"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 30 de outubro de 2012

NOVO PREFEITO, NOVA CIDADANIA

José Antonio Lemos dos Santos

     Como se repete a cada dois anos, domingo passado tivemos a grande festa da democracia no Brasil, agora com a eleição dos novos prefeitos nas 50 cidades brasileiras que ficaram dependentes do segundo turno nestas eleições municipais de 2012. As eleições democráticas são antes de tudo um amplo processo de reflexão da sociedade sobre seu presente e seu futuro, reafirmando ou corrigindo rumos e concluindo com a escolha daqueles que serão responsáveis por sua condução nos próximos anos. Trata-se de momento especial em que a sociedade debruça sobre seus problemas e potencialidades, avalia os caminhos a seguir e, sobretudo, amadurece seus conceitos sobre a democracia, ajudando a aperfeiçoá-la. Não há derrotados ou perdedores, só vencedores. 
     Nas minhas não poucas eleições já vividas arrisco-me a dizer ter sido esta a mais madura de todas, naturalmente com muitos detalhes a corrigir e até alguns erros grosseiros como aquela falha de comunicação da própria Justiça Eleitoral no primeiro turno que forçou a suspensão da apuração dos votos em Cuiabá por algumas horas. No mais tivemos de um modo geral um show de civismo por parte da população, seja ao longo dos comícios e debates, seja na tranquilidade do pleito, das apurações e das comemorações pós-eleitorais. Tive a impressão de que mesmo a escolha dos candidatos se deu de forma mais amadurecida no Brasil inteiro, por exemplo, com a significativa redução de sensibilidade aos apelos de figuras midiáticas como ex-jogadores, artistas, radialistas e apresentadores de TV que tradicionalmente disparavam como os mais votados em todas as eleições. Parece que enfim começamos a perceber a diferença de atribuições entre as funções. Mesmo na eleição majoritária pode ser notada uma maior cautela, uma espera maior para definição, sem aquele oba-oba imediato semelhante a torcidas de futebol, muito característico das eleições do passado.
     Cuiabá teve talvez, em seu conjunto, o melhor grupo de candidatos a prefeito de sua história. Chegaram ao segundo turno um político e um empresário de grandes qualidades e inovadores em suas áreas. Foi eleito Mauro Mendes, já temperado pelo fogo de duas eleições, e agora com o mérito de suplantar na escolha popular a Lúdio Cabral uma nova figura na política local, carismático e dono de uma performance exemplar na Câmara de Vereadores. O novo prefeito assume Cuiabá no melhor momento de sua história, com a responsabilidade de ajudar a prepará-la e conduzi-la sob o foco dos holofotes de uma Copa do Mundo, bem como de encaminhar os preparativos para o Tricentenário, seu mais significativo evento no século. Caberá a ele o papel de maior autoridade municipal, líder condutor de Cuiabá na solução de seus problemas e, principalmente, no desenvolvimento de todas as imensas potencialidades que o futuro lhe oferece como lugar central de uma das regiões mais dinâmicas e produtivas do planeta. Não só consertar os problemas da cidade do passado, mas corrigi-los à luz da construção da cidade do futuro. Não só cuidar das responsabilidades do âmbito municipal, mas cobrar os direitos de Cuiabá nas instâncias em que estiverem. O aeroporto, o gás, a ferrovia, o Porto-Seco, a duplicação rodoviária até Rondonópolis e Posto Gil, projetos fundamentais ao futuro de Cuiabá, não podem continuar abandonados politicamente. 
     a escolha do prefeito é a ponta do iceberg eleitoral. O mais importante é o amadurecimento cívico que os processos eleitorais trazem com a reflexão da sociedade sobre seu destino. Mais que um novo prefeito, parece surgir enfim uma nova cidadania, menos passiva, que aplaude, propõe e ajuda as autoridades, mas que também critica, cobra e fiscaliza. Boa sorte Cuiabá, e que venha o futuro! 

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