"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 29 de janeiro de 2019

O TRIMILIONÉSIMO PASSAGEIRO

Imagem:Jornal Baixada Cuiabana
José Antonio Lemos dos Santos
     Ele já esteve no Marechal Rondon em 2014 e 2015 e por um triz não chegou pela primeira vez em 2013, como até arrisquei a prever em artigo da época. Errei por pouco. Tivesse o ano uma fração de dia a mais em seu calendário e o trimilionésimo passageiro anual teria desembarcado em Várzea Grande antes da Copa. Mas veio em 14 e 15 colocando o principal aeroporto de Mato Grosso em um novo patamar de importância. Depois o movimento aéreo de passageiros caiu bastante em todo o Brasil e a frequência de passageiros no Marechal Rondon recuou em 16 e 17, voltando agora em 2018 a superar os 3 milhões de passageiros no ano, 3.006.701 exatos. Qual a importância? Seria só para dizer que o movimento do aeroporto de Cuiabá é o dobro do de Campo Grande ou que é maior que o de Manaus, com Zona Franca e tudo?
     As cidades não são pontos isolados no espaço, mormente agora no mundo globalizado. As cidades, grosso modo, são centros produtores de bens e serviços atendendo à demanda de uma região que será maior ou menor conforme a força de suas centralidades, podendo ir desde a pequena vila atendendo a uma pequena região rural até às capitais globais envolvendo todo o planeta. Assim, as cidades se organizam em redes e, grosso modo, são nós em uma rede de fluxos intercambiáveis de bens e serviços, hierarquizada funcionalmente de acordo com a importância e/ou volume dos fluxos que gera de entrada ou saída.
     Por bens e serviços resumimos produtos primários, manufaturados e industriais ou serviços comerciais, bancários, de educação, saúde, cultura, ciência, entretenimento, etc. cujos fluxos se deslocam através de canais de ligação que são as rodovias, ferrovias, hidrovias, infovias, dutovias, aerovias, internet, e outros que eu tenha esquecido ou que possam estar sendo inventados. Maior a disponibilidade destes canais em quantidade e qualidade, maior a capacidade de geração e diversificação de fluxos de uma cidade, logo, maior a força de sua centralidade, maior seu dinamismo e capacidade de geração de emprego, renda e qualidade de vida para sua população.
     Para se conectarem às estruturas urbanas pontuais, os fluxos precisam de interfaces compatíveis, sendo os aeroportos um de seus mais importantes exemplos atendendo aos fluxos aeroviários e que precisam estar dimensionados de acordo com suas demandas presentes e futuras. Pelos aeroportos chegam e saem cargas e, em especial, pessoas que podem ser turistas, estudantes, compradores, vendedores, investidores, etc., em suma, pessoas, o principal agente de desenvolvimento. Assim, quanto maior o movimento de um aeroporto maior o dinamismo e as potencialidades da região a qual conecta e a chegada do trimilionésimo passageiro do Marechal Rondon expressa a pujança de uma das regiões mais dinâmicas do mundo da qual é a porta de entrada.
     A posição estratégica do Marechal Rondon no exato centro da América do Sul aponta para ricas possibilidades de conexões diretas com o mercado sul-americano que há muito já deviam estar sendo exploradas em prol do desenvolvimento de novas potencialidades regionais. O atual governador Mauro Mendes quando prefeito mostrou ter a visão correta do papel de Cuiabá como capital do agronegócio e, por conseguinte, do Aeroporto Marechal Rondon. Quem sabe agora sairá a linha aérea para Santa Cruz de la Sierra, um começo para novas conexões internacionais? Por ora, o importante é que o trimilionésimo passageiro voltou, e de novo sem retrato, sem foguete ou banda de música, como o milionésimo em 2007 e o duomilionésimo em 2010. Que tenha vindo para ficar puxando com ele para Mato Grosso, muito em breve, o quadrimilionésimo passageiro com tudo o que representa.

sábado, 26 de janeiro de 2019

CUIABÁ VISTA DO MORRO DE SANTO ANTONIO

Foto Werner Fockink

     O normal é a gente ver da cidade o Morro de Santo Antonio, o Toroari bororo. Difícil é a gente ver a cidade no topo do Morro de Santo Antonio como nesta foto tirada pelo dr. Werner Fockink e gentilmente enviada por ele ao Blog do José Lemos. 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

CONSERTO DO RELÓGIO

                                                  Conserto do relógio da Catedral em Cuiabá
                                                              Foto do arquiteto Ademar Poppi

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

BASE AÉREA EM CÁCERES


Pista de Cáceres (imagem:JornalOeste)
José Antonio Lemos dos Santos
     Tão logo empossado o secretário de segurança do estado Alexandre Bustamante tem anunciado que cobrará uma presença mais efetiva do governo federal no controle da fronteira aqui em Mato Grosso, colocando inclusive, entre outras importantes questões, a necessidade de instalação de uma base aérea na região, assunto que tenho abordado há décadas, tamanha é sua importância para vida nas cidades brasileiras e, em especial para as mato-grossenses, destacando a Região Metropolitana de Cuiabá. A questão da base aérea levantada pelo secretário ganha muita força com a existência em Cáceres de uma pista de pouso subutilizada com 1.850 x 30m, capaz de receber jatos de carreira, em posição estratégica em relação aos 1.100 Km de fronteira bem como em relação ao Pantanal que vem servindo como plataforma de recepção de cargas de drogas e armas lançadas por pequenos aviões ou vindas por terra mesmo. Não seria um bom começo para uma revolução na segurança da fronteira mato-grossense e na vida de nossas cidades?
     Recordo que em outubro 2009 registrei em um artigo a apreensão pela Polícia Federal no Trevo do Lagarto de um carregamento de armas modernas e poderosas destinadas ao Rio de Janeiro. O transportador havia informado que aquela era a terceira viagem desse tipo que fazia. Quantas outras cargas já teriam então passado por outros transportadores? Na semana imediatamente anterior fora apreendida uma enorme carga de cocaína e no mês anterior havia sido descoberta uma fazenda no pantanal usada para distribuição de drogas que chegavam por avião. Claro que essa situação vinha de muito antes, certamente continua até hoje em volumes muito maiores e continuará caso faltem providências estruturantes fortes como as anunciadas pelo secretário.
     Um dos principais problemas das cidades brasileiras é a insegurança pública total, impondo-lhes um quadro de medo e violência jamais visto. Esta situação é fomentada e se agrava pelos tráficos de drogas, armas e veículos, que se articulam em poderoso esquema nacional e internacional submetendo aos seus interesses e caprichos povos do mundo inteiro, em especial os jovens. Como pensar em qualidade de vida urbana numa situação destas? Nossas cidades sofrem.
     É de ressaltar que jamais será suficientemente enaltecido o trabalho que com todas as dificuldades e riscos é feito pelas polícias militar e civil do estado, Polícia Federal, polícias rodoviárias federal e estadual, e pelo Exército, bem como a importância dos governos continuarem incrementando essas ações terrestres na fronteira. Mas, no caso de nossa fronteira é indispensável lembrar que Mato Grosso é um dos únicos estados do Brasil a não dispor de uma Base Aérea. Mato Grosso do Sul tem, Goiás tem apesar de vizinha a de Brasília, e Rondônia tem duas! Considerando os 1.100 quilômetros de fronteira do estado – dos quais 700 em fronteira seca, e que seu território equivale a mais de 10% do território nacional, o absurdo dessa situação salta aos olhos. O problema se agrava na medida em que toda a fronteira nacional esteja protegida por bases aéreas e as rotas do crime acabem migrando para o grande rombo ainda existente nas fronteiras brasileiras, que fica justamente aqui, na nossa fronteira. E é o que parece acontecer cada vez pior e com mais intensidade.
     Tal como a ferrovia passando por Cuiabá, o gás e a restituição integral aos mato-grossenses pelo governo federal do ICMS que deles foi “emprestado” pela Lei Kandir, uma base aérea na nossa fronteira é um projeto que merece o apoio de todos os mato-grossenses e neste caso da base, de todos os brasileiros pois o rombo em nossa fronteira é uma das principais fontes de abastecimento do crime em todo o Brasil.

terça-feira, 15 de janeiro de 2019

O ANO DO TRICENTENÁRIO

Cuiabá Sob o Duplo Arco-Íris 14/01/19 Foto: Cássia Abdalah
José Antonio Lemos dos Santos
     Enfim chegou 2019, um ano que parecia não chegar nunca, tantas as atribulações vividas em 2018 especialmente no Brasil pelo seu grave momento político, e mesmo no mundo com EUA e Coréia do Norte arreganhando-se os dentes com ameaças nucleares que felizmente deram em nada. 2019 enfim chegou trazendo para o Brasil os novos governos, federal e estaduais, e novos parlamentos, escolhidos após duras eleições renovadoras de esperanças e apreensões para o país.
     Para Cuiabá 2019 vai além, afinal é o ano do Tricentenário aguardado há anos com grande expectativa pela população. A efeméride marca a fundação de uma cidade especial nascida do ouro e  que nestes seus 300 anos viveu mais momentos de isolamento, sofrimento e luta do que de ostentação e opulência, sacrifício que contudo lhe rendeu uma história rica em episódios de heroísmo e bravura com vultos de destaque mundo afora, um modo de viver plasmado pelo calor sadio e uma cultura fascinante que vai do erudito ao popular, de José Magno ao rasqueado e lambadão, passando pela culinária, o guaraná e o tereré, mitos e lendas. Porém o principal produto é a simpática figura do cuiabano folclórico de linguajar exclusivo, simplório, pacato, festeiro, criador de apelidos como ninguém e, sobretudo, hospitaleiro.
     Hoje a cidade é uma metrópole dinâmica, centro de uma das regiões mais produtivas do planeta. A história que vem dos garimpos originais e chega até hoje apontando para um futuro exuberante é o pano de fundo da grande expectativa cuiabana. Para os especialistas era importante que a data não fosse marcada só pelos festejos, mas que a própria urbs se estruturasse elevando seus padrões de qualidade de vida conforme as novas funções regionais, nacionais e globais a que se destinava com a esperada polarização de uma das principais fontes de alimentos do mundo. Assim, na década de 80 um grupo de profissionais capitaneados pelo IAB-MT, APA-MT, CREA-MT, UFMT e Câmara Municipal deflagrou um movimento visando institucionalizar o planejamento urbano estrutural de longo prazo em Cuiabá e preparar a cidade para os saltos de desenvolvimento que viriam. Este processo inseriu um capítulo dedicado à Política Urbana na Lei Orgânica Municipal de 1989. O horizonte de planejamento era de 30 anos, portanto, 2019, já pensando no Tricentenário, tendo ainda como meta mais curta a virada do século, sistema este que durou só até o segundo quinquênio dos anos 2000.
     Deixou, todavia avanços como a criação do IPDU, do Conselho de Desenvolvimento Urbano e da SMADES, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e suas leis, como as do Uso e Ocupação do Solo Urbano e da Hierarquização Viária, bem como vários projetos pontuais como o Parque Mãe Bonifácia, o finado Aquário e o Centro de Eventos do Pantanal. A ideia urbanística básica era a cidade crescer para dentro, adensá-la e compactá-la, reduzindo custos operacionais, otimizando infraestrutura e facilitando a mobilidade urbana. Com a desativação do sistema voltamos ao pragmatismo das soluções imediatas, que também legou projetos pontuais importantes como os parques das Águas e Tia Nair.
     Nas últimas décadas iniciativas isoladas trataram do assunto em matérias jornalísticas, seminários, palestras, artigos publicados, destacando os eventos bianuais denominados “Edificar” produzidos pelo Sinduscon-MT e Secovi-MT e a criação pela prefeitura de uma secretaria especial para o Tricentenário. Porém, apesar de tudo, o grande diferencial foi a Copa, inesperada e para mim um artifício do Bom Jesus de Cuiabá para ajudar no preparo de sua cidade para seu tricentésimo aniversário. Enfim 2019, um marco para uma bela história.