"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



sábado, 25 de fevereiro de 2017

ACADÊMICOS DAS REBIMBELAS

MidiaNews

José Antonio Lemos dos Santos

     Foi estarrecedora a desdenhosa atenção dada pelos governo do estado e Federação Mato-grossense de Futebol pela realização do jogo São Paulo x PSTC do Paraná pela Copa do Brasil no próximo dia 1 de março na Arena Pantanal. Mesmo a Arena seduzindo por seu próprio poder atrativo sucessivos eventos de caráter nacional e internacional, o governo e Federação fazem sempre questão de chegar fora de hora alegando dificuldades ridículas, facilmente superáveis por qualquer administração minimamente interessada em um grande patrimônio público.
     O surpreendente PSTC ao passar para a segunda fase da Copa do Brasil, com mando de campo e tendo que enfrentar o poderoso São Paulo, escolheu de comum acordo com o adversário a Arena Pantanal como palco para seu importante jogo. Escolheu. Foi de graça. Não vi qualquer notícia de que alguém daqui tenha ido lá convidá-los. Ao contrário, o PSTC teve que enfrentar sua torcida e a pressão de cidades do Paraná como Londrina e Maringá para seus estádios serem escolhidos. Por que um jogo desses é tão disputado? Pela careca do Rogério Ceni?
     Um evento envolvendo cerca de 40 mil espectadores diretos e milhões via TV, não pode ser confundido com um simples jogo de futebol. Levado a sério e bem promovido rende muito dinheiro para as cidades em hotéis, restaurantes, postos de combustíveis, comércio em geral e os famosos ambulantes de material esportivo, de alimentação, souvenirs, etc. Essa é uma das razões da multifuncionalidade da Arena Pantanal, ainda não assimilada pelas suas autoridades responsáveis. Fora a divulgação positiva da cidade e do estado, também importante.
     A Arena Pantanal após receber com total êxito uma Copa do Mundo e ser escolhida pela crônica esportiva estrangeira como a mais funcional das arenas, chegou ao absurdo de ficar interditada por 1 ano e meio por ditos “problemas estruturais” que foram resolvidos pela bagatela de R$ 6,0 mil, envolvendo o conserto de dois rufos na cobertura e uma placa de fibrocimento na fachada, tendo sido liberada imediatamente após o jogo Brasil x Bolívia, eliminatório para a próxima Copa do Mundo ter sido transferido para Maceió. Depois a CBF propôs o jogo Brasil x Paraguai, também pelas eliminatórias, que também não veio.
     Pois bem, no fim da semana passada foi noticiada a intenção do jogo do São Paulo ser na Arena. Indagado sobre a possibilidade do jogo ser em Cuiabá a FMF respondeu que teria a resposta só na segunda-feira, estávamos na sexta. Na segunda-feira à noite veio a notícia de que a CBF havia vetado a Arena Pantanal por falta de um laudo do Corpo de Bombeiros, prometido pelo governo para até o dia do jogo, 15 dias depois. Brincadeira ou não! Um jogo como esse envolve uma série de preparativos logísticos, de adaptação, locais de treinamento e não pode ser mudado de uma hora para outra.  E se o laudo não saísse?
     E assim vai nossa Arena Pantanal, tão reverenciada internacionalmente, que recebeu uma Copa, mas não pode receber jogos nacionais, sendo agora trocada por um estádio com capacidade inferior a do charmoso Dutrinha, cujo muro caiu esta semana, talvez por excesso de zelo. Certamente algumas rebimbelas de parafuzetas devem estar atrapalhando nossas obras que nunca são concluídas embora muitas em pleno funcionamento faltando tão pouco para suas inaugurações definitivas. Rebimbelas federais, estaduais ou municipais, jurídicas, técnicas ou burocráticas. Rebimbelas prá todo lado atravancando tudo. Quisera ter a arte de um Gentil Bussik e dos saudosos Hélio Goiaba ou Moacir da Costa e Silva para compor uma marchinha sobre elas, satírica, crítica, dura mas bem-humorada, inteligente e elegante, como faziam para os velhos carnavais cuiabanos dos idos de 50/60.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

CIDADES E PEPINOS

Campo Novo do Parecis - midianews

José Antonio Lemos dos Santos

     Minha avó quando a gente era criança e precisava de um corretivo dizia para minha mãe: “Olha, é de menino que se torce o pepino”. Visitando o Google soube que esse conselho vem dos agricultores buscando conseguir a forma mais valiosa para o legume. É clara então a intenção carinhosa e cuidadosa da transposição dessa sabedoria popular para o desenvolvimento das crianças. Gosto de aplicá-lo também nas explicações sobre o desenvolvimento das cidades. As cidades também evoluem. Apesar de óbvio, muita gente pensa que nascem prontas e assim permanecerão para sempre, esquecendo que elas nascem, evoluem, podem estagnar ou até definhar, e morrerão um dia, como muitas já morreram.
     A calamidade que se abateu sobre Campo Novo do Parecis além de ter comprovado o espírito de solidariedade do mato-grossense, deve também motivar reflexões sobre a evolução urbana em Mato Grosso. Um estado com desenvolvimento acelerado tem muitas de suas cidades com ritmos extraordinários de crescimento que implicam em acompanhamento técnico sistemático, seja no quadro macro do estado, seja pontualmente no âmbito de cada município. Não conheço pessoalmente Campo Novo, mas preocupam sempre os sítios urbanos muito planos por suas dificuldades de drenagem, com é caso de algumas das belas cidades geradas pelo agronegócio, em regiões planas ótimas para a agricultura extensiva, mas exigentes em termos de urbanismo.
     O fato de serem muito novas ou não, não importa. Todas precisam de cuidados técnicos especializados para cuidar do presente e do futuro, preservando seus DNAs históricos. Há aqueles que dizem que as cidades mais velhas não têm mais jeito. Para estes cabe a pergunta, se fosse assim o que dizer de Londres, Amsterdã, por exemplo? E para as novas, dizem que não precisam pois são muito pequenas e já foram planejadas na origem. Para estes, o ensinamento do cultivo do pepino.
     De fato, a grande maioria das nossas cidades novas nasceu de processos de colonização e contou no mínimo com um traçado pensado com antecedência e, principalmente, com uma gestão da ocupação do solo urbano racional, o qual, ainda que com origem empresarial, deu a estas cidades uma cultura do controle urbano, das vantagens de se respeitar uma autoridade que cuide da cidade como um todo coerente e ordenado. Este para mim é maior patrimônio delas e que não pode ser perdido. Hoje elas são autônomas, em 2 ou 3 décadas cresceram tanto que já estão chegando nos limites daquele planejamento original e algumas até já ultrapassaram. Como resultado desse processo temos cidades magnificas, com elevados padrões urbanísticos e de qualidade de vida.
     O melhor e o pior é que além do grande dinamismo elas apresentam um potencial de crescimento futuro fantástico. O lado bom é que esse é o desejo da maioria das cidades. O lado ruim é o risco da recém conquistada autonomia leva-las de uma gestão empresarial bem sucedida aos braços da politicalha que domina o cenário urbano brasileiro e ao faroeste urbano. Até aqui, maravilha, todo mundo encontrou seu melhor lugar no sítio urbano pré-planejado, e temos cidades exemplares. E quanto ao futuro? Ultrapassados os limites do planejamento original, como garantir que estas cidades continuem belas, bem estruturadas e capazes de oferecer altas qualidades de vida?
     A resposta está no que as fez exitosas, o planejamento, um planejamento sistemático e contínuo, com estruturas técnicas permanentes capazes de segui-las dia a dia oferecendo alternativas técnicas de futuro e, sobretudo, criando uma cultura urbanística própria, conhecendo seus trejeitos e especificidades, pois as cidades são únicas, incomparáveis em suas potencialidades e em seus problemas.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Enchente em Campo Novo do Parecis



     Em muitos lugares de topografia muito plana isso acontece. Na década de 70 Porto Velho vivia um drama. Não sei como foi resolvido. Nosso colega professor Carpintero poderia explicar. Cáceres, Sinop eu vejo também com grande preocupação. São cidades tidas como planejadas mas que cresceram muito e estão no limite desse planejamento iniciai e a perspectiva é de crescer muito mais.. Por isso vejo como fundamental essas cidades criarem estruturas técnicas especializadas em urbanismo destinadas a planejar, acompanhar e gerenciar o crescimento delas de forma a minimizar esse grave problema. Acredito que evitar a expansão da zona urbana densificando a ocupação para diminuir a superfície de captação pluvial. Mas isso é trabalho técnico e de acompanhamento contínuo. Os custos da drenagem são altíssimos e de resultado duvidoso. Como mostra o vídeo, em Campo Novo acabou de ser feita uma obra dessas de 16,0 milhões e foi onde mais inundou. O CAU-MT tem uma política de orientação às prefeituras nesse sentido, nas eleições fez uma carta aos candidatos a prefeitos e vereadores e precisa seguir em frente.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

CASARÕES DE BOCAINA - SÃO PAULO

José Antonio Lemos dos Santos

Interessante vídeo recebido do torcedor cuiabanista Paulo Assumpção sobre a Arquitetura Éclética em sua cidade de Bocaina-SP.  Cáceres em Mato Grosso tem uma ama amostragem semelhante. Chegamos lá um dia.

youtube
Ver no link:
                                https://www.youtube.com/watch?v=o-K1UGxVLBY

sábado, 11 de fevereiro de 2017

A MAIS VIÁVEL DAS FERROVIAS


G1.globo.com

José Antonio Lemos dos Santos

     Este seria meu sétimo artigo com o mesmo título desde a década passada, mas desisti de numerá-los. A mais viável das ferrovias torna-se cada vez mais viável e ainda não está construída a dois anos do trigésimo aniversário de sua concessão pela União. Absurdo! Só não vê quem finge não ver. Enquanto isso todos perdemos ao longo das rodovias incompatíveis com a extraordinária capacidade mato-grossense de produção de cargas, de ida e de volta. 
     Boas notícias recentes sobre o assunto me levam a voltar a ele. Primeiro a reativação pública do importante Fórum Pró-Ferrovia, sob a coordenação de Francisco Vuolo, já com uma reunião (20/01) com o governador Pedro Taques assinando a “Carta de Mato Grosso – Ferrovias”, encaminhada no último dia 26 à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que se comprometeu a avaliar a extensão dos trilhos de Rondonópolis até Cuiabá, e sua continuidade até Sorriso. Cabe destacar que o governador na oportunidade teria vestido a camisa dessa importante continuidade ferroviária, outra desejada e alvissareira notícia, já que nenhum outro governo assumiu de verdade essa causa, depois de Dante de Oliveira. A terceira boa notícia é uma que se repete a cada ano, Mato Grosso, o estado campeão, bate de novo seu próprio recorde na produção agropecuária, consolidando-se como disparado o maior produtor agropecuário nacional e responsável pelos sucessivos saldos na balança comercial brasileira, sem o qual a péssima situação da economia nacional estaria pior ainda.

TvTaquari

     A má notícia é que voltamos a ouvir falar em avaliações, estudos de viabilidade, de traçados e etc. como se tudo estivesse começando agora. Em 2000 assisti pessoalmente à primeira audiência pública do traçado até Cuiabá. Foi no edifício Edgard Arze, presentes também o saudoso senador Vuolo e o atual secretário de Planejamento do estado Guilherme Muller. O traçado proposto pela Ferronorte até Cuiabá estava exposto em pranchas heliográficas no saguão do auditório. Foi tudo discutido e a única restrição oferecida foi que o traçado passava a 700 metros da Reserva Tereza Cristina, próximo, mas fora, rio abaixo. Embora não tenha visto nenhum índio presente, essa restrição acabou levando a um parecer desfavorável da FUNAI, ainda que a empresa aceitasse fazer um traçado mais afastado. De lá para cá foram muitos outros estudos de viabilidade, o último entregue em 2015 pela UFSC apontando a viabilidade e o melhor traçado para a chegada a Cuiabá, tudo pago e recebido pelo estado e também encaminhado à ANTT. Agora, volta a lenga-lenga. Podemos ser bobós, mas nem tanto.
     Na verdade não querem ligar o sul com o norte de Mato Grosso por que querem dividi-lo. Nem por ferrovia, nem por duplicação rodoviária. A trágica problemática logística serve de pretexto para poderosos grupos internos e externos brincarem de geopolítica. Os daqui querem mais cargos políticos. Os de fora dizem que Mato Grosso unido fica muito forte. Assim nos empurram goela abaixo que a FICO de 1200 km é mais prioritária do que a ligação de apenas 460 km entre Rondonópolis e Nova Mutum passando por Cuiabá, sem Himalaias, Xingus, Sapucaís ou Araguaias a vencer. A BR-163 é a espinha dorsal de Mato Grosso e o traçado original da Ferronorte ligando Cuiabá à Santarém ou Miritituba e Porto-Velho consolida essa espinha preservando o poderoso estado unido de Mato Grosso. Querem criar duas economias, a do norte ligada a Goiás, ao invés de se integrá-la à do sul verticalizando a economia com o gás boliviano e a ZPE de Cáceres. Enquanto isso, a economia perde, o meio ambiente é sacrificado e o povo mato-grossense chora o trabalho desperdiçado nas estradas, seus mortos e mutilados.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

REAL FORTE PRÍNCIPE

RondôniaClassificados

Para quem não conhece ou já se esqueceu, uma das joias da arquitetura protuguesa esquecida em plena Amazônia. Era Mato-Grosso quando foi construído. Hoje é Rondônia, fica bem aí. Se fosse na Europa já teríamos visitado. Confira no link abaixo, matéria da TV portuguesa:

https://www.youtube.com/watch?v=ykC7eOwAJwE

sábado, 4 de fevereiro de 2017

O PALÁCIO DOS ESPORTES II

Foto: José Lemos

José Antonio Lemos dos Santos

     Nestas duas semanas desde meu primeiro artigo sobre o assunto o estado tem-se manifestado sobre o futuro da Arena Pantanal, vultoso e premiado investimento do povo mato-grossense, impossível de ser relegado ao ostracismo por nossas autoridades. Como um abacaxi que tem que ser descascado, foi alvissareira a chegada do ex-prefeito Wilson Santos como secretário da Secretaria das Cidades (Secid) para fazê-lo, responsabilizando-se diretamente pela conclusão dos incríveis 2% finais da grandiosa obra, bem com a nomeação do ex-vereador Leonardo de Oliveira como secretário-adjunto de Esportes da Secretaria de Educação, Esportes e Lazer (Seduc).
     O novo secretário da Secid, chegou entusiasmado com a hercúlea tarefa de concluir a Arena, e, ademais, concluir o VLT, que era então o caso de solução mais difícil ou impossível, mas, como boa surpresa, em poucos dias já teria sido equacionado pelo secretário. Em contrapartida foi desalentador ver também no mesmo espaço de tempo o tão entusiasmado secretário se assustar com a “forte banca de advogados” da construtora declarando-se disposto a passar a Arena para a Seduc. Os benditos 2% finais da Arena seguem encalacrados nas bizarras e intermináveis “judicializações”. Político e administrador experiente, atleta militante, amante do futebol mato-grossense, sempre destemido nos embates de interesse público, teria o galinho amarelado, ele que nunca foi de amarelar? Não creio. Ele nunca entra para perder.
     Essa passagem entre órgãos até que seria bem-vinda diante da recente proposta da Seduc da “Arena da Educação”, em princípio muito semelhante à do “Palácio dos Esportes” descrita no artigo anterior. Mas teria que ser após a Secid concluir a obra, evitando solução de continuidade no desenvolvimento de seus projetos.
     Pelo pouco que veio a público da proposta da Seduc, dá para ver que tem um bom partido, porém poderia ser mais ambiciosa e abrangente, permitindo a Mato Grosso apresentar ao Brasil uma solução corajosa, sustentável e socialmente adequada para sua Arena, o que não aconteceu com nenhuma de suas coirmãs. Teria que ir mais fundo e transformar a Arena Pantanal na plataforma catalizadora de um amplo programa estadual multifinalitário, como ela própria, de longo prazo tendo como foco o desenvolvimento dos esportes, mas com objetivos ampliados de forte impacto positivo na Educação, Saúde, Segurança, Turismo e Lazer, gerando ainda saudáveis perspectivas de emprego e renda para a juventude. Trabalhando em um complexo integrado pelo Aecim Tocantis, COT’s, Dutrinha revitalizado, mini-estádios, e outros equipamentos esportivos em todo estado, a Arena Pantanal, mantendo a prioridade para o futebol, abriria seus espaços internos para abrigar os esportes de usos compatíveis tais como tênis de mesa, boxe, taekendo, xadrex, ginástica olímpica, Karatê, Judô, museu do esporte, ambientes para os clubes profissionais de futebol, futebol americano, rugbi contarem suas histórias, exporem e venderem seus produtos e ingressos, salas de aula, recepção para turistas, sedes de ligas e federações esportivas, etc. tudo em concessões e cobrança de taxas de uso e manutenção com alguma complementação do estado como investimento, não como subsídio.
     Enfim, a Arena Pantanal pode estar a um passo de ser viabilizada como num produtivo polo irradiador de vida saudável não só para Cuiabá, mas para todo o estado através do esporte. Só a partir de objetivos públicos bem definidos a serem cobrados, não antes, pode-se então avaliar sua privatização ou não. Mas é preciso visão e coragem compatíveis com o tamanho físico e inovador da Arena Pantanal, predicados que aparentam sobram em nossos atuais jovens governantes.