"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 31 de maio de 2011

COPA DO PANTANAL, 2 ANOS

José Antonio Lemos dos Santos


     O que são 2 anos em termos de tempo? Em alguns casos podem parecer muito, em outros não. Por exemplo, parece que foi ontem que lá das Bahamas o senhor Joseph Blatter anunciou Cuiabá como uma das sedes da Copa de 2014 no Brasil. Apesar de carregada com forte sotaque, poucas vezes a palavra Cuiabá soou tão bonita. E esses 2 anos passaram rapidinho. Antes de escrever, confesso que tive até que confirmar nas matérias da imprensa se realmente haviam passado 2 anos. E passaram.
     O problema é que faltam pouco mais de 2 anos iguais a estes que já se foram para que Cuiabá se apronte para a Copa. Em evento dessa responsabilidade, com obras de grande porte, não se pode pensar em cronogramas sem ao menos 6 meses como margem de segurança, em função de eventuais contratempos normais em qualquer obra, ainda mais no Brasil, onde a pretexto de evitar práticas corruptas criou-se um cipoal jurídico-burocrático que atrapalha as obras e a implantação de serviços mas que não tem funcionado como obstáculo à corrupção. Assim, o planejamento só pode ir até 2013. Dentro da lei, é preciso acelerar processos, multiplicar turnos e, sobretudo, focar no produto a ser entregue em tempo hábil e com qualidade, qual seja, a cidade pronta e funcionando para as Copas das Confederações e do Mundo.
     Quase a meio do caminho já se pode avaliar como as coisas estão indo, em especial quanto ao esperado legado pós-Copa. Para Cuiabá esse legado é fundamental pois talvez seja a única das sedes da Copa que pagou um preço à vista por ele, com a rápida demolição do antigo Verdão, ficando sem o seu belo estádio, o único olímpico do estado, que poderia ser importante como apoio na preparação atlética do país para as Olimpíadas em 2016. Agora tem que compensar, e muito bem.
     A avaliação é favorável. O primeiro impacto positivo é na auto-estima do cuiabano, refletindo na forma de encarar seu próprio desenvolvimento. Superando o ceticismo e incredulidade iniciais após a alegria com a escolha da FIFA, logo entendeu a grandeza e significado da vitória. Hoje a cidade respira futuro debatendo projetos e obras, postura essencial a uma cidade que polariza uma das regiões mais dinâmicas do planeta e que antes da Copa já vivia um admirável boom de desenvolvimento. A iniciativa privada responde com empreendimentos desde os menores até as fábricas de cimento em Aguaçu e Rosário Oeste, passando por grandes conjuntos habitacionais, dois hotéis inaugurados, cinco em construção e mais dois em projeto. Pena que nesse ínterim a prefeitura, na contra-mão da história, extinguiu o IPDU, órgão voltado para o futuro da cidade, fundamental a cidades do porte de Cuiabá. E de imediato aprova uma nova Lei do Uso e Ocupação do Solo Urbano, sem as explicações e discussões técnicas públicas cabíveis.
     Pelo lado do estado foi criada a Agecopa, uma agência necessária à centralização dos assuntos referentes à Copa. Independente de seu formato, cuja discussão agora seria extemporânea, a Agecopa vem tocando aparentemente bem as obras da Arena Multiuso enquanto desenvolve os projetos das demais intervenções, etapa que se espera em conclusão para início imediato das obras. Falha gritante foi a não adequação do Dutrinha de forma a não prejudicar, como já prejudicou os times locais nas suas disputas. Temos ainda a temer a indefinição quanto à tecnologia básica para o novo sistema de transporte público. Mas o pior de tudo é a vergonhosa postura da Infraero que até hoje não tem sequer o projeto para o novo Aeroporto Marechal Rondon. Considerando a defasagem de décadas do principal aeroporto de Mato Grosso, esta situação realmente é um acinte da empresa para com Cuiabá, Mato Grosso e ao grande projeto nacional da Copa do Mundo de 2014.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 31/05/2011)

terça-feira, 24 de maio de 2011

NADA A VER, TUDO A VER

José Antonio Lemos dos Santos

     Que a saúde pública no Brasil, em Mato Grosso e em Cuiabá, é uma vergonha, a gente já sabe. Trata-se de uma vergonha absoluta, uma realidade ultrajante em si, independente da construção de estádios, estradas, carnaval ou o que for. É a própria vergonha, cuspida e escarrada na nossa cara 24 horas por dia. Por isso discordo do que disse na semana passada o comentarista esportivo José Trajano, sobre a construção da Arena Multiuso em Cuiabá. Nada a ver. O Brasil é um país rico, Mato Grosso é um de seus estados mais produtivos, e o brasileiro paga ao governo em impostos quase 40% de tudo que produz. Para atender um setor, não precisa deixar de atender outro. Há dinheiro suficiente. Resta saber para onde está indo. Aí a maior das vergonhas nacionais, movida pela ação dos larápios da coisa pública e aproveitadores que pululam nos noticiários locais e nacionais, mantida e fomentada pela omissão cívica dos que consideramos bons cidadãos.
     No caso de Mato Grosso basta lembrar que nos 3 primeiros meses deste ano o estado produziu para o Brasil um saldo comercial de 1,7 bilhão de dólares, mais da metade do superávit do país no mesmo período. Daria para construir vários estádios, ferrovias ou grandes hospitais. Mas essa riqueza não retorna a Mato Grosso em benefício de seus habitantes. Para ficar apenas na saúde, o sistema de atendimento público estadual e regional se baseia, há décadas, em um pronto-socorro municipal travestido de hospital. Atende pacientes de Mato Grosso, Rondônia, Acre, nordeste da Bolívia. O único hospital federal existente é um hospital-escola, da UFMT, em instalações precariamente ampliadas de um antigo hospital para tuberculosos dos anos 50. As obras do que seria um hospital central para o estado estão paralisadas desde a década de 80, e hoje são ruínas de uma obra quase pronta que, defasadas, deveriam ser preservadas e transformadas em um monumento nacional, símbolo ao escárnio e ao deboche para com a saúde pública, não só em Mato Grosso, mas no Brasil. Uma vergonha absoluta!
     Sou um entusiasta da Copa no Brasil e vibrei muito com a escolha de Cuiabá como uma de suas sedes, justamente porque poderia ser um elemento perturbador nesse conluio crônico com que as coisas públicas são tratadas no país. O Brasil e Cuiabá, com seus pecados e suas virtudes se exporiam subitamente aos olhos do planeta e avaliados segundos padrões internacionais. Sempre tive certeza que o evento da Copa puxaria os outros assuntos que necessariamente se interligam em um evento dessa magnitude. Os jogos de uma Copa não se realizam isolados do contexto em que se localizam e ninguém recebe milhões de turistas internacionais impunemente. Além da mobilidade urbana, no mínimo a Saúde e a Segurança Pública terão que ser equacionados, revolucionando a cidade para a Copa e o tricentenário em 2019.
     Assim, me alegra a realização da Copa do Pantanal em Cuiabá. Ela já transformou o estado e a cidade. Hoje discutimos o futuro, projetos e soluções para problemas concretos de nossa cidade e estado. Antes era só politicagem que não levava a nada de positivo, ao contrário, só a mais politicagem e bandalheira. Hoje Cuiabá está sob os olhos do mundo e, quer queiram ou não, será uma das doze vitrines do Brasil. Não fosse a Copa em Cuiabá e a Arena Multiuso, o grande comentarista esportivo não teria percebido que em Cuiabá a saúde pública é um escárnio, escandalizando o Brasil com essa descoberta, como se este não fosse um bem conhecido (e sofrido) drama nacional. Aí sim a Copa e a Saúde têm tudo a ver. Que bom seria se tivéssemos uma Copa para cada cidade brasileira. Expondo as vísceras putrefatas do Brasil ao mundo, antes de tudo a Copa é uma alavanca de esperança. Viva a Copa!
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 24/05/2011)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

DOMO DE ARAGUAINHA

Acabo de criar a Seção "Maravilhas de Mato Grosso", aqui no Blog do José Lemos, na coluna ao lado direito do Blog que estréia com um link da UnB sobre uma cratera de 40 Km produzida pelo choque de um meteoro na divisa de MT e GO.  Duas cidades estão dentro dela e nem sabiam.  "De todas as crateras de impacto na América do Sul, o Domo de Araguainha é a de maior dimensão, possivelmente a mais antiga e a que foi submetida a estudos geológicos de detalhe", diz o site. Voce sabia? Eu não.

terça-feira, 17 de maio de 2011

FERRONORTE: RISCOS DO DESVIO

José Antonio Lemos dos Santos

     Por trás dessa questão da ferrovia em Mato Grosso estão em jogo dois projetos de futuro para o estado. Por um a ferrovia passa por Cuiabá, e por outro, a ferrovia não passa por Cuiabá. Ou melhor, por esse outro projeto a ferrovia não pode passar por Cuiabá, pois um terminal ferroviário em Cuiabá, ligado a Santarém e Porto Velho, impedirá Rondonópolis de ter o maior terminal ferroviário do estado, indispensável ao deslocamento geopolítico ao sul, pretendido por alguns. Como Cuiabá é o maior reduto eleitoral do estado, esse jogo não pode ser aberto, e tem sido habilmente dissimulado até agora.
     O primeiro projeto tem quase cinco décadas e a cada ano se revela mais atual, mostrando a extraordinária visão de seus idealizadores, os saudosos senador Vicente Vuolo e o professor Domingos Iglesias. Seu traçado segue a espinha dorsal do estado - a BR-163 - até Santarém, com uma variante para Porto Velho passando por Tangará ou mesmo por Sapezal. Comporta ainda extensões para Cáceres, e até mesmo a variante recém criada da Leste-Oeste. Uma ferrovia para todo o estado, mantendo a integridade geopolítica que faz de Mato Grosso um estado otimizado, de maior sucesso no país hoje. Uma ferrovia para levar e também trazer o desenvolvimento, mercadorias, fertilizantes, insumos diversos, não apenas uma esteira exportadora de soja. O problema do projeto original da Ferronorte é que ficou órfão politicamente, com as ausências do senador Vuolo e de Dante de Oliveira. Deste, os herdeiros políticos ficaram com seus votos, mas abandonaram a continuidade de suas obras.
     O outro projeto surge com o avanço do agronegócio no estado e a afirmação política de alguns de seus segmentos. Não se trata de um projeto de todo o agronegócio mato-grossense, que se espalha por todo o Estado, mas de alguns de seus segmentos, em minoria no conjunto, mas poderosos, competentes e determinados. Nem se trata também de um projeto do governo - Silval vestiu a camisa da ferrovia em Cuiabá - mas de um grupo que tem muita força nele. Por ele, a Ferronorte segue de Rondonópolis direto para Lucas do Rio Verde e de lá para Santarém e Porto Velho. Esse projeto é complementado com a nova ferrovia Leste-Oeste e com a pavimentação da MT-130, ligando direto Rondonópolis a Lucas por rodovia, sem passar por Cuiabá. É fácil entender a intenção de deslocar artificialmente o centro geopolítico do estado para dois pólos, um no médio-norte e outro no sudeste, em Lucas e Rondonópolis, e a ameaça que isso representa à atual e exitosa unidade estadual. O Mato Grosso platino fica excluído e Cuiabá vira a Ouro Preto do agronegócio, com no máximo um ramal ferroviário de consolo.
     Está prevista para hoje (17/05) a Audiência Pública sobre o trecho entre Mineirinho e Rondonópolis, um desvio de 90 graus no traçado original da Ferronorte indispensável à aproximação da ferrovia até aquela importante cidade. Não se pode pensar a ferrovia em Mato Grosso com ela passando a cerca de 60 quilômetros de Rondonópolis. Por outro lado, também é um absurdo sequer imaginar que ela não passe por Cuiabá e Várzea Grande, o maior pólo produtor, consumidor e distribuidor do estado e, assim, o maior centro de carga de ida e de retorno de Mato Grosso. Se a ferrovia subir a serra por lá, não desce para chegar a Cuiabá. Seria o fim do estado poderoso tal como o conhecemos hoje e sua volta ao final da fila, sem voz e sem vez. Que esta nova audiência não esqueça que a ferrovia é para servir Mato Grosso como um todo, respeitadas as questões ambientais, passando por Rondonópolis e Cuiabá, e avançando por todo o estado, inclusive Nobres, Lucas, Sorriso, Nova Mutum e Sinop. E já! Mato Grosso, sua economia e a qualidade de vida de seu povo aguardam ansiosamente por ela.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 17/05/2011)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A VOLTA DA SUDECO

José Antonio Lemos dos Santos

     Minhas tentativas como articulista iniciaram em outubro de 1982 no extinto O Estado de Mato Grosso, numa série de quatro artigos denominados “Cuiabá e a sede da Sudeco”, tendo como padrinho e incentivador o saudoso Archimedes Pereira Lima. Falava da possibilidade da Sudeco se instalar em Cuiabá, pois o órgão devia por lei ter sua sede em sua área de jurisdição, da qual Brasília não fazia parte. Lembrava ainda que quando criada, em 1967, era tido como certo que sua sede seria em Cuiabá, capital mais central na área de atuação do órgão, que então envolvia Rondônia, Mato Grosso e Goiás, estes ainda íntegros. Ademais, manter sua sede em Brasília era manter um órgão criado para ser descentralizador junto à matriz que se pretendia descentralizar, uma contradição que prejudicou a consolidação política do órgão. Contudo, sob a alegação de que em Cuiabá não “assentava” aviões a jato, que o sistema telefônico interurbano ainda era na base do rádio, e outras desculpas dessas, a sede ficaria provisoriamente em Brasília, e lá ficou até que Collor a extinguisse, sob o silêncio complacente de nossas autoridades e representantes federais. Este foi um dos dois motivos – que me orgulham - pelos quais depois fui exonerado do antigo Ministério do Interior. Aliás, assim também perdemos a sede do Comando Militar do Oeste, instalado em Campo Grande em 1986 com meta de se transferir para Cuiabá em 1990.
     No último dia 5 foi publicada no Diário Oficial da União a recriação da Sudeco, cujos detalhes ainda não me inteirei. Em tese acho boa a medida e nem podia ser diferente, pois na época de sua extinção fiz alguns artigos contrários. A Sudeco foi usada como “boi-de-piranha”, sacrificada em favor da preservação das poderosas Sudam e Sudene, sobre as quais pesavam inúmeros escândalos, em especial sobre incentivos fiscais, que a Sudeco não dispunha. Penso que a Sudeco teve papel preponderante na formação do que é o atual Centro-oeste, incluindo Rondônia e Tocantins, e muito especialmente na formação da potencia que é Mato Grosso hoje. A Sudeco planejava a região como um todo, organizando os investimentos federais em fortes programas especiais de desenvolvimento regional, sob a visão e fiscalização de um Conselho Deliberativo composto pelos governadores e outros representantes de cada estado. Assim os recursos federais eram articulados em função de grandes objetivos estratégicos, adquirindo uma sinergia potencializadora, e não de forma isolada e às vezes até contraditória, como acontece hoje.
     O salto diferenciado de desenvolvimento que Mato Grosso apresenta, cuja origem é atribuída por alguns à divisão do estado, na verdade está enraizada no trabalho da antiga Sudeco. É claro que tudo começa com Brasília que fez o Brasil voltar-se para o seu interior, dando início ao espetacular desenvolvimento regional. Cuiabá teve sua população duplicada na década de 60. Através de programas como o Prodoeste, Prodepan, Polamazônia, Polocentro e Polonoroeste, a Sudeco organizou e implantou uma infra-estrutura econômica e social básica, impulsionando o processo desenvolvimentista que já ocorria célere na região. As cidades e municípios que começavam a surgir, em especial no norte do estado, queimavam etapas em sua evolução, pois recebiam a fundo perdido projetos complementares de infra-estrutura urbana, como redes de água e energia, estradas, silos, geradores, criando a base sobre a qual se assenta o extraordinário desempenho que Mato Grosso tem mostrado ao país e ao mundo. Que a nova SUDECO beba nas águas da boa experiência da sua antecessora, resgatando aquele poderoso órgão de desenvolvimento regional que jamais deveria ter sido extinto.

terça-feira, 3 de maio de 2011

MATO GROSSO: ANIVERSÁRIO DE UM CAMPEÃO

José Antonio Lemos dos Santos

     Mês passado foram divulgadas as estimativas sobre o Valor Bruto da Produção (VBP) da agricultura brasileira para o ano de 2011, apontando que neste ano Mato Grosso quebrará a hegemonia do estado de São Paulo como o maior produtor agrícola do Brasil em valores comerciais. Os números são impressionantes. De acordo com as previsões do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) o VBP de Mato Grosso chegará em 2011 a R$ 33,41 bilhões, numa evolução de quase 55% sobre os R$ 21,38 bilhões da produção de 2010. Certamente que este desempenho se deve a fatores conjunturais favoráveis que elevaram as cotações dos principais produtos de Mato Grosso e derrubaram alguns produtos do estado de São Paulo. De uma forma ou de outra, não importa, Mato Grosso encontra-se no topo da produção agrícola nacional, seguido de São Paulo, com R$ 32,99 bilhões, Paraná, com R$ 24,95 bilhões e Rio Grande do Sul com R$ 21,07 bilhões.
     Uma notícia como essa vem a calhar como pano de fundo para a comemoração dos 263 anos da criação de Mato Grosso, no próximo dia 9 de maio. Para chegar a esta posição Mato Grosso teve que se consolidar como maior produtor de algodão, de milho e de soja, que neste ano ultrapassará a barreira das 20 milhões de toneladas. Além disso, é um dos maiores produtores de álcool e de biodiesel, e tem o maior rebanho bovino do país com 28 milhões de cabeças. Não só agrícola, é o maior produtor agropecuário brasileiro. Não é por acaso que é um dos maiores exportadores do país e o saldo em seu balanço no comércio exterior no primeiro trimestre de 2011 responde por 54,39% do saldo da balança comercial brasileira, com 1,7 bilhão de dólares. Um número imenso, que anualizado daria para construir algumas ferrovias ligando Alto Araguaia à Sinop, passando por Rondonópolis, Cuiabá e Lucas, ou duplicar algumas vezes a rodovia no mesmo trajeto. Por ano!
     Isso é Mato Grosso aos 263 anos, mesmo sem ter uma ferrovia penetrando seu território e com suas rodovias federais abandonadas. Mesmo com o gás de seu gasoduto cortado e paralisada a termelétrica que lhe dava confiabilidade energética; mesmo paralisadas as obras de seu principal aeroporto e esquecido o aproveitamento múltiplo de Manso. O maior produtor agropecuário do país só ano passado passou a ter uma unidade de pesquisa da EMBRAPA. E sem uma Base Aérea, apesar de ter 1.100 Km de fronteira e ser uma das principais rotas dos danosos tráficos internacionais que atormentam o país, machucando muito em primeiro lugar os brasileiros de Mato Grosso.
     Desde que foi criado em 1748 por D. João V, Mato Grosso tem participação incisiva na história do país, sempre só no seu isolamento centro-continental. Indo inicialmente do atual Mato Grosso do Sul até ao Acre, Mato Grosso expandiu os limites de Tordesilhas e depois conseguiu a proeza de defender e consolidar todo este imenso território como terras brasileiras, com muita bravura e sacrifícios de seus filhos. A partir do ouro que lhe dá origem, produziu diamantes, borracha, ipecacuanha, carne e agora é o maior produtor do agronegócio brasileiro e um dos maiores do mundo. Comemorar os 263 anos de Mato Grosso é antes de tudo cobrar da União tudo aquilo a que o estado tem direito e, sobretudo, homenagear a grandeza do cidadão trabalhador mato-grossense de todos os tempos e recantos do estado – autônomo, patrão e empregado - aquele que de fato faz o sucesso de Mato Grosso, apesar das dificuldades, do desamparo dos governos e do descaso de seus políticos. O sucesso de Mato Grosso e sua gente é a força de um estado unido e trabalhador, nas dimensões e condições exatas exigidas pelo século XXI. É para ser imitado, aplaudido e apoiado.