"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



quarta-feira, 27 de julho de 2016

TRANSOCEÂNICAS

OlharDireto

José Antonio Lemos dos Santos

     Há algumas semanas (11/07) a Folha de São Paulo noticiou que a empresa contratada pelo governo chinês para estudar a viabilidade da ferrovia Transoceânica (ou Bioceânica) ligando o Brasil ao Peru concluiu favoravelmente ao empreendimento. Estudaram 3 alternativas de traçado (norte, centro e sul) e escolheram a alternativa norte como a mais viável “mesmo sendo 600 quilômetros mais distante...”. Repito, “mesmo sendo 600 km mais distante...”. A alegação é que as outras teriam uma subida de 4.000 metros o que elevaria o custo do frete. A matéria só identifica o traçado da alternativa escolhida, mas é de se supor que tendo que passar por Rio Branco, todas elas chegarão ao Peru pelo Acre, é óbvio, e é obvio também que para chegar do Acre ao norte peruano todas elas poderiam utilizar a mesma passagem mais favorável nos Andes. Por que não? Estranha a opção pois a alternativa escolhida aparenta ser a pior já que tem a grande desvantagem de ser 600 km mais longa, mais do que a distância entre Lucas do Rio Verde e os trilhos do Terminal de Rondonópolis, passando por Cuiabá. Nada desprezível!
     Também tenho ouvido nas rádios do Senado e da Câmara discursos frequentes de representantes de Rondônia e do Acre cobrando a ligação ferroviária da região, mostrando sua extrema necessidade àqueles importantes estados. Urgência que só não é maior do que para Mato Grosso onde a questão logística chega às raias da calamidade pública, gerando perdas enormes para os produtores, danos irreparáveis ao meio ambiente e sacrifício de vidas, imoladas na disputa desproporcional dos veículos de passageiros com os imensos veículos rodoviários de carga já incompatíveis e inviáveis como principal modal para o transporte da maior produção agropecuária do Brasil.
tvtaquari

     Mas não se fala mais no traçado da antiga Ferronorte, o que passa pela Grande Cuiabá seguindo ao Norte para Santarém e outros portos amazônicos, mas que já nasceu transoceânica pois também previa a ligação com os portos do Sudeste brasileiro e a Noroeste faria a ligação com Vilhena, Porto Velho e Rio Branco, a dois passos dos portos do Pacífico. Permitia ainda extensões e ramificações como para a ZPE de Cáceres e a Leste a ligação com a Norte-Sul, ou seja, o traçado da Ferronorte não era e não é incompatível com o projeto atual da FICO. Mas o traçado da Ferronorte foi desconstruído politicamente e esquecido por razões graves as quais, porém, não vêm ao caso agora.
     Será, que algum produtor rural do Acre, Rondônia ou, em especial, daqui de Mato Grosso, aquele que depende do seu próprio suor nos campos, e não da política, será que algum deles sabe que a sua ferrovia está muito mais perto do que se apregoa? Será que sabem que Lucas do Rio Verde está apenas 560 km do maior terminal ferroviário da América latina, em Rondonópolis, contra os 1.200 Km que a separam de Campinorte em Goiás pela Transoceânica oficial? Será que sabem que existe uma alternativa muito mais curta, no mínimo 640 km só nesse trecho? Mas os políticos em seus jatinhos querem fazer geopolítica com a logística e não se importam com nossa trágica logística.
ferroviablogspot

     A vocação histórica de Cuiabá é ser o grande encontro de caminhos no continente. Não sou contra a FICO, só questiono ser ela a solução adequada para a urgência do momento. Pelo traçado da Ferronorte, Nova Mutum está a apenas 460 Km de Rondonópolis, passando por Cuiabá. Por que esperar 1.200 km? Torço para que a notícia da Folha tenha sensibilizado nossas lideranças e autoridades e, em ano eleitoral, algum ou muitos candidatos em Mato Grosso, em especial em Cuiabá e Várzea Grande, ou até mesmo em Rondônia ou no Acre reergam a verdadeira bandeira da ferrovia que tanto precisamos.
(Publicado em 27/07/2016 pelo site do CAU-MT, em 28/07/2016 pelo Midianews, HiperNotícias, Blog do Lúcio Sorge, em 29/07/26 no Diário de Cuiabá, ...)

Comentários
No Facebook:
Roberto Loureiro 27/07/16 - "O obvio nao anda sendo muito considerado nestes tempos de corrupção. Parabens pelo alerta,oportuno, contra mais um crime contra o transporte em MT, estado que ,com rios abundantes e navegáveis, naufraga nas poças d`águas das estradas mal cuidadás."


No Midianews:
Jorge Luiz  28.07.16 09h48
"Das duas, uma. Ou nossos senadores são bem bairristas ou então bem omissos diante de tal desiderato. Outro, não apenas aos senadores, também os nossos deputados federais que muitos foram eleitos com muitos votos dos eleitores da baixada cuiabana fazem vista grossa diante dessa realidade pelo senhor levantada."

No Diário de Cuiabá   29/07/16
Zu Figueiredo - Cuiabá-MT



Parece que nesses assuntos é tudo muito “trans”, transoceânica, transcendental, transfigurável, que transcende nossa compreensão e transgredem a razão e nos transporta para outro empreendimento transcendental que conhecemos como Transamazônica que ficou perdido na transigência.
No Facebook  27/07/16   18:30h
Roberto Loureiro:
"O obvio nao anda sendo muito considerado nestes tempos de corrupção. Parabens pelo alerta,oportuno, contra mais um crime contra o transporte em MT, estado que ,com rios abundantes e navegáveis, naufraga nas poças d`águas das estradas mal cuidadás."



quarta-feira, 20 de julho de 2016

DESCONSTRUÇÕES

José Antonio Lemos dos Santos
Hospital Central - Cuiabá olhardireto.com.br

     Na arquitetura “desconstrução” é o método de projetar a partir da desmontagem de um objeto para depois remontá-lo melhor do que antes, questionando a existência de cada peça, indagando sempre se não poderia ser diferente antes de reposicioná-la. Embora leigo em Política permaneço o animal político aristotélico vivendo seus benefícios e malefícios, tendo que conviver com ela e suas inovações, e uma dessas foi a absorção da expressão “desconstrução”. Só que seu uso na política não é para reconstruir melhor, mas para destruir.
     Observei a expressão pela primeira vez nas últimas eleições presidenciais com a candidatura nascida forte de Marina Silva, mas que logo esboroou após sofrer de seus adversários um competente processo de “desconstrução política”. Matutando sobre o assunto indaguei se essa prática não seria antiga apenas travestida com um novo nome. Lembro de Dutra, cuiabano, eleito presidente pelo antigo PSD, mas derrotado em sua terra onde a UDN era muito forte, tão forte que concluiu sua vitória local apagando a figura do ilustre presidente da memória da maioria dos cuiabanos a ponto de até hoje Cuiabá não ter uma avenida de destaque denominada “Presidente Dutra”, mas tem a “Rua Brigadeiro Eduardo Gomes” em homenagem ao derrotado por ele no país. Ainda entre nós, tem a figura do grande líder empresarial e político do século passado Totó Paes que também “foi sumido” de nossa história.
     Mas é nas obras onde mais se pode constatar o cruel maquiavelismo chamado hoje de “desconstrução”. Desde o tempo dos meus avós é muito comum as pessoas reclamarem dos governantes abandonarem as obras de seus antecessores. Por exemplo, o projeto do complexo do CPA foi descontinuado deixando inclusive sua importante Avenida inconclusa a 700 metros de se ligar à Avenida da Prainha. Na mesma época tivemos o belíssimo Projeto Cura até hoje semiabandonado. As ruínas daquele que seria o Hospital Central do Estado também estão aí, eloquentes.
Ginásio da Lixeira- Cuiabá cuiaba.mt.gov.br

     Para encurtar lembro que o governador Dante talvez tenha sido o que teve mais projetos desconstruídos ou abandonados: a ferrovia transoceânica da FERRONORTE que depois de trazida por ele até Mato Grosso ficou parada por muito tempo e enfim levada até Rondonópolis e ali trocada pela transoceânica da FICO, embora esta seja no mínimo 640 Km mais longa; o complexo Gasoduto-Termelétrica de U$ 1,0 bilhão de dólares, do qual ficou a Termelétrica, já que o gasoduto foi completamente desmoralizado, quando deveria ser instrumento para a verticalização da economia mato-grossense tendo como base a Baixada-Cuiabana; a APM de Manso, que a grande maioria de nossas autoridades sequer sabe que APM significa Aproveitamento Múltiplo de Manso, envolvendo segurança contra inundações urbanas, regularização da vazão do rio, irrigação rural e abastecimento de água para toda a Baixada, piscicultura, turismo, além da geração de energia; o Porto-Seco cujo objetivo não era só agilizar as exportações mas criar um parque para a montagem de produtos eletrônicos para exportação e fazer de Cuiabá um entreposto importador para distribuição no Brasil; e por fim o Aeroporto cuja internacionalização legal e o inicio de sua ampliação foram conseguidas por ele prevendo um hub aeroviário de abrangência continental, mas não concluídas até hoje, mesmo com a Copa. Tudo abandonado, retardado ou esquecido, para esquecê-lo. Azar do povo.
     Idos 1 ano e meio de um novo governo estadual, as obras da Copa também parecem estar sendo desconstruídas. Que os atuais governantes chegados ao poder nas asas da confiança e das boas perspectivas, e ainda com muito crédito, não deixem que antigas práticas desconstruam o próprio governo e a esperança que trouxeram ao povo mato-grossense.
(Publicado em  20/07/2016 pela Página do Enock, em 21.07/16 pelo Diário de Cuiabá, Midianews, PautaExtra, ArquiteturaEscrita,..)

Comentários
Por e-mail:
21/07/16   09:44
Bom Dia Dr. José Antonio ! 
Parabéns pelo excelente artigo .Abs 
​Cleber
 No Facebook
Abílio Brunini Moumer:
Infelizmente professor. Infelizmente. Os políticos "não sabem" dar continuidade e terminar as obras de seus antecessores, muitas vezes para não oferecer o mérito, outras para denigrir a imagem do antecessor. Outra coisa que vejo muito é interesse em perpetuar o nome, desta forma, cada um fica criando novas e novas obras, muitas vezes das quais o mesmo não será capaz de terminar, outras para pedir a reeleição ou deixar um sucessor. Tanto é que na campanha para eleger o Silval o que mais se falava é que ele terminaria as obras e o VLT, coisa que o Blairo tinha iniciado. Assim a história continua se enrolar.
Enfim, sou à favor de criar a LEI DE RESPONSABILIDADE URBANÍSTICA. Se não cumprir as metas urbanas e concluir projetos fica inelegível e também corre o risco de se perder o mandato. Se não cumprir as promessas de campanha durante o mandato fica inelegível. E se não concluir as obras existentes, fica impedido de iniciar novas obras. TEM QUE SER MAIS RÍGIDO com este povo. Começar novas obras o tempo todo é fácil, mas terminar que é importante.;


Jandira Maria Pedrollo:Isso! Acabar com o estelionato eleitoral

Manuel Perez:
Muito bom seu artigo, Zé. Acrescento a descaracterização do projeto original do CPA. Lembra que talvez tenha sido um dos primeiros no Brasil a propor teto verde. Também foi pioneiro não uso de escritório panorâmico (landscape office), Tudo isso foi para o espaço. retrocedemos, pois os prédios projetados em seguida foram daqueles antigos..cheios de salinhas. Sem falar no uso dos pilotis que foram totalmente exterminados. Uma pena tudo isso...ver o retrocesso vencendo.....

No Midianews;

Celso Ribeiro  21.07.16 11h14
Que bacana seu posicionamento Professor. Foi muito interessante essa elucidação.
Quem sabe, essas ponderações sobre "Desconstruções", vinda de alguém com o
seu  quilate possa trazer luz aos nossos atuais gestores.
Jorge Luiz  21.07.16 14h02
Infelizmente, Professor José Antonio, os dois cuiabanos ilustres - Eurico Dutra
e Dante de Oliveira, ainda continuam desprestigiados pelos próprios cuiabanos.
Everton Carvalho  21.07.16 14h19
O PROFESSOR ESTÁ COBERTO DE RAZÃO. PRECISAMOS DE UMA REFORMA
POLÍTICA QUE DÊ CONTA DE ESTANCAR ESTA PRÁTICA DE DESCONSTRUÇÃO.
AS OBRAS E POLÍTICAS PÚBLICAS PRECISAM DE CONTINUIDADE PARA DAR
OS RESULTADOS PARA A SOCIEDADE. NESTE CASO DO VLT DE CUIABÁ OS
CUSTOS  DA DESCONSTRUÇÃO PODEM CHEGAR A R$ 3 BI!!

No FolhaMax
Inacio  Quinta Feira, 21 de julho de 2016  - Gostei deste texto...


quarta-feira, 13 de julho de 2016

VIVA, A ARENA LIBERADA!

Ontem conferindo a bem vinda liberação da Arena Pantanal com o sobrinho-neto Tomasso.
Foto Tati Lemos


José Antonio Lemos dos Santos

     Depois de quase um ano e meio com sua capacidade limitada a 10 mil torcedores e uma recente determinação judicial de interdição total para conclusão das obras restantes e correção dos problemas construtivos que estariam colocando em risco a integridade física de seus frequentadores, o que justificaria sua interdição, enfim a Arena Pantanal foi liberada. Viva! Pena que tenha sido umas 3 semanas após a CBF transferir para Maceió o jogo Brasil x Bolívia, valendo pelas eliminatórias da Copa 2018, originalmente previsto para Cuiabá, e umas 2 semanas após o Luverdense desistir de mandar seu jogo contra o Vasco na nossa Arena. Perda para o comércio local, em especial hotéis, bares e restaurantes, para a cidade e o turismo de um modo geral. Mas, viva!
     Esperava-se que em 2015 e 2016 a Arena Pantanal se consolidasse como um dos principais palcos multimídia do Brasil para grandes ventos esportivos e culturais de abrangência global, inclusive pela vantagem de ser a mais compacta das Arenas e, portanto, a de menor custo relativo frente às concorrentes. 2016 prometia muito pois com as Olimpíadas os estádios cariocas ficaram indisponíveis para o campeonato nacional e seus grandes times teriam que mandar os jogos em outras cidades. A Arena Pantanal mostrava-se a princípio como uma das favoritas. O Botafogo chegou a apresentar proposta de mandar seus principais jogos aqui e, como já dito acima, um dos jogos do Brasil na eliminatória estava pré-agendado para a Arena Pantanal. Ao menos deu para o Cuiabá Arsenal fazer a abertura do campeonato nacional de futebol americano com uma grande vitória sobre o Corinthians Steamrollers, diante de um público que só não bateu o recorde da própria Arena de maior público brasileiro para o futebol americano porque às vésperas houve a interdição total da Arena e não se sabia se estaria liberada para o jogo. Pior, as autoridades, conscientes ou não, se referem a esses problemas na Arena como “estruturais” e estrutura para o leigo significa o esqueleto que sustenta o edifício, a ponto do apresentador Heródoto Barbeiro no Jornal da Record (08/07) dizer em rede nacional que a arena de Cuiabá estava caindo. Epacabá!)
     E assim a Arena ficou esse tempo interditada pela incrível conta de 2 rufos na cobertura e umas placas de fibrocimento da fachada, que foram enfim consertados a um inacreditável custo de 6,0 mil reais, uma bagatela em relação aos 600,0 mil reais que o governo diz gastar por mês em sua manutenção. Ou seja, por uma fração milesimal de seu custo construtivo, a Arena Pantanal ficou interditada em sua carga máxima por quase um ano e meio. Mas o governo promete que esse valor será cobrado da construtora e o estado não terá qualquer prejuízo, promessa que deixa a dúvida se não implicaria no risco de provocar mais uma judicialização entre as tantas judicializações e investigações sem fim que vêm atrasando a conclusão das obras da Copa e atravancando o desempenho do secretário Chiletto. Nesse valor, uma vaquinha entre os usuários e admiradores da Arena seria melhor ideia.
     Uma arena não é o mesmo que um estádio. Trata-se de equipamento multiuso conectado ao planeta através dos mais modernos meios de comunicação e deve buscar sua otimização como plataforma para eventos onde o público vai muito além de suas arquibancadas e seu lucro não passa necessariamente pelas bilheterias locais. Esse uso ampliado é que vai viabilizar seu uso com eventos locais. Mas para isso é preciso pensar a altura de uma arena, criando uma estrutura própria de gestão, não só para manutenção, mas também para disputar e captar eventos com antecedência, envolvendo inclusive o ginásio Aecim Tocantins como um fantástico complexo esportivo, cultural, turístico e de lazer local.
(Publicado em 12/07/16 na Página do Enock, em 13/07/16 no Midianews, ...)

terça-feira, 5 de julho de 2016

A COPA DO PANTANAL, 2 ANOS

Foto José Lemos

José Antonio Lemos dos Santos

     São pouco mais de 700 dias que, entretanto, parecem séculos. Em curto tempo, a Copa do Pantanal enquanto evento desapareceu na nossa memória, sumida na fuligem da velha politicagem local dos governos desconstruírem a obra dos antecessores pelo abandono, falta de manutenção ou funcionamento. Mas isso é outro assunto. Também não me refiro aos investimentos privados tipo fábrica de cimento, resort, shoppings, hotéis, nem às sempre tão focalizadas obras públicas.     
     Passados 2 anos de sua realização, tento lembrar o evento global em si, que foi Copa do Pantanal, que de fato aconteceu aqui em Cuiabá, um fato histórico comprovável nos arquivos da época dos sites noticiosos, e que pode ter seu início simbólico na chegada do primeiro torcedor estrangeiro, no dia 3 de junho, o chileno Cristian Guerra, após 4 meses de viagem de bicicleta e 5 jogos de pneus. O grande palco foi a maravilhosa Arena Pantanal, aquele luminoso espaço high-tech que traduziu tão bem o encantamento da tríade vitruviana, a ponto de transportar cerca de 40 mil pessoas confortavelmente a cada jogo para um mundo de alegria, vibração positiva, selfies, whatsapps, como se fosse uma nave mágica de sonho, escolhida pela crônica esportiva internacional como a mais funcional das Arenas, mas que hoje está impedida de receber jogos nacionais por falta de alvarás(!). E teve ainda o Fan Fest, no qual eu não fazia a menor fé, mas que chegou a receber mais público que a própria Arena; a Arena Cultural da prefeitura, um show diário de cultura local para milhares de pessoas, e a Praça da Popular, espaço do coração adotado por todas as torcidas.
EsportesTerra

     Mas na grandiosa festa pantaneira o principal que me salta à memória é o nosso povo, uma gente em princípio tão simplória, desconfiada e arredia, que, porém, foi capaz de dar show de alegria, calor humano, receptividade e civilidade, condição primeira para a realização de um evento desse porte. Isso não se compra e nem pode ser esquecido. O principal para a Copa Cuiabá já tinha pronto, sua gente, e teve ainda a sorte ter recebido primeiro as torcidas do Chile e da Austrália. Juntas com o cuiabano a empatia foi imediata. Os australianos mais comedidos em gestos e expressões, mas muito expressivos com seus grandes e vistosos cangurus infláveis e suas vestimentas quase carnavalescas. Já os chilenos com uma alegria contagiante, de caráter mais patriótico, com rostos pintados nas cores nacionais e a camisa da seleção, enrolados na bandeira de seu país. Subitamente nas ruas, praças, shoppings ouvia-se um grito forte e solitário “chi-chi” logo seguido por dezenas ou centenas de outras vozes “lê-lê, chi-chi, lê-lê”. Impressionante. Para mim, a mais genuína festa de massa que presenciei em meus mais de sessenta anos. E depois vieram os russos e coreanos, bósnios e nigerianos e, ao fim, colombianos e japoneses, todos sem timidez no uso das cores, cantos, gritos pacíficos, mascotes e fantasias ensinando que, mesmo distantes no espaço os povos podem ser muito afins na alegria e na cordialidade.
     Aos milhares vieram também torcedores de outros países, e brasileiros de muitas cidades de Mato Grosso e do Brasil, todos integrados num grande momento de alegria espontânea e genuína. E aquela que pensavam ou torciam para ser o patinho feio da Copa, na verdade era um belíssimo tuiuiú que serenou bonito no alto e assentou ainda mais lindo no chão. E a menor e menos preparada das sedes, com seus rios e seu calor sadio, seu sotaque e modo de viver, do tereré e do guaraná, do Siriri e do Cururu, virou uma grande festa internacional de paz e harmonia indelével no exato coração sul-americano e na memória do povo cuiabano. Jamais será esquecida.
(Publicado em 05/07/2016 pelo Midianews, Folhamax, ...)
Rene Dioz

Comentário por e-mail:
05/07/2016 08:05h
"Bom dia 
sobre a Copa, uma sugestão, a população deveria fazer um relogio bem como aqueles que fizeram Falta 700 dias para realização da copa do mundo em cuiaba, deveriamos fazer um relogio dizendo se passou 700 dias da copa e cade as obras da copa! 
parabéns pela matéria
att
Dalvadisio Junior"

Agripino

14:55 (Há 6 horas)
para mim

"Excelente comentário!"

Comentário no Midianews:

Carlos Nunes  05.07.16 08h57
Pois é, a Copa passou e deixou uma herança maldita...a gente não sabe o que foi pior: a FIFA ter saído do Brasil com um lucro superior aos 5 Bilhões de Dólares, isenta de pagamento de impostos, ou o Jornal Nacional ter noticiado, há pouco tempo, que as raposas da FIFA (ex-presidente e ex-secretário) receberam de propina 240 Milhões de Reais (puxa vida foram descobrir isso só agora). Mas (sempre tem um mas), a irmã gêmea da Copa, AS OLIMPÍADAS, estão aí...tudo igual ou pior. O Jornal da Record fez 5 matérias, intituladas, RIO DE JANEIRO NA LAMA, aonde acusa Corrupção nas Olimpíadas e até aponta alguns suspeitos. Para ter 17 dias de Olimpíadas endividaram, emprestaram, gastaram o que tinha e o que não tinha...agora o governador Francisco Dornelles declara "estado de calamidade pública"...NÃO TEM DINHEIRO prá nada. Olimpíada virou prioridade estadual. Ciclovia do Rio desaba e até mata gente, a qualidade da obra não aguentou nem uma ondinha do mar. Agora vem o pior: os sites noticiam uma bomba - Abin confirma ameaça do estado islâmico, apareceu no twitter deles...Brasil, vocês são nosso próximo alvo. Vote! Dizem que vem por aqui atrás daqueles países que estão jogando bombas e mais bombas neles. Que Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, nos proteja do estado islâmico. Amém!"
"
Etevaldo d'Almeida  05.07.16 11h39
"Isso tudo é resultado da histeria coletiva que toma conta Brasil vez em quando, e como nossos líderes só pensam em si e nos partidos, dá nisso de vez e sempre. E o pior é não aprendemos. Por que que a gente é assim?"
marcos  05.07.16 15h15
"Pois é. O José Antonio faz sempre um comentário positivo sobre o evento da Copa do Mundo em Cuiabá. Precisamos deixar de sermos negativistas, levantar a cabeça e nos aproveitarmos desse legado."

Na Página do Enock:
Paulo Mattos disse:



sábado, 2 de julho de 2016

A ARENA, ENFIM, ILUMINADA DE NOVO!


Foto José Lemos  02/07/16

Foto Lydia Lemos 02/07/16

Enfim a nave intergalática pousada em Cuiabá foi de novo iluminada relembrando um pouco de sua Arquitetura mágica. E assim deveria ficar sempre a ARENA PANTANAL para ajudar Cuiabá e Mato Grosso a encantar seus moradores e visitantes. Parabéns ao governo do estado!