"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 15 de janeiro de 2019

O ANO DO TRICENTENÁRIO

Cuiabá Sob o Duplo Arco-Íris 14/01/19 Foto: Cássia Abdalah
José Antonio Lemos dos Santos
     Enfim chegou 2019, um ano que parecia não chegar nunca, tantas as atribulações vividas em 2018 especialmente no Brasil pelo seu grave momento político, e mesmo no mundo com EUA e Coréia do Norte arreganhando-se os dentes com ameaças nucleares que felizmente deram em nada. 2019 enfim chegou trazendo para o Brasil os novos governos, federal e estaduais, e novos parlamentos, escolhidos após duras eleições renovadoras de esperanças e apreensões para o país.
     Para Cuiabá 2019 vai além, afinal é o ano do Tricentenário aguardado há anos com grande expectativa pela população. A efeméride marca a fundação de uma cidade especial nascida do ouro e  que nestes seus 300 anos viveu mais momentos de isolamento, sofrimento e luta do que de ostentação e opulência, sacrifício que contudo lhe rendeu uma história rica em episódios de heroísmo e bravura com vultos de destaque mundo afora, um modo de viver plasmado pelo calor sadio e uma cultura fascinante que vai do erudito ao popular, de José Magno ao rasqueado e lambadão, passando pela culinária, o guaraná e o tereré, mitos e lendas. Porém o principal produto é a simpática figura do cuiabano folclórico de linguajar exclusivo, simplório, pacato, festeiro, criador de apelidos como ninguém e, sobretudo, hospitaleiro.
     Hoje a cidade é uma metrópole dinâmica, centro de uma das regiões mais produtivas do planeta. A história que vem dos garimpos originais e chega até hoje apontando para um futuro exuberante é o pano de fundo da grande expectativa cuiabana. Para os especialistas era importante que a data não fosse marcada só pelos festejos, mas que a própria urbs se estruturasse elevando seus padrões de qualidade de vida conforme as novas funções regionais, nacionais e globais a que se destinava com a esperada polarização de uma das principais fontes de alimentos do mundo. Assim, na década de 80 um grupo de profissionais capitaneados pelo IAB-MT, APA-MT, CREA-MT, UFMT e Câmara Municipal deflagrou um movimento visando institucionalizar o planejamento urbano estrutural de longo prazo em Cuiabá e preparar a cidade para os saltos de desenvolvimento que viriam. Este processo inseriu um capítulo dedicado à Política Urbana na Lei Orgânica Municipal de 1989. O horizonte de planejamento era de 30 anos, portanto, 2019, já pensando no Tricentenário, tendo ainda como meta mais curta a virada do século, sistema este que durou só até o segundo quinquênio dos anos 2000.
     Deixou, todavia avanços como a criação do IPDU, do Conselho de Desenvolvimento Urbano e da SMADES, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e suas leis, como as do Uso e Ocupação do Solo Urbano e da Hierarquização Viária, bem como vários projetos pontuais como o Parque Mãe Bonifácia, o finado Aquário e o Centro de Eventos do Pantanal. A ideia urbanística básica era a cidade crescer para dentro, adensá-la e compactá-la, reduzindo custos operacionais, otimizando infraestrutura e facilitando a mobilidade urbana. Com a desativação do sistema voltamos ao pragmatismo das soluções imediatas, que também legou projetos pontuais importantes como os parques das Águas e Tia Nair.
     Nas últimas décadas iniciativas isoladas trataram do assunto em matérias jornalísticas, seminários, palestras, artigos publicados, destacando os eventos bianuais denominados “Edificar” produzidos pelo Sinduscon-MT e Secovi-MT e a criação pela prefeitura de uma secretaria especial para o Tricentenário. Porém, apesar de tudo, o grande diferencial foi a Copa, inesperada e para mim um artifício do Bom Jesus de Cuiabá para ajudar no preparo de sua cidade para seu tricentésimo aniversário. Enfim 2019, um marco para uma bela história.

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