"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



quinta-feira, 30 de agosto de 2012

O BARROCO DE SÃO FRANCISCO

sampa.art.br

Veja no link abaixo o interior da Igreja de São Francisco, uma das maravilhas do Centro Histórico de Salvador, Bahia, Patromônio da Humanidade, um dos pontos culminantes da Arquitetura Barroca no Brasil:
http://www.onzeonze.com.br/blog360/toursaofrancisco/index.html


quarta-feira, 29 de agosto de 2012

PERDEMOS MEIRELLES

Midianews

POLÍTICA / LUTO
29.08.2012 | 07h56 - Atualizado em 29.08.2012 | 11h09

Morre coronel José Meirelles, ex-prefeito 

de Cuiabá

Ele foi internado às pressas ontem, mas não resistiu

Morreu na noite desta terça-feira (28), em Cuiabá, aos 89 anos, 
o coronel José Meirelles, ex-prefeito da Capital. 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

A MAIS VIÁVEL DAS FERROVIAS (IV)

José Antonio Lemos dos Santos

     Bem ao contrário do que querem nos fazer crer Cuiabá e Várzea Grande formam o maior polo produtor, consumidor, distribuidor e centralizador de cargas de Mato Grosso. Além de abrigarem quase 30% do eleitorado mato-grossense, é claro. Ainda que não produza um só grão, hoje passa por ele toda carga produzida na área de influência das BRs-163 e 364 destinada ao sul-sudeste brasileiro, para exportação ou consumo externo. Basta dar uma paradinha ali perto do viaduto da Imigrantes onde poderá também conhecer a estrutura do Cuiabá Esporte Clube e ver como o futebol de Mato Grosso está desenvolvendo. Poderá ver a fila de bi-trens, um na rabeira do outro, carregando para seus diversos destinos as sucessivas safras recordes da agropecuária mato-grossense. Parece um grande comboio ferroviário, só que pior, pois é como se esse grande trem tivesse um motor e um maquinista a cada vagão, aumentando muito o gasto com combustíveis, a carga poluidora e o risco para as vidas que circulam pelas nossas rodovias. 
     A Grande Cuiabá é também o maior centro consumidor e distribuidor do oeste brasileiro e tem que ser abastecida pelos mais diversos tipos de produtos produzidos no sul-sudeste para seu consumo ou para abastecer toda sua grande área de influência, gerando a tal carga de retorno sem a qual o custo do frete ferroviário permanece igual ao rodoviário, como acontece agora em Mato Grosso, tão reclamado pelos produtores locais. E só Cuiabá tem o frete de retorno. Como a ferrovia não pode ser apenas uma esteira exportadora de grãos a preço de caminhão, é preciso contar com a carga de retorno, entre outras providências, para baixar o frete. A ferrovia não deve existir só para levar, mas também para trazer o desenvolvimento. Não apenas para levar grãos, algodão, carne, álcool, biodiesel, madeira, mas também para trazer fertilizantes, materiais de construção, gasolina, máquinas, veículos, trigo, etc. reduzindo os custos de transporte e os preços aos consumidores, em favor da qualidade de vida de todos. Ou não?
     Outra falsa ideia é que a produção do agronegócio é toda exportada e que por isso tem que sair pelos portos do norte, mais perto dos países importadores e assim a passagem por Cuiabá não faria sentido. Nada mais capcioso! O maior importador dos grãos de Mato Grosso é o Brasil! Isso mesmo. Veja a soja, o carro chefe do agronegócio. Em 2010, das 20,5 milhões de toneladas produzidas em Mato Grosso, “apenas” 8,65 milhões foram exportadas e em 2011, de 21,7 milhões de toneladas “apenas” 9,7 milhões foram exportadas. Ou seja, menos da metade é exportada. Mais da metade da produção de Mato Grosso fica no Brasil, um pouco aqui mesmo no estado, e o resto vai para o Sul e Sudeste. Em cada um desses anos ficaram no Brasil cerca de 12 milhões de toneladas, muito mais que toda a produção do Rio Grande do Sul, o terceiro maior produtor do Brasil. Isto é, mesmo que toda a produção exportada por Mato Grosso fosse para os portos do norte, ainda assim um volume superior ficará no Brasil e terá que passar por Cuiabá. A não ser que isolem a cidade cortando os trilhos em Rondonópolis e fazendo um desvio ferroviário de 1.200 Km para Goiás, em detrimento da ligação Lucas–Rondonópolis, de 560 Km, conforme plano embutido no Programa de Investimentos em Logísticas da presidenta Dilma. Só a continuidade do traçado da Ferronorte passando por Cuiabá levará com melhores fretes e mais rapidez os trilhos às regiões produtoras mato-grossenses, distribuindo de forma equilibrada o desenvolvimento por todo Mato Grosso e fortalecendo um estado que pelo seu sucesso é para ser imitado e não dividido, como tramam alguns. E viva o Luverdense, Mato Grosso campeão do primeiro turno da série C. 

domingo, 26 de agosto de 2012

REVOLUÇÃO NO ENSINO DE PERSPECTIVA!

BOMBA! BOMBA!

Depois de Brunelleschi enfim um grande salto: Descoberta uma nova forma de construir um ponto de fuga. Veja:



MidiaNews


ThiagoBergamasco/MidiaNews

MidiaNews  -  20.08.2012 | 13h03 - Atualizado em 20.08.2012 | 18h05


Explosão e fuga em prisão causam 

pânico em moradores

Quadrilha armada explodiu muro da PCE e 

resgatou 39 presos






quarta-feira, 22 de agosto de 2012

SERÁ QUE AGORA SAI?

CENTRO HISTÓRICO (DIÁRIO DE CUIABÁ 22/08/12)

Calçadas livres e fios no subsolo

Obra está orçada em R$ 110,9 milhões e no projeto será contemplada ainda a rede de saneamento básico da área central


Foto: Guilherme Silveira/DC

STÉFANIE MEDEIROS
Da Reportagem
Mais visíveis que as próprias casas, a fiação do Centro Histórico de Cuiabá será aterrada no ano que vem. O convênio foi assinado ontem e tem a participação dos governos Federal, do Estado e Municipal. Serão aproximadamente de 14 quilômetros de fios elétricos realocados para o subsolo. A obra está orçada em R$ 110,9 milhões. 


O projeto básico está pronto, porém o projeto executivo está em fase de licitação. As obras incluem além do rebaixamento da fiação, o recapeamento do asfalto, a instalação da rede de saneamento básico e recuperação da fachada das casas que tiverem algum tipo de danos com a construção. 

Os recursos vão ser liberados à medida que as fases do projeto sejam conclusas. O dinheiro vem Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por meio do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), bem como do Município e governo de Mato Grosso. 

A superintendente do IPHAN, Marina Lacerda, disse que os benefícios da obra não se resumem ao aspecto estético. Eles também favorecem o trânsito das pessoas no centro da cidade. Atualmente com 400 casas tombadas como patrimônio histórico, o centro possui calçadas muito estreitas, que têm quase todo o espaço ocupado por postes. “Como a fiação vai ficar no subsolo, os postes vão ser retirados. As calçadas não vão aumentar”, explicou. 



Moradora de uma das antigas casas, localizadas na rua Pedro Celestina, Elza Vitória Pacheco, de 85 anos, contou que se mudou para o local no dia de casamento dela, há 65 anos. 

A fachada branca de janelas azuis ainda guarda a lembrança de como era o centro de Cuiabá naquela época. Elza explicou que tudo era muito simples, sem fiação elétrica e com pouquíssimos postes. “Todas as casas aqui eram de famílias e todo mundo se conhecia. Agora a maioria é comércio ou escritório, e ninguém sabe quem é quem, muito menos se falam”. 

Outro ponto que ela destacou é a falta de árvores no centro da cidade. No fundo de sua casa ainda existem pés de acerola, mamão, manga, que antes também podiam ser vistos emoldurando as ruas. Quando questionada sobre o aterramento da fiação elétrica, embora acredite que isso seja uma mudança positiva, disse que não acha que vai trazer de volta a beleza e simplicidade de antigamente. 

Antigo vizinho de Elza, atualmente morador de São Paulo, Benildo Borges, de 75 anos, afirmou que a fiação e os postes estragam a beleza que restou dos tempos de sua infância. “É horrível todos esses fios aqui. O centro histórico ainda é bonito, mas precisa ser restaurado, porque a cidade sofre com o estado em que ele se encontra”, explicou. 

Além da questão estética, Borges ainda ressaltou os perigos da fiação nas pequenas ruas do centro. De acordo com ele, o tempo em que está na cidade foi o suficiente pra ver que não é seguro passar de carro, muito menos andar pela região. “Cuiabá está precisando de mais espaço. Tem que dar um jeito nessa situação”, disse. 


terça-feira, 21 de agosto de 2012

MATO GROSSO APUNHALADO

José Antonio Lemos dos Santos

     Antes que alguns levem a conversa para esse lado, adianto que não sou contra a Ferrovia da Integração do Centro-Oeste – FICO; sou contra terem amputado a Ferronorte em Rondonópolis para fazê-la. Não sou contra a ferrovia chegar a Lucas do Rio Verde, muito pelo contrário, como brasileiro e mato-grossense, desejo que chegue lá o mais rápido possível, aliás, por isso mesmo protesto contra a paralisação da Ferronorte em Rondonópolis, a 560 Km de Lucas, trocados pelos 1200 Km da FICO. Também não sou contra o agronegócio, muito pelo contrário, poucos têm escrito mais do que eu cantando e decantando seu sucesso. Muito menos sou contra o Programa de Investimentos em Logística (PIL) da presidenta Dilma, apenas questiono com veemência não contemplar os 200 Km da ligação ferroviária de Rondonópolis a Cuiabá e mais os 360 Km de Cuiabá a Lucas do Rio Verde. Mato Grosso tem desenvolvimento mais que suficiente para receber a Ferronorte e a FICO juntas, e a cada ano que passa tem muito mais. Só o superávit comercial que legou ao Brasil no primeiro semestre deste ano – US$ 6,0 bilhões! - daria para construir as duas ferrovias, duas vezes!
     O super pacote logístico lançado na semana passada reflete a audácia, coragem e visão de estadista da presidenta Dilma, qualidades que o Brasil tanto carece nestes tempos globalizados e competitivos. Contudo, quem tem coragem e competência para lançar um pacote destinado a revolucionar o Brasil pelo desenvolvimento, sabe que nada neste mundo é perfeito e ainda mais um plano nessas dimensões onde reajustes são previsíveis e normais. A retomada do projeto da Ferronorte a partir de Rondonópolis, em articulação com a FICO, seria um dos mais urgentes ajustes no PIL. Do jeito que está soa como uma punição ao cidadão mato-grossense, inclusive do norte, a troca de uma ferrovia de 560 km, em ambiente antropizado, sem araguaias ou xingús a serem transpostos, por uma outra de 1.200 Km, com o dobro da distância e desafios ambientais e antropológicos desconhecidos, em uma pré-Amazônia ainda quase virgem. Hoje o meio ambiente está sofrendo, a produção é desperdiçada pelos caminhos, os fretes disparam e, pior, as pessoas estão morrendo nas BR’s, e por isso Mato Grosso clama e reclama urgente solução logística para o estado. Em Mato Grosso, tempo é dinheiro, mas também perdas ambientais e de vidas. 
     Mato Grosso é um dos estados que vêm dando mais certo no Brasil, hoje disparado maior produtor nacional de grãos e gado e um dos maiores no mundo, ensinando que sua dimensão territorial é uma de suas forças, no tamanho exato para uma administração otimizada nestes tempos de avião a jato, asfalto, comunicações via satélite e internet. Hoje Mato Grosso é um dos poucos estados da federação capaz de bancar sua infra-estrutura mínima de subsistência sobrando ainda um excedente produtivo para investir na qualificação e ampliação de seu desenvolvimento. Este excedente desperta a cobiça de grupos estaduais minoritários mas poderosos que conseguiram contaminar o PIL com suas políticas de dominação e não do bem comum. A FICO sem a Ferronorte é uma punhalada pelas costas em Mato Grosso, um campeão, com claras intenções de dividi-lo, deslocando suas centralidades regionais para Rondonópolis e Lucas, em detrimento de Cuiabá, Várzea Grande e Sinop, criando dois estados insustentáveis, de novo no fim da fila, sem voz e sem vez. Não creio ser esta a intenção da presidenta Dilma nem do agronegócio mato-grossense, espalhado de norte a sul, de leste a oeste do estado e que só quer produzir mais e melhor, com segurança, sustentabilidade e justiça social. Como o Luverdense, o Cuiabá e o Mixto, Mato Grosso torcendo e crescendo junto também no futebol.
(Publicado em 21/08/2012 pelo Diário de Cuiabá, Midianews, JornalOeste, Turma do Êpa, Página do Enock, Blog do João Bosquo)

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

A LOGÍSTICA DA DIVISÃO REPERCUTE

Importante comentário do jornalista Onofre Ribeiro veiculado hoje pelo MIDIANEWS sobre meu artigo A LOGÍSTICA DA DIVISÃO do dia 24/07/2012 (disponível aqui no Blog) e republicado ontem pelo Diário de Cuiabá.


15.08.2012 | 08h48 - Atualizado em 15.08.2012 | 08h57


Onofre Ribeiro

Ferrovias e nova divisão de MT

Chineses e agronegócio estão fatiando MT por sua conta e risco


O arquiteto José Antonio Lemos acabou de escrever um artigo a respeito do possível isolamento de Cuiabá em termos de logística.
Ele fez uma série de anotações absolutamente corretas. Colocou a Ferrovia de
Integração do Centro-Oeste - Fico, que ligará Campinorte (Goiás), a Lucas do Rio Verde
(Mato Grosso), a Vilhena (Rondônia), numa extensão de 900 quilômetros.

Começa aqui o raciocínio de José Antonio Lemos. Passando 354 km ao norte de Cuiabá, a ferrovia de integração do Centro-Oeste deixaria de integrar a capital do estado,
curiosamente no Centro Geodésico do continente e conexão com o sul do estado.

Quer dizer: toda a orientação de logística do médio-norte de Mato Grosso se orientaria para Santarém, ou para Goiás, onde se integraria com a Ferrovia Norte-Sul e outras.

Para Santarém poderia ser pela BR-163 e depois alcançar os portos de Miritituba,
de Santarém ou de Santana,mais ao norte, sem contar a possibilidade futura de uma
ferrovia, na qual os chineses estão de olho, de Lucas do Rio Verde até Santarém.

Então, qual é a lógica? Isolar Cuiabá! De que forma? A Ferronorte deve morrer em Rondonópolis, porque faz parte dessa conspiração. Com isso, Mato Grosso
teria 3 orientações de logística: pela Fico, nas direções leste e
oeste e, lá na Norte-Sul, com a Ferrovias de Carajás até portos
do Maranhão. Pela Ferronorte, com o Sul e Sudeste.

Traduzido, isso mostra uma clara proposta de nova divisão de Mato Grosso,
desta vez motivada por fatores econômicos. Essa é a realidade posta na mesa.

Mas, cabe aqui uma reflexãohistórica. Os militares que governaram o Brasil
entre 1964 e 1985, implantaram a divisão de Mato Grosso criando Mato Grosso do Sul, baseados em estudos nascidos na Escola Superior de Guerra e amplamente
diluídos dentro de ministérios como o de Interior, de Transportes, da  Fazenda e de Planejamento, e nos seus desdobramentos de autarquias como a Superintendência de Desenvolvimento do
Centro-Oeste - Sudeco, por exemplo.

Havia um planejamento que terminava no Ministério do Planejamento e Coordenação Geral,
que era o guardachuva centralizador de todos os projetos e programas do governo. O país possuía um planejamento macro, a partir do qual se desdobrava a gestão.

Hoje, o Ministério do Planejamento só cuida do orçamento e o governo do país não tem um planejamento guarda-chuva. Cada ministério é uma pequena república independente, gastadeira, politizada e de propriedade de partidos políticos que comercializam verbas,
poder e interesses diversos.

Não existe um país previsível. É por isso que falar em ferrovias no Estado de Mato Grosso, significa mexer numa bomba atômica.

As coisas estão acontecendo sem planejamento de nenhuma espécie, o governo
estadual não tem força de articulação para interferir e nem para compreender
todo o processo.

O Estado de Mato Grosso será fatiado geográfica economicamente através da logística,
com gravíssimas consequências futuras, muito maiores do que isolar Cuiabá, sem nenhum planejamento.

As forças políticas e econômicas interessadas se movem sozinhas e por conta própria,
ao sabor de sua própria lógica.

Chineses, o agronegócio, a Valec com seus interesses em minério de ferro e outros não confessos, estão fatiando Mato Grosso por sua conta e risco, sem planejamento
algum além da ambição econômica.

Quem pagará a conta humana, econômica, cultura e geoestratégica no futuro? Quem?

ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O VLT E A CIDADE

  
José Antonio Lemos dos Santos 


      Aconteceu aquilo que tanto se temia, com os ministérios públicos Federal e Estadual pedindo e a Justiça acatando a paralisação das obras do VLT. Repetindo o que escrevi algumas vezes, a Copa do Mundo de 2014 trouxe de imediato para o Brasil pelo menos um ganho importantíssimo. Escancarou para o mundo e para nós mesmos as entranhas do país mostrando que estamos encalacrados em um modelo político-administrativo enrolado, perdulário e corrupto, incapaz de realizar qualquer obra pública com prazo determinado. A pretexto de se prevenir contra a corrupção, ao invés de dar um jeito nos corruptos, o país preferiu criar um emaranhado jurídico-burocrático cheio de exigências e possibilidades de contestações diversas que impedem a execução de qualquer projeto seguindo seus cronogramas técnicos como em qualquer nação civilizada. Em casos extraordinários, como os compromissos internacionais assumidos com a Copa, é preciso criar uma legislação especial, tipo RDC, autorizando o descumprimento da lei normal, o que diante da situação acaba justificável e necessário, pois do jeito normal seria impossível fazer qualquer coisa. 
     Tudo seria mais fácil se ao invés de dificultar os projetos, fôssemos atrás dos corruptos. Se ao invés de suspender projetos e obras necessárias, suspendêssemos os corruptos suspeitos de as corromperam, punindo com agilidade os julgados culpados. Em qualquer processo de desenvolvimento e promoção da qualidade de vida de uma população, as obras e serviços públicos são o mais importante. Elas podem ser corrompidas, mas é evidente que elas em si não são corruptas. Paralisar obras necessárias é punir o povo várias vezes, que fica sem seus benefícios e ainda paga a conta de diversas formas, muitas vezes dolorosas. Em Mato Grosso, por exemplo, dá para lembrar os casos do Hospital Central de Cuiabá e da BR-163. Até hoje morre gente por não terem sido concluídas. Parar uma obra por corrupção é como matar um cachorro para acabar com as pulgas. 
     Quando foi reaberta a discussão sobre o modal de transporte para Cuiabá, no início do ano passado, coloquei-me a favor do BRT não por uma questão de tecnologia e sim porque estava tudo pronto para iniciar sua implantação. Mesmo assim, e quase um ano e meio atrás, já temia pelos percalços jurídico-burocráticos que a obra enfrentaria dificultando sua conclusão em tempo hábil. Não por questão de técnica construtiva. Na China estão construindo edifícios em semanas e no passado, como gosto de lembrar, Brasília foi inaugurada em 3 anos e o Empire State Building foi construído em 451 dias. 
     Ter defendido o BRT me ajuda a fazer as ponderações que faço hoje. A implantação do VLT não trata apenas de seus vagões, mas envolve toda uma readequação geométrica das vias estruturais de Cuiabá e Várzea Grande, necessárias e urgentes. Há muito tempo se reclama pelo alargamento da Prainha, da FEB e da Fernando Correia, com uma nova ponte sobre o Coxipó e a construção de uma calha exclusiva para o transporte coletivo. Esses projetos integram o pacote do VLT assim como viadutos e trincheiras para solucionar interseções já em colapso. Temendo os problemas que hoje vivemos cheguei a propor em artigo um “plano C” desvinculando essas obras das do VLT, para serem tocadas em caso de problemas com o modal. Ainda bem que as interseções do Cristo-Rei, KM Zero e do Tijucal parecem não correr perigo, pois estariam separadas do VLT. Importante é torcer para que as decisões que serão tomadas agora pelas autoridades competentes não percam de vista a cidade como um todo, sua qualidade de vida e a grande oportunidade da Copa para a solução de alguns de seus maiores problemas. 
(Publicado excepcionalmente em 15/04/2012, quarta-feira, pelo Diário de Cuiabá)

domingo, 12 de agosto de 2012

O FIM DAS CIDADES BRASILEIRAS

Sinto o mesmo que ela, espanto e indignação, em termos do que está acontecendo com nossas cidades. Acrescentaria também tristeza. Além da tristeza, como categoria profissional de Arquitetos e Urbanistas, sinto-me também culpado por termos contribuído com nossa omissão para a situação chegar onde chegou. Salvo em algumas poucas cidades, os urbanistas estão excluídos da condução do processo urbano de um modo geral no país porque nós deixamos, e continuamos deixando que isso aconteça. Embora com um diagnóstico um pouco diferente do meu, o depoimento da grande professora Ermínia Maricato me acalma pessoalmente pois achava que minha decepção fosse apenas resultado de uma experiência técnica mal sucedida de quase 30 anos em nossa cidade. Cuiabá foi pioneira e também implantou um sistema municipal de desenvolvimento urbano, antes até da exigência constitucional ou do Estatuto da Cidade. Chegamos a ter um conselho, um órgão de planejamento urbano, um plano diretor de desenvolvimento urbano e fundo municipal para alimentar esse sistema. E tudo também virou fumaça.  Agora temos o CAU com a responsabilidade histórica de mudar essa situação no país, energizando-se com o entusiasmo das novas gerações de arquitetos e urbanistas, motivando e conduzindo a cidadania na retomada da cidade de fato para os seus habitantes. Para mim, a única saída e a grande esperança. 
Veja um pouco da entrevista abaixo:


Ermínia Maricato - Nossas cidades estão ficando inviáveisImprimir
Por Gilberto Maringoni- de São Paulo - em Desafios do Desenvolvimento (Revista do IPEA)

Foto: Raoni Maddalena


Ermínia Maricato exibe espanto e indignação com os rumos de nossas políticas urbanas, seu objeto de estudo e área de atuação há quatro décadas. “Para mim, o centro de tudo é a questão da justiça social”, diz ela. Ou seja, de como as metrópoles brasileiras precisam deixar de ser expressão da secular discriminação contra os mais pobres.
Ermínia Maricato, uma das mais importantes urbanistas brasileiras, concedeu a seguinte entrevista à Desafios do Desenvolvimento, em sua casa em São Paulo.

Desenvolvimento - A senhora tem dito em diversas oportunidades que as cidades brasileiras tornaram-se inviáveis. Por quê?

Ermínia - Porque uma parte da população não cabe mais na cidade. E não é uma parte pequena. Tem a ver com uma trombada entre a população pobre e as áreas ambientalmente frágeis. Eu tinha a esperança de que o Ministério das Cidades inauguraria uma nova fase da cultura sobre o desenvolvimento urbano no Brasil, lançando uma idéia um pouco mais elaborada de planejamento e gestão, rompendo essa caminhada atual rumo ao abismo. Eu sabia que não seria uma tarefa fácil.

Desenvolvimento - A senhora acredita não haver solução?

Ermínia - Penso que neste momento a política urbana saiu da agenda nacional. Ou construímos um espaço de debate e mobilização na sociedade civil independente do Estado, pois o Estado tem um poder de cooptação muito grande, ou o caos se tornará dominante.

Ler mais em:

sábado, 11 de agosto de 2012

NOVO SHOPPING EM CUIABÁ


Investimento de R$ 270 mi

Quarto empreendimento da Capital nasce focado nos públicos A, B e C. Centro será maior em lojas
MARIANNA PERES
Da Editoria

Cuiabá ganhará um novo shopping Center, o Royal, que começará a ser construído entre abril e maio de 2013 e com previsão de inaugurar a primeira etapa em setembro do ano seguinte. Cerca de R$ 270 milhões serão aplicados no projeto total que será erguido na Avenida Miguel Sutil, em um terreno que fica entre o Hipermercado Modelo e o Círculo Militar, à direita ao lado de uma concessionária de veículos, sentido Várzea Grande.

Em oferta de lojas, o Royal Shopping Center Cuiabá, será o maior entre os três já existentes na capital. Serão 270 lojas espalhadas por uma área construída de 130 mil metros quadrados (m²), oito lojas âncoras (principais), cinema, praça de alimentação, mix variado de oferta de produtos e serviços e dois subsolos de estacionamento com mais de mil vagas. Durante a execução das obras deverão ser gerados de 400 a 450 empregos diretos e após o funcionamento do centro de compras a estimativa é agregar cerca de 2,6 mil trabalhadores. 


Ler mais em http://www.diariodecuiaba.com.br/

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A DIMENSÃO REGIONAL DA CIDADE - ARAÇATUBA


O artigo abaixo de Luis Nassif reforça um aspecto da cidade que eu trabalho muito aqui em Cuiabá e Mato Grosso desde muito tempo. Muito bom, ainda que a proposta dele no artigo seja tímida. Em 1987 quando trabalhamos com Dante de Oliveira e um grupo de gente boa junto, foi proposta a criação de um órgão de planejamento urbano de Cuiabá que viria ser o hoje extinto IPDU, com uma diretoria de Funções Regionais, que não foi aceita (a diretoria). Até hoje alerto nos meus artigos e palestras sobre essa dimensão regional da cidade. Insisto na questão da ferrovia, por causa disto. Cuiabá pode perder o bonde da história. 

Como as cidades deverão planejar seu futuro
Coluna Econômica - 09/08/2012 - Luis Nassif

Recebo telefonema de um grupo de jovens empresários de Araçatuba, abrigados no CIESP (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e interessados na série que escrevi sobre o novo desenvolvimentismo e o papel do Estado.
Nos últimos anos consolidou-se a percepção de que Araçatuba pode ter perdido o bonde do desenvolvimento. Tradicional polo pecuário, com o tempo o preço da terra expulsou a pecuária para Mato Grosso, em seu lugar entrou a cana. Com ela, uma reviravolta na economia mais tradicional. Parte dos pecuaristas alocou terras para as usinas, passando a viver de mesada; parte entrou em novos negócios, especialmente o imobiliário.
Por razões variadas, a cidade estagnou. Ficou em 200 mil habitantes, e como polo de uma região de 400 mil.
O que fazer para recuperar a pujança?
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O episódio é importante para se lembrar alguns conceitos dos anos 90, muitos deles inspirados no modelo dos “clusters” da Itália.
O tiro de partida já foi dado – um grupo de empresários dispostos a discutir a vocação regional.
O segundo passo é o mapeamento das novas vocações. Nos últimos anos começou um polo moveleiro e um têxtil, ainda incipientes. Na região econômica de Araçatuba há o polo calçadista de Birigui – que, na grande crise de 1995, tornou-se modelo nacional de reação inovadora.
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É importante levantar as vantagens comparativas da região.
A principal delas é a logística. Araçatuba é passagem para toda a produção paulista que chega a Mato Grosso. É atravessada para Rodovia Rondon, duplicada, que a liga a Três Lagoas e Campo Grande. Tem ferrovia, um porto intermodal de grande porte e um aeroporto regional que movimenta 500 passageiros/dia.
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Depois, fatores que abrirão novas possibilidades.
Nos próximos anos a Petrobrás investirá R$ 500 milhões na região, em um alcoolduto e em um estaleiro que produzirá barcaças para o transporte de etanol pela hidrovia do Tietê.
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É aí que entram fatores pouco analisados pelos macroeconomistas: a capacidade de articular parcerias e se valer da estrutura de apoio que o país hoje dispõe – algo que seria impensável duas décadas atrás.
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Antecipo pontos da palestra que irei proferir na cidade na próxima semana e que vale para qualquer cidade média.
Ponto 1 – ampliar os grupos de discussão para a prefeitura e associações da cidade.
Ponto 2 - aproveitar o imenso know-how da Petrobras para pensar planejamento estratégico sobre as possibilidades abertas pelos novos investimentos. Inclusive para bancar uma consultoria que mapeie os novos negócios que poderão surgir, além das oportunidades geradas pela posição estratégica na logística.
Ponto 3 – parceria com o Movimento Empresarial pela Inovação para um conjunto de trabalhos junto aos novos empreendedores, orientando-os sobre como aproveitar as novas possibilidades. Envolver Fapesp e IPT nesse trabalho.
Ponto 4 – parceria da prefeitura com o Movimento Brasil Competitivo e com o Sebrae, para torná-la um agente ativo do empreendedorismo municipal.
Ponto 5 – a partir desse conjunto de estudos, a definição de uma carteira de projetos, montada com o apoio do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social). E um trabalho com empresários da região para assumirem projetos sozinhos ou consorciados.

E-mail: luisnassif@advivo.com.br

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

ESTUDANTES DE SÃO PAULO VISITAM ARENA PANTANAL

RepórterMT  - Atualizado em 07/08/2012 22h56

ARENA PANTANAL

Estudantes de Engenharia da Unesp visitam obras

Visita faz parte do Projeto Tô na Arena, desenvolvido pela Secopa

secom

O projeto “Tô na Arena” recebeu, na manhã desta terça-feira (07.08), em Cuiabá (MT), a visita de um grupo de 40 acadêmicos de Engenharia Civil da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp). Os universitários percorreram 1.100 km de Ilha Solteira, no noroeste paulista, até a capital mato-grossense para conhecer o canteiro de obras do novo Verdão e especialmente o conceito de sustentabilidade do estádio. 
 Leia mais em  http://reportermt.com.br/cotidiano/noticia/20853

terça-feira, 7 de agosto de 2012

QUE BELEZA!

José Antonio Lemos dos Santos


     À medida que vivemos a gente aprende que as coisas não são boas nem más, positivas ou negativas, nós é que as enxergamos assim ou assado, ou melhor e muito mais sério, nós é que as fazemos de um jeito ou de outro. Aliás, tudo o que existe é obra divina, maravilhosa de origem. A propósito, lembro a velha piada de dois meninos, um pessimista e outro otimista, diante de seus presentes de Natal. O pessimista acordou e viu ao lado de sua cama uma bicicleta espetacular, top de linha, toda equipada. Após algum momento começou a esbravejar contra o Papai Noel pelo presente, pois não havia gostado da cor, as de seus amigos eram mais bonitas e ademais não sabia ainda andar direito de bicicleta, iria cair, ficar todo ralado, quebrar um braço ou uma perna, ou os dois juntos, e, pior, se não aprendesse a andar aquela bicicleta iria virar um trambolho na casa, desperdício, um “elefante branco”. Já o otimista acordou e deu de cara com uma lata de estrume. De imediato saltou da cama, catou a lata e logo saiu correndo feliz gritando: “Ganhei um cavalo! Ganhei um cavalo!”. 
     Certamente que embalado na felicidade pela formatura de Patrícia, minha filha caçula, agora uma fisioterapeuta na família, este artigo é dedicado às tantas coisas boas que estão acontecendo em nossa terra. Nem vou lembrar que a prefeitura e a câmara municipal de Cuiabá mais uma vez perpetraram um espetáculo de truculência antidemocrática e de violência contra a República ao aprovar, na calada, a venda de áreas públicas, rapidinho, sem ninguém discutir o assunto, nem os vereadores e muito menos os moradores dos bairros prejudicados, todos absolutamente carentes de praças, áreas verdes e de lazer. O bom é que o Ministério Público, o parceiro da cidadania na reconquista da cidade, mais uma vez agiu e desta vez por iniciativa própria. Aguarda-se que agora a Justiça dê consequência à ação do MPE. 
     O desfile das coisas boas começa com o secretário Maurício Magalhães dando um show de seriedade e sobriedade na direção da Secopa, hoje talvez a mais importante responsabilidade estadual, conduzir a bom termo as obras da Copa do Pantanal. Não o conhecia, mas seu desempenho confirma as expectativas de que os cargos públicos executivos devem ter a condução de técnicos e não de políticos e que o governador Silval Barbosa acertou em cheio ao escolhê-lo. As obras estão fluindo sem exibicionismos pessoais, sem ciúmes politiqueiros ou puxação de tapetes, com o povo de um modo geral contente, de olhos brilhando na torcida a favor de que tudo dê certo para a cidade. Mesmo os tão temidos engarrafamentos previstos estão sendo contornados com boa vontade e agradável surpresa. Alguns chegam até a dizer que o trânsito melhorou, obrigados a buscar novos itinerários com o uso de velhas ruas antes ociosas, em um processo de revascularização viária forçada que parece estar dando bons resultados. 
     No embalo do desenvolvimento regional turbinado pela Copa, a cidade virou um canteiro de obras. Além das obras da Copa, hotéis, edifícios comerciais, torres e conjuntos residenciais, a fábrica de cimento no Aguaçu e empreendimentos individuais menores sacodem a economia local com recordes na geração de emprego e renda. Outro dia foi noticiado mais um grande shopping na cidade, inteirando três novos com o de Várzea Grande e o que está sendo triplicado no Goiabeira. Sem mais espaço no artigo, resta lembrar as eleições, que sempre são boas, pois trazem esperança. Às vésperas de seu tricentenário, Cuiabá vive o melhor momento de sua história e não pode perdê-lo. Ascendamos à altura da cidade, candidatos e eleitores, governantes e governados. 
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 07/08/2012)

sábado, 4 de agosto de 2012

VENDA DE ÁREAS PÚBLICAS (II)

Do OlharDireto ontem à tarde. Parabéns ao MPE, em especial ao promotor Carlos Eduardo Silva. Tomara que a Justiça  dê consequência em defesa do interesse público:


03/08/2012 - 17:14

Ministério Público investiga "venda" de terrenos públicos da Prefeitura


O Ministério Público Estadual (MPE) instaurou procedimento para apurar se a alienação de quatro imóveis do município de Cuiabá, autorizada pela Câmara Municipal de Cuiabá, nesta quarta-feira (01) atende ao interesse público. 

A ARENA DE MINHA JANELA

Veja como estão as obras da Arena Pantanal vistas de minha varanda hoje dia 4 de agosto de 2012:


Imagem: José Lemos

Dá para comparar com a situação 1 ano atrás:
Imagem: José Lemos

Veja como estava a 1 mês atrás:

Imagem: José Lemos


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

VENDA DE ÁREAS PÚBLICAS


A história se repete. O prefeito viajou... O vereador não leu ... Desta vez as áreas são no Bairro Alvorada, Cidade Alta, Jardim Vitória e Jardim Cuiabá, todos com problemas de ausência de praças e áreas verdes.

Do Olhar Direto:

02/08/2012 - 12:02

Câmara autoriza 'venda' de 30 mil metros quadrados de áreas públicas

A Câmara Municipal de Cuiabá aprovou na manhã de hoje a autorização para a alienação e venda de quatro terrenos da Prefeitura de Cuiabá que somados totalizam 32.123,8 metros quadrados. O projeto foi enviado em caráter de urgência pelo prefeito em exercício, Fernando Biral. Chico Galindo (PTB) está de férias no Chile.

Ver mais em:

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

BAÚ DE ARTIGOS


SÁBADO, 16 DE FEVEREIRO DE 1991

(Publicado pelo extinto Jornal do Dia)

A NOIVA DO SOL

José Antonio Lemos dos Santos

      Na letra do Hino de Mato Grosso quando D. Aquino fala em "terra noiva do sol" certamente ele se refere a Cuiabá, em especial às suas condições de convivência prazeirosa com elevadas temperaturas. Principalmente nos dias atuais em que o asfalto e o concreto avançam, ninguém desconhece os efeitos do calor intenso em que vive a cidade. Todos sofrem, reclamam dele, transforma-se até em assunto obrigatório para quando não se tem por onde começar uma conversa.
     Assim, pouca gente se lembra ou tem condições de perceber que nossa cidade é a Cidade Verde - ainda – pois a natureza, sempre sábia, ao mesmo tempo que nos abraçou com seu calor intenso, ofereceu como contrapartida um sítio urbano densamente drenado com córregos e inclusive dois rios, além de uma invejável cobertura vegetal. Essa contrapartida jamais pode ser esquecida, ou mesmo confundida com "mato", "lixo", como vulgarmente são tratadas as coisas destinadas a serem inexoravelmente imoladas à sanha de um tipo pervertido de progresso.
     Ao contrário, é essa "mixagem", essa mistura de calor com muito verde e muita água que produz aquela condição climática gostosa tão lindamente definida por Carmindo de Campos como um "calor sadio, às vezes melhor, bem melhor que o frio". Daí também a imagem genial da "noiva do sol", cujo vestuário natural lhe cobre de verde, ornado com fios de água corrente, brilhantes e cristalinos, traje mais que apropriado, indispensável, à uma convivência ensolarada saudável.
     Nestas últimas décadas nossa cidade revitalizou-se, voltou a crescer de forma intensa, envolvendo as duas margens do rio que lhe deu origem e com indicações seguras de que ainda antes do final da década estará abrigando seu milionésimo habitante. Esse processo nada mais é que a realização da vocação de uma cidade fincada no coração de um continente, encontro de caminhos, junto ao divisor das águas amazônicas e platinas. Estrategicamente localizada, não foi à toa que nossa gente ficou por aqui por séculos mesmo quando todas as condições lhes eram desfavoráveis.
     A cidade vai continuar crescendo, e é bom que seja assim. O que interessa e exige a intervenção do interesse público é a qualidade desse crescimento. O progresso da cidade tem que se dar a favor de seus cidadãos e não contra.
     É possível isso? É. Para tanto existem as técnicas do Planejamento Urbano e as Leis urbanísticas; para isso a Constituição instituiu o Plano Diretor e os Poderes Públicos são dotados de poder de polícia. Entretanto para que essas coisas funcionem é preciso uma indubitável decisão política no sentido do controle da cidade, em clima de colaboração civilizada e de mútua confiança democrática, envolvendo não apenas as autoridades executivas e legislativas, mas a comunidade como um todo.
     O que estamos fazendo, ou deixando que façam com nossos rios córregos e área verdes é um crime. As margens do Cuiabá estão sendo totalmente invadidas, e não mais por habitações, mas por atividades de comércio que muito bem podem ser desenvolvidas em outros lugares. Existem soluções viáveis não só para a Beira-Rio como também para nossos córregos, que podem se integrar à vida de uma cidade verdadeiramente moderna sem perder a naturalidade de seus leitos e margens, e, justamente por eles, funcionarem como equipamentos urbanos de lazer, de dissipação de calor ou ainda como eixos de grandes e necessárias vias estruturais circulares.
     A natureza deu para nossa cidade um clima especial e as condições naturais de adequação a ele. Cabe a nós decidirmos o que fazer delas, por ação ou omissão. Infelizmente, não seremos nós a pagar pela nossa eventual escolha errada ou tardia. Serão nossos filhos.

P.S. - Este texto é uma reverencia ao Morro da Luz, que, apesar de tudo, ainda pode continuar existindo como Parque, conforme define a Lei Municipal de Uso e Ocupação do Solo, de 1982.

(Artigo publicado pelo extinto Jornal do Dia em 16/02/1991 antes da desocupação da antiga feira do mercado do Peixe,  e da atual urbanização da Beira-Rio entre as pontes Nova e Velha, com a revegetação da margem do rio.)