu o contrário. Na Alemanha teria sido melhor, dirá alguém. Mas, aqui no Brasil duvido que todas essas cidades proclamadas mais merecedoras da Copa do que Cuiabá disponham de um serviço com tal confiabilidade nessa área, demonstrando a que ponto de qualidade pode chegar o serviço público, justamente homenageado ontem no Dia do Servidor Público. Que a Copa seja também uma oportunidade concreta de aprimoramento e promoção da importante e sofrida figura do Servidor Público em nossa cidade e nosso país. 
     Outro viva! Desta vez à vitória do bom-senso no episódio das cadeiras da Arena, uma armadilha grosseira montada através da comparação entre preços de 2 produtos de qualidades diferentes. De novo Mato Grosso surpreende resgatando o bom-senso, raramente presente nas decisões públicas em nosso país, ao revalidar o resultado da primeira licitação. Seria um absurdo por causa de uma falácia colocar em risco a mais compacta, mais barata e ainda assim a mais bela e premiada de todas as arenas da Copa, a 2 meses do prazo acertado com a FIFA como condição para a realização da Copa do Pantanal. 
     Por fim, mas não menos importante, viva o Luverdense pela vitória de domingo contra o Caxias ascendendo à série B do campeonato brasileiro e recolocando o futebol de Mato Grosso na elite do mais querido esporte no Brasil, posição relevante para um estado que conquistou e vem construindo com muito empenho a Copa do Pantanal. 
esporte.terra.com.br

(Publicado em 29/10/13 pelo Diário de Cuiabá, Blog do José Lemos ...)

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O TRIMILIONÉSIMO PASSAGEIRO

José Antonio Lemos dos Santos

Assessoria/Infraero/G1-MT

     Contente com a vitória do Luverdense em Caxias do Sul no sábado, lembro que em janeiro de 2011 saudei o duomilionésimo passageiro anual do Aeroporto Marechal Rondon alcançado pela primeira vez em dezembro do ano anterior. Agora, em 2013 ele chegou já nos primeiros dias de setembro, numa significativa antecipação que reflete o extraordinário desenvolvimento de Mato Grosso, que se mostra também no sucesso dos times do Luverdense e Cuiabá. Como em 2010, agora também nada foi dito sobre este ilustre personagem simbólico, se teria sido homem ou mulher, a negócios ou passeio, chegando ou partindo. O que se sabe é que não teve nem retrato e nem foguete, como diria Noel, ou qualquer outra homenagem, assim como os duomilionésimos passageiros em 2011 e 2012. O milionésimo apareceu em 2007, também desprezado. 
Meneguini/Secom-MT

     E tem mais. Pelas estatísticas mensais, o Marechal Rondon já vive um movimento anualizado superior a 3,0 milhões de passageiros e verá ainda em 2013 seu trimilionésimo passageiro pela primeira vez num ano de calendário. Um momento para ser comemorado como marco no desenvolvimento de Cuiabá, Várzea Grande e do estado. Passou o Santa Genoveva da linda Goiânia e tem quase o dobro do movimento da invejada Campo Grande. Ao invés, saímos repercutindo uma pesquisa apontando nosso aeroporto como o pior no país, sem destacar que está em obras e que tem capacidade para atender 500 mil passageiros/ano, mas está atendendo 3 milhões! Sim, o projeto original interrompido em 2006 pela metade era para 1 milhão de passageiros/ano. Não sei como a Infraero alega uma capacidade atual de 2,5 milhões de passageiros/ano, nem como estima em 5,7 milhões de passageiros/ano a capacidade da nova estação que, para mim atenderá no máximo 1,5 milhões de passageiros/ano, isto é, 3 vezes 500. Ou seja, nascerá pequena. Mesmo assim, parabéns à Infraero pelas obras, a situação melhorará muito e é para festejar. Mas a síndrome de autoflagelação cuiabana é braba e preferimos cantar nossas carências em vez das conquistas, os defeitos às virtudes, e na falta de defeitos, inventamos. Pois não é que estamos pintando de bandida a premiada Arena Pantanal, justo a menor e mais barata das arenas da Copa - ainda assim a mais bela - só porque suas cadeiras seriam similares à do Beira–Rio e melhores que as de Brasília?
ReproduçãoTVCA/ExpressoMT

     Porém, tão logo comemoremos esta ampliação necessária e urgente, é bom que as autoridades e lideranças políticas, empresariais, profissionais e comunitárias locais, comecem a cobrar em conjunto a nova estação de frente para o Cristo Rei previsto no Plano Diretor do aeroporto. Aliás, é sempre imperioso destacar a fantástica visão de futuro dos que na década de 40 tiveram a coragem de destinar mais de 700 hectares ao ainda incipiente sistema aeroviário comercial. Era muita confiança no desenvolvimento do estado e da aviação, numa época em que o máximo que devia chegar por aqui eram alguns primitivos biplanos. Tinham a visão correta do futuro. Profetas. Ainda mais com a clarividência de locar o eixo da pista na continuidade do eixo do rio Cuiabá, antevendo a convivência segura de um dos mais movimentados aeroportos do país no centro da metrópole atual. Quantos hoje teríamos essa visão? Para chamar de “elefante branco” sim, aliás, muitos. 
     O desprezo ao Marechal Rondon expressa o permanente desprezo, não só da Infraero, mas de todas as autoridades locais nas diversas instâncias, municipais, estaduais e federais por um assunto fundamental no mundo atual. A ampliação de hoje só veio por causa da Copa, mas não é preciso esperar por outra. Quiçá lembrem o exemplo dos anos 40 e tratem melhor o trimilionésimo passageiro que está chegando. 
(Publicado em 22/10/13 pelo Diário de Cuiabá, )

terça-feira, 15 de outubro de 2013

VITÓRIA DE MARIA


 José Antonio Lemos dos Santos

     Pode ser só mais uma das muitas histórias do futebol, mas sinto a obrigação de contá-la. Sábado passado, dia de Nossa Senhora Aparecida, ia para a missa de entronização da imagem da santa Padroeira do Brasil na Igreja Mãe dos Homens, imagem trazida de Aparecida por minha esposa e minha filha. Ia àquela missa também porque minha esposa levaria a santa até ao altar, sem dúvida uma grande honra para minha família e queria estar presente. Como elas tinham que chegar mais cedo, foram de carro e eu fui depois a pé, numa caminhada de no máximo 15 minutos.
     Caminhar de manhãzinha é muito bom. A cabeça fresca dá revolteios e faz mil viagens, até que parou na lembrança da santa homenageada do dia. Claro que há milhões de assuntos para pensar em Nossa Senhora. Mas adivinha onde foi parar meu pensamento? No futebol. Lembrei-me da fantástica história do jogo decisivo da Copa do Mundo de 1958, contada muitas vezes ao longo destas décadas em que acompanho o futebol, o então chamado esporte bretão. Para os mais novos, a história ou a lenda conta que a Copa de 58 estava preparada para a dona da casa, a Suécia, ser campeã. Não contavam ter pela frente o fabuloso escrete canarinho de Pelé, Garrincha, Zagalo e supercompanhia, que havia goleado a poderosa França. Como as duas seleções jogavam de amarelo, fizeram um sorteio para decidir qual delas trocaria de jaqueta. E, é claro, a Suécia jogou de amarelo. Sem seu talismã, a seleção brasileira ficou abatida psicologicamente. O Brasil nem havia levado camisa de outra cor e tiveram que comprar um jogo de camisas azuis, costurar distintivos e numeração de última hora.
     Essa troca da camisa arrasou realmente o time. Vendo que nessa situação o Brasil perderia o jogo e a Copa, e a vaca ia para o brejo, o chefe da delegação brasileira Paulo Machado de Carvalho viu que tinha que fazer alguma coisa e, num rasgo iluminado de inteligência, no último momento antes da seleção entrar em campo ele pediu a palavra e disse que aquela troca de camisa era um sinal de vitória pois Nossa Senhora Aparecida estava cobrindo a seleção com o azul de seu manto, abençoando a seleção que ia entrar em campo, ia ganhar o jogo e a Copa em homenagem à Padroeira. Resultado: Brasil 5 x 2, campeão do mundo pela primeira vez em terras tão distantes à época. Lenda ou realidade, faz parte das memórias do futebol brasileiro.
diariodepernambuco.com.br

     Ainda caminhando, o drama da seleção de 58 me levou ao drama do futebol cuiabano este ano com o Mixto não se classificando na série D e o Cuiabá naquele momento à beira de ser desclassificado da série C do campeonato brasileiro. Uma vitória em Brasília era improvável, não pelo time, mas por outras situações do futebol brasileiro. Quem sabe com o olhar e uma mãozinha de Nossa Senhora Aparecida? Cheguei quase a prometer em escrever depois sobre o assunto. Mas logo afastei a ideia. Nem cheguei a fazer uma promessa. Nossa Senhora tem muito mais o que cuidar do que um clube de terceira divisão do interior do Brasil. Para mim o Cuiabá estava eliminado e a cidade não teria time em qualquer das séries do futebol brasileiro, justo no ano da Copa. Fui assistir a um filme resignado com a derrota certa e não acompanhei nosso futebol como normalmente faço, no Dutrinha ou no rádio. 
     Saí do cinema com a notícia da vitória do Cuiabá, e as palavras de Émerson, o goleiro cuiabanista, sobre o pênalti que defendeu: 
“- Só tenho a agradecer a Deus por essa defesa. Nem eu sei como defendi. Deus me iluminou e pude pegar a bola. Depois disso, o time cresceu e conseguimos essa vitória importante.” 
     No meu entendimento fiquei devendo contar esta história. 
Émerson defendendo o penaltie.                 Foto: Cláudio Reis

(Publicado em 15/10/2013 pelo Diário de Cuiabá)

terça-feira, 8 de outubro de 2013

A COPA E A ARENA

essencialarchitecture.blogspot.com

José Antonio Lemos dos Santos

     O primeiro grande legado da Copa para o Brasil foi ter exposto ao mundo e, em especial, a nós mesmos que o país está encalacrado em um modelo político-administrativo enrolado, perdulário, corrupto e incapaz. A pretexto de combater a corrupção, que continua à solta, o país criou um emaranhado burocrático incapaz de construir qualquer projeto com datas inflexíveis, como a própria Copa ou as tragédias anuais de cada verão. Por enquanto a saída é o Regime Diferenciado de Contratações, que no fundo é um jeito legal de descumprir a lei, que de início seria só para a Copa, depois ampliou para o PAC e agora querem estendê-lo ao sério problema da armazenagem agrícola. A Copa vem mostrando que o Brasil precisa modernizar seus processos. 
     O bizarro é que o atual sistema tão preocupado com a corrupção ao invés de puni-la, prefere punir a obra, isto é, o povo. Quando aparece uma obra suspeita de corrupção a providência imediata é suspender a obra, deixando o corrupto ou o suspeito continuar em seu cargo e livre para ocupar cargos mais elevados, gerindo recursos públicos ou legislando,
enquanto responde aos infindáveis processos. Mas as obras são punidas imediatamente, pouco importando os prejuízos causados pela paralisação, às vezes maiores que o valor corrompido. Caso emblemático é a obra do Hospital Central de Mato Grosso paralisada na década de 80. Independente do resultado dos julgamentos, até hoje a obra não foi retomada, e nem adiantaria mais retomá-la para o mesmo uso pela defasagem do projeto após tanto tempo. O que restou foi um incomensurável prejuízo para o povo, tanto financeiro quanto em termos de sofrimentos, pois o estado ainda carece de um hospital central. Outro dia foi noticiado que não tem havido nascimentos há muitos anos em muitos municípios de Mato Grosso por não disporem de maternidades. A causa seriam irregularidades administrativas em gestões anteriores que as atuais não conseguem corrigir. Em um desses municípios não nasce ninguém há 20 anos! E quantos morrem? Mas para esta estranha forma de zelar pelo dinheiro público pouco importa se as mães dão à luz, perdem seus filhos ou morrem. Fecham as maternidades!
     Agora temos o caso das cadeiras da Arena Pantanal, cujos preços foram comparados capciosamente aos de produto de qualidade inferior. Sem voltar à discussão sobre a prioridade da Arena e mesmo da Copa, assunto já decidido e em fase vitoriosa de implantação, será que não houve precipitação nessa suspensão de contrato? Como entender a suspensão de uma etapa conclusiva de uma obra cujo prazo máximo de conclusão está compromissado para daqui a menos de 3 meses? Creio no bom senso e na inteligência da FIFA, cujo secretário-geral Jérôme Valcke visita hoje Cuiabá, mas temo os meandros barrocos de nosso sistema jurídico-administrativo. E se a empresa do contrato rompido recorrer à Justiça? A Arena Pantanal foi exposta a um risco por uma diferença pouco superior a R$ 6,0 milhões, que é muito para ser desperdiçado em um país cujo povo é tão carente como o nosso, porém ínfimo numa obra tão importante de meio bilhão de reais. Ainda mais que a suposta irregularidade não afeta a segurança da população e melhora a qualidade do produto final, com cadeiras comparáveis às da Arena Beira-Rio e de Fortaleza. Não seria o caso de se investigar antes, convocar os gestores, o arquiteto responsável para explicar sua especificação e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo para um laudo técnico competente? Entendo que em princípio todos sejam inocentes, mas, se em caso de culpa, não seria mais justo punir e cobrar aos gestores responsáveis o valor eventualmente perdido, sem comprometer o cronograma de inauguração da nossa bela e premiada Arena Pantanal? 
(Publicado em 08/10/2013 pelo Diário de Cuiabá)

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A ARENA DE MINHA JANELA

Veja como estava a Arena Pantanal vista de minha varanda hoje, 4 de outubro de 2013. Dá para ver que começam a aparecer um pouco mais dos pisos e gramados do entorno e as estruturas das coberturas norte e sul já lançadas e que apenas começavam a ser implantadas no mês passado.  Veja:


Foto: José Lemos

Dá para comparar com a do mês passado (04/09/10. Veja: 


Foto José Lemos

E em agosto (04/08/13):


Foto: José Lemos

Dá para comparar com a situação em  4 de julho de 2013:  
Foto: José Lemos

Ou no início do ano passado (14/01/12):
Foto: José Lemos


É para ficar pronta em outubro de 2013. Confira com a maquete para ver se está indo tudo certo:


terça-feira, 1 de outubro de 2013

CADEIRAS E CARAPUÇA

José Antonio Lemos dos Santos
www.olharcopa.com.br

     O maior sentido da Copa para Cuiabá é a oportunidade de grandes investimentos públicos e privados deixando importante legado em favor da qualidade de vida de seus habitantes. Uma chance de ouro para investimentos que de outra forma a cidade não veria em décadas. E bota décadas nisso. Ainda com uma imensa vantagem adicional: por ser um compromisso internacional do país, tudo está sendo feito sob os olhos atentos da imprensa nacional e internacional de maior confiabilidade pública que os dos sistemas oficiais de controle, os quais também se esforçam para não ficar para trás. Nunca um pacote de investimentos foi tão fiscalizado publicamente, certamente que ainda não o suficiente para acabar de vez com as “tenebrosas transações” que alquebram o Brasil. Assim, meio que brincando tenho dito que a Copa foi uma sacudida do Senhor Bom Jesus em nós cuiabanos para que preparemos bem sua cidade para o Tricentenário em 2019. 
     Sem querer rediscutir o que já está decidido e em fase avançada de implantação, sou dos que entendem que Cuiabá está ganhando com a Arena não só um estádio de futebol, mas uma arena multifuncional, equipamento de ponta em tecnologia de eventos de âmbito nacional e global, permitindo à cidade entrar na disputa pelos megaeventos via satélite e internet, apoiada no charme do centro sul-americano, das belezas naturais do Pantanal e Chapada, do cerrado e Amazônia, e das maravilhas tecnológicas dos grandes campos produtivos da agropecuária mato-grossense. Um elefante dourado. Cabe sermos competentes para pilotar essa nave intergalática, poderosa arma na disputa pela agenda dos grandes eventos com as poucas similares brasileiras e, em especial, saber defendê-la dos ataques dos que querem abatê-la antes mesmo de concluída pelo simples fato de ainda não terem assimilado sua perda para a pequena, pacata e ainda desajeitada Cuiabá.
     A última pressão sobre a nossa Arena Pantanal veio por suas cadeiras serem melhores do que as cadeiras da Arena de Brasília. Segundo a Secopa, as cadeiras daqui obedecem às especificações técnicas do projeto e são diferentes das de Brasília, com preços também diferentes. Especificações de materiais e mobiliários em uma obra dessa envergadura são elementos técnicos integrantes dos projetos arquitetônicos, competência e responsabilidade do arquiteto, protegido por lei em suas decisões, inclusive quanto a direitos autorais. Questionamentos técnicos, só por técnicos legalmente competentes, observada a ética profissional. Seria como questionar as prescrições de um médico, embora muitos ainda achem que a arquitetura seja apenas uma questão de gosto. Cada projeto tem suas próprias especificações técnicas conforme seu partido arquitetônico e devem ser respeitadas. Ainda mais no caso de um projeto premiado dentro e fora do país. 
     Não sei qual será a decisão do estado sobre o assunto, mas seria uma pena a alteração da cadeira especificada. Nas novas arenas a cadeira é o trono do espectador e esta será uma das vantagens de nossa compacta e belíssima Arena Pantanal. Cuiabá já se orgulhou do antigo Cine Tropical com as poltronas mais confortáveis do país. Depois, do melhor gramado no saudoso Verdão. Por que não podemos ter a melhor cadeira de todas as arenas? Se coubesse questionar algum projeto, mais apropriado seria perguntar como a Arena Nacional de Brasília pode ter cadeiras inferiores, mesmo tendo custado mais de 3 vezes a arena cuiabana? A Arena de Brasília custou R$ 1,7 bilhão e a de Cuiabá R$ 0,56 bilhão. Não nos cabe essa carapuça. Por enquanto, melhor é lotar o Dutrinha amanhã e domingo apoiando Mixto e Cuiabá em suas partidas decisivas pela ascensão no futebol brasileiro. Força Mixto e Cuiabá! 
(Publicado em 01/10/2013 pelo Diário de Cuiabá)