"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



sábado, 25 de fevereiro de 2017

ACADÊMICOS DAS REBIMBELAS

MidiaNews

José Antonio Lemos dos Santos

     Foi estarrecedora a desdenhosa atenção dada pelos governo do estado e Federação Mato-grossense de Futebol pela realização do jogo São Paulo x PSTC do Paraná pela Copa do Brasil no próximo dia 1 de março na Arena Pantanal. Mesmo a Arena seduzindo por seu próprio poder atrativo sucessivos eventos de caráter nacional e internacional, o governo e Federação fazem sempre questão de chegar fora de hora alegando dificuldades ridículas, facilmente superáveis por qualquer administração minimamente interessada em um grande patrimônio público.
     O surpreendente PSTC ao passar para a segunda fase da Copa do Brasil, com mando de campo e tendo que enfrentar o poderoso São Paulo, escolheu de comum acordo com o adversário a Arena Pantanal como palco para seu importante jogo. Escolheu. Foi de graça. Não vi qualquer notícia de que alguém daqui tenha ido lá convidá-los. Ao contrário, o PSTC teve que enfrentar sua torcida e a pressão de cidades do Paraná como Londrina e Maringá para seus estádios serem escolhidos. Por que um jogo desses é tão disputado? Pela careca do Rogério Ceni?
     Um evento envolvendo cerca de 40 mil espectadores diretos e milhões via TV, não pode ser confundido com um simples jogo de futebol. Levado a sério e bem promovido rende muito dinheiro para as cidades em hotéis, restaurantes, postos de combustíveis, comércio em geral e os famosos ambulantes de material esportivo, de alimentação, souvenirs, etc. Essa é uma das razões da multifuncionalidade da Arena Pantanal, ainda não assimilada pelas suas autoridades responsáveis. Fora a divulgação positiva da cidade e do estado, também importante.
     A Arena Pantanal após receber com total êxito uma Copa do Mundo e ser escolhida pela crônica esportiva estrangeira como a mais funcional das arenas, chegou ao absurdo de ficar interditada por 1 ano e meio por ditos “problemas estruturais” que foram resolvidos pela bagatela de R$ 6,0 mil, envolvendo o conserto de dois rufos na cobertura e uma placa de fibrocimento na fachada, tendo sido liberada imediatamente após o jogo Brasil x Bolívia, eliminatório para a próxima Copa do Mundo ter sido transferido para Maceió. Depois a CBF propôs o jogo Brasil x Paraguai, também pelas eliminatórias, que também não veio.
     Pois bem, no fim da semana passada foi noticiada a intenção do jogo do São Paulo ser na Arena. Indagado sobre a possibilidade do jogo ser em Cuiabá a FMF respondeu que teria a resposta só na segunda-feira, estávamos na sexta. Na segunda-feira à noite veio a notícia de que a CBF havia vetado a Arena Pantanal por falta de um laudo do Corpo de Bombeiros, prometido pelo governo para até o dia do jogo, 15 dias depois. Brincadeira ou não! Um jogo como esse envolve uma série de preparativos logísticos, de adaptação, locais de treinamento e não pode ser mudado de uma hora para outra.  E se o laudo não saísse?
     E assim vai nossa Arena Pantanal, tão reverenciada internacionalmente, que recebeu uma Copa, mas não pode receber jogos nacionais, sendo agora trocada por um estádio com capacidade inferior a do charmoso Dutrinha, cujo muro caiu esta semana, talvez por excesso de zelo. Certamente algumas rebimbelas de parafuzetas devem estar atrapalhando nossas obras que nunca são concluídas embora muitas em pleno funcionamento faltando tão pouco para suas inaugurações definitivas. Rebimbelas federais, estaduais ou municipais, jurídicas, técnicas ou burocráticas. Rebimbelas prá todo lado atravancando tudo. Quisera ter a arte de um Gentil Bussik e dos saudosos Hélio Goiaba ou Moacir da Costa e Silva para compor uma marchinha sobre elas, satírica, crítica, dura mas bem-humorada, inteligente e elegante, como faziam para os velhos carnavais cuiabanos dos idos de 50/60.

sábado, 18 de fevereiro de 2017

CIDADES E PEPINOS

Campo Novo do Parecis - midianews

José Antonio Lemos dos Santos

     Minha avó quando a gente era criança e precisava de um corretivo dizia para minha mãe: “Olha, é de menino que se torce o pepino”. Visitando o Google soube que esse conselho vem dos agricultores buscando conseguir a forma mais valiosa para o legume. É clara então a intenção carinhosa e cuidadosa da transposição dessa sabedoria popular para o desenvolvimento das crianças. Gosto de aplicá-lo também nas explicações sobre o desenvolvimento das cidades. As cidades também evoluem. Apesar de óbvio, muita gente pensa que nascem prontas e assim permanecerão para sempre, esquecendo que elas nascem, evoluem, podem estagnar ou até definhar, e morrerão um dia, como muitas já morreram.
     A calamidade que se abateu sobre Campo Novo do Parecis além de ter comprovado o espírito de solidariedade do mato-grossense, deve também motivar reflexões sobre a evolução urbana em Mato Grosso. Um estado com desenvolvimento acelerado tem muitas de suas cidades com ritmos extraordinários de crescimento que implicam em acompanhamento técnico sistemático, seja no quadro macro do estado, seja pontualmente no âmbito de cada município. Não conheço pessoalmente Campo Novo, mas preocupam sempre os sítios urbanos muito planos por suas dificuldades de drenagem, com é caso de algumas das belas cidades geradas pelo agronegócio, em regiões planas ótimas para a agricultura extensiva, mas exigentes em termos de urbanismo.
     O fato de serem muito novas ou não, não importa. Todas precisam de cuidados técnicos especializados para cuidar do presente e do futuro, preservando seus DNAs históricos. Há aqueles que dizem que as cidades mais velhas não têm mais jeito. Para estes cabe a pergunta, se fosse assim o que dizer de Londres, Amsterdã, por exemplo? E para as novas, dizem que não precisam pois são muito pequenas e já foram planejadas na origem. Para estes, o ensinamento do cultivo do pepino.
     De fato, a grande maioria das nossas cidades novas nasceu de processos de colonização e contou no mínimo com um traçado pensado com antecedência e, principalmente, com uma gestão da ocupação do solo urbano racional, o qual, ainda que com origem empresarial, deu a estas cidades uma cultura do controle urbano, das vantagens de se respeitar uma autoridade que cuide da cidade como um todo coerente e ordenado. Este para mim é maior patrimônio delas e que não pode ser perdido. Hoje elas são autônomas, em 2 ou 3 décadas cresceram tanto que já estão chegando nos limites daquele planejamento original e algumas até já ultrapassaram. Como resultado desse processo temos cidades magnificas, com elevados padrões urbanísticos e de qualidade de vida.
     O melhor e o pior é que além do grande dinamismo elas apresentam um potencial de crescimento futuro fantástico. O lado bom é que esse é o desejo da maioria das cidades. O lado ruim é o risco da recém conquistada autonomia leva-las de uma gestão empresarial bem sucedida aos braços da politicalha que domina o cenário urbano brasileiro e ao faroeste urbano. Até aqui, maravilha, todo mundo encontrou seu melhor lugar no sítio urbano pré-planejado, e temos cidades exemplares. E quanto ao futuro? Ultrapassados os limites do planejamento original, como garantir que estas cidades continuem belas, bem estruturadas e capazes de oferecer altas qualidades de vida?
     A resposta está no que as fez exitosas, o planejamento, um planejamento sistemático e contínuo, com estruturas técnicas permanentes capazes de segui-las dia a dia oferecendo alternativas técnicas de futuro e, sobretudo, criando uma cultura urbanística própria, conhecendo seus trejeitos e especificidades, pois as cidades são únicas, incomparáveis em suas potencialidades e em seus problemas.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Enchente em Campo Novo do Parecis



     Em muitos lugares de topografia muito plana isso acontece. Na década de 70 Porto Velho vivia um drama. Não sei como foi resolvido. Nosso colega professor Carpintero poderia explicar. Cáceres, Sinop eu vejo também com grande preocupação. São cidades tidas como planejadas mas que cresceram muito e estão no limite desse planejamento iniciai e a perspectiva é de crescer muito mais.. Por isso vejo como fundamental essas cidades criarem estruturas técnicas especializadas em urbanismo destinadas a planejar, acompanhar e gerenciar o crescimento delas de forma a minimizar esse grave problema. Acredito que evitar a expansão da zona urbana densificando a ocupação para diminuir a superfície de captação pluvial. Mas isso é trabalho técnico e de acompanhamento contínuo. Os custos da drenagem são altíssimos e de resultado duvidoso. Como mostra o vídeo, em Campo Novo acabou de ser feita uma obra dessas de 16,0 milhões e foi onde mais inundou. O CAU-MT tem uma política de orientação às prefeituras nesse sentido, nas eleições fez uma carta aos candidatos a prefeitos e vereadores e precisa seguir em frente.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

CASARÕES DE BOCAINA - SÃO PAULO

José Antonio Lemos dos Santos

Interessante vídeo recebido do torcedor cuiabanista Paulo Assumpção sobre a Arquitetura Éclética em sua cidade de Bocaina-SP.  Cáceres em Mato Grosso tem uma ama amostragem semelhante. Chegamos lá um dia.

youtube
Ver no link:
                                https://www.youtube.com/watch?v=o-K1UGxVLBY

sábado, 11 de fevereiro de 2017

A MAIS VIÁVEL DAS FERROVIAS


G1.globo.com

José Antonio Lemos dos Santos

     Este seria meu sétimo artigo com o mesmo título desde a década passada, mas desisti de numerá-los. A mais viável das ferrovias torna-se cada vez mais viável e ainda não está construída a dois anos do trigésimo aniversário de sua concessão pela União. Absurdo! Só não vê quem finge não ver. Enquanto isso todos perdemos ao longo das rodovias incompatíveis com a extraordinária capacidade mato-grossense de produção de cargas, de ida e de volta. 
     Boas notícias recentes sobre o assunto me levam a voltar a ele. Primeiro a reativação pública do importante Fórum Pró-Ferrovia, sob a coordenação de Francisco Vuolo, já com uma reunião (20/01) com o governador Pedro Taques assinando a “Carta de Mato Grosso – Ferrovias”, encaminhada no último dia 26 à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que se comprometeu a avaliar a extensão dos trilhos de Rondonópolis até Cuiabá, e sua continuidade até Sorriso. Cabe destacar que o governador na oportunidade teria vestido a camisa dessa importante continuidade ferroviária, outra desejada e alvissareira notícia, já que nenhum outro governo assumiu de verdade essa causa, depois de Dante de Oliveira. A terceira boa notícia é uma que se repete a cada ano, Mato Grosso, o estado campeão, bate de novo seu próprio recorde na produção agropecuária, consolidando-se como disparado o maior produtor agropecuário nacional e responsável pelos sucessivos saldos na balança comercial brasileira, sem o qual a péssima situação da economia nacional estaria pior ainda.

TvTaquari

     A má notícia é que voltamos a ouvir falar em avaliações, estudos de viabilidade, de traçados e etc. como se tudo estivesse começando agora. Em 2000 assisti pessoalmente à primeira audiência pública do traçado até Cuiabá. Foi no edifício Edgard Arze, presentes também o saudoso senador Vuolo e o atual secretário de Planejamento do estado Guilherme Muller. O traçado proposto pela Ferronorte até Cuiabá estava exposto em pranchas heliográficas no saguão do auditório. Foi tudo discutido e a única restrição oferecida foi que o traçado passava a 700 metros da Reserva Tereza Cristina, próximo, mas fora, rio abaixo. Embora não tenha visto nenhum índio presente, essa restrição acabou levando a um parecer desfavorável da FUNAI, ainda que a empresa aceitasse fazer um traçado mais afastado. De lá para cá foram muitos outros estudos de viabilidade, o último entregue em 2015 pela UFSC apontando a viabilidade e o melhor traçado para a chegada a Cuiabá, tudo pago e recebido pelo estado e também encaminhado à ANTT. Agora, volta a lenga-lenga. Podemos ser bobós, mas nem tanto.
     Na verdade não querem ligar o sul com o norte de Mato Grosso por que querem dividi-lo. Nem por ferrovia, nem por duplicação rodoviária. A trágica problemática logística serve de pretexto para poderosos grupos internos e externos brincarem de geopolítica. Os daqui querem mais cargos políticos. Os de fora dizem que Mato Grosso unido fica muito forte. Assim nos empurram goela abaixo que a FICO de 1200 km é mais prioritária do que a ligação de apenas 460 km entre Rondonópolis e Nova Mutum passando por Cuiabá, sem Himalaias, Xingus, Sapucaís ou Araguaias a vencer. A BR-163 é a espinha dorsal de Mato Grosso e o traçado original da Ferronorte ligando Cuiabá à Santarém ou Miritituba e Porto-Velho consolida essa espinha preservando o poderoso estado unido de Mato Grosso. Querem criar duas economias, a do norte ligada a Goiás, ao invés de se integrá-la à do sul verticalizando a economia com o gás boliviano e a ZPE de Cáceres. Enquanto isso, a economia perde, o meio ambiente é sacrificado e o povo mato-grossense chora o trabalho desperdiçado nas estradas, seus mortos e mutilados.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

REAL FORTE PRÍNCIPE

RondôniaClassificados

Para quem não conhece ou já se esqueceu, uma das joias da arquitetura protuguesa esquecida em plena Amazônia. Era Mato-Grosso quando foi construído. Hoje é Rondônia, fica bem aí. Se fosse na Europa já teríamos visitado. Confira no link abaixo, matéria da TV portuguesa:

https://www.youtube.com/watch?v=ykC7eOwAJwE

sábado, 4 de fevereiro de 2017

O PALÁCIO DOS ESPORTES II

Foto: José Lemos

José Antonio Lemos dos Santos

     Nestas duas semanas desde meu primeiro artigo sobre o assunto o estado tem-se manifestado sobre o futuro da Arena Pantanal, vultoso e premiado investimento do povo mato-grossense, impossível de ser relegado ao ostracismo por nossas autoridades. Como um abacaxi que tem que ser descascado, foi alvissareira a chegada do ex-prefeito Wilson Santos como secretário da Secretaria das Cidades (Secid) para fazê-lo, responsabilizando-se diretamente pela conclusão dos incríveis 2% finais da grandiosa obra, bem com a nomeação do ex-vereador Leonardo de Oliveira como secretário-adjunto de Esportes da Secretaria de Educação, Esportes e Lazer (Seduc).
     O novo secretário da Secid, chegou entusiasmado com a hercúlea tarefa de concluir a Arena, e, ademais, concluir o VLT, que era então o caso de solução mais difícil ou impossível, mas, como boa surpresa, em poucos dias já teria sido equacionado pelo secretário. Em contrapartida foi desalentador ver também no mesmo espaço de tempo o tão entusiasmado secretário se assustar com a “forte banca de advogados” da construtora declarando-se disposto a passar a Arena para a Seduc. Os benditos 2% finais da Arena seguem encalacrados nas bizarras e intermináveis “judicializações”. Político e administrador experiente, atleta militante, amante do futebol mato-grossense, sempre destemido nos embates de interesse público, teria o galinho amarelado, ele que nunca foi de amarelar? Não creio. Ele nunca entra para perder.
     Essa passagem entre órgãos até que seria bem-vinda diante da recente proposta da Seduc da “Arena da Educação”, em princípio muito semelhante à do “Palácio dos Esportes” descrita no artigo anterior. Mas teria que ser após a Secid concluir a obra, evitando solução de continuidade no desenvolvimento de seus projetos.
     Pelo pouco que veio a público da proposta da Seduc, dá para ver que tem um bom partido, porém poderia ser mais ambiciosa e abrangente, permitindo a Mato Grosso apresentar ao Brasil uma solução corajosa, sustentável e socialmente adequada para sua Arena, o que não aconteceu com nenhuma de suas coirmãs. Teria que ir mais fundo e transformar a Arena Pantanal na plataforma catalizadora de um amplo programa estadual multifinalitário, como ela própria, de longo prazo tendo como foco o desenvolvimento dos esportes, mas com objetivos ampliados de forte impacto positivo na Educação, Saúde, Segurança, Turismo e Lazer, gerando ainda saudáveis perspectivas de emprego e renda para a juventude. Trabalhando em um complexo integrado pelo Aecim Tocantis, COT’s, Dutrinha revitalizado, mini-estádios, e outros equipamentos esportivos em todo estado, a Arena Pantanal, mantendo a prioridade para o futebol, abriria seus espaços internos para abrigar os esportes de usos compatíveis tais como tênis de mesa, boxe, taekendo, xadrex, ginástica olímpica, Karatê, Judô, museu do esporte, ambientes para os clubes profissionais de futebol, futebol americano, rugbi contarem suas histórias, exporem e venderem seus produtos e ingressos, salas de aula, recepção para turistas, sedes de ligas e federações esportivas, etc. tudo em concessões e cobrança de taxas de uso e manutenção com alguma complementação do estado como investimento, não como subsídio.
     Enfim, a Arena Pantanal pode estar a um passo de ser viabilizada como num produtivo polo irradiador de vida saudável não só para Cuiabá, mas para todo o estado através do esporte. Só a partir de objetivos públicos bem definidos a serem cobrados, não antes, pode-se então avaliar sua privatização ou não. Mas é preciso visão e coragem compatíveis com o tamanho físico e inovador da Arena Pantanal, predicados que aparentam sobram em nossos atuais jovens governantes.


sábado, 28 de janeiro de 2017

AQUÁRIO MUNICIPAL

portal2014

José Antonio Lemos dos Santos

     Às vésperas do dia 5 de fevereiro quando se comemoraria os 17 anos do Aquário Municipal de Cuiabá, impossível não lembrar um pouco da história daquele equipamento público, em especial, por conta do projeto Orla do Porto em desenvolvimento pela prefeitura municipal, iniciado na administração anterior. Um dos equipamentos urbanos mais queridos da população, sendo inclusive adotado como um dos cartões postais da cidade, o Aquário é um dos projetos que mais me agradou, desde sua elaboração até a continuidade de visitação intensa nos seus primeiros 10 anos, quando ainda era bem tratado, com a alegria das crianças, surpresas diante dos peixes colocados bem à altura de seus olhos ou disputando a ração que jogavam no tanque externo. Satisfação estendida aos semblantes dos pais e mães, avos e avós, acompanhantes extasiados com a felicidade de seus pequenos, ou mesmo encantados com a visão de uma espécie que, mesmo adultos, ainda não tinham conhecido ao vivo, cuja beleza plástica nunca haviam percebido a não ser na panela como protagonista de muitas das maravilhas da culinária cuiabana. Um passeio que também era uma aula para crianças e adultos.
catracalivre

     O aquário entusiasmou todos desde que surgiu a ideia. O então prefeito Roberto França iniciando seu primeiro mandato aprovou a proposta da primeira revitalização da Beira-Rio e do Porto que vinha das administrações anteriores, mas entendeu que no projeto do Museu do Rio faltava o personagem principal, o peixe. Determinou então que fosse projetado um aquário anexo, onde pudessem estar expostas todas as espécies de peixes do rio Cuiabá e pantanal. O tempo era escasso pois os recursos tinham prazo para aplicação e as referências para de projeto estavam sempre além do que podia a prefeitura. Com o arquiteto Ademar Poppi chegamos a um partido arquitetônico exequível para as condições e em agradável harmonia com o Museu neoclássico e o próprio rio que lhe dava sentido. Durante alguns anos o Aquário de Cuiabá foi referência para projetos similares de pequeno porte em outros estados.
     E depois do projeto, a construção e a maratona para coleta dos exemplares de todas as espécies da bacia pantaneira que iriam ocupar o aquário. No dia da inauguração o professor doutor Francisco Machado ainda mergulhava no Pantanal atrás de um certo camarão e uma espécie de acará que faltavam. A poucas horas da inauguração o prefeito trazia pessoalmente de seus tanques de criação as piraputangas e pacus. Ao mesmo tempo técnicos e funcionários do antigo IPDU produziam os últimos detalhes, tudo sempre com a presença de Teruo Izawa, o anjo do Aquário, que nunca deixou seus peixes, muitas vezes sem ganhar nada, sem jamais receber o justo e merecido reconhecimento da prefeitura.
     Milhares de pessoas estiveram na inauguração do Aquário, que recebeu em seus primeiros 10 anos mais de 1 milhão de visitantes. Sua manutenção nunca foi equacionada na prática, apesar de idealizado como uma estrutura autossustentável junto ao Museu do Rio, sustentabilidade que viria da venda de lembranças relacionadas ao rio e sua cultura, como chaveiros, bonés, camisetas, fotos, livros diversos e CDs, etc., e de parcerias com as secretarias de educação do município e do estado em troca do baita equipamento educativo disponibilizado. Buscou-se ainda as faculdades de veterinária da cidade. Faltou definição do órgão municipal que se responsabilizasse pela continuidade de funcionamento do Aquário e insistisse na sua sustentabilidade. Agora o antigo Aquário Municipal é envolvido por um projeto maior, mais ambicioso, ainda em execução. Que seu sucessor lhe esteja à altura, aprenda com seus erros e vá além propiciando também muitas alegrias e conhecimentos aos turistas e à população cuiabana de todas as idades.




sábado, 21 de janeiro de 2017

O PALÁCIO DOS ESPORTES

FotoRodrigoBarros2017

José Antonio Lemos dos Santos

     Quem não se preocupa com a situação atual da Arena Pantanal de mais de R$ 600,0 milhões, reconhecida internacionalmente como um dos mais importantes exemplos de arquitetura contemporânea no mundo e escolhida como a mais funcional de todas as arenas da Copa 2014 pela crônica esportiva estrangeira presente no evento? Além da falta de interesse demonstrada pelas autoridades responsáveis, há também a indefinição de qual o destino socialmente útil e sustentável dar a ela, solução não encontrada para nenhuma de suas coirmãs, inclusive o Maracanã, a tida como a mais viável delas.
     A chegada ao governo do estado do ex-prefeito Wilson Santos e de Leonardo Oliveira, jovem de ótimo DNA político e promissora carreira, ambos entusiastas do futebol cuiabano, bem como a posse do prefeito Emanuel Pinheiro que prometeu retomar o projeto “Bom de Bola, Bom de Escola” animam-me a trazer em linhas gerais uma ideia que matuto a algum tempo sobre o assunto. Ela se baseia na visível voracidade com que a população frequenta os parques públicos cuiabanos, antigos e novos, e, muito em especial, a praça da Arena Pantanal, onde crianças, jovens e menos jovens, individualmente ou em grupos, desfrutam de espaço abundante para a prática de atividades físicas. Chama a atenção famílias reunidas em quadriciclos com reboques, sorrindo, brincando, deixando de lado um pouco o sedentarismo mortal da trinca sofá, refrigerantes e TV. Quanto isso custa aos poderes públicos? Ou melhor, quanto esses equipamentos públicos economizam aos cofres públicos só em termos de saúde, por exemplo? O custo apenas das doenças cardiovasculares no Brasil é estimado na ordem de 1,74% do PIB! Transportando rusticamente essa proporção para Cuiabá teríamos um custo de R$ 310,0 milhões ao ano, metade da Arena Pantanal por ano. Só em uma doença! E a baixa capacidade respiratória e muscular, somada ao sedentarismo aumentam em 3 a 4 vez
es a prevalência desses males.
     O esporte é uma das formas mais sublimes de manifestação da vida. Vida é saúde, e o esporte é o cultivar da saúde e a fruição da vida em plenitude. O esporte, em especial o futebol no Brasil, não é mais coisa de vagabundo como alguns ainda pensam. Trata-se de uma das principais alternativas às drogas, crime e violência para nossos jovens, bem como aos hospitais, remédios e o túmulo precoce aos adultos. A ideia é transformar a Arena Pantanal no Palácio dos Esportes. Mantida a prioridade para o futebol - reservados espaços para os clubes contarem suas histórias, venderem seus materiais e ingressos, bem como espaços para os visitantes da Arena, com exposições e palestras sobre o grande edifício e o antigo Verdão - a Arena Pantanal abriria todo o seu espaço restante para abrigar os demais esportes, com suas federações, ligas, academias, oficinas, lojas de materiais esportivos. A própria Federação de Futebol poderia estar lá, desocupando a antiga Praça Benjamin Constant a ser reurbanizada à altura do Sesc Arsenal e do Dutrinha revitalizado.
     Articulada aos COT’s, Mini-Estádios e projetos como o “Bom de Bola Bom de Escola” a Arena funcionaria como o esteio de um grande programa de esportes, mas também de saúde, educação e segurança pública, que se estenderia progressivamente para todo o estado. Lá ficariam esportes compatíveis com o espaço, como o boxe, judô, Karatê, tênis de mesa, xadrez, ginástica olímpica e muitos outros. A Arena teria assim uma utilização nobre, sustentável e socialmente correta, mantida com uma adequada taxa de utilização dos usuários baseada no seu custo de manutenção e complementada com recursos do estado como investimento multisetorial de amplos resultados, não como subsídio.
(Publicado em 21/01/17 pelos sites Arquitetura Escrita e Página do Enock, em 22/01/17 pelo MidiaNews, em 22/01/17 no FolhaMax ..)
COMENTÁRIOS (Fora do Blog)
MidiaNews
JOSÉ GONÇALVES 22/01/17:
"frequento a arena pantanal e moro proximo....vou deixar registrado uma coisa aqui: se as autoridades reponsaveis não tomarem uma atitude urgente a arena no prazo de dois anos vai se tornar uma sucata, o que tem de veiculos circulando e estacionando em pisos que teriam que serem melhor cuidados, com caminhões que vão levar equipamentos batendo em arvores e postes de iluminação, batendo nas telas de proteção e destruindo as mesmas, com tendas que para serem fixadas fazem buracos no piso que depois entra agua e vai formando buracos, com pessoas que levam animais que ficam defecando por onde pessoas fazem caminhada.....tem uma serie de medidas que tem que serem adotadas e que se não forem daqui ha pouco tempo aquilo vai virar sucata."

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

PRÊMIO INTERNACIONAL

 
archdaily

      A arquiteta JULIANA DEMARTINI ganhou o Premio Internacional de "Tesis de Investigación 2016, La Vivienda Social, Innovación y Tecnologia", tendo sua tese de Doutorado escolhida como a Melhor Tese de Doutorado pelo Instituto del Fondo Nacional de la Vivienda para los Trabajadores (INFONAVIT), a Universidad Nacional Autónoma del Mexico (UNAM)  e o Programa Universitário de Estudios sobre la Ciudad (PUEC). A tese denominada "Assessoria Técnica Continuada: desafios e possibilidades para Implementação de um Programa Público para as Expressões do morar" foi escolhida por um Juri formado por profissionais de alto nível (Mestres e Doutores).
     A tese foi desenvolvida junto à UFRJ e a arquiteta premiada é mato-grossense de Sinop, graduada pela UFMT, tendo sido professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Cuiabá (UNIC) e hoje é professora concursada da UNEMAT em Barra do Bugres, Mato Grosso.

Ler mais em:
http://www.puec.unam.mx/guest-book/noticias-puec/resultados-del-premio-internacional-de-tesis-de-investigacion-2016-la-vivienda-social-innovacion-y-tecnologia/570

domingo, 15 de janeiro de 2017

A SEGUNDA PROVA


campinews.blogspot.com

José Antonio Lemos dos Santos

     No artigo anterior dedicado aos novos vereadores, falei em “vaiar e aplaudir quando for o caso” os políticos e logo entre amigos surgiu o argumento muito comum de que não se deve aplaudi-los quando fazem o correto porque estariam fazendo apenas sua obrigação e ganham bem para isso. Penso diferente já que no conjunto da participação consciente do cidadão o aplauso pode ser tão crítico quanto a vaia, esta crítica como desaprovação e o aplauso como apoio. É óbvio. E os políticos precisam estar em evidência, para o bem ou para o mal, afinal, hoje no império do marketing e quando a classe é tão mal avaliada, mais do que nunca prevalece a máxima ”falem mal, mas falem de mim”. Ou não? Mas os políticos são também tipo focas, adoram aplausos, e ficar em evidência com aplauso é muito melhor, é claro.
     Aventei também que a primeira prova de fogo dos novos edis em Cuiabá seria uma firme rejeição ao aumento imoral de seus salários perpetrado na legislatura anterior ao apagar das luzes do ano que passou. Para muitos uma afronta à Lei de Responsabilidade Fiscal, ou, de qualquer forma imoral dada a situação crítica de dificuldades pela qual passam o Brasil e os brasileiros. Se agride o princípio da Moralidade é também ilegal, dá no mesmo. Pois não é que como grata surpresa nesta semana a Câmara pediu ao Executivo a devolução do ato do aumento para seu cancelamento? Em um rasgo exemplar de cidadania entenderam o que toda Cuiabá e o Brasil entendem, isto é, não dá para um pequeno grupo que já ganha bem, ter seu salário aumentado quando mais de 12 milhões de brasileiros estão desempregados e outros estão a meses sem receber passando necessidades. Enfim, os novos vereadores parecem ter chegado com seus desconfiômetros ligados fazendo com que os veteranos ligassem também os seus. Viva! Palmas para eles!
     Ao vencer com brilho esta primeira prova de fogo, estaria a nova Câmara confirmando a validade da aposta dos eleitores na renovação e na esperança? Seria precipitado já acreditar em sinais de uma nova política para Cuiabá? Claro que é. Para tal a Câmara ainda terá que enfrentar muitas provas. Um leão da velha política a cada dia. E assim foi, nem bem se comemorava a primeira vitória logo apareceu outra fera. A velha legislatura que havia aprovado o imoral aumento sob o bimbalhar dos sinos e fogos das festas de fim de ano, ao mesmo tempo aprovou uma outra lei, que já foi sancionada pelo atual prefeito, criando um total 481 cargos comissionados em substituição aos anteriores 798, extinguindo 317, cerca de 40% do total anterior cumprindo recomendação do TCE para adequação às exigências da LRF. Até aí uma boa medida, mesmo que junto tenha vindo um reajuste na discutível Verba Indenizatória para R$ 4,2 por mês por vereador. Viva!
     Mas numa análise mais acurada chega-se a que cada vereador terá direito a 17 assessores de sua livre escolha por 4 anos! A maioria das secretarias da prefeitura não dispõe de um quadro desse. Pior, é assustador pensar que antes da redução cada vereador teria direito a mais de 30 assessores. Será que um vereador precisa desse tanto de assessores, mesmo os atuais 17? Ou seria só a confirmação de que na velha política, ao invés de gabinetes na verdade são montados comitês eleitorais para trabalhar por 4 anos às custas do cidadão para reeleger ou permitir novos voos aos que deveriam só bem representar o povo? É claro que o vereador precisa de assessores, mas nem tantos, e nem todos de livre provimento. Após vencer com brilho sua primeira prova de fogo, virá da nova Câmara outra boa surpresa, com uma redução ainda maior nesses números excessivos? Sim, se a cidadania continuar mexendo o doce da indignação e da cobrança. Esperar não basta.
(Publicado em 14/01/17 pelos sites NaMarra, FolhaMax, em 16/01/17 pelo MidiaNews, ...)

COMENTÁRIOS EM SITES NOTICIOSOS: 
No FolhaMax
Carlos Nunes 15/01/17
"O primeiro teste para essa nova Câmara Municipal de Cuiabá e Várzea Grande chegou rápido. Trata-se do pedido do Secretário de Cidades aos prefeitos para isenção de impostos pró VLT, onde cerca de 200 MILHÕES DE REAIS, deixarão de entrar nos Cofres das Prefeituras. Esse dinheiro ia pra Saúde, pra Educação Básica, pra Creches, e outras coisas mais essenciais para o povo. O que será que o nobres vereadores pensam disso? O caso agrava mais ainda quando o Secretário diz no mídiannews, que o VLT terá um prejuízo anual de 38 MILHÕES DE REAIS, que serão cobertos por incentivos estaduais. Em resumo: o VLT só vai funcionar se houver isenção fiscal municipal e subsídio estadual. Puxa vida, vão fazer um negócio que só dá prejuízo? Nem demanda suficiente de passageiros tem ainda, pois, segundo estimativa do IBGE, agora que Cuiabá tem 580 Mil Habitantes. Querem comparar a cidade de Cuiabá com o Rio de Janeiro - lá tem mais de 6 Milhões de Habitantes. No final começa com isenção de impostos de 200 Milhões; prejuízo de 38 Milhões, e isso cresce igual bola de neve montanha a baixo; o negócio vai acumulando e fica inviável nos próximos anos...até o prefeito ou governador futuro dizer: não tem mais isenção de imposto, nem incentivo estadual mais...aí, o negócio para. Quando contaram para um senhor bem humilde sobre o VLT; depois de matutar sobre o assunto, embaixo de um pontinho de ônibus, caindo aos pedaços, da periferia...esse senhor que não é doutor, mas tem a escola da vida, arrematou: VLT? NÃO VAI FUNCIONAR! É MUITO COMPLICADO! Acho que é só para cidade onde a verba esteja sobrando aufa, e não faltando a beça."


quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

MORRE CARLOS BRATKE

Foto Leonardo Colosso/FolhaPress

     No último dia 9 faleceu em São Paulo o arquiteto e urbanista Carlos Bratke que nasceu em São Paulo no dia 20 de outubro de 1942, tendo se formado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Mackenzie, no ano de 1967, e posteriormente feito pós-graduação (1969) em Planejamento e Evolução Urbana, pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Fez parte de várias Diretorias do IABsp, 1º Vice-presidente nas gestões de 1988/1989 e 1990/1991, Presidente na gestão de 1992/1993 e Conselheiro Superior de 1994 a 2005.
     Tem diversos projetos em Cuiabá dentre os quais os edifícios multifamiliares GENESIS, DOMUS AUREA, DOMUS MÁXIMA  e o CENTRUSTOWER da foto abaixo:

                                             Foto João Gabriel Sales/José Augusto Figueiredo

Leia mais em
 http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/01/1848397-arquiteto-da-berrini-carlos-bratke-morre-aos-74-anos-em-sao-paulo.shtml

sábado, 7 de janeiro de 2017

MEXER O DOCE

Foto Douglas Agum       internet  

José Antonio Lemos dos Santos

     Nunca as coisas são fáceis, mas a cada passagem de ano a gente deseja a vinda de coisas boas para todos, como se elas acontecessem por si só. Nestas ocasiões vivemos a ilusão da esperança. Esperançosos esperamos o bom velhinho, a fada madrinha ou El-Rey trazer de bandeja tudo aquilo que desejamos. O ambiente festivo, de abraços, sorrisos, compras, comilanças e bebelanças ajuda a esquecer que os desejos não se realizam assim e que para acontecerem é preciso correr atrás, pôr a mão na massa, contando com a indispensável ajuda lá de cima, é claro.
     Este ano de 2017 desperta nos brasileiros muitas perspectivas, como esperanças nas quais em verdade não se espera muito, apesar da enorme necessidade de acontecerem. Não é para menos. Depois de seculares decepções a cidadania se divide dentro de cada cidadão entre a passiva e antiga resignação pelas coisas a seu favor não acontecerem e a crescente vontade de fazer com que aconteçam. Cansada de ser enganada, vilipendiada por interesses escusos que só lhe diz respeito naquilo que lhe é subtraído, roubado às escâncaras, junta as forças da indignação com a força das novas ferramentas que a modernidade oferece como a comunicação instantânea das redes sociais, e-mails e whatsapps, já testadas na organização de poderosas manifestações públicas. Este ano novo traz muitas esperanças, mas, a maior delas é que o povo já sabe que só esperar não basta, é preciso mexer o doce, protagonizar a história, participar conscientemente, aglutinar, cobrar, criticar, apoiar, vaiar e aplaudir quando for o caso. Desta esperança maior abre-se no ano um leque de possíveis focos para a atenção cidadã.
     A prioridade máxima seria concluir o processo de extração até seu último vestígio do maldito carnegão da corrupção que maltrata o país, sem nunca menosprezar os poderosos adversários, aqueles que usarão de todo seu estoque de malandragem para tudo de novo terminar em pizzas. Se não for extraído inteiro, terá sido tudo em vão e a praga brotará novamente, talvez com mais forças. Junto, focar na mãe de todas as reformas, a reforma política, buscando que seja verdadeira, estabelecendo no mínimo que as eleições proporcionais permitam ao eleitor saber quem poderá eleger de fato com seu voto, mostrando as listas, como acontece nos países democraticamente civilizados, e não como aqui, apenas um truque para manutenção dos caciques políticos.
     No caso de Cuiabá, atenção especial merecem os novos vereadores, a maioria deles com sérias e limpas intenções, mas já sob fogo cerrado da velha guarda para que entrem nos velhos esquemas. O apoio ostensivo da cidadania é importante para que resistam e sem digladiar entre si formem um bloco dos novos para enfrentar as fortes e ardilosas pressões do passado indesejável, contando com o apoio de seus eleitores, mesmo daqueles que não elegeram diretamente seus escolhidos, mas outros através do voto de legenda. A firme rejeição ao imoral reajuste de seus salários seria a primeira prova de fogo.

     Nesta superficial prospecção de prioridades para a cidadania em 2017, no caso da Grande Cuiabá há que se exigir a conclusão das obras da Copa, paralisadas por motivos até hoje não muito claros, como no caso da Arena, o aeroporto, trincheiras ou mesmo o VLT. E mesmo conclusão das outras obras inconclusas que não são da Copa, como o Hospital da UFMT, o Pronto Socorro, duplicação da Cuiabá-Rondonópolis, a ferrovia passando por Cuiabá e subindo até Nova Mutum e agora a Orla do Porto e o Parque das Águas. E muita atenção para que não se repita nas prefeituras a velha prática de um governo desconstruir as obras de seu antecessor. Assim talvez seja preparado em 2017 o melhor presente para os 300 anos de nossa cidade: uma nova política. É sonhar muito?
(Publicado em 07/01/17 pelos sites FolhaMax, MidiaNews, ArquiteturaEscrita, BlogDoLúcioSorge, NaMarra, em 08/01/17 pela PáginaDoEnock, em 09/01/17 pelo CAU-MT, em 10/01/17 pelo Diário de Cuiabá, ...)


sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

LEONARDO BENEVOLO (1923 -2017)



italianostraroma.blogspot.com.br

"Ontem, 05 de Janeiro de 2017, faleceu aos 93 anos de idade o arquiteto Leonardo Benevolo.

Leonardo Benevolo foi uma das figuras mais representativas de toda a história da arquitetura italiana (sobretudo da história da crítica e planejamento urbano), um profissional sempre atento aos problemas e possíveis novos horizontes da cidade.

Benevolo estudou arquitetura na Universidade de Roma, onde se graduou em 1946. Ensinou história da arquitetura no Ateneo, e depois nas Universidades de Florença, Veneza e Palermo. Seus escritos -- principalmente o livro História da Arquitetura Moderna, publicado nos anos 60 -- foram disseminados e traduzidos para muitos idiomas, rendendo ao arquiteto fama internacional a ponto de ser reconhecido hoje em dia como um dos historiadores mais ilustres da arquitetura e urbanismo. " Archdaily.

Leia mais em http://www.archdaily.com.br/br/803007/falece-o-arquiteto-italiano-leonardo-benevolo


Uma das minhas maiores referências em Arquitetura.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

2016, O ANO NECESSÁRIO

uol- charge Mariano

José Antonio Lemos dos Santos

     O arquiteto e urbanista em sua essência tem que ser antes de tudo otimista e esperançoso. Otimismo e esperança são características inseparáveis a quem baseado no presente trabalha com o futuro, aquilo que ainda não existe, sempre na perspectiva de que um dia venha a existir. Não pode ser aliado do pessimismo e da desesperança, senão, qual a graça em trabalhar o futuro? Entretanto, refletir sobre 2016 e as perspectivas para 2017 coloca a prova qualquer estoque de otimismo e de esperança. É pouco o esforço que faço a cada artigo para escoimar os aspectos negativos e ficar só com os positivos, como o trabalho de um garimpeiro apurando o cascalho para ficar só com o que é precioso.
    2016 foi um ano duríssimo. A lembrança que não me foge à cabeça é a de um furúnculo. Lembram de furúnculo? Palavra feia que não se fala mais e era tão comum na minha infância. As crianças do meu tempo tiveram pelo menos um. Não se podia comer alimentos “quentes”, que hoje corresponderiam a “muito calóricos” e, então eram proibidos chocolate, manga e, até, bocaiuva! Inchava, doía, mas o pior era o tratamento feito em casa mesmo: espremer para sair o pus, enfiar no buraco uma gaze, colocar um emplastro quentíssimo, mercúrio cromo ou iodo banhando tudo e depois encher com um pó famoso na época. Por fim, muita gaze e esparadrapos, concluindo a obra. Demorava semanas. A dor e a aflição no tratamento eram terríveis, mas, absolutamente necessário enfrentar. E tinha um tipo pior ainda de furúnculo que era chamado de “antraz”. Barbaridade! A notícia boa é que nunca soube de alguém que tenha morrido dessas coisas, só agora no Google.
     2016 foi um ano duríssimo no qual o Brasil começou a tratar o mal que o atormenta a décadas, séculos talvez, o furúnculo da corrupção, que, lhe rouba energias que deviam ser dirigidas ao bem-estar e à qualidade de vida de seu povo. Como nos humanos o tratamento é cruel, aflitivo e doloroso, dando ideia de não acabar nunca. Mas é necessário e tem que ir até o fim, como nos antigos furúnculos. O pior, porém, é que os furúnculos lá no fundo tinham um tal de “carnegão” que precisava ser extirpado totalmente, senão não curava de verdade e voltava. O emplastro quente era para “puxar” o tal carnegão para cima e, à medida que ia subindo a técnica continuava sendo espremer até sair tudo, por isso o tratamento demorava tanto.
     No caso do Brasil, não há dúvida que chegamos ao “carnegão”. Ou será que não? Faz tempo que falamos ter chegado ao fundo poço, e no entanto, o poço sempre era mais profundo. Mas agora parece que atingimos o cerne, o núcleo duro do poder político corrompido, do carnegão nacional. O tratamento é aflitivo, cruel e demorado, mas necessário e tem que ir lá no fundo usando o emplastro quentíssimo das delações premiadas para depois espremer à medida que o mal aflore até extirpá-lo na totalidade, em todos os setores e todos os partidos, espremidos com as unhas poderosas da Justiça.

     Em 2016 o bem e o mal vieram juntos. O maior mal nacional foi a descoberta unânime do estágio avançado do furúnculo da corrupção no país, que sempre foi de existência conhecida, mas ninguém supunha sua real extensão, por sinal ainda desconhecida em sua totalidade. O bem maior foi que a nação não teve medo de enfrentar a crueldade da cura, e parece disposta a levá-la até o fim, ainda que existam setores poderosos que pretendam interrompê-la. Que o Brasil continue seu tratamento por mais cruel e sofrido que seja, arrancando o carnegão até as raízes. Só assim restará a esperança de um Brasil novo e em dias melhores para nossos filhos, netos e gerações futuras. Ainda que dura, esta é a mensagem possível de otimismo e esperança para 2017.
(Publicado em 30/12/16 pelo MidiaNews, PáginaDoEnock, NaMarra,Arquitetura Escrita, PoconéOnLine, BlogDoLúcioSorge, JornalDoNorteAraguaia, em 31/12/16 pelo DiárioDeCuiabá, em 02/01/17 pelo CAU-MT, ...)

COMENTÁRIOS:
No MidiaNews:
JOSÉ GONÇALVES  30.12.16
"Pois é sr. José....tem uns inocentes que só descobriram isso agora....eu ja sabia disso a muitos governos atras."

sábado, 17 de dezembro de 2016

A CIDADE E O NATAL

noticias.uol.com.br

José Antonio Lemos dos Santos

     Ainda refletindo sobre Civilização, Cidade e Cidadania é fácil ver que o conceito de Liberdade também é visceralmente ligado a estas três gêmeas inseparáveis. Peguei o tempo em que a liberdade de um terminava onde começava a do outro. Mas o mundo evoluiu e todos nos transformamos com ele. As melhores tendências do mundo atual apontam para uma visão de inclusão, compartilhamento e sustentabilidade. Hoje seria mais correto dizer que a liberdade de um não mais termina, mas se complementa na liberdade do outro. Não mais a liberdade solitária, mas a liberdade solidária. Ou somos todos livres ou não somos livres.
     O Natal celebra o nascimento de Jesus Cristo que veio para religar o homem a Deus, como Maomé, Buda e outras figuras grandiosas, conforme seus seguidores de fé. Aliás, essa “re-ligação” com o divino está na origem da palavra “religião” e é o mais importante estágio da evolução humana, mesmo que o homem ainda evolua muito. Religado a Deus o homem pensa no outro como irmão e que a felicidade está na comunhão, comum-união de todos na grande família divina. A felicidade solidária, não solitária. Amar o próximo como a si mesmo e a Deus sobre tudo.
     A cidade é uma invenção humana, a maior e mais bem sucedida delas. Um objeto artificial que é construído numa construção permanente. Importante é que se trata de uma construção coletiva, feita no dia-a-dia com o trabalho de cada cidadão, que por isso é seu verdadeiro dono. A cidade é do cidadão, célula da cidadania. Ele constrói a cidade com sua casinha, do casebre à mansão, com seu estabelecimento comercial, da pequena borracharia aos grandes empreendimentos. E a cidade é construída para ser o lócus das múltiplas relações urbanas, sendo justamente a convivência lado a lado dessas diversas relações, na integração e no conflito de seus diferentes interesses que surge a fantástica sinergia das cidades que faz a Humanidade dar saltos de desenvolvimento cada vez mais rápidos ao longo da História. A cidade é a unidade dessa diversidade e por isso é solidária. Ou pensamos um no outro, do passado, do presente e do futuro, ou perecemos como seres urbanos, como civilizados.
     Como no conceito de Liberdade, a cidade de cada um não mais termina onde começa a cidade do outro, elas se complementam. A cidade de um embeleza ou enfeia, ajuda ou atrapalha a cidade do outro, pois não existe uma cidade para cada um, a cidade é uma só, ainda que percebida pelas pessoas de maneira diferente, de acordo com o uso individualizado. A cidade é uma só e de todos, da cidadania, ou não é de ninguém e começa a morrer. É a expressão máxima da comunhão do espaço na grande obra destinada ao bem de todos. É o bem comum a ser compartilhado, convivido por todos. E aí ela é divina. Talvez por isso as cidades ficam especialmente belas no Natal.
     A grave crise das cidades no mundo, em especial Cuiabá e Várzea Grande só será resolvida quando a cidadania retomar a cidade como sua, seu maior bem, feita por ela e que tem as autoridades públicas como seus funcionários para coordenar e promover essa grande obra. Não basta mais cada um fazer sua parte e, muito menos, apenas esperar El-Rey. Além de fazer nossa parte, temos direito a que o outro faça a parte dele, de acordo com o projeto comum firmado nas leis urbanísticas, no Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano que, por isso, deve ser técnica e democraticamente elaborado. Construir a cidade, além de cada um fazer bem sua parte, é participar ativamente, apoiar, discutir, criticar, aplaudir e cobrar. Só ou em grupo. E já existem bons sinais nesse sentido. Além da cidade de cada um, há sempre a cidade do outro. Nada mais cristão, nada mais natalino.
(Publicado em FolhaMax em 17/12/16, na Página do Enock e no MidiaNews em 18/12/16, em 21/12/16 no HiperNoticias, no Diário de Cuiabá (Cuiabá e o Natal), no dia 23/12/16 no TribunaMT, ...)
COMENTÁRIOS
Na Página do Enock:
Osmir  24/12/16
"Acorda Zé, enquanto estivermos sendo administrados por esses incompetentes e despreparados, continuaremos sendo uma cidade desordenada , suja ,mal cuidada,e o que é pior saqueada em todas gestões. Fale sobre flores"!

Vicente Araújo  25/12/16
"Osmir será sempre um pontinho fora da curva. Sua metralhadora giratória (em sentido figurado) está sempre matraqueando contra as opiniões dos técnicos e especialistas, como se soubesse de tudo e dominasse os conhecimentos de todas as ciências e ofícios. Trata-se de uma mente doentia (em seu viés fascista, antidemocrático e autoritário) ou apenas um saudosista das ditaduras militares que solaparam a América Latina e o mundo (filho tardio do militarismo golpista)? Ora, Osmir, acerte esse passo com sua contemporaneidade ou viverá para sempre nesse serviço sujo de atormentar os ambientes democráticos e republicanos, sempre com suas opiniões deseducadas, grotescas, marcadamente estúpidas e desaforadas. Osmir porventura imagina que a sociedade brasileira e suas instituições seja uma grande caserna a céu aberto? Osmir imagina que seus maus modos e rudeza poderão calar as pessoas? Cala a boca Magda, digo, Osmir… ou fale construtiva e educadamente para ser recebido como um verdadeiro camarada! Com esses seus modos será sempre tratado como um infiltrado nas fileiras democráticas! Creio que até Papai Noel está de saco cheio com você!"

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

"TEXTÃO"

A imagem pode conter: 2 pessoas, pessoas sorrindo, pessoas em pé
Arquiteta Silvana Zeni e arquiteto Márcio Barreto




Silvana Valério Zeni

     "TEXTÃO"...PORQUE NÃO??? Poucos lerão mesmo...Caramba como é gostoso saber que estou no caminho certo, começo a imaginar que falta pouco para eu encontrar o caminho das pedras...
     Nos últimos dias 12 e 13 tive a oportunidade de comprovar isso, por falta de atenção minha quase perdi o evento que nós Arquitetos e Urbanistas somos agraciados pelo CAU/MT nesta época do ano, datas que comemoramos nosso dia, mas enfim quando é surpresa boa, tem uma gosto todo especial também. No primeiro dia conheci pessoalmente os arquitetos Dani Magero e Bruno Capanema, e pude certificar pela palestra dada por eles, que são profissionais realmente comprometidos com sua missão, que é no meu entendimento, de mostrar o caminho do empreendedorismo aos profissionais da arquitetura, caminho este que deveria, e acredito que em breve será obrigatório nas faculdades, pois saímos da faculdade sabendo projetar, mas não preparados para o mercado de trabalho.
     Ainda equiparadamente a satisfação de participar da palestra dos idealizadores “Arquitetos de Sucesso”, Dani e Bruno, conheci o jornalista mais conhecedor de arquitetura do que muitos e muitos arquitetos, somente falta a ele, acredito (vai saber) saber projetar e o diploma de Arquiteto e Urbanista, pois Raul Juste Lores deixou a todos boquiabertos da riqueza de conhecimento da Arquitetura e Urbanismo no mundo, inclusive no Brasil. Não vejo a hora, dele lançar seu livro, se, em uma palestra ele destilou em nossa veia, tamanho conhecimento, imagine em seu livro. 
     No Segundo dia de palestras, fui apressadamente sem conferir os palestrantes, chegando la percebi que o tema era algo que eu “possivelmente já entendia”, tema este que era “O RRT como instrumento de valorização da arquitetura e urbanismo”. Ministrada pelo arquiteto Claudemir José de Andrade, um pouco desatenta, mas ali me esforçando para me concentrar, pois sei que sempre aprendemos mais, quando é um tema que “possivelmente” conhecemos. Por sorte acordei, e percebi que na minha cara estava o meu currículo, a comprovação técnica dos meus trabalhos, o Acervo Técnico. Como assim ele estava ali o tempo todo, mas em meu “ponto cego”, foi esclarecedor, a visão de taxa da RRT se caiu naquele momento e veio em mente que em varias vezes me peguei olhando oportunidades de trabalho em que se exigia Acervo Técnico, e eu acreditava, não ter ainda. Que delicia, começar listar ali mesmo, meus trabalhos destes dois anos de formada, e descobrir que poderia ter feito mais de dez RRTs, e ainda mais feliz em descobrir que ainda posso fazê-los, comprovando a autoria dos meus projetos e estudos preliminares...eu que acreditava que não tinha feito metade do que poderia ter feito nesses poucos anos de formada, descobri que estou satisfeita com os trabalhos até agora realizados. 
     Palestrantes seguiram e todos interessantíssimos, na área de ensino, como a Arquiteta Andreia Arruda Canavarros, a experiência relatada através de inúmeros projetos Urbanísticos do arquiteto Jorge Mario Jauregui, realizados nas favelas do Rio de Janeiro, projetos estes que inspiraram e firmaram ainda mais o meu “eu Urbanista”, criei varias idéias na mesma hora, inspirada nos slides que estava vendo, e por fim um profissional que já havia trocado mensagens pelo Facebook , inclusive me candidatando a discípula dos seus métodos, o arquiteto Marcio Barreto, o reconheci e não perdi tempo, o abordei e passamos boa parte do coffee break conversando sobre os métodos inovadores de abordagem do mercado de trabalho, que em apenas três anos já é uma referencia entre os profissionais de todo Brasil, inclusive, a culpa é dele por eu ter ficado sem os salgadinhos “mais saudáveis”...pensei: “Vou ficar com fome”, mas quem disse que o que nos move, o que nos inspira, que é o aperfeiçoamento do conhecimento, do nosso amor pela arquitetura não alimenta, confesso que agora três horas após o termino do evento, estou comendo algo, somente por habito, porque estou ainda satisfeita, estou ainda degustando as experiências, que gentilmente os grandes profissionais que o CAU/MT nos presentearam, sou grata, imensamente, pela recarga de energia, que nesse momento tão delicado em que no mundo e no Brasil passamos. Estou tão motivada com a profissão, como no primeiro dia de aula na faculdade.     
      Ainda agradecendo, não posso deixar de citar, que um dos palestrantes, me confidenciou que seus professores eram “elitistas” que não o motivaram a fazer arquitetura para todos, eu respondi: Nossa que sorte eu tive, pois tive excelentes professores, e citei alguns, como Jose Antonio Lemos SantosCassia Abdallah, , Ademar PoppiVera BaggettiLuiz Claudio BassamJosé Maria Andrade , etc. Sei que não citei todos os excelentes professores que tive e peço perdão, é presente a lembrança do brilho no olhar, o interesse em nos fazer entender o que é Arquitetura e Urbanismo de verdade, eles me motivam até hoje...e tenho a honra hoje de ser pra sempre aluna e colega deles, vivendo no mesmo tempo, aprendendo ainda com eles, sou realmente grata, me sinto renovada para o novo ano que esta chegando, acreditando ainda mais, que é possível fazer a diferença, na vida de quem mais precisa de Arquitetura e Urbanismo, OS MENOS ABASTADOS!!!

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

A CIDADE E AS LEIS

MPE

José Antonio Lemos dos Santos

     No último artigo relembrei que Civilização, Cidade e Cidadania nasceram juntas, xipófagas inseparáveis, uma não vive sem a outra e sem elas retroagimos à Barbárie. Citei o caseiro Francenildo Santos do caso Palocci de 2006, o técnico Hígor Guerra do VLT em 2011 e o ex-ministro da Cultura Marcelo Caleri de agora, 2016, como bastiões da Civilização nesta sociedade que cada vez mais se barbariza, ainda que sabendo que como eles existem anônimos muitos milhões de outros verdadeiros cidadãos por este Brasil afora. Entretanto, poderia e deveria também ter citado o Ministério Público Estadual como um destes baluartes na figura do promotor Carlos Eduardo Silva, sempre atento aos já corriqueiros deslizes na aplicação da legislação urbanística.
     A razão principal do Ministério Público é fazer as leis serem cumpridas, fortaleza da Civilização e das cidades, gêmeas que não sobrevivem sem as leis. Como poderiam conviver no espaço urbano milhares, milhões de cidadãos sem normas, estatutos, leis para ordenar essa convivência? O próprio Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, o projeto da cidade, determinado pela Constituição Federal, é expresso em leis que precisam ser cumpridas, senão as cidades degringolam. Pois bem, passou-me despercebido, mas no dia 29 de novembro o noticiário local trouxe matéria informando sobre a anulação pela Justiça da Lei Complementar 367 de 4 de novembro de 2014 que criava o Distrito do Barreiro Branco em Cuiabá, em atendimento à ação civil pública proposta pelo Ministério Público Estadual.
     Nada contra a criação de novos distritos, desde que tecnicamente viáveis e seguindo os ritos legais de tramitação. O problema é que a lei de criação do Distrito do Barreiro Branco vinculando sua área urbana “aos índices das Zonas de Expansão Urbana, possibilitaria que conjuntos habitacionais e outros empreendimentos imobiliários de considerável impacto ambiental e urbanístico fossem edificados no local”, conforme explicado pelo promotor Carlos Eduardo Silva. E qual o problema? É que o Plano Diretor, revisto em 2007, proibiu por 10 anos a expansão da Zona Urbana de Cuiabá, reforçando sua orientação máxima de fazer a “cidade crescer para dentro” evitando seu maior espraiamento que  gera custos operacionais elevadíssimos. Por isso as cidades hoje devem ser compactas, densas e diversificadas.
     Fora das zonas urbanas é proibido o parcelamento do solo para ocupações urbanas, conforme a Lei Federal 6766/79 e assim poderosos interesses fundiários sempre forçam a ampliação dos perímetros urbanos através de artifícios diversos, como “generosas” doações ao poder público de terras fora do perímetro. Mas em Cuiabá a criação do Distrito do Sucuri em 2011 inaugurou uma nova “metodologia” de ampliação ardilosa das Zonas Urbanas. Criaram um novo distrito limítrofe à sede do município, definindo a Zona Urbana desse novo Distrito com cerca de 400 habitantes em dimensões suficientes para “encostar” nos limites da Zona Urbana do Distrito Sede de Cuiabá, em área bem maior que os 700ha da Morada da Serra, de 120 mil habitantes.    
     Seria brilhante se esquecêssemos que o novo Distrito é parte de Cuiabá, e assim sua Zona Urbana também proibida de ampliações. O sucesso da capciosa criação do Sucuri e o mesmo tipo de motivação estimularam então a criação do Distrito do Barreiro Branco, com uso da mesma “metodologia” e tendo como pretexto melhorias na qualidade de vida da população residente naquela área, benefícios que nada tem a ver com a criação de distritos e só dependem do interesse político, o mesmo demonstrado na artificiosa criação do Sucuri e do Barreiro Branco. Mas a Justiça tarda e não falha.E é a esperança das cidades.
(Publicado em 13/12/16 pelos sites NaMarra e Arquitetura Escrita, no dia 14/12/16 pelo Diário de Cuiabá, Midianews, Norte do Araguaia, Jornal da Notícia  ...)

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

HITLER FICOU EM PA



Não fiquem nervosos. Até o poderoso Adolf Hitler ficou em PA (Projeto de Arquitetura). Se você ainda não viu, vale a pena ver como ele se sentiu quando recebeu a notícia. Veja :

https://www.youtube.com/watch?v=TYsRuj0SAYE&feature=fvsr


terça-feira, 6 de dezembro de 2016

LEI ANULADA

cuiaba.mt.gov.br

Lei que criou Distrito em Cuiabá é declarada nula

A referida norma, conforme o MPE, afrontou o Plano Diretor da Capital


DA REDAÇÃO - ( www.midianews.com.br)
     A Lei Complementar 357/2014, que criou o Distrito do Barreiro Branco no município de Cuiabá, foi declarada nula por força de sentença judicial proferida em ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso. A referida norma, conforme o MPE, afrontou o Plano Diretor da Capital que proibiu a ampliação do perímetro urbano pelo período de 10 anos, desde a sua aprovação no ano de 2007.
     “Todas as leis e atos urbanísticos do município devem ter como fundamento o Plano Diretor, não se podendo criar regras isoladas com direitos e obrigações fora do contexto urbanístico global estabelecido pelos Planos Diretores. O ato de criação do Distrito do Barreiro Branco, que se efetivou através da edição da Lei Complementar Municipal nº 367, de 04 de novembro de 2014, deu-se ao arrepio da legislação vigente, padecendo de ilegalidade”, afirmou o promotor de Justiça Carlos Eduardo Silva.
     Conforme a lei complementar nº 357, o distrito teria início na Rodovia Emanuel Pinheiro, até a Estrada da Ponte de Ferro. A área da localidade é de 1.190 ha. Ainda segundo a lei, no novo distrito seriam aplicados os mesmos tratamentos referentes às Zonas de Expansão Urbana do Município, assim como todas as diretrizes da Legislação Urbanística de Cuiabá.
     “A qualificação dada por esse ato ao Distrito do Barreiro Branco, vinculando sua área urbana aos índices das Zonas de Expansão Urbana, possibilitaria que conjuntos habitacionais e outros empreendimentos imobiliários de considerável impacto ambiental e urbanístico fossem edificados no local”, explicou o promotor de Justiça.
     Segundo ele, foi justamente por prever os impactos negativos à sustentabilidade urbana e ambiental e a pressão imobiliária por aquisição de terras baratas e sem infraestrutura no entorno de Cuiabá, que o Plano Diretor proibiu a ampliação do perímetro urbano pelo período de 10 anos desde a sua aprovação.
(Publicado pelo MidiaNews - www.midianews.com.br - em 29/11/2016)

Ver aqui no blog o artigo MUITO ALÉM DO BARREIRO BRANCO (basta ir no "buscador", acima à esquerda)  em que fazia considerações prevenindo sobre o assunto.