"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 24 de agosto de 2010

RSPONSABILIDADE DA INFRAERO

RESPONSABILIDADE DA INFRAERO

José Anonio Lemos dos Santos


Ao contrário do que sugere o caso, mesmo pilhada em surpreendente e quase que irrecuperável atraso na preparação do Aeroporto Marechal Rondon para a Copa de 2014, a INFRAERO é uma das empresas aeroportuárias de maior competência técnica no mundo, como atestam diversos aeroportos por este Brasil a fora. Mesmo aqui em Cuiabá na virada do século a empresa deu um show de competência ao desenvolver o atual projeto – de obras iniciadas e não concluídas - acompanhado de um plano diretor – abandonado inexplicavelmente - que já previa para 2010 as ampliações hoje necessárias, ainda que sem as demandas de uma Copa do Mundo, inimaginável naquela época. Acompanhei este processo como secretário-executivo do finado Aglomerado Urbano, que fez o papel de articulação com os diversos órgãos dos municípios e do estado, bem como com os representantes do trade turístico na coleta de subsídios ao projeto. Sob a presidência do saudoso cuiabano Orlando Boni, a INFRAERO trouxe o renomado arquiteto Sérgio Parada especializado em aeroportos – com projeto até na China e em tempo hábil os planos e projetos ficaram prontos e as obras iniciadas. Até que foram paralisadas e nunca mais retomadas. Prontos os módulos “A” e “C” do antigo projeto, no lugar do bloco “B” perdura um tapume e a vergonha dos mato-grossenses a cada visitante que chega.
O problema que hoje ameaça a Copa do Pantanal não é técnico, mas de política da empresa. Para alguns aeroportos todo o carinho e consideração, para outros nada. E para um problema político só uma solução política, como já começa a ser promovida a muitas mãos pelo interesse concreto de setores governamentais e da sociedade civil organizada, inclusive com uma reunião com o governador ontem. Falam em caravana à Brasília para levar o assunto ao Ministro da Defesa e até mesmo ao presidente da República. De meu restrito ponto de vista entendo ser o tempo muito curto para circunlóquios e salamaleques: até por dever de lealdade, o assunto deve ser levado urgente e diretamente ao presidente Lula, sabotado em seu projeto da Copa, o principal traído no caso do Aeroporto Marechal Rondon. Caberia ao presidente chamar a INFRAERO e o ministro da Defesa, se assim entender.
Dentre as perspectivas operacionais surgidas nesse ambiente de indignação e pressa, gosto da lembrança do Exército para execução das obras, como alternativa de ganhar o tempo da licitação das obras. Nessa linha lembro que tratando-se de ampliação da estação inacabada, os direitos autorais asseguram ao autor do projeto original a execução do projeto de ampliação, evitando assim os prazos de licitação para novo projeto. São chances de redução de cronograma nada desprezíveis em se considerando um prazo de dois anos e meio para o aeroporto ficar em condições de atender dignamente a realização da Copa do Pantanal.
Já a alternativa de transferência das obras para a AGECOPA me parece problemática. Até porque a AGECOPA vem superando as expectativas em relação às suas obrigações iniciais, nas quais deve continuar concentrada, resguardando-se para a imensidão de desafios que ainda virão. Esta discussão pode se enredar em questões jurídico-administrativas intermináveis só para ver se a transferência é ou não viável, envolvendo até a atual discussão sobre a privatização de aeroportos. E aí, fim. Mesmo com o prazo curto, ainda dá e a solução é o presidente Lula em sua confiança de que os brasileiros não são idiotas, mas capazes de mostrar ao mundo que podem fazer uma Copa do Mundo. A responsabilidade e a obrigação são da INFRAERO e ela tem que resolver a situação perante os mato-grossenses, os brasileiros e o presidente Lula. Ela pode e fará, se quiser ou lhe for determinado.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

INFRAERO, a diferença

Infraero, a diferença
José Antonio Lemos dos Santos

A reunião do Fórum Estadual de Turismo com a INFRAERO no último dia 10 poderá no futuro ser conhecida como a mais importante de todas as realizadas na preparação da Copa do Pantanal. A INFRAERO não trouxe as esperadas boas notícias e justamente pelo que deveria ter mostrado e não mostrou, acabou confirmando uma situação absurda já aventada em artigos anteriores: fora os galpões provisórios, até agora a INFRAERO não preparou nada objetivamente para o aeroporto Marechal Rondon. Ainda que péssima, melhor que se conheça a realidade a tempo de se tomar as providências necessárias à colocação do Marechal Rondon em condições operacionais dignas em 2014.
A Copa de 2014 é um projeto nacional liderado pelo presidente Lula que disse outro dia à FIFA, em alto e bom som, que o Brasil mostrará ao mundo que é capaz de realizar uma Copa, ainda que tenha que trabalhar dia e noite, sábado e domingo, em quantos turnos forem necessários. Os atrasados que se virem, pois o presidente vai cobrar. Cuiabá é uma das sedes da Copa e é fundamental nesse grande projeto, quer alguns queiram ou não. Será um fiasco global alguma falha na Copa, ainda mais por irresponsabilidade de uma estatal federal, ligada ao presidente. Nem ele, nem o Brasil, nem Mato Grosso merecem.
Recordo o site da INFRAERO em 21 de maio de 2009, mais de ano atrás e dez dias antes da escolha das sedes, noticiando que a “previsão para o reinício das obras, já descontados os prazos das licitações das mesmas, é outubro de 2010 e término em maio de 2012. Replanejamos a retomada das obras respeitando todos os prazos médios que realmente ocorrem em outras obras. O novo aeroporto de Goiânia estará pronto dois anos antes do primeiro jogo da Copa do Mundo aqui em Goiânia, caso a cidade seja mesmo sede de jogos”, segundo palavras do presidente da empresa na época em reunião no dia anterior com a Federação das Indústrias de Goiás, cujos dirigentes elogiaram a “rapidez” do presidente da empresa. Mas isso foi em Goiânia.
Já no último dia 13, o site da empresa trata de nova reunião em Goiânia na qual são confirmados os prazos da reunião de 2009, com o reinício das obras do aeroporto em outubro de 2010. E acrescenta que a obra do terminal de lá terá duas etapas: a “primeira, com conclusão prevista para 2012, contemplará além de todo o sistema de pátio e pistas, o Terminal de Passageiros, com capacidade para 2,4 milhões de passageiros/ano, dotado de quatro pontes de embarque e 11 posições para aeronaves comerciais. Já a segunda fase, com conclusão prevista para 2014, ampliará a capacidade de atendimento a passageiros do Terminal para 3,7 milhões/ano. O Terminal passará a contar com oito pontes de embarque e capacidade para atender até 17 aeronaves comerciais simultaneamente. Esta estrutura atenderá à demanda prevista até o ano de 2020.”
Quanta diferença! A reunião do último dia 10 em Cuiabá, sequer foi noticiada pelo site da empresa. Para uma demanda de 4,0 milhões de passageiros em 2014 a INFRAERO imagina o principal aeroporto de Mato Grosso com uma capacidade de 2,3 milhões, ainda sem projeto. Essa estrutura não atenderá nem a demanda do ano que vem. Para uma idéia, agora em julho o Marechal Rondon recebeu 208.200 passageiros. Anualizado dá cerca de 2,1 milhões de passageiros. Quanta diferença no tratamento a dois aeroportos iguais em movimento. Imaginem se Cuiabá não fosse escolhida pela FIFA. Incompetência? Este assunto merece continuidade e aprofundamento da apreciação do Ministério Público Federal e deve ser levado urgentemente ao próprio presidente Lula, traído em sua confiança junto com Mato Grosso e Cuiabá.


(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 17/08/2010)


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Comitê Pró-Aeroporto

Comitê Pró-Aeroporto
José Antonio Lemos dos Santos


Animado com as vitórias do último domingo do Mixto, Vila Aurora e Luverdense em suas séries do Campeonato Nacional, retorno ao problema do aeroporto Marechal Rondon, tanto como gargalo logístico para um dos estados de maior desenvolvimento no país, como pelos riscos que representa ao compromisso nacional com a Copa do Mundo de 2014. Volto ao assunto para saudar algumas boas notícias, em especial a proposta de criação do Comitê Pró-Aeroporto, por iniciativa do trade turístico local, capitaneado pelos sindicatos das empresas de turismo, dos agentes de viagens e do ramo hoteleiro de Mato Grosso. Na semana passada o grupo realizou uma reunião na INFRAERO em Brasília buscando informações sobre a real situação dos planos para o aeroporto, e ficou programada com a INFRAERO uma exposição do que existe (ou não) de planejado na reunião do Fórum Estadual de Turismo deste mês.
Não creio no desenvolvimento pleno de qualquer cidade sem que a cidadania assuma a condição de seu verdadeiro dono, correndo atrás da solução de seus problemas e do correto aproveitamento de suas potencialidades. Não vivemos mais a época de esperar por EL-Rey, mas de sacudi-lo no conforto de seu trono, cobrando o cumprimento de suas obrigações públicas. Um belo exemplo do setor do turismo. Que o Comitê Pró-Aeroporto se consolide como aglutinador de todos os vetores interessados e responsáveis no assunto, com acompanhamento cotidiano e marcação cerrada sobre a INFRAERO, tomando as providências que se fizerem necessárias, recorrendo até ao presidente da república se necessário, com o único interesse de construir e solucionar o grave problema que ameaça a Copa do Pantanal. O Marechal Rondon não é mais apenas o principal aeroporto de Mato Grosso. Com a Copa de 2014, é também o saguão de entrada de uma das doze sedes do mega-evento, cidades que têm o privilégio e a responsabilidade de representar bem o Brasil, recebendo muito bem os turistas internacionais. Como irão fazer, Cuiabá também. Este Fórum ajudará o Aeroporto Marechal Rondon deixar a atual situação de risco, e passar à referência nacional de monitoramento das obras da Copa, tal como já acontece com o Verdão.
Outra boa notícia foi que a reunião da semana passada com a INFRAERO em Brasília contou com a participação dos senadores Jaime Campos e Serys Slhessarenko, esta inclusive levando o assunto ao plenário do Senado. Mas faltaram o outro senador e todos os deputados federais. Todos convidados, todos faltaram. Por certo, no momento estavam atrás do nosso voto. O engajamento da bancada federal de Mato Grosso é básico para forçar a queda “da ficha” da INFRAERO em relação ao aeroporto de Cuiabá ainda em tempo de se resolver a situação de forma digna, como Mato Grosso e o Brasil merecem. Não bastam mais “puxadinhos” ou galpões apressados. Medida do pouco caso com que a INFRAERO trata Mato Grosso é que a importante reunião da semana passa sequer foi noticiada no site da empresa. Nem ao menos como um release em sua seção destinada à imprensa. Isso apesar da participação de dois senadores da república, fato que não deve ser tão corriqueiro assim, mesmo em uma empresa do porte da INFRAERO.
O problema não pode ser subestimado, principalmente devido à falta de tempo. Mas ainda dá. Dá sim. Com a AGECOPA, é fundamental a soma de todas as forças em ações concretas, como começou a ser feito. Por enquanto, a INFRAERO nos oferece galpões enfeitados com capacidade de atendimento anual de 2,3 milhões de passageiros, conforme informa em seu site oficial. Isso é o movimento do ano que vem. Será, no máximo a metade da demanda de 2014. Um absurdo cujas explicações precisam ser cobradas. Um absurdo que precisa ser corrigido já!
Publicado pelo Diáriode Cuiabá em 10/08/2010

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

INFRAERO e Copa do Pantanal

INFRAERO e Copa do Pantanal
José Antonio Lemos dos Santos

Principal aeroporto de Mato Grosso, o Marechal Rondon reflete o extraordinário desenvolvimento do estado, o incremento significativo no número de seus negócios, em sua renda per-capita e no poder aquisitivo de sua população. Conforme dados da INFRAERO, em 2003 o movimento anual era de 629.290 passageiros e em 2010 atingiu 963.026 passageiros, só no primeiro semestre! Um movimento três vezes maior em apenas sete anos! Em fevereiro ultrapassou o de Goiânia. E sem Copa.
Por isso no começo da década estava em construção uma nova estação de passageiros para atender 1 milhão de passageiros/ano, dentro de um plano diretor para o aeroporto no qual constava ainda a construção de uma outra estação para 2010 ou 2015, já prevendo o movimento que vivemos hoje, do outro lado da pista de pouso, com frente para a avenida 31 de Março, duplicada na época com um faixa de terreno cedida pela própria INFRAERO. Por problemas que já deviam ter sido resolvidos há muito tempo, a obra parou pela metade e o plano esquecido. Hoje, a 10 anos da paralisação vivemos uma situação vergonhosa, com um aeroporto “meia-boca”, capaz de atender 500 mil passageiros/ano, mas com um movimento real de 2 milhões! Deplorável!
Fazendo uma perspectiva com dados do site da INFRAERO chega-se a um movimento de 3,85 milhões de passageiros/ano para o Aeroporto Marechal Rondon em 2014, ano da realização da Copa do Pantanal. Isso com uma média histórica de crescimento de 18,5% a.a aferida entre 2003 e 2009, sem os dados de 2010 que beiram a 30%! Assim, arredondando por baixo, 4 milhões de passageiros para 2014. E sem a Copa.
Mas para um dimensionamento correto para 2014 este quadro mínimo de 4 milhões de passageiros deve ser acrescido da demanda específica da Copa e seus efeitos pré e pós. O bom atendimento dessa demanda deve ser a preocupação atual e é o que a CBF e a FIFA vão cobrar. Porém é alarmante o que a INFRAERO anunciou. A INFRAERO informa em seu site que os “trabalhos de revitalização têm início previsto para janeiro de 2012, conclusão prevista em julho de 2013 e aumentarão a capacidade operacional do aeroporto para 2,3 milhões de passageiros/ano”. Alguma coisa está mal explicada. Essa será a demanda no ano que vem. Se este ano de 2010 o movimento atinge 2 milhões de passageiros, como esperar que em 2014, com a Copa do Mundo, seja apenas de 2,3 milhões? Isso deve ser esclarecido de imediato, senão faltará tempo para consertar.
Outro ponto importante é que não haverá um novo aeroporto definitivo por ocasião da Copa do Pantanal, mas um conjunto de “módulos operacionais de passageiros” (MOP) que no fundo são galpões “turbinados” que a própria INFRAERO define como uma solução “para atender a demandas específicas”. Isto é, são instalações provisórias, que depois de usadas são levadas para outro lugar. Esta solução parece inevitável pois o desleixo chegou ao ponto de não haver mais prazo normal para licitações, projeto e execução de um aeroporto digno de Mato Grosso, como os que a INFRAERO faz tão bem em todos os lugares. Que ao menos esses “módulos” sejam da melhor qualidade possível, dimensionados para 2014 e não para o ano que vem. Um aeroporto tão subdimensionado como se anuncia inviabilizará a Copa do Pantanal.
Aeroporto é prioridade máxima para a CBF e a AGECOPA deve continuar colada à INFRAERO, local e nacional, arregimentando a bancada federal e entidades civis representativas para cobrar e ajudar a empresa a colocar em reais condições operacionais o Aeroporto Marechal Rondon em 2014. Brasília foi inaugurada em três anos e o Empire State em 451 dias! Ainda é possível, principalmente para brasileiros que, como lembrou o presidente Lula, não são idiotas. 
(Publicado no Diário de Cuiabá em 03/08/2010)