"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 26 de setembro de 2017

REVITALIZANDO O CENTRO

Estrela Guia News

José Antonio Lemos dos Santos
     O artigo da semana passada sobre a possibilidade da UFMT ocupar a antiga sede da Delegacia da Receita Federal (DRF) na avenida Getúlio Vargas, despertou bastante interesse dos leitores, alguns entusiasmados com a proposta do professor José Afonso Portocarrero. Relembrando, a ideia é a instalação de uma faculdade, em princípio a de Arquitetura e Urbanismo, trazendo toda a cadeia de atividades a ela relacionada, tais como livrarias, lanchonetes, copiadoras, repúblicas, sorveterias, restaurantes e outras, resgatando o movimento de pessoas e da economia característicos dessa região em décadas passadas.
     A revitalização do centro histórico de Cuiabá tombado pelo Património Histórico Nacional e suas cercanias é antigo desejo da cuiabania, uma necessidade urbanística e uma imposição da história não só local, mas de Mato Grosso e do Brasil. Alguns menos ligados à história do Brasil e mesmo do continente sul-americano podem desconhecer que este lado do oeste brasileiro pertencia à coroa espanhola e Cuiabá foi o primeiro polo fixo da ocupação portuguesa por estas bandas. Primeiro e único durante muito tempo. Daí Cuiabá ser considerada a célula “mater” deste “ocidente do imenso Brasil” na letra do hino de Dom Aquino, mãe remota de todas suas cidades e estados.  O cuiabano comeu o pão que o diabo amassou para assegurar como brasileira esta rica parte do Brasil. Por isso a importância do Centro Histórico de Cuiabá ultrapassa os limites da própria cidade e deve ser cuidado com o carinho de uma relíquia urbanística não só pela cuiabania e governo municipal, mas também pelo estado e federação.
     A ideia soma-se à uma anterior determinação do prefeito Emanuel Pinheiro no mesmo sentido propondo incentivos fiscais para faculdades e escolas instalarem na região. Não sou da prefeitura, já questionei alguns projetos do prefeito e sou contra algumas atitudes suas até que explicadas convincentemente, mas ele está sendo brilhante com esta proposta concreta, em especial pela proximidade do Tricentenário da cidade. E ele sabe que só isto não basta. Mas é um passo importante.
     Como disse, o projeto de revitalização do centro histórico é sonho antigo da gente cuiabana e da própria prefeitura e que vem sendo atrapalhado pela mesquinharia política de alguns governantes que ainda creem na bobagem de que ajudar um projeto de outro seria como colocar azeitona na empadinha daquele que um dia poderá ser seu adversário. Até outro dia quando a prefeitura tomava a iniciativa o estado puxava o tapete, e quando o estado queria, a prefeitura atrapalhava. Presenciei algumas vezes. Tal desunião torna-se grave neste projeto porque seu grande gargalo é o rebaixamento da fiação, projeto muito caro, que não se viabiliza sem o apoio federal. E se não houver união não haverá força suficiente para sensibilizar o governo federal diante da grande demanda de projetos semelhantes que pressiona Brasília.
     Nada menos histórico do que um poste desproporcional, com um transformador gigante e um monte de fios pendurados, agredindo uma fachada restaurada a muito custo. Com a fibra ótica muitos desses fios foram inutilizados e hoje são lixos aéreos que, segundo soube, não são retirados pelo custo de sua remoção. Fala sério! Como podem empresas imensas, algumas multinacionais, concessionárias públicas, deixar seu lixo pendurado pelas ruas enfeando a já combalida paisagem urbana e pondo em risco o cidadão? Senhor prefeito, a retirada urgente desse lixo aéreo seria outro passo de sua administração em sinal de respeito ao centro histórico no rumo da revitalização. Isto, sem prejuízo da busca de recursos para o rebaixamento da fiação junto com o estado, unidos finalmente. O Tricentenário é a chance.
(Publicado em 26/09/17 pelo Diário de Cuiabá, FolhaMax, MidiaNews, ...)

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

CONSTRUINDO O CAU

Mais uma charge da dupla  Z´&Z´. Mesmo estando hoje respeitosa e democraticamente disputando em chapas diferentes, lembram que o órgão que deve zelar e promover o exercício da Arquitetura e Urbanismo ainda está em construção, e sempre estará. Cada vez melhor para o bem de todos os colegas, esse deve ser o objetivo.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

UMA FACULDADE NO CENTRO HISTÓRICO

                                                                       Foto José Lemos
José Antonio Lemos dos Santos
     Recordo o ex-prefeito de Cuiabá, o saudoso coronel José Meirelles, militar por formação, seguidor de Pietro Ubaldi e kardecista convicto. Nada tinha a ver com o atual estilo de política que já se manifestava àquela época, e por isso nela não deixou herança. Quando prefeito tive o privilégio de ser seu assessor direto como secretário. Com ele aprendi muitas coisas, dentre estas, que os edifícios e as cidades precisam ter alma capaz de lhes assegurar vida contínua e bom funcionamento em comunhão com seus usuários, lição fundamental que me faltou dos bancos de graduação profissional. A vida de um espaço manifesta-se pelo interesse de seus usuários por ele.
     Semana passada comentei sobre a possibilidade do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (CAU-MT) ocupar a atual sede do Tribunal de Contas da União (TCU) em Cuiabá, edifício icônico para os arquitetos brasileiros por se tratar de um projeto de João da Gama Filgueiras de Lima, o Lelé, um dos formadores do trio de implantadores do modernismo na arquitetura brasileira, ao lado de Niemeyer e Lúcio Costa. Este edifício mantem-se íntegro e em boas condições de uso graças a compreensão do TCU de que eles usavam uma obra de arte e não uma simples edificação, assim preferiram trocá-lo por um outro espaço mais adequado ao invés de mutilá-lo ou conspurcá-lo com aqueles “puxadinhos” tão comuns em nossa terra. O TCU assegurou-lhe a vida até hoje, e será preservada pelo interesse uníssono dos arquitetos e urbanistas de Mato Grosso.
     Ao mesmo tempo em que o professor doutor José Afonso Portocarrero soube da disponibilidade do edifício do Lelé, soube também da disponibilidade da antiga sede da Delegacia da Receita Federal (DRF) na Getúlio Vargas, edifício que já foi sede da Câmara Municipal de Cuiabá e esteve disponibilizado a um órgão federal que não teve recursos para fazer as adaptações necessárias e o devolveu à Superintendência do Patrimônio da União (SPU). De imediato contatou a Reitoria da UFMT sugerindo o requerimento do prédio à SPU para uso da Universidade em princípio como sede da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, proposta autorizada e providenciada.
     E o que tem de importante este edifício para Cuiabá e para a arquitetura? Trata-se de um puro exemplar do “neoclássico estadonovista” construído na década de 40 compondo o belo conjunto arquitetônico de edifícios públicos com a antiga sede do Tribunal de Justiça do Estado, da antiga Secretaria Geral do Estado e a antiga sede do INSS, coroando nos altos da Batista das Neves, a Avenida Getúlio Vargas também construída àquela época. O edifício da antiga DRF tem como irmão em estilo a antiga sede do Banco do Brasil, também na Getúlio Vargas, próximo ao Jardim Alencastro. Tal qual o edifício do Lelé no CPA, a antiga sede da DRF também precisa ser preservada como um patrimônio arquitetônico de Mato Grosso, mas preservado com vida útil e o interesse da UFMT aponta para sua revitalização.
     Mais importante, a revitalização desse edifício marcando a presença da UFMT no centro da cidade, será importante ferramenta para revitalização do próprio centro de Cuiabá, objetivo que vem preocupando a muito tempo a cidadania cuiabana. A presença da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFMT com seus estudantes e sua cadeia de atividades correlatas que será atraída para seu entorno, reanimará essa parte tão importante da cidade que começa a ser marginalizada. Nada mais apropriado para a comemoração dos trezentos anos de Cuiabá do que a reanimação de seu centro, o coração da cidade.
(Publicado em 18/09/17 pela FolhaMax, em 19/09/17 pelo Diário de Cuiabá, MidiaNews, Página do Enock, ...)

domingo, 17 de setembro de 2017

O CAU SOMOS TODOS NÓS


     Embora em chapas diferentes nestas eleições, eu e o colega arquiteto professor José Maria Andrade postamos novamente esta nossa charge da época da criação do CAU para que não esqueçamos de que o CAU é fundamental para nós Arquitetos e Urbanistas em todas as especialidades e que o CAU somos todos nós unidos apesar das salutares diferenças que possam existir entre nós em um processo democrático verdadeiro. Naquela época ainda o CAU estava sendo formado com colegas já a postos e muitos outros se aproximando como mostra muito bem a charge. Se prestarem atenção da para conhecer alguns, um deles é o professor Bassam.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

JOSÉ LEMOS ENTREVISTA TV ASSEMBLEIA 08/17

TV ASSEMBLEIA


     Entrevista dada à TV Assembleia em agosto de 2017 abordando Cuiabá, seu desenvolvimento e preparação para o seu Tricentenário.  Clique no link da coluna à direita ou copie e cole no endereçamento o link que segue: https://www.youtube.com/watch?v=l8BzkkPxOsI

terça-feira, 12 de setembro de 2017

PRESERVAÇÃO DE UM MONUMENTO

Vitruvius

José Antonio Lemos dos Santos
     Há alguns dias quando em visita técnica com seus alunos da UFMT ao edifício sede do Tribunal de Contas da União (TCU-MT) em Cuiabá o professor doutor José Afonso Portocarrero tomou conhecimento de que o TCU está deixando aquele local em busca de mais espaço. Soube, inclusive, que haveria risco de demolição dependendo do órgão que viesse ocupar o edifício. Espantado ligou de imediato ao presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (CAU-MT), Wilson Andrade, informando a perspectiva absurda, sendo logo agendada uma audiência com a superintendente do Serviço do Patrimônio da União em Mato Grosso (SPU-MT), senhora Lucimara Tavares, onde foi confirmada a desocupação do prédio pelo TCU.
     Na mesma audiência a superintendente informou que, tratando-se de um patrimônio público da União, uma vez desocupado e para não se transformar em um patrimônio ocioso, fica à disposição de outros órgãos públicos que manifestarem interesse junto à SPU-MT, sendo tais pleitos encaminhados após as devidas análises ao Ministério do Planejamento em Brasília para decisão sobre cada requerimento. Informou ainda já existirem no sistema do SPU 3 ou 4, não me lembro, solicitações para uso do prédio do TCU, sendo uma instituição federal.
     O CAU é instituição federal jovem, às vésperas de completar o sétimo ano de existência, definido em sua lei de criação como uma autarquia federal que tem por função “orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de arquitetura e urbanismo, zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina da classe em todo o território nacional, bem como pugnar pelo aperfeiçoamento do exercício da arquitetura e urbanismo”. E o zelo pelo patrimônio arquitetônico e urbanístico do país faz parte de sua nobre missão.
     E o que tem o edifício do TCU-MT de tão especial para os arquitetos? Além de ser um edifício que surpreende por suas formas e encanta usuários e transeuntes por sua beleza sinuosa e colorida, o edifício do TCU-MT é um dos mais perfeitos exemplares do tardomodernismo high-tech em sua vertente cuja composição estética não se encontra apenas na expressão de sua alta tecnologia, mas na busca também da beleza através dela. Trata-se de uma obra do genial João da Gama Filgueiras de Lima, o arquiteto carinhosamente conhecido dentro e fora do país como Lelé, falecido em 2014, considerado ao lado de Niemeyer e Lúcio Costa um dos componentes da tríade que trouxe o modernismo para o Brasil. Só isso. Deixando a dimensão apenas edilícia, o edifício transforma-se hoje em um monumento da arquitetura brasileira implantado em Mato Grosso encontrando-se basicamente bem conservado em sua estrutura estética e física. O grande risco não é só uma eventual demolição, mas seu desrespeito enquanto obra de arte com os célebres “puxadinhos” e outras mutilações a um projeto tão bem concebido e importante, heresias estas tão comuns em nossa terra.
     Ainda em fase de instalação e consolidação, mas em funcionamento pleno, o CAU-MT tem entre suas prioridades o estabelecimento em uma sede própria, compatível com sua funcionalidade e orçamento, mas à altura do simbolismo de sua nobre função. Não pode ser apenas um espaço físico, qualquer edificação, tem que expressar bem a arquitetura e o urbanismo em Mato Grosso. E o edifício do TCU vem ao encontro dessas preocupações, em benefício da preservação do monumento arquitetônico nacional e na solução do espaço digno de sediar a entidade cuja função é “pugnar”, lutar pela arquitetura e urbanismo em Mato Grosso. Mais que um espaço, uma relíquia arquitetônica!
Publicado em 12/09/17 pelo Diário de Cuiabá, Folhamax, NaMarra, Midianews, 14/09/17 pelo OIndependente, RepórterMT, ...)
Comentários no e-mail:
12/09/17 Cléber Lemes:
Parabéns Dr. José Antonio, faço coro em prol de destinar o edificio sede do TCU ao CAU , pois esse edificio é ao cartão postal da  arquitetura. Um abraço 
​Cleber

terça-feira, 5 de setembro de 2017

IMPORTANTE PROJETO



Foto Isis Bernardino Silva
                                                     
  José Antonio Lemos dos Santos
     Existem projetos importantes que custam muito dinheiro enquanto que outros custam pouco ou quase nada e mesmo assim podem ser tão ou mais importantes. Estes muitas vezes envolvem apenas a integração de recursos já disponíveis sem mais gastos. Atualmente são raros no serviço público talvez por isso mesmo, isto é, porque não envolvem grandes verbas, e, nestes últimos tempos, o que não tem dinheiro no meio de um modo geral não anima os gestores públicos.
     Assim, aplaudo a iniciativa da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) e da Câmara de Diretores Lojistas de Cuiabá (CDL Cuiabá) em lançar o projeto “Viva Cuiabá Viva”, contando também com a participação do governo do estado, da prefeitura da capital e de diversos outros parceiros.  Trata-se de um projeto com retorno previsto a médio prazo visando atrair em especial o turista do próprio estado com sua alta renda per capita ou alongar a estada do visitante que já se encontra aqui, tendo como objetivo movimentar a cidade nos feriados prolongados aproveitando suas atrações normalmente já existentes. Os resultados certamente não virão na primeira edição, mas com a sucessão das edições, como já alertado pelos organizadores do projeto. E com uma inteligente divulgação pelo interior, completo.
     O antigo IPDU da prefeitura de Cuiabá chegou a desenhar um projeto com as mesmas características denominado “Cuiabá ConVida”, que se desenvolveria através de cartazes mensais distribuídos em pontos estratégicos das cidades mato-grossenses, tais como hotéis, restaurantes divulgando as atrações culturais, desportivas e artísticas programadas para cada mês. Infelizmente o projeto não despertou interesse na época.
     Nesta primeira edição a programação começa já no próximo dia 7 e é vasta com a solenidade de abertura da Semana da Pátria na Arena Pantanal com desfile cívico, feira gastronômica, feira de artesanato, exposições militares e atrações regionais. No mesmo dia acontece o Festival do Peixe na Orla do Porto e na Praça da Mandioca um festival de músicas autorais e shows regionais, que prosseguirão até o sábado dia 9 de setembro. Nos dias 8 e 9 acontecerá mais uma edição do VEM PARA A ARENA, também com shows populares, gastronomia, exibições de bandas e corais militares e um espetáculo com o conjunto de danças Flor Ribeirinha, campeão mundial de folclore recentemente na Turquia.
     Se pudesse fazer alguma sugestão, incluiria o interior da Arena Pantanal, considerada uma das arenas mais espetaculares do mundo, com visitas orientadas bem como o próprio jogo decisivo do Cuiabá na série “C” do campeonato brasileiro de futebol, contra o CSA de Alagoas marcado para o próprio dia 9 de setembro, às 18:30h. O jogo e o evento VEM PARA A ARENA se complementariam com um reforçando o outro.
     Diz a antiga anedota que todos preferem ovos de galinha aos da pata, mesmo sendo mais nutritivos, porque as galinhas cacarejam estridentemente ao botarem seus ovos, isto é, fazem publicidade de seu produto e as patas não. Cuiabá é um pacote de atrações nela mesma ou em suas proximidades, mas pouco divulgado. A Copa ajudou muito, mas as autoridades não deram continuidade a essa alavancagem. O “Viva Cuiabá Viva” pode ser o início planejado do aproveitamento deste grande potencial. Servida por boa rede de rodovias e um aeroporto de categoria internacional, dispõe ainda de excelente estrutura comercial, hoteleira e de bares e restaurantes, testada e aprovada na Copa, e pode promover seu potencial turístico. Faltava união, organização, divulgação e vontade de fazer.
(Publicado em 05/09/17 pelo Diário de Cuiabá, FolhaMax, ODocumento, MidiaNews (com o título "O turismo em Cuiabá¨,....)