"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 22 de outubro de 2013

O TRIMILIONÉSIMO PASSAGEIRO

José Antonio Lemos dos Santos

Assessoria/Infraero/G1-MT

     Contente com a vitória do Luverdense em Caxias do Sul no sábado, lembro que em janeiro de 2011 saudei o duomilionésimo passageiro anual do Aeroporto Marechal Rondon alcançado pela primeira vez em dezembro do ano anterior. Agora, em 2013 ele chegou já nos primeiros dias de setembro, numa significativa antecipação que reflete o extraordinário desenvolvimento de Mato Grosso, que se mostra também no sucesso dos times do Luverdense e Cuiabá. Como em 2010, agora também nada foi dito sobre este ilustre personagem simbólico, se teria sido homem ou mulher, a negócios ou passeio, chegando ou partindo. O que se sabe é que não teve nem retrato e nem foguete, como diria Noel, ou qualquer outra homenagem, assim como os duomilionésimos passageiros em 2011 e 2012. O milionésimo apareceu em 2007, também desprezado. 
Meneguini/Secom-MT

     E tem mais. Pelas estatísticas mensais, o Marechal Rondon já vive um movimento anualizado superior a 3,0 milhões de passageiros e verá ainda em 2013 seu trimilionésimo passageiro pela primeira vez num ano de calendário. Um momento para ser comemorado como marco no desenvolvimento de Cuiabá, Várzea Grande e do estado. Passou o Santa Genoveva da linda Goiânia e tem quase o dobro do movimento da invejada Campo Grande. Ao invés, saímos repercutindo uma pesquisa apontando nosso aeroporto como o pior no país, sem destacar que está em obras e que tem capacidade para atender 500 mil passageiros/ano, mas está atendendo 3 milhões! Sim, o projeto original interrompido em 2006 pela metade era para 1 milhão de passageiros/ano. Não sei como a Infraero alega uma capacidade atual de 2,5 milhões de passageiros/ano, nem como estima em 5,7 milhões de passageiros/ano a capacidade da nova estação que, para mim atenderá no máximo 1,5 milhões de passageiros/ano, isto é, 3 vezes 500. Ou seja, nascerá pequena. Mesmo assim, parabéns à Infraero pelas obras, a situação melhorará muito e é para festejar. Mas a síndrome de autoflagelação cuiabana é braba e preferimos cantar nossas carências em vez das conquistas, os defeitos às virtudes, e na falta de defeitos, inventamos. Pois não é que estamos pintando de bandida a premiada Arena Pantanal, justo a menor e mais barata das arenas da Copa - ainda assim a mais bela - só porque suas cadeiras seriam similares à do Beira–Rio e melhores que as de Brasília?
ReproduçãoTVCA/ExpressoMT

     Porém, tão logo comemoremos esta ampliação necessária e urgente, é bom que as autoridades e lideranças políticas, empresariais, profissionais e comunitárias locais, comecem a cobrar em conjunto a nova estação de frente para o Cristo Rei previsto no Plano Diretor do aeroporto. Aliás, é sempre imperioso destacar a fantástica visão de futuro dos que na década de 40 tiveram a coragem de destinar mais de 700 hectares ao ainda incipiente sistema aeroviário comercial. Era muita confiança no desenvolvimento do estado e da aviação, numa época em que o máximo que devia chegar por aqui eram alguns primitivos biplanos. Tinham a visão correta do futuro. Profetas. Ainda mais com a clarividência de locar o eixo da pista na continuidade do eixo do rio Cuiabá, antevendo a convivência segura de um dos mais movimentados aeroportos do país no centro da metrópole atual. Quantos hoje teríamos essa visão? Para chamar de “elefante branco” sim, aliás, muitos. 
     O desprezo ao Marechal Rondon expressa o permanente desprezo, não só da Infraero, mas de todas as autoridades locais nas diversas instâncias, municipais, estaduais e federais por um assunto fundamental no mundo atual. A ampliação de hoje só veio por causa da Copa, mas não é preciso esperar por outra. Quiçá lembrem o exemplo dos anos 40 e tratem melhor o trimilionésimo passageiro que está chegando. 
(Publicado em 22/10/13 pelo Diário de Cuiabá, )

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