"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



sexta-feira, 13 de novembro de 2015

A FALA DO ARQUITETO

OlharDireto   11/11/2015 - 09:35

Arquiteto defende projetos para pessoas de baixa renda e afirma que arquitetura traz sentimentos à casa

Da Redação - Isabela Mercuri

Foto:  Reprodução do site OlharDireto

Fazer projetos arquitetônicos para famílias de baixa renda pode se tornar realidade para muitos arquitetos do Brasil. Com a tentativa do Conselho de Arquitetura de regulamentar a lei que prevê assistência técnica gratuita para pessoas de baixa renda, elas, que não teriam acesso a isso anteriormente, passariam a ter mais conforto. Quem defende a ideia é o arquiteto Luiz Claudio Bassam, formado pela Universidade de Londrina (UEL) e atualmente professor da Universidade de Cuiabá (UNIC). 
Para ele, a arquitetura e o urbanismo são instrumentos de mudança social. De acordo com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR), mais de 80% da população faz obras sem um projeto técnico nesta área. A falta de recursos é principal motivo apontado. Bassam ainda afirma que a diferença que um projeto faz numa casa vai além da praticidade e da organização, ele traz sentimentos e sensações à casa das pessoas.

Junto a essa iniciativa do Conselho, no entanto, está outra em pauta, que pede a revisão da Lei das Licitações pelo Congresso. Nesta revisão, seria retirada a exigência do projeto para a licitação pública, sendo necessário apenas o anteprojeto. “É um retrocesso muito grande pra um país que quer ser desenvolvido. Boa parte dos brasileiros não é profissional, e isso reflete lá em cima (no congresso). Fazemos tudo de hoje pra amanhã”, afirma Bassam. Ele explica que o projeto é um planejamento minucioso que facilita o trabalho quando a obra é levantada: “Na Europa, em países desenvolvidos, um projeto de arquitetura dura dois, três anos, ele não dura uma semana. Só que a obra ela se faz em seis meses, e ninguém pensa em mais nada, porque já está tudo planejado. Não têm aditivos, está resolvido. Isso é profissional”. 

E é por esta importância que o arquiteto dá aos projetos que ele concorda com a ideia de planejar para pessoas que ganham até três salários mínimos, “É um novo tipo de cliente. Tem que acabar com isso do arquiteto ficar sentado no escritório esperando o cliente aparecer. Agora ele pode ir na comunidade, ver as necessidades das pessoas, pega o financiamento, o recurso do governo e vamos trabalhar. Eu vou projetar, as pessoas que não teriam acesso a isso terão conforto, e eu vou receber por isso”, afirma. Com uma obra mais pensada, seria possível até mesmo conseguir economia posteriormente: “O principal exemplo é a economia energética. Se você fizer uma casa pra Cuiabá, com sombra, evitando que o sol entre no ambiente, você vai ter uma redução da carga térmica. Se precisar usar o ar condicionado, será numa potencia menor. Então gera uma economia violenta. Ventilação pode fazer até com que não precise de ar condicionado”. 

E essa ideia de projetar de acordo com o local, Bassam também tenta passar para seus alunos: “Eles precisam de referências arquitetônicas. Não é que eles vão copiar, eles vão perceber, por exemplo, que lá no Chile se constrói assim, por causa do clima, do relevo, no Marrocos se constrói assim. E aqui, em Cuiabá, como eu construo? Fazemos construções como nos grandes centros, tem a ver com o cuiabano? Em Marrocos, as casas são feiras para o deserto, árido, na Amazônia a arquitetura é leve, a casa é ventilada”, explica. 

“E eu acredito que o projeto de arquitetura é a síntese de tudo. O urbanismo trabalha cidade, então o arquiteto não pode pensar no um edifício isolado dentro de um terreno, o local onde ele está, conhecer o local, o entorno de onde aquele terreno está localizado é fundamental. Não se pensa dentro de quatro muros”, finaliza. 

Ler o original em
 http://www.olhardireto.com.br/conceito/noticias/exibir.asp?noticia=Arquiteto_defende_projetos_para_pessoas_de_baixa_renda_e_afirma_que_arquitetura_traz_sentimentos_a_casa&id=9638

sábado, 7 de novembro de 2015

QUEM PÔS FOGO NA ARENA?

copadomundo.uol.com.br

José Antonio Lemos dos Santos

     Acompanho pelo noticiário a CPI da Copa na Assembleia Legislativa de Mato Grosso. Desde quando aventada ainda como uma possibilidade distante e incrível sempre fui entusiasta da Copa do Mundo em Cuiabá por vários motivos, dentre eles a oportunidade de investimentos públicos e privados concentrados no tempo em montante que de outra forma jamais se veria pelas próximas décadas ou gerações, a oportunidade de divulgação da cidade e do Estado em uma vitrine global de massa e pela chance de elevação da autoestima do cuiabano, sempre pacato e descrente de sua força e de seus valores. Passada a Copa sigo entusiasmado, as oportunidades apareceram, muitas foram aproveitadas, embora nem todas e nem da melhor maneira, deixando um legado positivo e ao menos um grande desafio a ser viabilizado: o VLT. O evento em si foi um êxito grandioso, como mostram os arquivos dos sites noticiosos locais, nacionais e estrangeiros, contrariando os que torceram, jogaram contra e até apostaram em Cuiabá como a vergonha da Copa. 
     Não sou de ficar olhando para o passado, principalmente em busca de coisas negativas. O arquiteto trabalha sempre com a construção do futuro e o passado só lhe interessa como ingrediente indispensável nessa construção. Buscamos no dinamismo do presente as potencialidades do futuro, imaginando transformá-las em qualidade de vida. Debruçados sobre o passado ficamos de costas para o futuro. Os problemas do passado precisam ser consertados sim, mas para isso tem bastante gente especializada e bem paga, inclusive para denunciar e punir quem mereça ser punido. Daí a importância de ferramentas como as CPIs.
     A Copa, porém, me deixou uma pulga atrás da orelha: quem pôs fogo na Arena Pantanal no dia 25 de outubro de 2013? Não fosse a destreza do nosso valoroso Corpo de Bombeiros a Copa do Pantanal não se realizaria. Se aquele incêndio fosse um pouco mais prolongado comprometeria a estrutura de seu principal palco, já quase pronto e na qual o povo mato-grossense estava investindo mais de R$ 600,0 milhões. Não haveria tempo para reparos. O inquérito policial concluiu que o incêndio foi criminoso. Mas ficou por isso. Esquecido. Quem foi?
     Era esperado que Cuiabá por ser a menor e a menos preparada das sedes fosse enfrentar muitas dificuldades, a começar pela grandeza da empreitada em obras, envolvendo complexidades técnicas, burocráticas e até da oposição política local que não aceita “azeitona na empada dos adversários”. Mas jamais se poderia imaginar que fossem tantas, muitas ancoradas em grandes órgãos nacionais de notícias e defendidas por alguns comentaristas esportivos de prestígio. É certo que a escolha de Cuiabá entre as 12 sedes da Copa do Mundo contrariou poderosos interesses que por algum tempo ainda acreditaram e trabalharam na possibilidade de sua reversão. Até que ponto esses interesses poderiam ir? O fogo tem algo a ver com o ardil montado em nível nacional com a grosseira comparação entre preços de cadeiras diferentes anunciada com estardalhaço a 2 meses do último prazo para a entrega da Arena à FIFA? Também seria para inviabilizar a Copa do Pantanal? 
     O desenvolvimento extraordinário de Mato Grosso nas últimas décadas vem lhe permitindo avançar em projetos e reivindicações inimagináveis há pouco tempo, comparecendo como novo e incômodo protagonista no jogo de forças do tradicional equilíbrio federativo. A Copa do Pantanal pode ter sido uma dessas vitórias diante de outros estados mais tradicionais. Outras legítimas disputas e novas vitórias virão com certeza para Mato Grosso, agora em novos níveis enfrentando interesses sempre mais poderosos. O esclarecimento do incêndio na Arena Pantanal pode ajudar o Estado nesses seus novos tempos. 
(Publicado em 06/11/2015 pelo Midianews, Página do Enock, CAU-MT e no dia o7/11/2015 pelo Diário de Cuiabá ...)