"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 29 de novembro de 2011

DIVISÃO PARA QUEM? III

José Antonio Lemos dos Santos

     A posição contra novas divisões territoriais no Brasil, sobretudo em Mato Grosso, mostrada em artigos anteriores, parte da idéia de que um país que paga em média quase que 40% de tudo o que produz só para sustentar suas incompetentes e perdulárias estruturas políticas e administrativas, não poderia sequer pensar em mais governos e mais políticos. Mas é isso o que quer a classe política em geral por trás dos vários projetos de divisão que circulam pelo Brasil, cujos principais argumentos comento esticando o assunto em mais este artigo.
     Ao contrário das conversas divisionistas, a situação de desamparo e abandono de muitos brasileiros e mato-grossenses, nada tem a ver com suas distâncias geométricas ou geográficas de suas capitais. No caso específico de Mato Grosso, o desenvolvimento e a exclusão estão presentes lado a lado em todo estado. Há pobreza e exclusão em bairros da capital tanto quanto em Vila Rica ou Juína. Ou até pior. Municípios da chamada Baixada Cuiabana estão entre os mais pobres e carentes do estado. Querem forçar a criação de novas pirâmides de cargos através da enganosa idéia de que o abandono é causado pela distância e que só existe nas regiões que pretendem dividir. Nada mais falso. A exclusão está em todos os lugares e é um dos maiores problemas de Mato Grosso e do Brasil. Ao contrário, este quadro desequilibrado e injusto impõe a aplicação dos recursos públicos diretamente na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos (escolas, estradas, hospitais, etc.), ao invés de torrá-los em novas e dispendiosas estruturas estaduais.
     Os divisionistas alegam ainda que os estados menores são mais desenvolvidos. Nesse ponto, Mato Grosso dá show de desenvolvimento em relação aos estados brasileiros de menores dimensões. Aliás, existem estados historicamente importantes no Brasil, bem menores que Mato Grosso que não viabilizam sequer a própria subsistência. Basta aplicar a fórmula desenvolvida no IPEA para cálculo do custo mínimo de manutenção de um estado. Ainda referente às dimensões, os divisionistas gostam de citar o tamanho dos estados americanos, mas não explicam que a divisão territorial americana aconteceu séculos atrás, nos tempos das diligências, das comunicações por fumaça e estafetas a galope.
     Contudo, a maior das falácias divisionistas é atribuir o atual desenvolvimento de Mato Grosso e do Tocantins ao processo de divisão territorial que lhes deu origem. Na verdade o desenvolvimento dessas regiões começou bem antes de serem divididos, ainda na década de 50 com a política federal da integração nacional, expressa na Marcha para o Oeste e a construção de Brasília, seguido por uma forte política de investimentos na década de 70 com os Programas Especiais de Desenvolvimento tipo Prodepan, Polocentro, Polamazônia e Polonoroeste. Tais programas significaram apoio direto à economia que se instalava nessas regiões, com linhas especiais de financiamento, infra-estrutura de energia, de transporte e reforço às estruturas urbanas. Quando os estados foram divididos já se encontravam em franco desenvolvimento, a partir de uma base de infra-estrutura suficiente para que o processo deslanchasse, fruto de um trabalho anterior de planejamento e execução competente levado a cabo pela Sudeco, hoje injustamente esquecido.
     As falácias são mentiras de pernas menos curtas. Mas só vão um pouquinho mais longe que as mentiras. Em pleno século XXI, na era do avião a jato, asfalto, comunicações via satélite, internet, Mato Grosso tem a dimensão territorial exata para o sucesso. Líder nacional no agronegócio, ainda com muito, muito mesmo a corrigir, Mato Grosso é a prova de que o Brasil não precisa de redivisões, com mais governos e mais políticos. Mato Grosso é para ser imitado, e não dividido.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 29/11/11)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

BRT DO RIO

Veja no link abaixo o projeto do BRT no Rio de Janeiro, chamado "Trajeto Transcarioca".

http://www.youtube.com/watch?v=Ci92FEtol6w&feature=email

domingo, 27 de novembro de 2011

MUSEU DO AMANHÃ

Veja no link abaixo, ou na seção "VISITAS DE ARQUITETURA" (a 15a. na coluna à direita) a maquete eletrônica do MUSEU DO AMANHÃ, projeto de Santiago Calatrava para o Rio de Janeiro.

http://www.youtube.com/watch?v=TwZ_YaLSzrU&feature=fvsr

E aí? Algum comentário?

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

LIVRO SOBRE TECNOLOGIA INDÍGENA GANHA PRÊMIO NACIONAL

25º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira

     Ganhar um prêmio é sempre bom, mas tem um gosto especial quando a distinção acontece além das divisas do Estado onde o trabalho foi produzido. Foi o que aconteceu com o livro “Tecnologia indígena em Mato Grosso: habitação”, do arquiteto José Afonso Botura Portocarrero. Lançado há um ano pela Entrelinhas Editora, com apoio do Sebrae-MT, a obra foi contemplada com o 25º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira, considerado o mais importante do setor. A cerimônia de premiação, realizada em São Paulo, na noite de terça-feira (22), foi presidida pela diretora geral do MCB, Mirian Lerner, pelo secretário de Estado de Cultura de São Paulo, Andrea Matarazzo, e pelo diretor da agência DPZ, publicitário Roberto Duailibi, que foi o criador do Prêmio Design há 25 anos, quando era o diretor geral do museu.
     “Estou muito contente com essa premiação, reconhecida como a mais séria e respeitada da arquitetura no Brasil. É especialmente significativo ganhar esse prêmio do Museu da Casa Brasileira pelo fato de estarmos fora do circuito Rio-São Paulo”, comentou o autor, chefe do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Tecnologia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que viajou à capital paulista para participar da cerimônia de premiação. O autor e a Entrelinhas Editora foram premiados com o segundo lugar na categoria “trabalhos escritos publicados”. Segundo a comissão julgadora, o “livro apresenta ampla e excelente análise de objeto pouco estudado, desenvolvendo reflexões comparativas sobre as estruturas das habitações indígenas da região de Mato Grosso. Sua contribuição é fundamental para o conhecimento e principalmente para possíveis reflexões e direcionamentos em pesquisas futuras”.
     Apaixonado pelo estudo das tecnologias indígenas, Portocarrero vem se dedicando ao tema como pesquisador desde o mestrado e estendeu suas pesquisas a 10 povos de Mato Grosso no doutorado, realizado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Ele acredita que o prêmio contribui para divulgar a importância de se pesquisar a contribuição dos indígenas para a arquitetura, a valorizá-la e preservar essa memória. “Essas tecnologias estão longe de estarem ultrapassadas e o prêmio vai fazer com que mais estudantes de arquitetura se interessem pelo assunto”, comenta o escritor, que espera que sua obra seja adotada em outros cursos de Arquitetura e Urbanismo do país.
     A partir das referências do desenho cultural das casas indígenas, o arquiteto desenvolveu alguns projetos na perspectiva da etnoarquitetura, entre eles, o Espaço do Conhecimento do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Mato Grosso (Sebrae-MT), em Cuiabá. Para o superintendente do Sebrae-MT, José Guilherme Barbosa Ribeiro, é “uma honra” trabalhar com Portocarrero, “uma pessoa que sabe transformar a teoria na prática”. Ele também ficou muito feliz com o Prêmio do MCB que, na sua opinião, veio naturalmente como consequência de “uma configuração de esforços e competências”. “Quando instituições, empresas e pessoas trabalhem em conjunto em prol do bem, o reconhecimento acaba acontecendo”, comenta. Na opinião da editora Maria Teresa Carrión Carracedo, o prêmio é “um reconhecimento de que a sociedade brasileira tem muito o que aprender sobre design e sustentabilidade, além de outras áreas de conhecimento, com os povos que há milênios vivem neste território.”
“As pesquisas de Portocarrero e da Tecnoíndia trazem esta importante contribuição à cultura nacional. Estamos felizes por termos divulgado este trabalho em parceria com o Sebrae-MT”, acrescenta. A propósito, a premiação de “Tecnologia indígena em Mato Grosso: habitação” coincide com a realização da segunda Feira do Livro Indígena (Flimt), no Pavilhão das Artes, e, no final da tarde desta quinta-feira (24), o autor estará presente ao evento, juntamente com a antropóloga Maria Fátima Roberto Machado. Durante a feira estarão expostas maquetes de habitações indígenas feitas por Portocarrero.
     Sobre a obra – “Tecnologia indígena em Mato Grosso: habitação” trata do desenho das habitações tradicionais de 10 povos e seus aspectos construtivos. Fartamente ilustrada com fotos e desenhos, a obra, na avaliação do arquiteto Carlos Zibel Costa (FAU-USP), orientador de José Afonso Botura Portocarrero, “nos abre em toda sua originalidade e dignidade, mas também em toda sua restrição e especificidade tecnológica e socioeconômica a Arquitetura Indígena Brasileira de cada etnia estudada”.

“Ora, é justamente esse processo que a retira do limbo empoeirado das citações históricas e dos preconceitos, convidando-as a adentrar o universo das culturas locais e das civilizações dominantes no mundo globalizado e vivo da época presente”, afirma o orientador no prefácio do livro.

     No texto da apresentação, a professora doutora Maria Fátima Roberto Machado, do Departamento de Antropologia/Museu Rondon – UFMT e coordenadora do Núcleo Tecnoíndia, elogia a postura etnográfica de Portocarrero no levantamento dos desenhos das casas indígenas e o valor do material levantado por seu ineditismo.

“(...) Talvez uma das mais importantes contribuições de um intelectual comprometido com o mundo em que vive seja colocar a sua energia criadora à disposição do entendimento entre as pessoas, considerando as mais diferentes culturas e as mais diferentes condições materiais de existência”, diz Maria Fátima, numa referência ao desafio enfrentado pelo autor em suas pesquisas.

Portocarrero acredita que a premiação vai ajudar divulgar o blog do Núcleo de Estudos e Pesquisas Tecnologias Indígenas (www.nucleotecnoindia.com), do qual é um criadores.
     Sobre o autor – José Afonso Botura Portocarrero nasceu em Bela Vista (hoje Mato Grosso do Sul), na fronteira com o Paraguai, e se formou como arquiteto pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos (SP). Iniciou a carreira docente no Departamento de Engenharia Civil da UFMT e participou da criação do Departamento de Arquitetura e Urbanismo dessa universidade. Em 2001, apresentou dissertação sobre a casa Bororo no mestrado em História da UFMT e, cinco anos depois, teve sua tese de doutorado aprovada na FAU-USP, tendo como orientador o arquiteto Prof. Dr. Carlos Roberto Zibel Costa.
     Como arquiteto, Portocarrero projetou a sede da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat), conhecida como a “oca”, e também elaborou o projeto do Memorial Rondon (em parceria com o arquiteto Paulo César Molina Monteiro), que começou a ser construído na borda do Pantanal, em Mimoso, distrito de Santo Antônio de Leverger, durante o segundo governo Dante de Oliveira.
     Sobre o prêmio – O Prêmio Design MCB foi criado em 1986, pelo publicitário Roberto Duailibi, então à frente do Museu da Casa Brasileira, para incentivar o design em nosso país, numa época em pouca gente sabia o que era isso ou dava importância a esta atividade. Ao longo dos últimos 25 anos, o prêmio cresceu em credibilidade graças a seu caráter cultural, sem interesses comerciais, garantido pela característica da instituição que o promove – um museu dedicado ao design e à arquitetura, vinculado à Secretaria de Estado de Cultura de São Paulo.
     Em 2011, houve recorde de inscrições: 810 em produtos e trabalhos teóricos, nas seguintes categorias: Equipamentos de construção, de transporte, e eletroeletrônicos, Iluminação, Mobiliário, Têxteis, Utensílios, Trabalhos escritos publicados e não publicados. Ao todo, foram premiados 33 trabalhos e os vencedores foram contemplados com inscrição gratuita no iF Product Design Award 2013, ação realizada em parceria com o Centro Design Paraná. Para celebrar os 25 anos do Prêmio Design foram lançados durante a cerimônia de premiação um site especial e o livro “21-25º Prêmio Design Museu da Casa Brasileira”, que reúne os projetos finalistas e premiados nessas cinco edições. Também foi inaugurada uma instalação interativa que disponibiliza ao público grande parte da memória do Prêmio, cuja história se mistura à do próprio design brasileiro. Os trabalhos finalistas e premiados ficarão expostos no MCB até o dia 15 de janeiro. (Entrelinhas Editora)
(Extraído do site da UFMT em 24/11/2011)

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

MT DÁ SHOW NO PIB AGROPECUÁRIO

Veja no site abaixo o sucesso de Mato Grosso. Entre os 100 municípios com os maiores PIB's agropecuários Mato Grosso entra com 24. Entre os 10 primeiros, 6 são mato-grossenses.

http://www.terra.com.br/economia/infograficos/pib-agropecuario/

O link encontra-se também aqui no Blog do José Lemos, na 3a. Seção da coluna à direita, denominada "Maravilhas de Mato Grosso".

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O LEGADO DA COPA

José Antonio Lemos dos Santos

     Outro dia soube que ao bancar a sua Copa do Mundo em 2006 a Alemanha tinha como objetivo principal a recuperação de dois valores imateriais, imensuráveis, que eles haviam perdido na trágica aventura do nazismo. O primeiro era o resgate da altivez e orgulho alemão ao hastear a sua bandeira e cantar o hino nacional, a pleno pulmões, com peito estufado e cabeça erguida. O segundo era resgatar para o mundo a tradicional figura alegre, amistosa e receptiva do povo alemão, um dos povos mais simpáticos da Europa. E a avaliação que fazem é que esse duplo objetivo foi alcançado plenamente, o que por si só teria pago com sobras tudo o que gastaram com a realização da Copa. Mesmo assim, numa demonstração de extrema seriedade com a coisa pública, persistirão com um sistema de avaliações permanentes dos resultados da Copa até 2016, ou seja, 10 anos após a realização da Copa, tendo em vista os demais objetivos e a consolidação de todos os resultados.
     É fantástico o poder midiático global de uma Copa e por isso o grande interesse dos países, ricos ou pobres, por ela. Dutra, o presidente cuiabano, ao trazer a primeira Copa do Mundo para o Brasil – é bom não esquecer que foi ele que trouxe a Copa de 50 e construiu o Maracanã, queria mostrar ao mundo que o país havia deixado de ser rural e que dispunha de outras grandes cidades além do Rio de Janeiro. E hoje o que o Brasil pretende com a Copa de 2014? Já sei que para muitos será apenas uma grande oportunidade para roubalheiras homéricas, porém, embora esta possa ser uma tendência, não acredito ter sido este o objetivo que levou o Brasil e Mato Grosso a se envolverem em um compromisso internacional de tal envergadura e de tamanha exposição global. Trata-se de um evento que se realiza, desde sua preparação em uma cristaleira mundial, aos olhos de todos. Já outros, de visão bem estreita ou maliciosa, insistem em pensar que o objetivo seria apenas a realização de 4 jogos internacionais, alguns até calculando um custo absurdo para cada jogo por esse raciocínio.
     Quanto a Mato Grosso e Cuiabá, em termos de objetivo nacional aceito que a inclusão foi para mostrar ao mundo que o Brasil além das praias do litoral tem o Pantanal, uma das maravilhas naturais do planeta, assim como a inclusão de Manaus foi para mostrar as belezas da Amazônia. Em termos locais, acredito que o objetivo tenha sido o legado material e imaterial a ser deixado pela Copa para a cidade e o estado, em termos de imagem, obras, serviços e promoção das pessoas com as oportunidades criadas. Por esse legado os mato-grossenses, em especial os cuiabanos, têm que estar atentos, criticando, aplaudindo e cobrando. E é por ele que não se pode esquecer a iniciativa corajosa e visionária do pleito para o estado de uma das sedes da Copa.
     Passados 2 anos da escolha de Cuiabá e a menos de mil dias para a Copa, será que já podemos fazer alguma avaliação positiva ou negativa da preparação para o grande evento? É certo que uma avaliação como esta exigirá outros artigos, mas de cara pelo menos um grande legado já pode ser registrado. Trata-se da reconstrução ou resgate da auto-estima cuiabana e mato-grossense, de valor imensurável. Acostumados a ser tratados como periferia, assumimos ultimamente uma personalidade tão simplória, humilde e resignada que nos surpreendemos incrédulos ao ouvir o nome Cuiabá da boca do presidente da FIFA, simbolizando a vitória de Mato Grosso, quando da escolha das sedes da Copa de 2014. E ficamos orgulhosos constatando que podíamos sim vencer, que enfim não éramos mais o fim da fila, que estamos mais fortes e que poderíamos enfrentar outros grandes desafios. A começar pelo primeiro, a própria preparação da Copa do Pantanal. Será?
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 22/11/2011)

terça-feira, 15 de novembro de 2011

DIVISÃO PARA QUEM? II

José Antonio Lemos dos Santos

     Volta e meia as ideias divisionistas voltam à luz. Houve tempo em que tinham enorme facilidade de disseminação em Mato Grosso. Hoje, porém, o estado é forte e tem um governador que se diz convencido de que aqueles dias se foram, dispondo-se a ser o governador da integração, consolidador da unidade mato-grossense, mais produtiva a cada ano que passa. Já fui contra as propostas divisionistas por patriotismo, amor à terra natal e tudo aquilo que se aprendia nos colégios e que hoje parece tão antigo e distante. Continuo contrário às propostas divisionistas, só que agora por motivos bem concretos e pragmáticos. Entre outros, por exemplo, acho que um país que paga em impostos, em média, quase 40% do que produz só para sustentar suas ineficientes e perdulárias estruturas político-administrativas, não pode desejar, nem permitir a criação de mais governos. Ao contrário, melhor seria se discutíssemos a redução deles. Que tal a extinção das cadeiras do Senado criadas na ditadura para os senadores biônicos?
     Absurdo maior tratando-se da divisão de um estado campeão em produção e desenvolvimento. Aplicando a fórmula apresentada em 2009 pelo IPEA para cálculo do custo mínimo de um estado, Mato Grosso se destacava à época com uma das melhores relações do país entre arrecadação e custos, com 2,2 de índice. Mato Grosso, após séculos amargando dificuldades, hoje além de ter condições de bancar sua subsistência, ainda lhe sobrariam recursos superiores a 120% desse valor, para investir no desenvolvimento da qualidade de vida de sua gente. Este suado e valioso superávit, fruto do trabalho duro do mato-grossense de todos os seus rincões, não pode ser desperdiçado em novas pirâmides faraônicas de cargos públicos. E é isso que interessa à classe política com suas propostas divisionistas. Não importa se o estado perca sua atual posição de líder e volte para o final da fila, sem vez e sem voz. Outro dia empurraram aos cuiabanos, à socapa, mais uma meia dúzia de novos e caros vereadores. É isso que querem!
     Aqueles que por boa fé apóiam as propostas divisionistas na esperança de ter mais escolas, hospitais, estradas, segurança, vão receber para sustentar mais 3 senadores, 8 deputados federais e 24 estaduais, 20 desembargadores, 7 conselheiros do TCE e mais 8 do TRE, mais secretários, diretores, etc., todos com seus séqüitos e sinecuras. E, pior, as propostas não se limitam à criação de um, mas de dois ou três novos estados! Uma festa para os políticos, com cargos a mãos cheias para acomodação de seus cupinchas e correligionários, com mais segurança nas eleições futuras. Desperdício de recursos preciosos que deveriam ser aplicados diretamente em obras e serviços públicos, inclusive com melhoria na remuneração e qualificação dos funcionários e servidores para um melhor atendimento ao povo.
     Em pleno século XXI, na era do avião a jato, asfalto, comunicações via satélite, internet, Mato Grosso prova ter a dimensão territorial exata para o êxito. Campeão nacional na produção de grãos, algodão, biodiesel, rebanho bovino, diamantes, calcário, Mato Grosso está ainda entre os maiores em diversas outras culturas, entre os maiores exportadores do país, e é um dos poucos estados superavitários na balança comercial brasileira. Embora com muito a corrigir, Mato Grosso mostra que o Brasil não precisa de redivisões, com mais governos e mais políticos. Mato Grosso é para ser imitado, e não dividido. O fabuloso esforço produtivo do mato-grossense de todas as suas regiões é para ser aplicado de fato em favor de sua qualidade de vida e não ser destinado ao ralo dos antigos ou novos currais eleitorais que precisam ser definitivamente banidos de nossa história.
(Publicados pelo Diário de Cuiabá em 15/11/2011)

domingo, 13 de novembro de 2011

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

terça-feira, 8 de novembro de 2011

DIA MUNDIAL DO URBANISMO



José Antonio Lemos dos Santos

     A cidade constitui a maior, mais complexa e mais bem-sucedida das invenções do homem. Surgida há 5 mil anos, com ela surge a civilização transformadora e aceleradora da evolução humana. De lá para cá o mundo foi se urbanizando e a partir de 2008 a população global urbana supera a população rural, com muitos países com percentuais superiores a 80%, como o Brasil.
     Na história da cidade a grande mudança foi com a Revolução Industrial. Até então ela não fora questionada, ainda que tenha enfrentado importantes crises em seu desenvolvimento. Com a industrialização, a urbanização acelera e as cidades se desequilibram gravemente, exigindo controle e intervenções em seu desenvolvimento. Surge então a ciência do Urbanismo, que evolui e supera a etapa do urbanismo modernista da Carta de Atenas, passa pelas experiências pós-modernistas do Novo Urbanismo, e chega a uma nova Revolução, a da informática e da globalização, com os desafios da compatibilidade ambiental, da inclusão e das possibilidades das cidades inteligentes, verdes e sustentáveis.
     De extrema complexidade, a cidade é comparável a um organismo vivo em dimensões imensas, que vão das pequenas vilas até as megalópoles, chegando a centenas ou milhares de quilômetros quadrados com dezenas de milhões de habitantes. A cidade é um enorme recipiente, articulado regionalmente, onde acontecem as relações urbanas em toda sua múltipla diversidade. Sua função é permitir que tais relações aconteçam da melhor forma com sustentabilidade, conforto, segurança e, sobretudo, justiça. Ajudá-las no cumprimento desta função é o objetivo do Urbanismo.
     Em evolução contínua, o Urbanismo reflete a complexidade de seu objeto de trabalho e abrange os diversos campos de conhecimento que a cidade envolve. O urbanista não é mais um especialista, mas um generalista voltado a entender o organismo urbano com um todo. Não se pode tratar os problemas da cidade sem antes tratar da cidade com problemas. O urbanista precisa saber um pouco de tudo para enxergar o todo, e, em especial, saber que esse conhecimento é quase nada sem a companhia das diversas especializações técnicas nas múltiplas facetas da cidade.
     8 de novembro é o Dia Mundial do Urbanismo, criado em 1949 para uma reflexão global sobre o assunto. As cidades de novo vivem uma Revolução com as perspectivas da informática, do ciberespaço, e a iminência do colapso com a água, lixo, transportes, poluição, energia, emprego, uso do solo e segurança. As cidades falhando, a civilização explode. O problema maior do século XXI são as cidades. Inaceitável que no Brasil o Urbanismo e o urbanista sejam tão desconsiderados. Como pode uma cidade como Cuiabá ter nos quadros de sua prefeitura apenas seis arquitetos? E quantos dedicados ao Urbanismo? Como pode Cuiabá extinguir seu órgão específico de planejamento urbano? Como pode uma nova lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano ser aprovada por unanimidade em apenas um dia de tramitação na Câmara de Cuiabá? E a marginalização dos urbanistas na preparação da cidade para a Copa? A falta do Urbanismo asfixia as cidades brasileiras, estressando, mutilando e matando seus cidadãos. Mas ainda são os locais da diversidade e da inovação. Crise é risco e oportunidade, e a crise urbana é o grande desafio global e local. Ao lado da aparentemente inevitável tragédia urbana global está a oportunidade da reinvenção urbana em busca de cidades mais justas, seguras, sustentáveis e humanas.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 08/11/2011)

terça-feira, 1 de novembro de 2011

PEQUENAS GRANDES OBRAS II

José Antonio Lemos dos Santos


     Já tratei do assunto 2 anos atrás e ele continua válido e urgente. Destacava que em relação à Copa eram sempre lembradas as obras de maior vulto em detrimento das de pequeno porte, que embora menores, não deveriam ser desconsideradas. Ao contrário, alertava que sem estas seria muito provável que as grandes obras, também importantes, não dessem os resultados esperados. Talvez continuem sendo postergadas pelo fato de serem obras “mais baratas”, portanto, em tese, mais fáceis de serem viabilizadas a qualquer momento. O fato, entretanto, é que, não sendo realizadas, problemas menores se tornam maiores, impondo à população situações de desconforto, insegurança e de prejuízo na qualidade de vida. De uma extensa lista de pequenas obras necessárias, como exemplos cito novamente algumas que considero entre as de melhores benefícios para hoje e para a Copa.
     A primeira trata de um retorno na Avenida Miguel Sutil, entre as rótulas do Centro de Convenções e a do Santa Rosa, ficando sua localização precisa dependendo de maiores estudos dos órgãos municipais responsáveis pelo planejamento do trânsito e da cidade. Sua geometria pode suprimir em um trecho as faixas de estacionamento, bem como contar com a faixa de domínio da antiga rodovia perimetral, cedida pelo governo federal à responsabilidade da prefeitura municipal. A existência neste trecho de instalações residenciais, comerciais e hospitalares fortemente geradores de tráfego ajuda a sobrecarregar a rótula do Santa Rosa e o crônico engarrafamento de veículos no sentido Centro de Convenções - Santa Rosa. Independente de pesquisas, pode-se afirmar que grande parte desse fluxo teria como destino as regiões do CPA, do Coxipó e da UFMT/Unic e só chegam à rotula do Santa Rosa, a contragosto, por absoluta falta de alternativa. O retorno liberaria parte considerável do tráfego engarrafado, permitindo a volta pela própria Miguel Sutil, sem o sacrifício de ter que se chegar à rótula do Santa Rosa sobrecarregando-a, para só então fazer o contorno e seguir no rumo originalmente desejado. Uma pequena obra como esta poderia dar uma sobrevida àquela importante rótula e um alívio para muita gente.
     De forma semelhante no trecho entre esta mesma rótula do Santa Rosa e a do Círculo Militar, cabe uma nova rótula, na interseção da Ramiro de Noronha com a Miguel Sutil. Soube que teria entrado nos planos para a Copa. Esta nova rótula funcionaria como retorno, e também como acesso à Avenida Ramiro de Noronha, via de ótimas dimensões e praticamente ociosa. Articulada com a Thogo Pereira, 8 de Abril e Estevão de Mendonça, pode se transformar em importante via alternativa de distribuição central, em apoio a Avenida do Lavapés, também aliviando a carga da rótula do Santa Rosa. Ligaria direto a Miguel Sutil à Coronel Duarte, no Porto, sem demandar o centro.
     Foi boa a pavimentação da travessa que sai da Avenida República do Líbano, bem em frente ao Terminal Rodoviário de Cuiabá, ligando à Rua Tereza Lobo. Mas ficou faltando o principal, que seria sua continuidade até a Miguel Sutil. Seria um generoso desafogo à Rua Jules Rimet e à chamada rótula da Rodoviária, também em colapso nas horas de pico. Poderia ser combinada com a construção de um pequeno parque envolvendo a última nascente viva do córrego da Prainha, beneficiando a região do Alvorada e Consil, uma das únicas desprovidas de área verde na cidade. Fechando esta pequena lista de sugestões, outra obra minúscula, mas de grande resultado seria a ligação da Travessa Monsenhor Trebaure à Marechal Deodoro, dependendo apenas da desapropriação de um pequeno terreno. Ajudaria muito à Mato Grosso.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 01/11/2011)