"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



domingo, 31 de dezembro de 2017

INESQUECÍVEL, MAS ESQUECIDO.


Veja no link abaixo a imagem indolor e de graça gravada em 360º e a cores, de um dos momentos mais importantes da história de Cuiabá. Copie e cole, vale a pena:   http://360photos.fifa.com/#!startscene=chi_aus




quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

NATAL, PÉROLAS E PORCOS

CristianismoConsciente
José Antonio Lemos dos Santos

     Não se trata da Família Pig do desenho na TV, e sim de nós mesmos, ditos humanos, cidadãos. As coisas em si são boas e belas, pérolas para benefício da Humanidade, mas caídas em mãos humanas é preciso sorte para que não virem lama. Parece que confundimos o barro bíblico que nos modelou com a lama fétida dos chiqueiros e por isso também busquemos a lama para nosso destino enquanto espécie, levando junto tudo o que tocamos. Temos uma notável atração pela porcaria.
     É difícil em pleno Natal iniciar um texto assim, em especial para quem às vezes é criticado justamente por ser otimista e esperançoso, condições aliás indispensáveis ao arquiteto e urbanista. Contudo, pensando bem, ao contrário do que parece, não existe ocasião mais propícia. O Natal ensina que a origem e destino do homem são divinos e não porcos, lembrando a chegada de Deus feito homem para nos ensinar a grande lição, o homem é filho de Deus, obra divina, criado para o bem, para o belo e para o justo. A cada Natal renasce essa esperança do reencontro com o divino e a certeza de ser esse o caminho.
      Enquanto isso, todos vimos o que foi feito da “Casa de Bem Bem”. Uma pérola da cultura mato-grossense, uma joia a ser conservada e reverenciada com carinho. Nada mais compatível aos porcos do que destelhar a casa em pleno período de chuva e parar a obra! Na certa a taipa socada exposta à chuva daria uma boa lama em pleno centro histórico de Cuiabá, área tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional por sua importância nacional.  E não adianta jogar a culpa nas porcas autoridades responsáveis. Tal crime só aconteceu porque somos complacentes com a porcaria deixando que ela avance em seu chafurdar Expresso minha indignação na rede social, escrevo um artigo, desopilo o fígado e fica por isso mesmo. Logo os porcos nos indignarão de novo. Se a cada avanço da porcaria tivéssemos uma reação de fato contundente e objetiva ela não avançaria. Nossa leniência também nos faz porcos, ao menos cumplices da porcaria que assola Cuiabá, e o país.
     Também assistimos complacentes ao absurdo da profusão dos cabos desativados pendurados nos postes da cidade. A porcaria é também aérea. Falam que a prefeitura não pode fazer nada porque não existe lei que obrigue as concessionárias a retirar os cabos obsoletos. Elas que já deviam ter rebaixado a fiação em muitas áreas da cidade agora querem usar nossa paisagem como lixeira. A mesma lei que proíbe o cidadão deixar seu lixo nos logradouros públicos não serve para elas? Presente do Tricentenário? Esperam que algum motoqueiro seja degolado por um desses fios atravessados pelas ruas? Depois virão as lágrimas de crocodilo pela vítima e as promessas de “providências  enérgicas” para que o fato não se repita, lágrimas falsas que o bom português traduz como “de hoje para trás, nunca mais.”  E fica tudo assim.
     Todos sabemos da podriqueira que virou nossa tão sonhada democracia, com os políticos chafurdando felizes às nossas custas. Às vésperas do Natal as câmaras de Cuiabá e Várzea Grande criaram o 13º salário para os vereadores. Falam que é legal mesmo afrontando a Moralidade, um dos princípios da administração pública no país. Pode? E o que fizeram com a Copa, a maior oportunidade de investimentos jamais vista por Cuiabá? Um retrato disso é o novo desbarrancamento da cabeceira da Ponte do São Gonçalo trajeto que se tornou indispensável a boa parte dos cuiabanos. Desculpem-me os porcos, hoje suínos, limpos, por compará-los aos que insistem em querer ser porcos, apesar de sua origem divina. Viva a esperança do Natal do Deus menino!

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

POLO DA VERTICALIZAÇÃO

Imagem Jornalggn
José Antonio Lemos dos Santos

     A proposta de Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado para a Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá (PDDI/RMVC) em apreciação pelo Conselho de Desenvolvimento Metropolitano (CODEM), predestina-se a ser uma guinada positiva na curva do protagonismo da Baixada Cuiabana no desenvolvimento de Mato Grosso. A proposta elaborada pelo prestigioso Instituto Brasileiro de Administração Municipal (IBAM) merece atenção aprofundada não só das prefeituras e câmaras de vereadores envolvidas como também dos diversos segmentos organizados da sociedade civil desses municípios que poderão se ver como um time regional, irmãos de águas lutando em conjunto por interesses comuns.
     Tratando-se de um plano de desenvolvimento é evidente que “desenvolvimento” é sua palavra-chave, ainda que desgastada por tanto uso. Desenvolvimento nada mais é do que o contrário de envolvimento, daí des-envolvimento. Simples assim, fugindo ao “tecnocratês” desenvolver é tirar o envoltório ou desembrulhar. Desenvolver uma região é desamarrar, soltar suas potencialidades para que evoluam em plenitude visando a melhoria da qualidade de vida da população. Situado no exato centro do continente sul-americano, com localização estratégica em termos do estado, país e continente, e cerca de um terço da população estadual, o Vale do Rio Cuiabá é um pacote de potencialidades que vão desde o turismo, até sua vocação de grande encontro continental de caminhos, passando pela prestação de serviços político-administrativos, de comércio, saúde, educação, cultura e assistência técnica, que já lhe rendem o maior PIB de Mato Grosso.
     O substancial documento apresentado ao CODEM, quando trata do desenvolvimento econômico o faz através do Programa Economia Regional Dinamizadora desdobrado em componentes denominados Desenvolvimento de Cadeias Produtivas e Redes de Serviços; Alimentando a Metrópole e Plataforma Metropolitana de Logística Integrada, acertados porém muito restritos aos limites da própria região. Como sabemos uma metrópole é um lugar central produtor de bens e serviços voltados a uma região que lhe dá origem e sentido, que no caso da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá (RMVC) é muito ampla superando os limites do estado. Esta hinterlândia abriga uma das regiões mais produtivas do planeta em termos de agricultura e pecuária avançadas, mas que ainda sobrevive da exportação de matérias primas sem praticamente qualquer agregação de valor. Agregar valor à produção estadual é um dos maiores senão o maior problema do estado e este é também o maior dos espaços para desenvolvimento da nossa região metropolitana.
     Complementando a importante proposta da Plataforma Metropolitana de Logística Integrada, o PDDI/RMVC poderia contemplar como um componente específico de seu Programa Economia Regional Dinamizadora um corajoso projeto de estruturação da região como polo de verticalização da economia estadual com parques locais especializados, aproveitando tratar-se da principal economia de aglomeração do estado, com farta disponibilidade de mão de obra e estrutura de capacitação profissional, energia, ampla rede hoteleira, bancária e de prestação de serviços diversos. Assim, a par dos beneficiamentos que a produção primária possa ter próximas às suas bases, a RMVC se consolidaria como um polo de produção mais exigente de mão de obra e de complementariedade técnico-industrial, com o boi sendo transformado em sapatos e bolsas, o algodão virando roupas e a soja, girassol e madeira ampliando suas gamas de possibilidades industriais no estado.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

ARQUITETOS, VOOS E FERROVIAS

Imagem AgoraMT
José Antonio Lemos dos Santos

     A quantas anda o voo Cuiabá–Santa Cruz? Antes pergunto, o que tem a ver arquiteto questionando sobre ferrovias, aeroportos ou rodovias? A proximidade do Dia do Arquiteto, dia 15 de dezembro, é boa para tentar esclarecer o que faz e pode fazer o profissional arquiteto e urbanista, atribuições não muito claras ao público em geral. O longo período de permanência no sistema Confea/Crea, sufocada entre mais de uma centena de especializações da engenharia, talvez explique um pouco esse quadro de desinformação sobre tão importante profissão. É certo que a criação ainda recente de um conselho próprio, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo, o CAU, será um divisor de águas e os profissionais arquitetos e urbanistas voltarão a ter o prestígio social que nunca deveriam ter perdido.
     Afinal, qual a função do arquiteto urbanista? A Arquitetura surgiu junto com o homem em função do atendimento de sua necessidade vital que é o abrigo. A espécie humana não nasceu com sua casinha nas costas como o caracol, ou com habilidade natural para fazê-la, ou para fazer seus habitats coletivos como os formigueiros. Sem abrigo o homem morre. Então a Arquitetura surge com a função de trabalhar o espaço transformando-o em abrigo, que deve ser funcional, seguro, belo e antes de tudo digno. Só que o espaço é contínuo e infinito cabendo ao arquiteto trabalhar desde o espaço interior de uma residência, à própria residência, aos edifícios para diversos fins, aos bairros onde eles estão inseridos, à cidade (a grande casa), indo até ao planejamento regional, dentro da concepção atual holística e globalizada que coloca o planeta como a nossa verdadeira grande casa.
     Na amplitude do espaço contínuo e interconectado o arquiteto e urbanista não pode prescindir da simbiose com outros profissionais especializados em suas respectivas áreas como os diversos ramos da engenharia, sociologia, geografia, biologia e a economia, citando só algumas das parcerias indispensáveis à Arquitetura e ao Urbanismo. No planejamento regional, um dos focos são as redes urbanas configuradoras do espaço de uma região, mas que são configuradas pelos fluxos de informações, mercadorias, capitais, pessoas, etc. Tais fluxos definem as redes urbanas, suas centralidades espaciais e hierarquias funcionais, numa abordagem realmente complexa cuja compreensão não prescinde da interação técnica multiprofissional.
     Trabalhando em diversos programas de desenvolvimento no antigo Minter, na hoje revivida Sudeco, na Comissão de Divisão do Estado de 1977 e no próprio governo do estado, pude constatar na prática a importância dos diversos modais de transporte para o desenvolvimento de uma região e de sua rede de cidades, não só como infraestrutura econômica, mas como base de condições para a melhoria dos padrões de vida de seus habitantes. A definição do trajeto de uma rodovia ou ferrovia cria e desenvolve cidades, mas pode também definhá-las e até matá-las. Cabe ao arquiteto e urbanista envolvido no assunto informar a população sobre as potencialidades e riscos. No caso de Cuiabá sua principal vocação é ser um grande encontro continental de caminhos. Daí a pergunta inicial. A quantas anda o voo Cuiabá – Santa Cruz? Com viabilidade comprovada no interesse de uma das maiores empresas aéreas nacionais, com o Marechal Rondon em condições e autorização do governo boliviano desde agosto passado, o que está faltando? Será necessária a iniciativa de algum outro município, como aconteceu com a proposta de extensão da ferrovia até Nova Mutum e assim passar por Cuiabá?

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

A NOTÍCIA DO ANO

revistagloborural
José Antonio Lemos dos Santos

     A ótima notícia para fechar o ano veio de Nova Mutum para Mato Grosso inteiro e, em especial para Cuiabá, Várzea Grande e toda a Baixada Cuiabana com o fórum “Ferrovia e Integração de Modais”, promovido pelo prefeito daquela cidade, Adriano Pivetta. Insisto na questão da ferrovia em Mato Grosso, por tratar-se de assunto vital não só para o agronegócio em si, mas para todos os diversos segmentos de desenvolvimento do estado. Apesar de sua importância a notícia não foi recebida com o destaque merecido. A meu ver era digna de fogos de artifício, banda de música nas praças e um amplo desdobramento em articulações das classes políticas e empresariais de Mato Grosso, em especial em Cuiabá, Várzea Grande, repito. Afinal a ferrovia não é só para levar a produção, mas também para trazer o desenvolvimento.
     Qual a novidade nesse fórum, similar a tantos outros sobre o assunto? A diferença foi as presenças dos presidentes do BNDES e da empresa Rumo, proprietária da ferrovia que chega até Rondonópolis, e do governador do estado, todos eles defendendo a extensão dos trilhos de Rondonópolis até Nova Mutum, para daí seguir aos portos amazônicos e do Pacífico, ou para Goiás. Todos entusiasmados na expectativa do primeiro passo, a expansão dos trilhos de Rondonópolis à Cuiabá. Existiam 3 alternativas divergentes de traçado que se inviabilizavam, pondo em risco até a integridade territorial do estado. Enfim, com a solução mais viável, o fórum trouxe de volta o bom senso aos trilhos.
     Nunca é demais lembrar os prejuízos que a absurda defasagem da atual logística de transportes vem causando a Mato Grosso, o maior produtor agropecuário do Brasil e uma das regiões mais produtivas do planeta. Tais prejuízos apenas começam pela economia com perda de competitividade dos produtos nos diversos mercados nacionais e internacionais. Perda de competitividade pelo alto custo do frete, que implica na supervalorização dos insumos, vazamentos e acidentes com cargas, falta de armazenamento e outras situações que resultam em redução na remuneração do heroico produtor pelo seu trabalho, que em outras condições poderia como agente econômico familiar estar consumindo mais no próprio comércio local de bens e serviços, movimentando toda a cadeia econômica atrelada ao agronegócio.
     A absurda defasagem logística significa também enormes perdas ambientais pela grande produção de gases tóxicos pelos motores das carretas em números irracionais. Pior do que tudo isso é a descabida exposição do mato-grossense ao risco de vida na utilização da atual malha rodoviária seja em viagem de trabalho, turismo ou em busca de serviços médicos e educacionais. Desnecessário maiores comentários sobre o quadro trágico resultante pois cada um de nós tem pelo menos um parente ou amigo vítima de algum acidente rodoviário. Em 2014 ocorreram 4.460 acidentes nas rodovias federais em Mato Grosso, com 283 mortes, mais que a tragédia da boate Kiss que nos faz chorar até hoje a morte de 242 jovens no Rio Grande do Sul. Em um ano! Fora os que morrem depois, ou ficam com sequelas maiores ou menores.
     Toda a gravidade econômica, ambiental e social não é compatível com o pouco caso com que essa importante notícia foi recebida e reverberada pelas lideranças políticas e empresariais de Cuiabá e Várzea Grande principalmente. Sinceramente já esperava esse desinteresse por parte das autoridades e lideranças políticas locais. Para estes, uma ferrovia para Marte talvez despertasse maior interesse. Mas era de se esperar muito mais das lideranças comunitárias e empresariais, em especial destas. Que não fosse pelos grãos perdidos, mas pelas vidas ceifadas.



segunda-feira, 27 de novembro de 2017

OS TRILHOS DO BOM SENSO

ferroviablogspot.com

José Antonio Lemos dos Santos
     No dia 23 de novembro passado durante o fórum “Ferrovia e Integração dos Modais” em Nova Mutum foi defendida a extensão da ferrovia de Rondonópolis até Nova Mutum, passando por Cuiabá, que já devia ser realidade a muito tempo. No evento estiveram presentes autoridades de peso no assunto como o governador do estado e os presidentes do BNDES, e da companhia ferroviária e de logística brasileira (Rumo). Todos entusiasmados. O prefeito de Nova Mutum, Adriano Pivetta, promotor do evento, é claro, esteve presente, porém foi inquietante a ausência dos prefeitos de Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis, eles que deveriam estar entre os maiores interessados.
     Enfim um passo concreto no sentido da extensão da ferrovia em Mato Grosso, ela que parou em Rondonópolis, a meu ver por excesso de ambições regionais divergentes que acabaram se inviabilizando uma à outra. Um grupo queria e ainda quer a ferrovia partindo de Sinop para os portos amazônicos, outro queria e ainda quer levar de Lucas para os litorais do Pacífico e do Atlântico, outro levar de Água Boa para Curuçá no Pará, cada um puxando a sardinha para seus interesses locais, sem ver o estado como um todo. Ora, se não há recursos para viabilizar uma só dessas alternativas, quanto mais para três? O único ponto convergente entre essas propostas era a interrupção dos trilhos em Rondonópolis excluindo Cuiabá e Várzea Grande da malha ferroviária brasileira como forma de enfraquecer o maior polo urbano do estado, forçando a criação de condições geopolíticas favoráveis a uma futura nova divisão territorial de Mato Grosso.
     E assim, os trilhos ficaram parados em Rondonópolis, com o produtor, a economia e o meio ambiente perdendo, e vidas sequeladas ou ceifadas por uma logística defasada com a produção mato-grossense. Diante de um quadro dramático como este como insistir no abandono de uma possível ligação de 460 Km em ambiente já totalmente antropizado, sem xingus, araguaias ou Himalaias a vencer, entre Nova Mutum e o maior terminal ferroviário da América Latina em Rondonópolis? As alternativas são entre 1.000 e 1.500 km em ambientes carentes de maiores estudos sobre impactâncias ambientais ou indígenas. Como insistir?  Enfim o bom senso parece estar chegando aos trilhos.
     Por certo a chegada dos trilhos a Nova Mutum não será a solução definitiva para a logística estadual, pois Mato Grosso é um estado centro-continental com potencial para produzir várias vezes o que já produz e sempre demandará novos caminhos em todas as direções e em todos os modais. Outra vantagem da priorização dessa ligação é que ela não é incompatível ou excludente com quaisquer das propostas em discussão. Chegando os trilhos a Nova Mutum de imediato poderão prosseguir para Lucas, Sinop e os portos amazônicos. Ou virar a Oeste para Porto Velho, o porto do Madeira e os do Pacífico, ou virar a Leste para Goiás passando por Água Boa e sua bifurcação para o futuro porto de Espadarte no Pará.
     Mato Grosso vai precisar de muitos caminhos para levar sua produção e trazer o desenvolvimento para sua gente trabalhadora que não merece continuar nesse sofrimento apesar de tão produtiva para o Brasil. A tão prometida linha aérea para a Bolívia, por exemplo, a quantas anda? Importante que este processo resgatado pelo governador Pedro Taques e trazido a público pelo fórum promovido pelo prefeito Adriano Pivetta, incorpore também as lideranças empresariais, comunitárias e políticas rondonopolitanas e do Mato Grosso platino, em especial, de Cuiabá e Várzea Grande. Mas, de todo jeito, é muito bom ver nossos trilhos voltarem a seguir as trilhas do bom senso.

domingo, 26 de novembro de 2017

HORA DE CONSTRUIR

José Antonio Lemos dos Santos


     Passadas as eleições e definidos os últimos recursos pendentes, é hora de voltar a trabalhar pela construção efetiva do CAU no Brasil e em Mato Grosso. Viva! Vamos lá minha gente!

terça-feira, 21 de novembro de 2017

REPÚBLICA, SIDNEY E BRUNA VIOLA

ImagemTribunaOnLine

José Antonio Lemos dos Santos
     Ia escrever sobre nossa finada República na passagem de mais um aniversário de sua proclamação a 15 de novembro. Torci para que nesse dia acontecesse algum sinal de saudade cidadã pela falecida, de lamento pelo seu passamento e desse choro surgisse algum brado pela sua reproclamação, agora forte e renovada, ela que sempre se mostrou fraca, mero joguete nas mãos dos poderosos. Mas nada. República, “res-publica”, coisa pública, interesse do povo, bem comum, nada mais distante das atenções de nossa pátria atual onde cada autoridade vive pensando em si, em seu patrimônio, em seu grupo ou quadrilha. Triste, mas em vez de algum lamento ou brado, apenas o silêncio passivo e resignado do gado nos bretes. Enfim, morreu a mais antirrepublicana das repúblicas, e parece que sem deixar saudades. Morreu assim como viveu, desconhecida e, como tal, ninguém chorou ou gargalhou pelo seu desaparecimento. República Porcina, a que foi sem nunca ter sido. 
     Fugindo ao baixo astral, busquei no noticiário temas positivos que ainda existem, mesmo que raros, sufocados por alguma espécie de fascínio especial que as notícias ruins ou dirigidas exercem sobre as mídias. Encontrei a sensacional conquista do Grammy Latino pela conterrânea Bruna Viola no dia 16 em Las Vegas, Estados Unidos. A conquista da cuiabaninha tem algo de especial para os cuiabanos e mato-grossenses pelo apego que demonstra por suas raízes, falando alto que é mato-grossense, contando com orgulho sua história e trazendo gravado em sua viola favorita a bandeira de Mato Grosso para todo mundo ver. E foi buscar na tradicional viola de 10 cordas, meio marginalizada no chamado sertanejo chic ou universitário, e no modão de viola as fontes de sua arte. Toca demais seu instrumento, é muito bonita, tem ótima dinâmica de palco, muita empatia com o público em seus shows e ainda por cima, canta muito, exímia nos rebuscamentos, floreios e revolteios, que a viola permite, levando a alegria com cheiro de terra, autêntica. Além de sua arte encantadora, o Grammy da Bruna Viola é mais um prêmio dado por ela aos seus conterrâneos.
     Já o dia 17 passado trouxe a notícia de mais um terrível sequestro em Cuiabá, solucionado no dia seguinte com o estouro do cativeiro, liberação da pessoa sequestrada e prisão dos bandidos, graças a competência, dedicação e arrojo das Polícias Civil e Militar de Mato Grosso, ainda que enfrentando dificuldades de todos os tipos e que são do conhecimento e indignação públicos. Esta notícia, má em princípio, traz em seu desfecho a atuação vitoriosa dos policiais envolvidos no caso arriscando suas vidas para o cumprimento da missão. E traz também a comprovação da existência de pessoas, ou grupos de pessoas dentro de segmentos profissionais, como no caso destes policiais, para os quais o foco ainda é o bem comum, pelo qual arriscam a vida cotidianamente sem medir consequências pessoais ou familiares. Em especial o policial Sidney Ribeiro dos Santos, o herói representativo de todo o heroísmo de sua corporação em defesa do maior bem comum de qualquer República, a vida de um cidadão.
       Durante a operação houve troca de tiros e o policial Sidney recebeu um tiro no rosto estando ainda em estado muito grave no momento em que escrevo. Todos que admiraram sua bravura concreta e desprendimento, torcem hoje e oram pelo seu restabelecimento pleno. Em ações como as de Sidney e seus companheiros, em gestos como o da Bruna com sua bandeirinha de Mato Grosso na viola ainda pode ser vislumbrada a esperança de que um dia uma nova República seja proclamada, agora de baixo para cima, verdadeira e forte porque criada e cuidada pelo povo, razão e sentido de sua existência.


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

JOAQUIM MURTINHO

Foto MidiaNews/Alair Ribeiro

José Antonio Lemos dos Santos   
     “Quem morre em Cuiabá, morre para sempre”, mais ou menos assim se referiu Estevão de Mendonça à peculiaridade cuiabana de esquecer seus vultos, os quais além de morrerem de corpo morriam pelo esquecimento. E ainda morrem. Mais que morto, o finado é esquecido na memória de seus conterrâneos, “mortinho da silva”. Confirmando o pai de Rubens de Mendonça, a prefeitura de Cuiabá emplacou um retumbante “Joaquim Mortinho” na sinalização oficial da rua que homenageia o grande estadista brasileiro Joaquim Murtinho. O erro foi reconhecido e a placa corrigida, não sem antes deixar registrada em fotos e redes sociais as digitais de nossa atual ignorância histórico-cultural que aumenta assustadoramente a cada dia. Logo a terra de Dom Aquino.
     No próximo 7 de dezembro caberia uma homenagem mais digna ao grande cuiabano nascido nesse dia em 1848. Um desagravo talvez. Foi engenheiro civil e médico homeopata, professor da Escola Politécnica, Deputado Federal, Senador, Ministro da Viação e da Fazenda. Para Rubens de Mendonça, foi o maior estadista e financista brasileiro da primeira república. Muitos só o conhecem em nome de escolas ou ruas, aqui(?), no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campo Grande, ou como nome de cidades em Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Seu prestígio era tal que uma vez Dom Pedro II, Imperador do Brasil, um dos governantes brasileiros mais cultos, assistindo a uma palestra dele sobre homeopatia quis questioná-lo, recebendo a sugestão de que quando "tivesse ímpetos de assistir a uma defesa de tese que Sua Majestade não entenda, deixe-se ficar em casa e leia uma página de Spencer".
     Mudaram os tempos e mudaram muito as relações de respeito entre a autoridade política e a autoridade técnica. Hoje qualquer político ou preposto de quinto escalão ou menos acha que pode ignorar o especialista propondo ele próprio sobre questões técnicas que não entende, como na questão urbana. Imagine se não fossemos uma República e ainda tivéssemos imperadores. Felizmente, ainda existem os bons técnicos, como Murtinho, convictos da importância de sua responsabilidade técnica e social.
     Pioneiro da homeopatia no Brasil foi, porém, como Ministro da Fazenda que Murtinho ficou na história. Lembro Joelmir Betting em artigo de 1984 na Folha de São Paulo: “O saneamento da moeda nacional começou com a presença mágica do ministro Joaquim Murtinho (a partir de 1899). Murtinho só não é apostila nas escolas de economia do mundo ocidental porque nasceu no Brasil, teorizou no Brasil, e não em algum reduto da aristocracia acadêmica nos dois lados do Atlântico Norte.”
     Diz mais: “Mal empossado no cargo de chanceler do Tesouro, que ele chamava de “monarca dos entulhos”, Joaquim Murtinho disparou um vigoroso “pacote” econômico, politicamente atrevido: a palavra de ordem era a de acabar, em rito sumário, com a especulação financeira do setor bancário”, e segue, “Murtinho entendia que o Brasil da virada do século não podia tolerar uma economia meramente escritural, era preciso promover o refluxo da poupança nacional do mercado de papéis e de divisas para o mercado de produtos e de serviços.” A inflação foi quase a zero gerando o “pânico bancário” de 1900, com o sistema financeiro “experimentando uma quebradeira em cascata”, diz Betting.
     Aprendi com meu pai, que foi bancário orgulhoso em sê-lo, a reconhecer o valor dos bancos, mas, amargando seus juros, portas giratórias, e o número crescente de taxas exorbitantes, concluo esta homenagem ainda com Betting: “O “czar” Murtinho lavou as mãos enluvadas: que se quebrem todas as casas bancárias, desde que se salvem todas as fábricas, empórios e fazendas...”. Dá para esquecer?

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

DIA MUNDIAL DO URBANISMO

Bandeira do Urbanismo
José Antonio Lemos dos Santos
     A cidade constitui a maior, a mais complexa e bem-sucedida das invenções do homem. Surgida há 5 mil anos, com ela veio a civilização que acelera a evolução humana. De lá para cá o mundo foi se urbanizando e a partir de 2008 já é mais urbano que rural.
     Com a Revolução Industrial a cidade viveu sua maior inflexão até os dias atuais. Até então ela não fora questionada, mesmo tendo enfrentado enormes crises em seu desenvolvimento. Com a industrialização, a urbanização acelera e as cidades se desequilibram gravemente, exigindo controle e intervenções em suas evoluções. Surge então a ciência do Urbanismo, que evolui e supera a etapa do urbanismo modernista da Carta de Atenas, passa pelas experiências pós-modernistas e chega à revolução da eletrônica, da internet e da globalização, com os desafios da compatibilidade ambiental, da inclusão e da busca pelas cidades inteligentes, verdes e sustentáveis.
     De extrema complexidade, a cidade é comparável a um organismo vivo em dimensões imensas, que vão das pequenas vilas até as megalópoles ou às megarregiões urbanas, chegando às centenas de quilômetros quadrados com dezenas de milhões de habitantes. A cidade é um enorme recipiente, articulado regional e globalmente, onde acontecem as relações urbanas em toda sua múltipla diversidade. Sua função é permitir que tais relações aconteçam da melhor forma com sustentabilidade, conforto, segurança e, sobretudo, justiça. Ajudá-las no cumprimento desta função é o objetivo do Urbanismo.
     Em evolução contínua, o Urbanismo reflete a complexidade de seu objeto de trabalho e abrange os diversos campos de conhecimento que a cidade envolve. O urbanista não pode ser um especialista, mas um generalista voltado a entender o organismo urbano com um todo. Não se pode tratar os problemas da cidade sem antes tratar da cidade com problemas. O urbanista precisa saber um pouco de tudo para enxergar o todo, e, em especial, saber que esse conhecimento, embora indispensável, é nada sem a companhia das diversas especializações técnicas nas múltiplas facetas da cidade e da problemática urbana.
     Como me lembrou o colega Altair Medeiros, e como comemoro em artigos quase todos os anos, 8 de novembro é o Dia Mundial do Urbanismo, criado em 1949 para uma reflexão global sobre o assunto. As cidades de novo vivem uma inflexão profunda diante da revolução dos satélites, das fibras óticas e da internet que acena com perspectivas inimagináveis desconstruindo conceitos fundamentais como tempo, espaço e distância, agora na realidade fantástica do ciberespaço, mas ainda atolada no drama da iminência do colapso com a água, lixo, mobilidade, poluição, energia, emprego, fome, moradia e segurança. Mesmo com tantas perspectivas extraordinárias, o problema maior do século XXI são as cidades. E as cidades falhando, explode a civilização.
     Inaceitável que no Brasil o Urbanismo e o urbanista sejam tão desconsiderados. Como podem existir cidades sem órgãos técnicos especializados que a estudem contínua e sistematicamente, mostrando à cidadania opções para suas perspectivas de desenvolvimento? Ainda mais nestes tempos de grave crise urbana geral refletida por exemplo em sua mobilidade. A ausência do Urbanismo asfixia as cidades brasileiras que estressam, mutilam e matam. Mas ainda são os locais da diversidade e da inovação. A criação em 2010 do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) e a Resolução 51/13 são esperanças. Crise é risco e oportunidade. Junto à possibilidade da tragédia está a chance da reinvenção urbana em busca de cidades mais justas, seguras, sustentáveis e humanas. E da própria reinvenção do homem.

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

MARAVILHAS EM RISCO (2)

Campo Novo do Parecis (MidaNews)

José Antonio Lemos dos Santos
     O presente é o futuro que chegou rápido, passou depressinha e virou passado. Ainda me lembro lá por 77 ou 78 em um banco à frente a de um hotel de madeira em Sinop ainda embrionária, conversando com o saudoso dr. Fernando Sarmento, ele então técnico da Funasa e eu da Sudeco. Flamenguista doente, enquanto ouvia um jogo de seu time entre os chiados de um Transglobe, já falava da iminência da febre amarela silvestre chegar às cidades brasileiras. Pois, não é? Ela está aí.
     Se 4 décadas passam rápido para um jovem sessentão como eu, imagina para as cidades, que a princípio nascem eternas embora haja tantas “cidades-fantasma” pelo mundo. Aqui em Mato Grosso não as conheço. Sei de algumas estagnadas vivendo um momento de reinserção na lógica produtiva da rede urbana mato-grossense. Muito ao contrário, a rede urbana do estado vem bombando com a explosão produtiva do agronegócio e toda sua cadeia produtiva, desde o serviço médico de alta especialização na capital até os fardos enrolados de algodão nos campos à espera do transporte. Voltamos neste artigo às belas cidades originárias do agronegócio que temo possam não repetir o mesmo bem sucedido desempenho destes seus primeiros aproximadamente 40 anos de existência em termos de padrões urbanísticos e de qualidade de vida.
Sinop (HiperNotícias)
     No artigo anterior lembrei o óbvio de que as cidades não nascem “no pé”, elas são uma invenção do homem e, portanto, objetos técnicos construídos cotidianamente pelos seus moradores. Precisam de um plano para chegarem a um conjunto harmônico. Justamente por terem o planejamento inicial das colonizadoras, ainda que comercial, as nossas maravilhas tiveram um grande diferencial favorável. Nasceram bem-nascidas. Mas os planos sempre têm um horizonte de durabilidade, por isso precisam ser contínuos para que esse horizonte siga sempre avançando mantendo a validade do planejamento. Nossas maravilhas estão no limite do que foi planejado por seus idealizadores e, com o gerenciamento técnico das colonizadoras sendo substituído pelo gerenciamento político, as estruturas técnicas de planejamento e controle originais não mais existem para dar continuidade ao sucesso alcançado. Elas agora crescem ao sabor da política e é preciso voltar a pensar tecnicamente o futuro das cidades, como os pioneiros fizeram.
Campo alagado (DeOlhoNoTempo)

     Cidades com histórico de desenvolvimento acelerado e alto potencial para seguir nesse mesmo ritmo ou maior, não podem esperar 10 anos para rever seus Planos Diretores de Desenvolvimento Urbano, prazo máximo determinado pelo Estatuto da Cidade. Elas têm que ser planejadas, monitoradas e avaliadas a cada dia, em busca da cidade sustentável, compacta, densa e diversificada preconizada pelo urbanismo contemporâneo. 10 anos podem ser uma eternidade irreversível para elas. O espraiamento urbano tem que ser evitado, sob pena das gerações futuras arcarem com elevados custos operacionais per capita por conta de onerosas e subutilizadas redes de água, energia, pavimentação, transporte, coleta de lixo, etc. em especial nas cidades em sítios planos. Estas, com seus problemas de escoamento de águas e esgotamento sanitário que precisam ser equacionados desde já, devem evitar a ampliação das áreas urbanas e a consequente ampliação das bacias de drenagem usando instrumentos como os da edificação compulsória, IPTU progressivo e até a verticalização. Adensar evitando vazios intersticiais, parece ser um objetivo valioso a ser resgatado dos colonizadores. Basta dar uma olhada no Google Earth para observar loteamentos, condomínios e até ocupações irregulares a quilômetros dos centros históricos. O exemplo dos pioneiros deve ser seguido, agora urbanisticamente, pensando a cidade daqui a 40 anos. Passa rapidinho.
(Publicado em 06/11/17 pela FolhaMax, em 07/11/17 pelo Diário de Cuiabá, Midianews, PáginaDoEnock, ArquiteturaEscrita,....)



terça-feira, 24 de outubro de 2017

MARAVILHAS EM RISCO

Lucas do Rio Verde 2014 (JopiPetengill/Secom-MT)
José Antonio Lemos dos Santos
     Mato Grosso é rico em belas atrações naturais ou construídas pelo homem. Dentre estas estão as cidades geradas pelo agronegócio, novas cidades reconhecidas nacional e internacionalmente por sua organização urbanística, elevados padrões de vida e IDHs permitidos com certeza por suas rendas per capita bem superiores à média nacional decorrentes de seus altos níveis de produção em alta tecnologia. Semana passada estive em Sinop e Sorriso onde pude observar seus sucessos. Intencionalmente voltei de ônibus pinga-pinga para aproveitar e rever essa região que não via há muito tempo.
     Ainda espero um dia parar com mais tempo para apreciar cada uma delas em todo esse chamado “nortão”. Acompanho esse desenvolvimento à distância, mas com muito interesse, não só por ser mato-grossense, como também por dever de ofício como arquiteto e urbanista, observando esse imenso laboratório de desenvolvimento urbano. Como profissional, tive a sorte de trabalhar nos projetos do CPA em Cuiabá e depois em Brasília na antiga Superintendência de Desenvolvimento do Centro Oeste (SUDECO) e logo após no antigo Ministério do Interior (MINTER), envolvido nas áreas urbanas e regionais dos programas de desenvolvimento da época tais como PRODEPAN, POLAMAZONIA, POLONOROESTE, PROMAT e PROSUL, elaborando projetos, acompanhado suas execuções e avaliando os resultados para as novas cidades que começavam a surgir. Algumas surgiram depois e ainda nem as conheço.
Sinop 2017 (Foto José Lemos)

     Hoje estão bonitas e são motivos de justo orgulho para Mato Grosso. Então, qual o problema? Tento explicar. As cidades são como organismos vivos que nascem e crescem. Só que não “dão no pé” como uma goiaba. Elas são construídas cotidianamente por seus cidadãos e por isso precisam ter uma ordem, um plano ou projeto. Se não, viram bagunça e o caos urbanístico. As cidades que tratamos aqui tiveram esse bom início já que em sua maioria vieram de projetos de colonização e cada qual teve seu planejamento, ainda que comercial. Mais que isso, foram construídas sob rígido controle das empresas de colonização, evitando o espraiamento e otimizando os custos da infraestrutura lançada e a lançar. Assim, as cidades nasceram ordenadas espacialmente e, logo os bons resultados começam ser vistos pelos habitantes produzindo uma cultura de respeito urbanístico e de cuidados urbanos. A cultura dos imigrantes formadores de suas populações também foi componente considerável na formação e consolidação dessa cultura cidadã.
     Qual o problema então? A preocupação é que todo planejamento de uma cidade tem um horizonte, em geral de 20 a 30 anos ao fim do qual ele se esgota. Por isso hoje os planos são entendidos como processos contínuos com acompanhamento da evolução da cidade passo a passo. As cidades transformam-se a cada dia, em especial cidades com alto potencial de desenvolvimento e os planos dos colonizadores estão esgotados após 40 anos de elaborados. Mais do que quaisquer outras, estas cidades precisam já estar projetando daqui a 20 ou 30 anos, antecipando o futuro como fizeram seus colonizadores. A ameaça a estas maravilhas está na passagem da bem sucedida gestão empresarial para a gestão pública ligada à política, hoje tão questionada no Brasil. Além do dinamismo extremo e das imensas perspectivas de futuro, as terras planas tão favoráveis à agricultura não são tão adequadas ao urbanismo, exigindo cuidados especiais na expansão das zonas urbanas. Sinais preocupantes foram a inundação em Campo Novo e a denúncia de suborno de um vereador na ampliação de um loteamento em Primavera do Leste. Que estas nossas maravilhas possam continuar maravilhosas.
(Publicado em 24/10/2017 pelo Diário de Cuiabá, Midianews, Folhamax, Página d o Enock, Blog do Lúcio Sorge,  ...)

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

MONUMENTOS ILUMINADOS



 José Antonio Lemos dos Santos

     No Dia das Crianças estive na Arena Pantanal com meu filho e netos de Brasília. A Arena estava com sua máscara solar iluminada como deveria estar todas as noites. Ainda que a iluminação estivesse com algumas falhas estava maravilhosa como uma nave extraterrestre pousada em solo cuiabano. Lembrou aquele contato imediato de primeiro grau imaginado por Spielberg em seu filme da década de 70. Meu filho ficou impressionado com o número de pessoas presentes e, inclusive temeroso quanto a possibilidade de um acidente com tanta gente trotando, correndo, andando de skate, patins, bicicletas e quadriciclos em comboios com famílias inteiras felizes, distantes da tradicional e nociva combinação de tv, sofá, pipoca, pizza, cerveja e refrigerante dos lanches de domingos e feriados, que vão nos matando aos poucos.

circuitoMT

     A iluminação de monumentos urbanos é uma prática comum na maioria das cidades do mundo. Destacados com a iluminação não só afagam o ego dos locais como propiciam pontos de encontro agradáveis, e são capazes inclusive de atrair turistas gerando empregos formais e informais, renda e cultura para a população local. Assim são tratados edifícios significativos, estátuas, fontes, obeliscos embelezando e encantando os moradores e visitantes. Sei que alguns contestarão de pronto argumentando que nós precisamos é de hospitais, cadeias, tratamento de esgoto, acabar o aedes aegypti, etc. Penso, entretanto que só trataremos corretamente as mazelas do passado numa perspectiva positiva de construção do futuro. Se ajoelharmos para consertar erros do passado, ficamos de costas para o futuro e não cuidamos nem do passado nem do futuro. Como vem acontecendo. Apesar das tentativas de alguns governantes, dirigir pelo retrovisor nunca dá certo.


     E temos alguns belos exemplos em Cuiabá mesmo, as igrejas do Rosário, do Bom Despacho e Santuário da Auxiliadora quando iluminadas encantam a todos, aos daqui e aos turistas. E como ficou fascinante a igreja do São Gonçalo, no Porto, com o seu Redentor de 3,6 metros recém iluminado a 40 metros de altura. Teria ainda os mastros da Praça da Bandeira, a torre da TVCA e não me lembro de outro. Mas poderiam existir. Um deles é a Ponte Sérgio Mota. É um crime que ela não seja iluminada feericamente. Trata-se de uma edificação monumental de grande beleza e riqueza técnica, pioneira no Brasil nesse tipo de tecnologia. Um cartão postal da cidade desprezado, a nossa Hercílio Luz abandonada. Uns dizem que está assim só porque foi outro que fez.
     Aos que questionam a prioridade de equipamentos que permitem à população a fruição do belo, atividades esportivas e de lazer, gosto de perguntar se têm a ideia de quanto é poupado por ano ao sistema público de saúde pelos bonitos parques urbanos de Cuiabá, inclusive a Arena com sua praça, trazendo satisfação e alegria, que também significam saúde. E à segurança pública também pois a juventude passa ter outras alternativas que não as drogas e a violência para o exibicionismo juvenil, tão naturais nessa faixa etária.
     Outros exemplos que poderiam ser destacados na paisagem cuiabana seriam o obelisco da Praça do Porto, uma homenagem de Corumbá nos 50 anos de sua retomada pelos cuiabanos. O obelisco do Centro Geodésico marcando o centro do continente, o Palácio da Instrucção, o Palácio Alencastro e a catedral metropolitana depois de reformados, o antigo Grande Hotel, a igreja da Boa Morte e Senhor dos Passos e os velhos casarões em restauração pelo IPHAN. Não poderia esquecer o monumento deixado na cidade pela FIFA, uma grande bola  lembrando a Copa 2014 que teve Cuiabá como uma de suas invejadas sedes. Talvez o Tricentenário os ilumine, a eles a aos nossos mandatários.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

REFORMA E LISTAS OCULTAS

tribunadainternet.com.br
José Antonio Lemos dos Santos
     Enfim a montanha pariu! Não se esperava mais que um rato. Até evito dizer o que veio à luz em respeito à instituição Congresso Nacional. Fora o deboche dos políticos com o povo brasileiro, só mexeram naquilo que lhes interessava. Primeiro, assegurar a grana para esbanjarem em suas campanhas, pois nem mesmo o maior dos caras de pau defenderia após a operação Lava-Jato a continuidade do financiamento através das grandes empresas. Também aumentaram o poder dos grandes partidos e de seus caciques criando entraves ou mesmo inviabilizando os pequenos partidos. Alguma iniciativa que viesse aumentar a representatividade e a moralidade políticas como a nação inteira esperava de uma verdadeira “mãe de todas as reformas”?
     No fundo ninguém acreditava que eles fossem acabar com a cadeira do esdrúxulo “senador biônico” cuja existência era execrada e sua extinção prometida durante  das campanhas pela redemocratização do país, promessa esquecida tão logo aboletados no poder. Ninguém esperava que fossem mexer com a questão dos suplentes de senadores, os senadores sem votos que hoje ocupam cerca de 20% das cadeiras do Senado. Nem mexer com a absurda possibilidade de membros dos legislativos pedirem licença para a composição de ministérios ou secretariados nos executivos, uma forma explícita de dominação de um poder por outro. Como estas, ninguém acreditava em alguma mexida substancial com objetivo republicano.
     Nem buscaram uma forma de cumprir a decisão da própria Justiça Eleitoral estabelecendo ser do partido a cadeira conquistada nas eleições proporcionais. Quem trocar de partido no mandato, perde a cadeira em respeito aos votos dos eleitores. Enfim, está aí a mais importante das reformas do Brasil jogadas nas nossas caras como naqueles filmes do Gordo e o Magro. Mais alterações na legislação eleitoral a serem mudadas novamente daqui a 2 anos porque não serão cumpridas. Em vez de punir os que se colocaram ou se colocarem fora da lei, mais uma vez muda-se a lei para não serem cumpridas de novo. Como a velha piada do sofá que eu citei a propósito em outro artigo.
     Relembro porém com aos leitores algo que pode ser uma réstia de esperança para as próximas eleições de 2018. Como sabemos, nas eleições proporcionais o voto nunca é perdido, o eleitor vota nas chapas ou listas dos partidos definindo o número de cadeiras a serem conquistadas, sendo eleitos para ocupá-las apenas os mais votados. Assim, é fundamental que o eleitor tenha conhecimento das listas de candidatos. Acontece que no Brasil tais listas não são publicadas e o eleitor fica que nem um bobó, vota em um e elege outro que às vezes nem queria que fosse eleito. Para se ter uma ideia do absurdo da situação nas eleições de 2016 para deputado federal menos de 1 em cada 3 eleitores inscritos votaram diretamente nos eleitos, e para vereador em Cuiabá chegou-se à exorbitância de apenas 1 em 5. É muito injusto dizer que o brasileiro não sabe votar como sempre ouvimos dizer.
     Já que dos políticos não se pode esperar nada melhor no assunto além do que já fizeram, talvez a Justiça Eleitoral possa vir de novo em socorro dos eleitores visando assegurar a representatividade de seu voto já que foi mantido o voto em listas nas eleições proporcionais. Refiro-me à publicação massiva das listas de candidatos dos partidos ou coligações para que o eleitor possa saber quem seu voto pode de fato eleger caso seu candidato escolhido não seja eleito. Imagino que não seja preciso qualquer alteração legal já que se as eleições proporcionais acontecem em listas é natural que essas listas sejam publicadas. Ao contrário, revela-se incompreensível, e até mesmo um absurdo que elas não estejam sendo publicadas até hoje.
(Publicado em 10/10/17 pelo Diário de Cuiabá sem "a cadeira do, ...)

terça-feira, 3 de outubro de 2017

POR QUE?

Foto José Lemos

José Antonio Lemos dos Santos
     Mil perguntas em busca de respostas aquecem a cabeça das pessoas. Este artigo é dedicado a algumas delas. Nem serão abordadas questões tidas como mais complexas tais como quando a ferrovia chegará a Nova Mutum passando por Cuiabá, ou quando o Brasil terá uma verdadeira reforma política? São abordadas aquelas aparentemente mais simples e que por isso mesmo tornam incompreensíveis aos simples mortais o silêncio ou as (des)explicações dadas pelos responsáveis.
     Primeiro, com seu PIB crescendo a 5,1% para uma recessão de 3,6 % no país, a maior recessão da história brasileira, como o governo do estado que mais cresce no Brasil está sempre em grandes dificuldades financeiras em suas sucessivas administrações? Isso para um crescimento populacional de pouco mais de 1%. Quer dizer, as demandas sociais crescem bem abaixo do ritmo de crescimento de suas riquezas, e não podem ser dadas como desculpa. Imaginem se Mato Grosso estivesse em recessão como a maioria dos demais estados brasileiros? Não dá para entender, só suspeitar.
     Por que os ônibus de Cuiabá da última aquisição (2016) não trazem mais em sua numeração externa o ano de sua aquisição? Muita gente não sabia pois a informação não era devidamente passada ao público, mas a bastante tempo os dois primeiros números da identificação dos ônibus indicavam o seu ano de fabricação. Uma forma simples do usuário fiscalizar se o veículo estava dentro de seu prazo de validade conforme definido nas concessões. Em vez de orientar o usuário para agir como fiscal, retiraram a numeração. Um vereador ficou de buscar as explicações, já faz tempo. Não dá para entender, só suspeitar.
Foto José Lemos

      Ainda que sem querer, um dos bons legados da Copa foi ter engajado o cidadão e a mídia em uma constante cobrança sobre o andamento de suas obras, mesmo após a realização do grande evento internacional. Por que não se aplica a mesma cobrança intensa e necessária para as demais obras públicas? Como estão o Pronto Socorro de Cuiabá, o novo aquário, a duplicação para Rondonópolis, o Hospital Central de Cuiabá, a ZPE de Cáceres?
     Por que o desprezo institucional para com o Centro Histórico de Cuiabá, Patrimônio Histórico Nacional tombado pelo IPHAN, diferencial que poderia e deveria estar rendendo muitos empregos e renda para o cuiabano? O Tricentenário poderá ser o elemento aglutinador dos governos estadual e municipal na busca junto ao governo federal os recursos que são também da obrigação da União por se tratar de seu patrimônio histórico? A prefeitura levanta a possibilidade de incentivar o uso do espaço por faculdades, resgatando a vida para o coração da cidade, assunto que poderia ser trabalhado em paralelo com a retirada do lixo aéreo deixado pelas concessionária de energia e telefônicas nos postes. Um patrimônio riquíssimo não aproveitado.
circuitomt

     Dentre diversas outras perguntas que tornam insuficiente o espaço de um artigo, lembro rapidamente do voo internacional de Cuiabá para a Bolívia. Por que não é inaugurado, apesar do interesse da empresa aérea e da autorização do governo boliviano?  Complementando a questão do voo para a Bolívia, porque o Centro Geodésico da América do Sul não é devidamente aproveitado como um polo turístico de interesse internacional gerador de trabalho, renda e cultura para a população? E por que a birra para com o futebol cuiabano, manifesto na absurda interdição do Dutrinha por falta de segurança (quais teriam melhor no estado?) e no tratamento que vem sendo dado à Arena Pantanal, um dos estádios mais espetaculares do mundo, mas que não tem condições de executar o Hino Nacional pelo não funcionamento de seu sistema de som?
(Publicado em 03/10/2017 pelo Diário de Cuiabá, FolhaMax, NewsCuiabá, ODocumento, ...)

terça-feira, 26 de setembro de 2017

REVITALIZANDO O CENTRO

Estrela Guia News

José Antonio Lemos dos Santos
     O artigo da semana passada sobre a possibilidade da UFMT ocupar a antiga sede da Delegacia da Receita Federal (DRF) na avenida Getúlio Vargas, despertou bastante interesse dos leitores, alguns entusiasmados com a proposta do professor José Afonso Portocarrero. Relembrando, a ideia é a instalação de uma faculdade, em princípio a de Arquitetura e Urbanismo, trazendo toda a cadeia de atividades a ela relacionada, tais como livrarias, lanchonetes, copiadoras, repúblicas, sorveterias, restaurantes e outras, resgatando o movimento de pessoas e da economia característicos dessa região em décadas passadas.
     A revitalização do centro histórico de Cuiabá tombado pelo Património Histórico Nacional e suas cercanias é antigo desejo da cuiabania, uma necessidade urbanística e uma imposição da história não só local, mas de Mato Grosso e do Brasil. Alguns menos ligados à história do Brasil e mesmo do continente sul-americano podem desconhecer que este lado do oeste brasileiro pertencia à coroa espanhola e Cuiabá foi o primeiro polo fixo da ocupação portuguesa por estas bandas. Primeiro e único durante muito tempo. Daí Cuiabá ser considerada a célula “mater” deste “ocidente do imenso Brasil” na letra do hino de Dom Aquino, mãe remota de todas suas cidades e estados.  O cuiabano comeu o pão que o diabo amassou para assegurar como brasileira esta rica parte do Brasil. Por isso a importância do Centro Histórico de Cuiabá ultrapassa os limites da própria cidade e deve ser cuidado com o carinho de uma relíquia urbanística não só pela cuiabania e governo municipal, mas também pelo estado e federação.
     A ideia soma-se à uma anterior determinação do prefeito Emanuel Pinheiro no mesmo sentido propondo incentivos fiscais para faculdades e escolas instalarem na região. Não sou da prefeitura, já questionei alguns projetos do prefeito e sou contra algumas atitudes suas até que explicadas convincentemente, mas ele está sendo brilhante com esta proposta concreta, em especial pela proximidade do Tricentenário da cidade. E ele sabe que só isto não basta. Mas é um passo importante.
     Como disse, o projeto de revitalização do centro histórico é sonho antigo da gente cuiabana e da própria prefeitura e que vem sendo atrapalhado pela mesquinharia política de alguns governantes que ainda creem na bobagem de que ajudar um projeto de outro seria como colocar azeitona na empadinha daquele que um dia poderá ser seu adversário. Até outro dia quando a prefeitura tomava a iniciativa o estado puxava o tapete, e quando o estado queria, a prefeitura atrapalhava. Presenciei algumas vezes. Tal desunião torna-se grave neste projeto porque seu grande gargalo é o rebaixamento da fiação, projeto muito caro, que não se viabiliza sem o apoio federal. E se não houver união não haverá força suficiente para sensibilizar o governo federal diante da grande demanda de projetos semelhantes que pressiona Brasília.
     Nada menos histórico do que um poste desproporcional, com um transformador gigante e um monte de fios pendurados, agredindo uma fachada restaurada a muito custo. Com a fibra ótica muitos desses fios foram inutilizados e hoje são lixos aéreos que, segundo soube, não são retirados pelo custo de sua remoção. Fala sério! Como podem empresas imensas, algumas multinacionais, concessionárias públicas, deixar seu lixo pendurado pelas ruas enfeando a já combalida paisagem urbana e pondo em risco o cidadão? Senhor prefeito, a retirada urgente desse lixo aéreo seria outro passo de sua administração em sinal de respeito ao centro histórico no rumo da revitalização. Isto, sem prejuízo da busca de recursos para o rebaixamento da fiação junto com o estado, unidos finalmente. O Tricentenário é a chance.
(Publicado em 26/09/17 pelo Diário de Cuiabá, FolhaMax, MidiaNews, ...)

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

CONSTRUINDO O CAU

Mais uma charge da dupla  Z´&Z´. Mesmo estando hoje respeitosa e democraticamente disputando em chapas diferentes, lembram que o órgão que deve zelar e promover o exercício da Arquitetura e Urbanismo ainda está em construção, e sempre estará. Cada vez melhor para o bem de todos os colegas, esse deve ser o objetivo.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

UMA FACULDADE NO CENTRO HISTÓRICO

                                                                       Foto José Lemos
José Antonio Lemos dos Santos
     Recordo o ex-prefeito de Cuiabá, o saudoso coronel José Meirelles, militar por formação, seguidor de Pietro Ubaldi e kardecista convicto. Nada tinha a ver com o atual estilo de política que já se manifestava àquela época, e por isso nela não deixou herança. Quando prefeito tive o privilégio de ser seu assessor direto como secretário. Com ele aprendi muitas coisas, dentre estas, que os edifícios e as cidades precisam ter alma capaz de lhes assegurar vida contínua e bom funcionamento em comunhão com seus usuários, lição fundamental que me faltou dos bancos de graduação profissional. A vida de um espaço manifesta-se pelo interesse de seus usuários por ele.
     Semana passada comentei sobre a possibilidade do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (CAU-MT) ocupar a atual sede do Tribunal de Contas da União (TCU) em Cuiabá, edifício icônico para os arquitetos brasileiros por se tratar de um projeto de João da Gama Filgueiras de Lima, o Lelé, um dos formadores do trio de implantadores do modernismo na arquitetura brasileira, ao lado de Niemeyer e Lúcio Costa. Este edifício mantem-se íntegro e em boas condições de uso graças a compreensão do TCU de que eles usavam uma obra de arte e não uma simples edificação, assim preferiram trocá-lo por um outro espaço mais adequado ao invés de mutilá-lo ou conspurcá-lo com aqueles “puxadinhos” tão comuns em nossa terra. O TCU assegurou-lhe a vida até hoje, e será preservada pelo interesse uníssono dos arquitetos e urbanistas de Mato Grosso.
     Ao mesmo tempo em que o professor doutor José Afonso Portocarrero soube da disponibilidade do edifício do Lelé, soube também da disponibilidade da antiga sede da Delegacia da Receita Federal (DRF) na Getúlio Vargas, edifício que já foi sede da Câmara Municipal de Cuiabá e esteve disponibilizado a um órgão federal que não teve recursos para fazer as adaptações necessárias e o devolveu à Superintendência do Patrimônio da União (SPU). De imediato contatou a Reitoria da UFMT sugerindo o requerimento do prédio à SPU para uso da Universidade em princípio como sede da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, proposta autorizada e providenciada.
     E o que tem de importante este edifício para Cuiabá e para a arquitetura? Trata-se de um puro exemplar do “neoclássico estadonovista” construído na década de 40 compondo o belo conjunto arquitetônico de edifícios públicos com a antiga sede do Tribunal de Justiça do Estado, da antiga Secretaria Geral do Estado e a antiga sede do INSS, coroando nos altos da Batista das Neves, a Avenida Getúlio Vargas também construída àquela época. O edifício da antiga DRF tem como irmão em estilo a antiga sede do Banco do Brasil, também na Getúlio Vargas, próximo ao Jardim Alencastro. Tal qual o edifício do Lelé no CPA, a antiga sede da DRF também precisa ser preservada como um patrimônio arquitetônico de Mato Grosso, mas preservado com vida útil e o interesse da UFMT aponta para sua revitalização.
     Mais importante, a revitalização desse edifício marcando a presença da UFMT no centro da cidade, será importante ferramenta para revitalização do próprio centro de Cuiabá, objetivo que vem preocupando a muito tempo a cidadania cuiabana. A presença da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFMT com seus estudantes e sua cadeia de atividades correlatas que será atraída para seu entorno, reanimará essa parte tão importante da cidade que começa a ser marginalizada. Nada mais apropriado para a comemoração dos trezentos anos de Cuiabá do que a reanimação de seu centro, o coração da cidade.
(Publicado em 18/09/17 pela FolhaMax, em 19/09/17 pelo Diário de Cuiabá, MidiaNews, Página do Enock, ...)

domingo, 17 de setembro de 2017

O CAU SOMOS TODOS NÓS


     Embora em chapas diferentes nestas eleições, eu e o colega arquiteto professor José Maria Andrade postamos novamente esta nossa charge da época da criação do CAU para que não esqueçamos de que o CAU é fundamental para nós Arquitetos e Urbanistas em todas as especialidades e que o CAU somos todos nós unidos apesar das salutares diferenças que possam existir entre nós em um processo democrático verdadeiro. Naquela época ainda o CAU estava sendo formado com colegas já a postos e muitos outros se aproximando como mostra muito bem a charge. Se prestarem atenção da para conhecer alguns, um deles é o professor Bassam.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

JOSÉ LEMOS ENTREVISTA TV ASSEMBLEIA 08/17

TV ASSEMBLEIA


     Entrevista dada à TV Assembleia em agosto de 2017 abordando Cuiabá, seu desenvolvimento e preparação para o seu Tricentenário.  Clique no link da coluna à direita ou copie e cole no endereçamento o link que segue: https://www.youtube.com/watch?v=l8BzkkPxOsI

terça-feira, 12 de setembro de 2017

PRESERVAÇÃO DE UM MONUMENTO

Vitruvius

José Antonio Lemos dos Santos
     Há alguns dias quando em visita técnica com seus alunos da UFMT ao edifício sede do Tribunal de Contas da União (TCU-MT) em Cuiabá o professor doutor José Afonso Portocarrero tomou conhecimento de que o TCU está deixando aquele local em busca de mais espaço. Soube, inclusive, que haveria risco de demolição dependendo do órgão que viesse ocupar o edifício. Espantado ligou de imediato ao presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso (CAU-MT), Wilson Andrade, informando a perspectiva absurda, sendo logo agendada uma audiência com a superintendente do Serviço do Patrimônio da União em Mato Grosso (SPU-MT), senhora Lucimara Tavares, onde foi confirmada a desocupação do prédio pelo TCU.
     Na mesma audiência a superintendente informou que, tratando-se de um patrimônio público da União, uma vez desocupado e para não se transformar em um patrimônio ocioso, fica à disposição de outros órgãos públicos que manifestarem interesse junto à SPU-MT, sendo tais pleitos encaminhados após as devidas análises ao Ministério do Planejamento em Brasília para decisão sobre cada requerimento. Informou ainda já existirem no sistema do SPU 3 ou 4, não me lembro, solicitações para uso do prédio do TCU, sendo uma instituição federal.
     O CAU é instituição federal jovem, às vésperas de completar o sétimo ano de existência, definido em sua lei de criação como uma autarquia federal que tem por função “orientar, disciplinar e fiscalizar o exercício da profissão de arquitetura e urbanismo, zelar pela fiel observância dos princípios de ética e disciplina da classe em todo o território nacional, bem como pugnar pelo aperfeiçoamento do exercício da arquitetura e urbanismo”. E o zelo pelo patrimônio arquitetônico e urbanístico do país faz parte de sua nobre missão.
     E o que tem o edifício do TCU-MT de tão especial para os arquitetos? Além de ser um edifício que surpreende por suas formas e encanta usuários e transeuntes por sua beleza sinuosa e colorida, o edifício do TCU-MT é um dos mais perfeitos exemplares do tardomodernismo high-tech em sua vertente cuja composição estética não se encontra apenas na expressão de sua alta tecnologia, mas na busca também da beleza através dela. Trata-se de uma obra do genial João da Gama Filgueiras de Lima, o arquiteto carinhosamente conhecido dentro e fora do país como Lelé, falecido em 2014, considerado ao lado de Niemeyer e Lúcio Costa um dos componentes da tríade que trouxe o modernismo para o Brasil. Só isso. Deixando a dimensão apenas edilícia, o edifício transforma-se hoje em um monumento da arquitetura brasileira implantado em Mato Grosso encontrando-se basicamente bem conservado em sua estrutura estética e física. O grande risco não é só uma eventual demolição, mas seu desrespeito enquanto obra de arte com os célebres “puxadinhos” e outras mutilações a um projeto tão bem concebido e importante, heresias estas tão comuns em nossa terra.
     Ainda em fase de instalação e consolidação, mas em funcionamento pleno, o CAU-MT tem entre suas prioridades o estabelecimento em uma sede própria, compatível com sua funcionalidade e orçamento, mas à altura do simbolismo de sua nobre função. Não pode ser apenas um espaço físico, qualquer edificação, tem que expressar bem a arquitetura e o urbanismo em Mato Grosso. E o edifício do TCU vem ao encontro dessas preocupações, em benefício da preservação do monumento arquitetônico nacional e na solução do espaço digno de sediar a entidade cuja função é “pugnar”, lutar pela arquitetura e urbanismo em Mato Grosso. Mais que um espaço, uma relíquia arquitetônica!
Publicado em 12/09/17 pelo Diário de Cuiabá, Folhamax, NaMarra, Midianews, 14/09/17 pelo OIndependente, RepórterMT, ...)
Comentários no e-mail:
12/09/17 Cléber Lemes:
Parabéns Dr. José Antonio, faço coro em prol de destinar o edificio sede do TCU ao CAU , pois esse edificio é ao cartão postal da  arquitetura. Um abraço 
​Cleber

terça-feira, 5 de setembro de 2017

IMPORTANTE PROJETO



Foto Isis Bernardino Silva
                                                     
  José Antonio Lemos dos Santos
     Existem projetos importantes que custam muito dinheiro enquanto que outros custam pouco ou quase nada e mesmo assim podem ser tão ou mais importantes. Estes muitas vezes envolvem apenas a integração de recursos já disponíveis sem mais gastos. Atualmente são raros no serviço público talvez por isso mesmo, isto é, porque não envolvem grandes verbas, e, nestes últimos tempos, o que não tem dinheiro no meio de um modo geral não anima os gestores públicos.
     Assim, aplaudo a iniciativa da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) e da Câmara de Diretores Lojistas de Cuiabá (CDL Cuiabá) em lançar o projeto “Viva Cuiabá Viva”, contando também com a participação do governo do estado, da prefeitura da capital e de diversos outros parceiros.  Trata-se de um projeto com retorno previsto a médio prazo visando atrair em especial o turista do próprio estado com sua alta renda per capita ou alongar a estada do visitante que já se encontra aqui, tendo como objetivo movimentar a cidade nos feriados prolongados aproveitando suas atrações normalmente já existentes. Os resultados certamente não virão na primeira edição, mas com a sucessão das edições, como já alertado pelos organizadores do projeto. E com uma inteligente divulgação pelo interior, completo.
     O antigo IPDU da prefeitura de Cuiabá chegou a desenhar um projeto com as mesmas características denominado “Cuiabá ConVida”, que se desenvolveria através de cartazes mensais distribuídos em pontos estratégicos das cidades mato-grossenses, tais como hotéis, restaurantes divulgando as atrações culturais, desportivas e artísticas programadas para cada mês. Infelizmente o projeto não despertou interesse na época.
     Nesta primeira edição a programação começa já no próximo dia 7 e é vasta com a solenidade de abertura da Semana da Pátria na Arena Pantanal com desfile cívico, feira gastronômica, feira de artesanato, exposições militares e atrações regionais. No mesmo dia acontece o Festival do Peixe na Orla do Porto e na Praça da Mandioca um festival de músicas autorais e shows regionais, que prosseguirão até o sábado dia 9 de setembro. Nos dias 8 e 9 acontecerá mais uma edição do VEM PARA A ARENA, também com shows populares, gastronomia, exibições de bandas e corais militares e um espetáculo com o conjunto de danças Flor Ribeirinha, campeão mundial de folclore recentemente na Turquia.
     Se pudesse fazer alguma sugestão, incluiria o interior da Arena Pantanal, considerada uma das arenas mais espetaculares do mundo, com visitas orientadas bem como o próprio jogo decisivo do Cuiabá na série “C” do campeonato brasileiro de futebol, contra o CSA de Alagoas marcado para o próprio dia 9 de setembro, às 18:30h. O jogo e o evento VEM PARA A ARENA se complementariam com um reforçando o outro.
     Diz a antiga anedota que todos preferem ovos de galinha aos da pata, mesmo sendo mais nutritivos, porque as galinhas cacarejam estridentemente ao botarem seus ovos, isto é, fazem publicidade de seu produto e as patas não. Cuiabá é um pacote de atrações nela mesma ou em suas proximidades, mas pouco divulgado. A Copa ajudou muito, mas as autoridades não deram continuidade a essa alavancagem. O “Viva Cuiabá Viva” pode ser o início planejado do aproveitamento deste grande potencial. Servida por boa rede de rodovias e um aeroporto de categoria internacional, dispõe ainda de excelente estrutura comercial, hoteleira e de bares e restaurantes, testada e aprovada na Copa, e pode promover seu potencial turístico. Faltava união, organização, divulgação e vontade de fazer.
(Publicado em 05/09/17 pelo Diário de Cuiabá, FolhaMax, ODocumento, MidiaNews (com o título "O turismo em Cuiabá¨,....)

terça-feira, 29 de agosto de 2017

O SOFÁ

GRzero

José Antonio Lemos dos Santos
     Ainda com a alma exultante pela vitória do Cuiabá no último domingo em Alagoas, lembro a antiga piada do marido que chega de repente em casa e flagra uma cena de traição no sofá da sala. Tentando demonstrar autoridade e poder toma uma decisão drástica, vendeu o sofá. Ela pode até nem ser mais tão gozada, mas traduz muito bem muitas situações sérias que vivemos no Brasil, do Caburaí ao Chuí.
     Senão, vejamos. O estádio Presidente Dutra, o histórico “Dutrinha” como é carinhosamente chamado foi fechado por mais de 2 anos sob alegação de falta de segurança, após uma manifestação irresponsável de agressão aos árbitros ao final de uma partida por parte de alguns torcedores. A agressão só não foi às vias de fato justamente pela proteção que o estádio deu ao trio, protegido por um gradeado metálico que vai do campo até um local seguro, sob a arquibancada. Ainda devem existir vídeos na internet desse triste espetáculo onde se pode ver os agressores enfurecidos, tentando em vão vencer a proteção metálica. O que aconteceu? Ninguém foi punido, mas o Dutrinha foi prontamente fechado, com graves prejuízos ao esporte mato-grossense, com jogos sendo realizados em campos de bairros, estes sim sem a menor condição de jogo ou de segurança, higiene, tanto para jogadores como aos torcedores. Nesse tempo de interdição o Dutrinha foi abandonado por seu proprietário, o município, e reaberto degradado, agora em condições muito piores do que quando foi fechado. Deixaram acabar o campo sagrado do futebol mato-grossense onde jogaram Pelé, Garrincha, Mazurkiewicz, Ruiter, Bife e outros, impossível para receber uma partida e terá que ser refeito. Ninguém punido. Só o sofá!
     Tem o caso também do VLT que, por responsabilidades conhecidas publicamente, substituiu a 2 anos da Copa o BRT, o outro modal, menos sofisticado, que já havia sido escolhido 2 anos antes, com projetos e financiamentos definidos. Na época em que aconteceu a troca cheguei a escrever artigos colocando-me a favor da continuidade do BRT, não porque o VLT fosse necessariamente inadequado para Cuiabá, mas por que não havia mais tempo hábil para concluí-lo para a Copa, apenas 2 anos depois. Não deu para ser feito. Desconfiava-se e hoje é confirmado que pintaram os canecos em cima do VLT, como no sofá. Sabem o que está acontecendo? Estamos discutindo se jogamos fora o sofá ou não. Depois do cidadão mato-grossense ter pago pelo sofá mais de 1 bilhão de reais! E desconversa-se sobre os que se esbaldaram sobre o VLT. Na época correta fui contra o VLT, hoje sou pela sua conclusão, bem executado, integrado à cidade e aos demais modais, e com rápida punição aos de culpa comprovada, nos mais elevados rigores da lei.
     O país precisa de uma reforma política séria que não seja apenas a troca de um sofá eleitoral por outro como é sempre feito. Com frequência a lei é mudada sob o argumento de que a nova não será fraudada. E os danadinhos fraudam. Aí mudam de novo e de novo é fraudada pelos mesmos bandidos de nomes e caras conhecidos no noticiário nacional e internacional. E fica esse mimimi em busca de um sistema à prova de corrupção, quando o que falta é punição aos corruptos. Não são as leis que se auto corrompem, elas são corrompidas. Mas sobre os fraudadores, necas de pitibiribas!  Agora a panaceia política será uma nova troca de sofá. Fingem trabalhar sério, mas estão certos de que não serão incomodados e continuarão a se esbaldar em qualquer modelo de legislação. E a tão esperada reforma política, a mãe de todas as reformas, corre o risco de ser apenas uma nova troca de sofá na sala para desfrute dos protagonistas de sempre.
(Publicado em 29/08/17 pelo Diário de Cuiabá, Midianews, ...)
Comentários extra Blog:
Por e-mail:
30/08/17 Tio Zé,
De fato muito bom o artigo.
Quanto não seriamos melhores se a lei fosse seguida.
Atenciosamente,
Victor Parente Badauy

Zé,
Muito bom e contundente. Pena que os que deveriam ler não leem, ou leem e fingem não ter lido.
Um abraço,
Felipe

Cléber Lemes
Parabénsssssssssssssssss  pelo excelente artigo. Faço sua as minhas palavras. Um abraço.

Caro José António,
Acho o seu artigo interessante e bem colocado. Podemos ser a favor ou contra o modal, contra decisões tomadas que implementadas geraram alteração do tecido urbano e que dificilmente poderão ser revertidas. Estas decisões podem ter sido corretas ou erradas, os seus fundamentos podem ser questionados, mas perante o problema, o jogar fora, o fechar, o suspender, são formas de não enfrentar diretamente o problema.
Da parte que me diz respeito tenho duas razões para agradecer a existência do VLT, a primeira pessoal. O VLT foi a razão da minha vinda para o Brasil, país do qual me apaixonei e no qual decidi ficar após terminar o meu período de expatriação. A segunda é profissional. Fiz parte do desenvolvimento do sistema de rede aérea de tração, sistema ultra moderno, com critérios de qualidade muito elevados e que garantiam uma baixa manutenção, pelos equipamentos e materiais utilizados. Visualmente, se pode confirmar a elegância do sistema, com utilização e uniformização dos postes e apoios (consolas). Profissionalmente é muito triste ver que o nosso trabalho não é concluído e que os seus benefícios não são compartilhados pela população.
Nessa perspectiva é crime a má decisão de validar a escolha errada de um modal, tendo presente que a vida útil de um projeto de transportes ultrapassa em muito a “Governança” do decisor político, mas é igualmente criminoso abandonar e desperdiçar todo o investimento efetuado em prole de “Governança” uma vez mais política.
Que Cuiabá sirva de lição para o futuro! Mais planejamento, mais suporte técnico nas decisões políticas e melhor monitoramento e controle.
Desejo muito que este final seja feliz!
Atenciosamente,
Filipe Amourous

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Josias da Silveira
Dar continuidade a esse projeto só vai alimentar mas ainda a corrupção, e vai custar o dobro para finalizar o projeto cheio de falhas técnicas, O que é o dobro do custo para a execução do projeto do BRT que foi estudado durante 2 anos
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Jose Antonio Lemos Santos
Jose Antonio Lemos Santos Meu caro Josias, respeitando sua posição, acho que não devamos parar de fazer as obras públicas necessárias porque há corrupção. Assim pararia tudo o que fosse do interesse público e só os corruptos continuariam. A meu ver nós não podemos é aceitar a corrupção, que é caso de polícia, e não nos resignarmos com ela.
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Josias da Silveira
Josias da Silveira Eu me referia especificamente no projeto do do VLT foi iniciado não para solucionar o problema de transporte público em Cuiabá mas sim para fazer dinheiro, uma obra iniciada sem nenhum projeto técnico mais detalhado com obras que as inclinações são superiores às suportadas pelo modal, Além das inclinações na Avenida do CPA na região antes do Hospital do Câncer subida da ilha da banana, sem as desapropriações necessárias concretizadas e com certeza o custo estimado para finalização que é superior ao dobro do custo do BRT vai ser ultrapassado e muito, e Cuiabá não pode Mas ficar sofrendo com esse transporte público obsoleto usado atualmente

29/08/17 Paulo Sérgio de Campos Borges
Infelizmente, é tudo verdade. Perfeito e pertinente o artigo.

30/08/17 Ademar Poppi
Ademar Poppi ótimo este artigo.....

No MIdianews:
Ellen Marcoski  29.08.17 20h28
Hoje existem vários sofás por todo o País, "sofás" que poderiam ser o diferencial necessário para mudar várias gerações em busca do melhor.