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quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O Dutrinha e a Copa

O Dutrinha e a Copa
José Antonio Lemos dos Santos

Um dos maiores desafios colocados pela Copa do Pantanal é garantir ao futebol profissional de Cuiabá e Várzea Grande condições mínimas de disputa nas competições locais e nacionais enquanto é construído o novo Verdão e até sua liberação ao uso local depois da Copa. Mais que isso, é parte desse desafio recolocar ao menos um time local de volta à elite do futebol brasileiro até 2014, um desafio hercúleo, mas não impossível. Aliás, ano passado assisti um programa de TV com os ministros das cidades e do esporte discutindo a realização da Copa do Mundo no Brasil. Referindo-se à amplitude da problemática os ministros desfiaram uma série de assuntos e para minha satisfação como torcedor (de arquibancada) do futebol mato-grossense, o ministro das cidades disse que havia conversado informalmente com o governador Blairo Maggi sobre a possibilidade de estimular empresários a patrocinarem um time local em um projeto de retorno à série “A” do campeonato brasileiro, e lembrou do Mixto como exemplo.
Nesse contexto é fundamental o velho Dutrinha, que deveria ter sido melhor considerado tão logo Cuiabá foi escolhida como sede e decidida a demolição do antigo Verdão. Só em 2010 foram realizadas umas tímidas reformas e nenhuma ampliação, atraso compreensível tendo em vista que nesse período a própria Agecopa era implantada, mas que de qualquer forma custou muito caro para os times de Cuiabá e Várzea Grande. Jogar distante da torcida teve enorme importância na queda do Mixto para série “D” e no desempenho de todos os times de Cuiabá e Várzea Grande no campeonato estadual, competições equilibradas em que o fator torcida conta muito. Ao contrário do que querem crer alguns que nunca vão aos nosso jogos, as torcidas locais pressionam os adversários, tem lotado o Dutrinha, ainda que o público pagante divulgado seja ínfimo em relação ao público realmente presente e que faz muita festa, vaia, aplaude, pula, xinga e canta, fazendo do velho estádio um daqueles “alçapões” tão temidos no futebol. O futebol mato-grossense precisa da ampliação do Dutrinha.
Animado com o desempenho do Mixto na série “D” e com a perspectiva do Operário na Copa do Brasil, o torcedor cuiabano-varzeagrandense recebe como um balde de água fria a notícia de que a ampliação do Dutrinha não estaria mais nos planos da Agecopa. A construção do novo Verdão e dos dois CT’s exigidos pela FIFA não podem ser pretextos para a não ampliação do Dutrinha, hoje tecnicamente tão fácil e barata em relação a tudo que se planeja investir na Copa do Pantanal. Os competentes arquitetos da Agecopa podem projetá-la com rapidez – se é que já não o fizeram - usando a tecnologia dos pré-moldados ou até das estruturas metálicas removíveis, usada no novo Verdão. Para evitar nova interdição do estádio a solução seria uma nova arquibancada no lado do Sesc Arsenal, elevando a capacidade do Dutrinha para mais de 10 mil espectadores, suficiente para garantir o mando de campo dos times locais.
Sem poder jogar até 2014 ou 2015 os jogos mais difíceis ao lado de suas torcidas os times de Cuiabá e Várzea-Grande ficam condenados em suas aspirações de ascensão no futebol brasileiro. E seria o fim. Conhecendo a sensibilidade pública de Carlos Brito, a cuiabanidade de Yênes Magalhães, a história de Agripino Bonilha no futebol mato-grossense e a paixão mixtense de Roberto França, acredito que a Agecopa fará da Copa do Pantanal um meio de reconstrução do futebol de Mato Grosso, em especial de Cuiabá e Várzea Grande. O Dutrinha ampliado é a ponte necessária aos novos bons tempos do nosso futebol, condição indispensável à viabilização futebolística do novo Verdão.
(Publicado no Diário de Cuiabá em 31/08/2010)

Um comentário:

  1. Bom... queria saber se irá demolir o Centro de Reabilitação Dom Aquino Correa, Obrigada.

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