"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 31 de maio de 2011

COPA DO PANTANAL, 2 ANOS

José Antonio Lemos dos Santos


     O que são 2 anos em termos de tempo? Em alguns casos podem parecer muito, em outros não. Por exemplo, parece que foi ontem que lá das Bahamas o senhor Joseph Blatter anunciou Cuiabá como uma das sedes da Copa de 2014 no Brasil. Apesar de carregada com forte sotaque, poucas vezes a palavra Cuiabá soou tão bonita. E esses 2 anos passaram rapidinho. Antes de escrever, confesso que tive até que confirmar nas matérias da imprensa se realmente haviam passado 2 anos. E passaram.
     O problema é que faltam pouco mais de 2 anos iguais a estes que já se foram para que Cuiabá se apronte para a Copa. Em evento dessa responsabilidade, com obras de grande porte, não se pode pensar em cronogramas sem ao menos 6 meses como margem de segurança, em função de eventuais contratempos normais em qualquer obra, ainda mais no Brasil, onde a pretexto de evitar práticas corruptas criou-se um cipoal jurídico-burocrático que atrapalha as obras e a implantação de serviços mas que não tem funcionado como obstáculo à corrupção. Assim, o planejamento só pode ir até 2013. Dentro da lei, é preciso acelerar processos, multiplicar turnos e, sobretudo, focar no produto a ser entregue em tempo hábil e com qualidade, qual seja, a cidade pronta e funcionando para as Copas das Confederações e do Mundo.
     Quase a meio do caminho já se pode avaliar como as coisas estão indo, em especial quanto ao esperado legado pós-Copa. Para Cuiabá esse legado é fundamental pois talvez seja a única das sedes da Copa que pagou um preço à vista por ele, com a rápida demolição do antigo Verdão, ficando sem o seu belo estádio, o único olímpico do estado, que poderia ser importante como apoio na preparação atlética do país para as Olimpíadas em 2016. Agora tem que compensar, e muito bem.
     A avaliação é favorável. O primeiro impacto positivo é na auto-estima do cuiabano, refletindo na forma de encarar seu próprio desenvolvimento. Superando o ceticismo e incredulidade iniciais após a alegria com a escolha da FIFA, logo entendeu a grandeza e significado da vitória. Hoje a cidade respira futuro debatendo projetos e obras, postura essencial a uma cidade que polariza uma das regiões mais dinâmicas do planeta e que antes da Copa já vivia um admirável boom de desenvolvimento. A iniciativa privada responde com empreendimentos desde os menores até as fábricas de cimento em Aguaçu e Rosário Oeste, passando por grandes conjuntos habitacionais, dois hotéis inaugurados, cinco em construção e mais dois em projeto. Pena que nesse ínterim a prefeitura, na contra-mão da história, extinguiu o IPDU, órgão voltado para o futuro da cidade, fundamental a cidades do porte de Cuiabá. E de imediato aprova uma nova Lei do Uso e Ocupação do Solo Urbano, sem as explicações e discussões técnicas públicas cabíveis.
     Pelo lado do estado foi criada a Agecopa, uma agência necessária à centralização dos assuntos referentes à Copa. Independente de seu formato, cuja discussão agora seria extemporânea, a Agecopa vem tocando aparentemente bem as obras da Arena Multiuso enquanto desenvolve os projetos das demais intervenções, etapa que se espera em conclusão para início imediato das obras. Falha gritante foi a não adequação do Dutrinha de forma a não prejudicar, como já prejudicou os times locais nas suas disputas. Temos ainda a temer a indefinição quanto à tecnologia básica para o novo sistema de transporte público. Mas o pior de tudo é a vergonhosa postura da Infraero que até hoje não tem sequer o projeto para o novo Aeroporto Marechal Rondon. Considerando a defasagem de décadas do principal aeroporto de Mato Grosso, esta situação realmente é um acinte da empresa para com Cuiabá, Mato Grosso e ao grande projeto nacional da Copa do Mundo de 2014.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 31/05/2011)

terça-feira, 24 de maio de 2011

NADA A VER, TUDO A VER

José Antonio Lemos dos Santos

     Que a saúde pública no Brasil, em Mato Grosso e em Cuiabá, é uma vergonha, a gente já sabe. Trata-se de uma vergonha absoluta, uma realidade ultrajante em si, independente da construção de estádios, estradas, carnaval ou o que for. É a própria vergonha, cuspida e escarrada na nossa cara 24 horas por dia. Por isso discordo do que disse na semana passada o comentarista esportivo José Trajano, sobre a construção da Arena Multiuso em Cuiabá. Nada a ver. O Brasil é um país rico, Mato Grosso é um de seus estados mais produtivos, e o brasileiro paga ao governo em impostos quase 40% de tudo que produz. Para atender um setor, não precisa deixar de atender outro. Há dinheiro suficiente. Resta saber para onde está indo. Aí a maior das vergonhas nacionais, movida pela ação dos larápios da coisa pública e aproveitadores que pululam nos noticiários locais e nacionais, mantida e fomentada pela omissão cívica dos que consideramos bons cidadãos.
     No caso de Mato Grosso basta lembrar que nos 3 primeiros meses deste ano o estado produziu para o Brasil um saldo comercial de 1,7 bilhão de dólares, mais da metade do superávit do país no mesmo período. Daria para construir vários estádios, ferrovias ou grandes hospitais. Mas essa riqueza não retorna a Mato Grosso em benefício de seus habitantes. Para ficar apenas na saúde, o sistema de atendimento público estadual e regional se baseia, há décadas, em um pronto-socorro municipal travestido de hospital. Atende pacientes de Mato Grosso, Rondônia, Acre, nordeste da Bolívia. O único hospital federal existente é um hospital-escola, da UFMT, em instalações precariamente ampliadas de um antigo hospital para tuberculosos dos anos 50. As obras do que seria um hospital central para o estado estão paralisadas desde a década de 80, e hoje são ruínas de uma obra quase pronta que, defasadas, deveriam ser preservadas e transformadas em um monumento nacional, símbolo ao escárnio e ao deboche para com a saúde pública, não só em Mato Grosso, mas no Brasil. Uma vergonha absoluta!
     Sou um entusiasta da Copa no Brasil e vibrei muito com a escolha de Cuiabá como uma de suas sedes, justamente porque poderia ser um elemento perturbador nesse conluio crônico com que as coisas públicas são tratadas no país. O Brasil e Cuiabá, com seus pecados e suas virtudes se exporiam subitamente aos olhos do planeta e avaliados segundos padrões internacionais. Sempre tive certeza que o evento da Copa puxaria os outros assuntos que necessariamente se interligam em um evento dessa magnitude. Os jogos de uma Copa não se realizam isolados do contexto em que se localizam e ninguém recebe milhões de turistas internacionais impunemente. Além da mobilidade urbana, no mínimo a Saúde e a Segurança Pública terão que ser equacionados, revolucionando a cidade para a Copa e o tricentenário em 2019.
     Assim, me alegra a realização da Copa do Pantanal em Cuiabá. Ela já transformou o estado e a cidade. Hoje discutimos o futuro, projetos e soluções para problemas concretos de nossa cidade e estado. Antes era só politicagem que não levava a nada de positivo, ao contrário, só a mais politicagem e bandalheira. Hoje Cuiabá está sob os olhos do mundo e, quer queiram ou não, será uma das doze vitrines do Brasil. Não fosse a Copa em Cuiabá e a Arena Multiuso, o grande comentarista esportivo não teria percebido que em Cuiabá a saúde pública é um escárnio, escandalizando o Brasil com essa descoberta, como se este não fosse um bem conhecido (e sofrido) drama nacional. Aí sim a Copa e a Saúde têm tudo a ver. Que bom seria se tivéssemos uma Copa para cada cidade brasileira. Expondo as vísceras putrefatas do Brasil ao mundo, antes de tudo a Copa é uma alavanca de esperança. Viva a Copa!
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 24/05/2011)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

DOMO DE ARAGUAINHA

Acabo de criar a Seção "Maravilhas de Mato Grosso", aqui no Blog do José Lemos, na coluna ao lado direito do Blog que estréia com um link da UnB sobre uma cratera de 40 Km produzida pelo choque de um meteoro na divisa de MT e GO.  Duas cidades estão dentro dela e nem sabiam.  "De todas as crateras de impacto na América do Sul, o Domo de Araguainha é a de maior dimensão, possivelmente a mais antiga e a que foi submetida a estudos geológicos de detalhe", diz o site. Voce sabia? Eu não.

terça-feira, 17 de maio de 2011

FERRONORTE: RISCOS DO DESVIO

José Antonio Lemos dos Santos

     Por trás dessa questão da ferrovia em Mato Grosso estão em jogo dois projetos de futuro para o estado. Por um a ferrovia passa por Cuiabá, e por outro, a ferrovia não passa por Cuiabá. Ou melhor, por esse outro projeto a ferrovia não pode passar por Cuiabá, pois um terminal ferroviário em Cuiabá, ligado a Santarém e Porto Velho, impedirá Rondonópolis de ter o maior terminal ferroviário do estado, indispensável ao deslocamento geopolítico ao sul, pretendido por alguns. Como Cuiabá é o maior reduto eleitoral do estado, esse jogo não pode ser aberto, e tem sido habilmente dissimulado até agora.
     O primeiro projeto tem quase cinco décadas e a cada ano se revela mais atual, mostrando a extraordinária visão de seus idealizadores, os saudosos senador Vicente Vuolo e o professor Domingos Iglesias. Seu traçado segue a espinha dorsal do estado - a BR-163 - até Santarém, com uma variante para Porto Velho passando por Tangará ou mesmo por Sapezal. Comporta ainda extensões para Cáceres, e até mesmo a variante recém criada da Leste-Oeste. Uma ferrovia para todo o estado, mantendo a integridade geopolítica que faz de Mato Grosso um estado otimizado, de maior sucesso no país hoje. Uma ferrovia para levar e também trazer o desenvolvimento, mercadorias, fertilizantes, insumos diversos, não apenas uma esteira exportadora de soja. O problema do projeto original da Ferronorte é que ficou órfão politicamente, com as ausências do senador Vuolo e de Dante de Oliveira. Deste, os herdeiros políticos ficaram com seus votos, mas abandonaram a continuidade de suas obras.
     O outro projeto surge com o avanço do agronegócio no estado e a afirmação política de alguns de seus segmentos. Não se trata de um projeto de todo o agronegócio mato-grossense, que se espalha por todo o Estado, mas de alguns de seus segmentos, em minoria no conjunto, mas poderosos, competentes e determinados. Nem se trata também de um projeto do governo - Silval vestiu a camisa da ferrovia em Cuiabá - mas de um grupo que tem muita força nele. Por ele, a Ferronorte segue de Rondonópolis direto para Lucas do Rio Verde e de lá para Santarém e Porto Velho. Esse projeto é complementado com a nova ferrovia Leste-Oeste e com a pavimentação da MT-130, ligando direto Rondonópolis a Lucas por rodovia, sem passar por Cuiabá. É fácil entender a intenção de deslocar artificialmente o centro geopolítico do estado para dois pólos, um no médio-norte e outro no sudeste, em Lucas e Rondonópolis, e a ameaça que isso representa à atual e exitosa unidade estadual. O Mato Grosso platino fica excluído e Cuiabá vira a Ouro Preto do agronegócio, com no máximo um ramal ferroviário de consolo.
     Está prevista para hoje (17/05) a Audiência Pública sobre o trecho entre Mineirinho e Rondonópolis, um desvio de 90 graus no traçado original da Ferronorte indispensável à aproximação da ferrovia até aquela importante cidade. Não se pode pensar a ferrovia em Mato Grosso com ela passando a cerca de 60 quilômetros de Rondonópolis. Por outro lado, também é um absurdo sequer imaginar que ela não passe por Cuiabá e Várzea Grande, o maior pólo produtor, consumidor e distribuidor do estado e, assim, o maior centro de carga de ida e de retorno de Mato Grosso. Se a ferrovia subir a serra por lá, não desce para chegar a Cuiabá. Seria o fim do estado poderoso tal como o conhecemos hoje e sua volta ao final da fila, sem voz e sem vez. Que esta nova audiência não esqueça que a ferrovia é para servir Mato Grosso como um todo, respeitadas as questões ambientais, passando por Rondonópolis e Cuiabá, e avançando por todo o estado, inclusive Nobres, Lucas, Sorriso, Nova Mutum e Sinop. E já! Mato Grosso, sua economia e a qualidade de vida de seu povo aguardam ansiosamente por ela.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 17/05/2011)

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A VOLTA DA SUDECO

José Antonio Lemos dos Santos

     Minhas tentativas como articulista iniciaram em outubro de 1982 no extinto O Estado de Mato Grosso, numa série de quatro artigos denominados “Cuiabá e a sede da Sudeco”, tendo como padrinho e incentivador o saudoso Archimedes Pereira Lima. Falava da possibilidade da Sudeco se instalar em Cuiabá, pois o órgão devia por lei ter sua sede em sua área de jurisdição, da qual Brasília não fazia parte. Lembrava ainda que quando criada, em 1967, era tido como certo que sua sede seria em Cuiabá, capital mais central na área de atuação do órgão, que então envolvia Rondônia, Mato Grosso e Goiás, estes ainda íntegros. Ademais, manter sua sede em Brasília era manter um órgão criado para ser descentralizador junto à matriz que se pretendia descentralizar, uma contradição que prejudicou a consolidação política do órgão. Contudo, sob a alegação de que em Cuiabá não “assentava” aviões a jato, que o sistema telefônico interurbano ainda era na base do rádio, e outras desculpas dessas, a sede ficaria provisoriamente em Brasília, e lá ficou até que Collor a extinguisse, sob o silêncio complacente de nossas autoridades e representantes federais. Este foi um dos dois motivos – que me orgulham - pelos quais depois fui exonerado do antigo Ministério do Interior. Aliás, assim também perdemos a sede do Comando Militar do Oeste, instalado em Campo Grande em 1986 com meta de se transferir para Cuiabá em 1990.
     No último dia 5 foi publicada no Diário Oficial da União a recriação da Sudeco, cujos detalhes ainda não me inteirei. Em tese acho boa a medida e nem podia ser diferente, pois na época de sua extinção fiz alguns artigos contrários. A Sudeco foi usada como “boi-de-piranha”, sacrificada em favor da preservação das poderosas Sudam e Sudene, sobre as quais pesavam inúmeros escândalos, em especial sobre incentivos fiscais, que a Sudeco não dispunha. Penso que a Sudeco teve papel preponderante na formação do que é o atual Centro-oeste, incluindo Rondônia e Tocantins, e muito especialmente na formação da potencia que é Mato Grosso hoje. A Sudeco planejava a região como um todo, organizando os investimentos federais em fortes programas especiais de desenvolvimento regional, sob a visão e fiscalização de um Conselho Deliberativo composto pelos governadores e outros representantes de cada estado. Assim os recursos federais eram articulados em função de grandes objetivos estratégicos, adquirindo uma sinergia potencializadora, e não de forma isolada e às vezes até contraditória, como acontece hoje.
     O salto diferenciado de desenvolvimento que Mato Grosso apresenta, cuja origem é atribuída por alguns à divisão do estado, na verdade está enraizada no trabalho da antiga Sudeco. É claro que tudo começa com Brasília que fez o Brasil voltar-se para o seu interior, dando início ao espetacular desenvolvimento regional. Cuiabá teve sua população duplicada na década de 60. Através de programas como o Prodoeste, Prodepan, Polamazônia, Polocentro e Polonoroeste, a Sudeco organizou e implantou uma infra-estrutura econômica e social básica, impulsionando o processo desenvolvimentista que já ocorria célere na região. As cidades e municípios que começavam a surgir, em especial no norte do estado, queimavam etapas em sua evolução, pois recebiam a fundo perdido projetos complementares de infra-estrutura urbana, como redes de água e energia, estradas, silos, geradores, criando a base sobre a qual se assenta o extraordinário desempenho que Mato Grosso tem mostrado ao país e ao mundo. Que a nova SUDECO beba nas águas da boa experiência da sua antecessora, resgatando aquele poderoso órgão de desenvolvimento regional que jamais deveria ter sido extinto.

terça-feira, 3 de maio de 2011

MATO GROSSO: ANIVERSÁRIO DE UM CAMPEÃO

José Antonio Lemos dos Santos

     Mês passado foram divulgadas as estimativas sobre o Valor Bruto da Produção (VBP) da agricultura brasileira para o ano de 2011, apontando que neste ano Mato Grosso quebrará a hegemonia do estado de São Paulo como o maior produtor agrícola do Brasil em valores comerciais. Os números são impressionantes. De acordo com as previsões do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) o VBP de Mato Grosso chegará em 2011 a R$ 33,41 bilhões, numa evolução de quase 55% sobre os R$ 21,38 bilhões da produção de 2010. Certamente que este desempenho se deve a fatores conjunturais favoráveis que elevaram as cotações dos principais produtos de Mato Grosso e derrubaram alguns produtos do estado de São Paulo. De uma forma ou de outra, não importa, Mato Grosso encontra-se no topo da produção agrícola nacional, seguido de São Paulo, com R$ 32,99 bilhões, Paraná, com R$ 24,95 bilhões e Rio Grande do Sul com R$ 21,07 bilhões.
     Uma notícia como essa vem a calhar como pano de fundo para a comemoração dos 263 anos da criação de Mato Grosso, no próximo dia 9 de maio. Para chegar a esta posição Mato Grosso teve que se consolidar como maior produtor de algodão, de milho e de soja, que neste ano ultrapassará a barreira das 20 milhões de toneladas. Além disso, é um dos maiores produtores de álcool e de biodiesel, e tem o maior rebanho bovino do país com 28 milhões de cabeças. Não só agrícola, é o maior produtor agropecuário brasileiro. Não é por acaso que é um dos maiores exportadores do país e o saldo em seu balanço no comércio exterior no primeiro trimestre de 2011 responde por 54,39% do saldo da balança comercial brasileira, com 1,7 bilhão de dólares. Um número imenso, que anualizado daria para construir algumas ferrovias ligando Alto Araguaia à Sinop, passando por Rondonópolis, Cuiabá e Lucas, ou duplicar algumas vezes a rodovia no mesmo trajeto. Por ano!
     Isso é Mato Grosso aos 263 anos, mesmo sem ter uma ferrovia penetrando seu território e com suas rodovias federais abandonadas. Mesmo com o gás de seu gasoduto cortado e paralisada a termelétrica que lhe dava confiabilidade energética; mesmo paralisadas as obras de seu principal aeroporto e esquecido o aproveitamento múltiplo de Manso. O maior produtor agropecuário do país só ano passado passou a ter uma unidade de pesquisa da EMBRAPA. E sem uma Base Aérea, apesar de ter 1.100 Km de fronteira e ser uma das principais rotas dos danosos tráficos internacionais que atormentam o país, machucando muito em primeiro lugar os brasileiros de Mato Grosso.
     Desde que foi criado em 1748 por D. João V, Mato Grosso tem participação incisiva na história do país, sempre só no seu isolamento centro-continental. Indo inicialmente do atual Mato Grosso do Sul até ao Acre, Mato Grosso expandiu os limites de Tordesilhas e depois conseguiu a proeza de defender e consolidar todo este imenso território como terras brasileiras, com muita bravura e sacrifícios de seus filhos. A partir do ouro que lhe dá origem, produziu diamantes, borracha, ipecacuanha, carne e agora é o maior produtor do agronegócio brasileiro e um dos maiores do mundo. Comemorar os 263 anos de Mato Grosso é antes de tudo cobrar da União tudo aquilo a que o estado tem direito e, sobretudo, homenagear a grandeza do cidadão trabalhador mato-grossense de todos os tempos e recantos do estado – autônomo, patrão e empregado - aquele que de fato faz o sucesso de Mato Grosso, apesar das dificuldades, do desamparo dos governos e do descaso de seus políticos. O sucesso de Mato Grosso e sua gente é a força de um estado unido e trabalhador, nas dimensões e condições exatas exigidas pelo século XXI. É para ser imitado, aplaudido e apoiado.

sábado, 30 de abril de 2011

CIDADES QUE DIMINUEM - SHRINKING CITIES

Novidade no Blog. Na coluna à sua direita voce encontrará agora uma seção dedicada às incríveis "CIDADES QUE DIMINUEM". Lá voce inicialmente encontrará links com filmes sobre as tristes situações urbanas (urban decay)  de Detroit e Flint, nos EUA, hoje cidades decadentes, em função da globalização e outros motivos. Vamos buscar outras cidades em situações semelhantes para profundas reflexões. NOVIDADE também na seção "ALTA TECNOLOGIA" com a incrível proposta do trem chinês sem paradas nas estações para embarques e desembarques de passageiros. Veja.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

CIDADE, TÉCNICA E POLÍTICA

José Antonio Lemos dos Santos

     Normalmente pensamos que as cidades são fenômenos naturais como a chuva e os rios. Temos a falsa impressão de que quando o homem surgiu na face da Terra as cidades já existiam esquecendo que na verdade a cidade é uma invenção humana, fruto de seu desenvolvimento. Aliás, a maior e mais bem sucedida das invenções. Com ela surge a Civilização. Como invenção, a cidade é um objeto artificial, isto é, construído pelo homem, e como objetos construídos as cidades guardam uma dimensão técnica que lhes é inalienável, em especial depois do Renascimento e da Revolução Industrial. Hoje as cidades não podem prescindir da técnica, em especial da ciência do Urbanismo. Nela está a chave do desafio maior do século XXI que são as cidades. Sem ela, temos o caos urbano que desafia o mundo e ameaça a Civilização.
     Por outro lado, nas sociedades de fato civilizadas - as democráticas - a cidade é um objeto que não tem só um dono e nem é construída por uma só pessoa. A cidade tem milhares de donos e construtores, seus cidadãos, cada qual com direitos sobre ela, indivíduos que só têm sentido e expressão no exercício do seu coletivo, que é a cidadania. A compatibilização desses direitos ou a solução desse legítimo jogo (ou conflito) de interesses reforça o imperativo das técnicas do planejamento urbano e do urbanismo, mas também determina para as cidades sua segunda dimensão, do mesmo modo inalienável, que é a dimensão política.
     Para a cidade a técnica e a política são como duas pernas imprescindíveis ao seu correto e salutar desenvolvimento como equipamento a favor do bem estar e da evolução de seus cidadãos. Nem a técnica pode determinar sozinha, caso em que cairíamos na tecnocracia de triste lembrança, nem a política pode decidir sozinha, pois assim abrimos mão dos avanços técno-científicos imprescindíveis à construção da cidade, abrindo caminho aos caos. São objetos enormes, de grande complexidade, verdadeiros organismos vivos, extremamente sensíveis para o bem e para o mal, impossíveis de serem controlados empiricamente, pelo “achismo” ou pela força dos mais poderosos ou do berro ou do grito. E o desenvolvimento sem controle resulta no caos, reproduzindo no organismo urbano os processos cancerígenos que podem chegar à metástase, alastrando por todos os setores da cidade. É o que infelizmente assistimos nas cidades dos países atrasados, muito especialmente nas cidades brasileiras e na nossa Grande Cuiabá. As cidades retratam o nível de civilidade de um país. Não adianta fingir.
     As decisões sobre as cidades devem ser políticas, isto é, decididas pelos seus verdadeiros donos, os cidadãos, e para isso existe a democracia. Só que estas decisões devem se dar sobre alternativas técnicas produzidas por profissionais tecnicamente competentes e legalmente habilitados. A política e a técnica ainda serão parceiras na construção cotidiana das cidades, que exige controle técnico rigoroso e constante, com planejamento, gerenciamento e retro-alimentações, sob leis democraticamente estabelecidas. Qual o futuro de uma metrópole de 1 milhão de habitantes que não conta nem com 10 técnicos graduados em urbanismo nos quadros de servidores efetivos de suas prefeituras? Menos de 1 para 100 mil habitantes! A recente criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo – CAU é um marco de esperança nesta situação. Em nível local, a audiência pública programada para hoje por iniciativa do CREA-MT também é um sinal da necessidade de mudanças urgentes. São chances históricas para a técnica deixar a atual posição marginal e subserviente, resgatando sua verdadeira importância como protagonista na construção das cidades.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

História da Indústria Automobilística Nacional

Veja na seção "Sites Interessantes" a História da Indústria Automobilística Nacional, com filmes de Jean Manzon que registram a própria história da nossa mobilidade, entre outras precisodidades. Veja na coluna à direita, rolando para baixo na décima seção. Comentários são bem-vindos.


Abs José Antonio

terça-feira, 19 de abril de 2011

CUIABÁ, ONDE A COPA AVANÇA

José Antonio Lemos dos Santos


     O artigo da semana passada acabou abatido pelo “fogo amigo” da Copa do Pantanal. A intenção era escrever sobre os benefícios que a Copa já está trazendo para Cuiabá e região, mas o fogo intenso da artilharia “amiga” na semana atingiu o texto e o artigo descambou para um nível que não estava à altura dos leitores. Resolvi poupá-los e tento refazê-lo agora de uma forma mais objetiva e civilizada.
     Sendo a menor das cidades dentre as sedes da Copa do Mundo de 2014, justamente por isso Cuiabá é uma das cidades que tende a ser mais beneficiada pelo extraordinário evento mundial. Qualquer investimento terá efeito significativo no perfil urbanístico e econômico da cidade. Uma cidade historicamente marginalizada por investimentos do governo federal, vê-se agora como um dos focos do mais importante compromisso internacional do país, cujo descumprimento trará enormes prejuízos à imagem que se quer mostrar ao mundo do Brasil como uma das potências planetárias emergentes. Aos olhos do mundo o Brasil tem que cumprir seus compromissos referentes à Copa.
     Além dos investimentos públicos, a Copa tem o poder de atrair grandes investimentos privados. Ao contrário do que vem acontecendo, ou melhor, do que não vem acontecendo com os compromissos dos poderes públicos federal, estadual e municipais (Cuiabá e Várzea Grande), o evento já vem carreando para Cuiabá empreendimentos privados importantes e é neste campo que a Copa avança. Como não registrar a implantação de duas fábricas de cimento no vale do Cuiabá, uma no próprio município de Cuiabá e outra em Rosário Oeste? Não tenho os números de cabeça, mas os dois empreendimentos juntos devem envolver em curto prazo cerca de R$ 800,0 milhões e mais de 2 mil empregos. É pouco? Pode não ser para São Paulo, Belo Horizonte e outras cidades maiores que a nossa, mas para Cuiabá e região certamente trata-se de benefícios consideráveis e não podem passar despercebidos.
     Como não comemorar a reativação das obras de ampliação do segundo maior shopping do estado, paralisadas há alguns anos e sem perspectivas de reativação? Não tem relação com a Copa? É claro que tem e o mesmo vale para a notícia da instalação de um novo e grande empreendimento do gênero, programado para a avenida Miguel Sutil. Devem ser destacados ainda os empreendimentos do setor hoteleiro. Fora os planejados, só na mesma avenida Miguel Sutil três novos empreendimentos hoteleiros, dois dos quais em fase de conclusão e outro já concluído. Na avenida do CPA, mais dois empreendimentos com obras em pleno andamento, sendo um deles um grandioso projeto que se encontrava paralisado há décadas. Cinco hotéis em uma cidade como São Paulo pode não significar nada, mas para Cuiabá representa muito.
     O grande problema está nos projetos a cargo dos governos, que não avançam, dando a impressão de que tudo está parado e em sério risco de contaminar todo o processo. Não sei se serve como consolo para nós cuiabanos, mas isso vale para o Brasil inteiro. Aliás, a Copa já deu para o Brasil um diagnóstico cruel, mas verdadeiro, mostrando que este país que queremos tão moderno e dinâmico está na verdade enredado em uma poderosa teia nada republicana, trançada com os fortes fios de uma burocracia cada vez mais barroca, corporativa e incompetente, reforçada por uma corrupção epidêmica e um sistema político marcado pela mais nefasta forma de politicagem que se tem notícia na história do país. Este é o verdadeiro quadro que a Copa está expondo ao mundo e a nós brasileiros. A realização da Copa implica em livrar o país desta poderosa teia. Se conseguir será seu maior legado. Se não, nem Copa, nem BRIC, nem nada. Só a conta e a vergonha, vexame globalizado.

domingo, 17 de abril de 2011

FÓRUM DE BRASÍLIA

Veja ao lado, na seção "Projetos de Referência", o Fórum do Meio Ambiente de Brasília, primeiro certificado LEED no Centro Oeste. Projeto de Zanettini Arquitetura e Sandra Henriques. Comentários são bem-vindos.

sábado, 9 de abril de 2011

SOBRE O CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO - CAU

COMUNICADO Nº 1  - ABEA - (Enviado em 08/04/2011)

Este documento da ABEA destina-se a informar aos cursos de Arquitetura e Urbanismo do Brasil o andamento das atividades que estão sendo desenvolvidas com a finalidade de implantar o CAU/BR

Antiga aspiração dos arquitetos e urbanistas brasileiros, a Lei Federal nº 12.378/2010, que cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil – CAU/BR e os Conselhos Estaduais, em regime federativo, foi sancionada pelo Presidente Lula no dia 30 de dezembro e publicada no Diário oficial da União no último dia do ano de 2010.

A lei definiu o período de um ano como transição para a implantação desta nova autarquia federal e as bases para a desvinculação dos arquitetos e urbanistas junto ao sistema Confea/Creas.

Dentro desta nova autarquia profissional, os artigos 56 e 57 da Lei estabelecem que a Coordenadoria das Câmaras de Arquitetura dos Creas, trabalhando em participação com as entidades nacionais dos arquitetos e urbanistas, deve organizar a primeira eleição para o CAU/BR e os CAUs Estaduais, fixando prazos para a eleição e fixando também que 90% dos valores arrecadados pelos Creas neste ano de 2011 dos profissionais arquitetos e urbanistas sejam depositados em conta especial para fazer frente às despesas com a eleição e com a transição.

Desde início do ano, nossas entidades, que haviam se organizado constituindo o Colégio Brasileiro de Arquitetos – CBA passaram a intensificar suas atividades. São cinco as entidades, por ordem alfabética de suas siglas: a ABAP - Associação Brasileira dos Arquitetos Paisagistas; a ABEA – Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo; a AsBEA – Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura; a Federação Nacional dos Arquitetos – FNA e o Instituto dos Arquitetos do Brasil – IAB.

Simultaneamente, no âmbito do Confea, os Conselhos Regionais elegeram os coordenadores das Câmaras de Arquitetura que, em reunião realizada em Brasília, elegeram seu Coordenador Nacional.Com este evento, ocorrido entre os dias 23 e 25 de fevereiro de 2011, iniciou-se formalmente o período de transição previsto na lei do CAU.

Para agilizar os trabalhos, a Coordenadoria Nacional das Câmaras Especializadas de Arquitetura, em reunião conjunta com o CBA, organizou cinco Grupos de Trabalho que, compostos pelos coordenadores das câmaras estaduais e por representantes das entidades nacionais. Os grupos, assim formados, são: GT1 –Regimento do Processo Eleitoral; GT2 – Recursos Financeiros; GT3 – Regulamentação, Normatização e estrutura administrativa; GT4 – Comunicação e GT5 – Tecnologia da Informação.

Nova reunião foi efetivada, em Brasília, nos dias 17 e 18 de março, quando efetivamente os GTs iniciaram seus trabalhos. A atividade dos GTs segue em andamento, e está convocada nova reunião geral, em Brasília, para a discussão e aprovação dos resultados, nos dias 14 e 15 de abril.

Paralelamente a estas atividades dos Grupos, reuniões tem sido efetuadas entre as entidades, com a Presidência do Confea, com a consultoria jurídica do CBA, visando sempre agilizar os trabalhos de modo a que o CAU/BR e os CAUs estaduais possam estar instalados e iniciar o atendimento aos profissionais no início do próximo ano.

Problemas diversos surgem, com a apresentação de questões de diferentes naturezas e, muito deles infelizmente, com visível propósito de atrasar ou até buscar inviabilizar o funcionamento de nosso conselho. Por esta razão, a ABEA decidiu enviar este comunicado ao conhecimento das escolas e cursos de arquitetura e urbanismo, para que possam acompanhar o esforço que vem sendo desenvolvido no sentido de cumprirmos com nossa missão.

A ABEA tem representantes nos cinco GTs e trabalha junto ao CBA, intensamente, para podermos, todos juntos, iniciar o ano de 2012 com os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo funcionando.

Solicita, portanto aos dirigentes dos cursos que levem estas informações a seus professores e estudantes e recomenda que não se deixem influenciar por eventuais notícias ou informações que podem surgir, tumultuando o trabalho em andamento.

A ABEA compromete-se também a continuar informando aos colegas das instituições de ensino a evolução dos trabalhos, agendas e demais informações pertinentes ao CAU para que estejam bem informados e aptos, no devido momento, a participar do processo eleitoral e a se integrar em nosso novo Conselho.


Atenciosamente,

ABEA - Associação Brasileira de Ensino de Arquitetura e Urbanismo.

www.abea-arq.org.br

abea.arq.urb@gmail.com

terça-feira, 5 de abril de 2011

CUIABÁ 300-8

José Antonio Lemos dos Santos


     Comemorar os 292 anos de Cuiabá é festejar uma cidade que brotou entre as pepitas da beira de um corguinho que, de tanto ouro que tinha, era chamado pelos nativos bororos de Ikuiebo, o córrego das estrelas. E o córrego das estrelas desaguava em um belo rio, num lugar de grandes pedras onde se pescava com flecha-arpão, e que por isso se chamava Ikuiapá. E a cidade floresceu bonita e se chamou Cuiabá, transformando-se na célula-mater do oeste brasileiro, mãe original de tudo o que veio a suceder na região, mãe de cidades e de estados.
     No breve tempo que durou o ouro, levado quase todo para a Europa, Cuiabá chegou a ser a mais populosa cidade do Brasil. O ouro acabou rápido e seu destino seria o das cidades-fantasmas garimpeiras não fosse a localização mágica, centro do continente, em terras à época espanholas, cuja expectativa de riqueza interessava Portugal. Então o Papa decide que o limite entre as duas coroas não seria mais definido por Tordesilhas, mas pela posse das terras. E Cuiabá sobrevive ao fim do ouro como bastião português, apoio e defesa dos interesses lusos e dá seu primeiro salto de desenvolvimento, o da sobrevivência.
     Logo Portugal criou a Capitania de Mato Grosso com sua sede instalada em Cuiabá enquanto era construída a futura capital, Vila Bela. Por dois séculos sobreviveu à duras penas, quando voltou a ser capital, período heróico que forjou uma gente brava, sofrida mas alegre e hospitaleira, capaz de produzir um dos mais ricos patrimônios culturais do Brasil, com vultos e proezas que merecem ser melhor tratadas e destacadas na história oficial brasileira. Como um astronauta contemporâneo, vanguarda humana na imensidão do espaço, ligado à nave apenas por um cordão prateado, assim Cuiabá sobreviveu por séculos, solta na vastidão centro-continental, ligada à civilização apenas pelo cordão platino dos rios Cuiabá e Paraguai.
     Até que na década de 60 a cidade vibra novamente, transforma-se no “portal da Amazônia” e em pouco tempo sua população decuplica. Foi o salto da quantidade, a expansão necessária como base à ocupação da Amazônia meridional, a qual se deu sem a menor preparação e sem qualquer apoio da União, que lhe era devido pela importante função estratégica que desempenhava. Sozinha e sem recursos próprios, no centro de uma região que apoiava e promovia, mas que ainda não dispunha de recursos, Cuiabá explodiu em todos os sentidos, em dinamismo, em desenvolvimento, mas também no rompimento de sua estrutura urbana, despreparada para tão grande e súbita demanda.
     No alvorecer do novo milênio, Cuiabá está em seu terceiro salto de desenvolvimento, agora o salto da qualidade. Não é mais o centro de um vazio. Ao contrário, polariza uma das regiões mais dinâmicas do planeta, que ajudou a construir e que hoje não apenas lhe cobra o apoio, mas também a empurra para cima cobrando sempre mais, em um sadio e maduro processo de simbiose regional ascendente.
     A oito anos de sua data mais significativa, o tricentenário, Cuiabá vive o melhor momento de sua história, impulsionada pelo desenvolvimento regional e turbinada como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. Nos seus 292 anos, mais do que reverenciar o passado e festejar o presente, é forçoso cuidar melhor do futuro. A Copa é um estratagema do Bom Jesus de Cuiabá para forçar nosso olhar para frente, para o positivo e o construtivo, um choque de adrenalina e capacitação, tentando nos colocar, cidadãos, políticos e dirigentes, à altura da cidade que temos. Só assim será possível prepará-la para a Copa e para a festa dos trezentos anos, que também já está bem aí. A cidade deu saltos de desenvolvimento, a cidadania ainda não.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 05/04/2011)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

NOVA SEÇÃO - "LIVROS ON-LINE"

Veja à direita, a nova seção "LIVROS ON-LINE" no link "O FUTURO DAS CIDADES, Júlio Moreno" uma visão sintética da história do urbanismo feita por um jornalista em um livrinho (em tamanho) de pouco mais de 50 páginas.  Eu achei muito legal. Se gostar, aproveite. Pode mandar um comentário.

sábado, 2 de abril de 2011

Viagens pelo mundo.

Veja à direita, na seção "Sites de inteesse" o link "Viagens e Imagens".  As principais cidades do mundo na ponta de seus dedos. Eu achei muito legal. Se gostar, aproveite. Pode mandar um comentário.


Abs José Antonio

sexta-feira, 1 de abril de 2011

MELHORES DA DÉCADA

A revista ARCOWEB  selecionou os melhores projetos da década. Veja na seção "Projetos de referência" (lado direito, rolando para baixo) o Forum de Cuiabá entre os melhores projetos da década. O que voce acha? E as demais escolhas? 

terça-feira, 29 de março de 2011

O NOVO PRESIDENTE DA INFRAERO

José Antonio Lemos dos Santos

     Desde a última quarta-feira (24/03) temos novo presidente na Infraero, Gustavo Matos do Vale, agora o definitivo, aquele que a presidenta Dilma sempre quis para o cargo. Pela convicção presidencial em seu nome, certamente trata-se de um executivo testado e aprovado em outras missões espinhosas, talhado para reconduzir a Infraero à sua antiga condição de respeito e admiração junto ao povo brasileiro. Mais do que uma simples mudança na condução da Infraero, há muito se espera, em especial em Cuiabá e Mato Grosso, uma nova forma de gestão dos aeroportos no Brasil. A mudança na direção da Infraero promete ser apenas a ponta de um iceberg de transformações, envolvendo inclusive a criação de uma Secretaria Nacional de Aviação Civil, com status de ministério e ligada diretamente ao gabinete da presidenta.
     Em seu discurso de posse o novo presidente diz que sabe “o quanto é grande a expectativa por uma Infraero melhor” e de quanto o Brasil “é dependente de um setor aéreo eficiente, competente, responsável.” Diz que aposta que a Infraero trabalhará “incansavelmente, para termos aeroportos melhores e deixá-los prontos para os grandes eventos que o Brasil sediará.” Afirma ainda que o objetivo da empresa “é ganhar ou ganhar” e que “não existe “plano B”. Mais adiante diz que “as ações são nossas, Infraero, e a responsabilidade é rigorosamente nossa.” Um discurso animador e compatível com aquele que o ex-presidente Lula fez em resposta à desconfiança da comunidade internacional quanto a capacidade do Brasil realizar uma Copa do Mundo, quando então disse que o Brasil trabalharia sábados e domingos e em turno dobrado se fosse necessário, mas que o brasileiro mostraria não ser idiota.
     Especialmente para Cuiabá e Várzea Grande é um discurso que reanima em relação à situação do Aeroporto Marechal Rondon, sobre o qual já paira um estado de descrença, principalmente pelo tratamento que vem recebendo da Infraero. O que esperar quando foi necessário quase 2 anos após a definição de Cuiabá como uma das sedes da Copa para a Infraero iniciar a elaboração dos projetos da nova estação de passageiros? E a Copa será em 2014, com a Copa das Confederações em 2013, sem choro nem velas! O que esperar quando depois de 8 meses de sua licitação até hoje não foi iniciada a implantação do MOP – o já simpático “puxadinho” - que seria uma obra emergencial para contornar uma situação caótica que ronda a ala de desembarque do Marechal Rondon? O de Brasília teve início mais ou menos na mesma época em que o nosso deveria ter sido iniciado, está pronto e foi onde se deu a posse do novo presidente. O pior é que não se dá nenhuma satisfação pública. O usuário que se lixe e que leve a pior impressão possível de Cuiabá e de Mato Grosso. A confiança que nos passa o discurso de Gustavo do Vale é que esta situação será mudada de imediato.
     Desejando boa sorte ao novo presidente, lembro que o nosso aeroporto é o menor e o de menor investimento programado entre aqueles que vão atender a Copa em 2014. Talvez por isso seja sempre esquecido nas avaliações gerais da mídia sobre o assunto e pode ser até que passe despercebido nos relatórios que lhe estão sendo apresentados, sem o devido destaque. Para nós é o aeroporto mais importante do mundo e a mais ameaçadora pedrinha na chuteira da Copa do Pantanal. Nesta altura do campeonato pode ser até estrategicamente mais importante priorizar os aeroportos menores, com menores obras, como o de Cuiabá, de conclusão mais rápida, dando tempo para a conclusão dos de maior porte, ajudando a reverter com maior rapidez a desabonadora impressão negativa que envolve o setor aeroportuário nacional.

segunda-feira, 28 de março de 2011

GENTIL MANIFESTO

Robert Venturi 
Abre o livro Complexity and Contradiction in Architecture, do autor, 1966.


"Gosto de complexidade e de contradição em arquitetura. Não gosto da incoerência ou arbritariedade de uma arquitetura incompetente, nem do preciosismo intrincado do pitoresco ou do expressionismo. Pelo contrá­rio, refiro‑me a uma arquitetura complexa e contraditória, baseada na riqueza e na ambigüidade da experiência moderna, inclusive na experiên­cia que é inerente à arte. Em toda parte, exceto em arquitetura, comple­xidade e contradição sempre foram reconhecidas: da comprovação da máxima inconsistência da Matemática, por Güdel, à análise de T. S. Eliot sobre a poesia 'difícil', até à definição de Joseph Albers sobre a qualidade paradoxal da pintura.”

“Mas a arquitetura é necessariamente complexa e contraditória, até no inclusivismo dos tradicionais elementos vitruvianos: comodidade, solidez e encanto. E hoje as necessidades de programa, estrutura, equipamentos mecânicos e expressão, mesmo de edifícios simples em simples contextos, são diversas e conflitantes de modo anteriormente inimaginável. Somam‑se às dificuldades a dimensão e a escala sempre crescentes da arquitetura no planejamento urbano e regional. Acolho os problemas e exploro as incertezas. Ao abraçar contradição e complexidade tenho como objetivos tanto a vitalidade como a validade.”

“Os arquitetos não podem mais aceitar a intimidação da linguagem puritanamente moral da arquitetura moderna ortodoxa. Gosto mais de elementos híbridos do que 'puros', de comprometidos mais do que 'limpos', dos distorcidos mais do que dos 'diretos', ambíguos mais do que 'arti­culados', dos perversos e impessoais, dos convencionais mais do que dos projetados', de acomodações em vez de 'exclusões', dos redundantes em vez dos 'simples', tanto conhecidos quanto inovadores, inconsistentes e equívocos em lugar de 'diretos e claros'. Sou pela vitalidade confusa, contra a 'unidade óbvia'. Incluo o non sequitur e proclamo a dualidade.”

“Prefiro a riqueza de significados à clareza do significado; a função implícita à função explícita. Prefiro 'ambos, um e outro' a 'ou um ou outro'; preto e branco, e às vezes cinza, a preto ou branco. Uma arquite­tura válida evoca muitos níveis de significado e combinações de focos: seu espaço e seus elementos tornam‑se legíveis e trabalháveis de diversas formas simultaneamente.”

“Mas uma arquitetura de complexidade e contradição tem uma obrigação especial para com o todo: sua verdade deve estar em sua totalidade ou em suas implicações de totalidade. Deve incorporar a difícil unidade da inclusão ao invés da fácil unidade da exclusão. More is not less".

(Extraído de ARQUITETURAS & TEORIAS, João Rodolfo Stroeter, Editora Nobel – 1986)

domingo, 27 de março de 2011

Comentários ao artigo "Eu sou BRT"

Artigo do jornalista Mário Marques de Almeida no Diário de Cuiabá e Página Única do dia 27/03/11.



São duas siglas, até então desconhecidas da maioria (e bota maioria nisso!) da população cuiabana e que nos últimos dias passaram a ser alvo de uma queda-de-braço entre pessoas e grupos pertencentes à classe política e dirigente de Mato Grosso. Cada qual com seus prós e contras, e no meio disso tudo, sem saber quem está certo ou errado nessa disputa, fica a sociedade. Como sempre, distante de entreveros, a exemplo deste, onde o interesse público e o econômico se cruzam e se confundem ensejando, no mínimo, dúvidas em torno de tanta querela.

Apenas, a população já está consciente de uma coisa: a contenda não é pelo domínio de siglas partidárias, como, geralmente, acontece em brigas envolvendo pessoas do poder político e estatal. No caso e no momento, é por algo bem mais atraente.

Porém, a mesma população – novamente, em sua esmagadora maioria e disto estou certo – desconhece o significado exato das siglas BRT e VLT (apenas tem alguma informação esparsa de que se trata de coisa relativa a transportes coletivos), o motivo que gerou a celeuma, colocando de um lado o deputado José Riva (e aliados) e do outro, os diretores da Agecopa.

Diante dessa disputa toda, por enquanto mais restrita aos acima citados, os que deveriam estar mais diretamente interessados no assunto, ou seja, os usuários e potenciais usuários desses meios de transportes, ficam perdidos e sem saber qual é o melhor para Cuiabá: BRT ou VLT?

Eu também me incluo entre esses que assistem a briga (não de camarote, mas “ralando” em busca do pão de cada dia), até porque, confesso, não sou expert no assunto, mas apenas, eventualmente, usuário de coletivos como meio de locomoção e como tal, resolvi escarafunchar na internet em busca de subsídios sobre o assunto. Eis o que descobri:

“A sigla BRT são as iniciais da nominação inglesa Bus Rapid Transit, que, literalmente, significa: ônibus que circula rapidamente. Numa tradução mais livre e oportuna, o BRT é um sistema urbano de ônibus espaçosos, bi ou triarticulados, que trafegam em corredores exclusivos e interligados. Trata-se, de fato, de uma moderna modalidade de transporte de massa, em operação em mais de 120 grandes cidades do planeta com resultados mais que satisfatórios e aprovação da população usuária. São veículos de grande capacidade, com 160 a 270 lugares, portas duplas e largas à esquerda e direita. O BRT circula em canaletas e faz paradas em estações com piso elevado, garantindo e facilitando o acesso a todos – inclusive cadeirantes, idosos e crianças.

É o sistema em operação na cidade de Curitiba, tida como uma das mais modernas e bem resolvidas do País. Já funciona em Londres, em oito grandes cidades da China e foi implantado mais recentemente na África do Sul, em função da Copa do Mundo de futebol”.

Por outro lado, e a bem da verdade, com relação ao VLT, defendido pelo deputado José Riva, há pouca referência mais consistente na rede. Apenas que é a sigla para Veículo Leve sobre Trilhos, um trem menor que os ferroviários comuns e, conforme o próprio nome diz, mais leve que os tradicionais das ferrovias, e que também utiliza vias exclusivas com trilhos.

Das duas, uma: ou o lobbie do VLT é apenas forte em Mato Grosso, por conta da própria força política de Riva, ou então seus fabricantes e revendedores não foram competentes o suficiente para subsidiar as milhares de páginas do Google de informações capazes de competir com as disseminadas pelo BRT.
Mas, antes que me deixar levar por quaisquer lobbies, inclusive os por ventura plantados na internet, prefiro acreditar no que disse sobre essa questão o arquiteto, urbanista e professor universitário José Antonio Lemos dos Santos, em artigo publicado neste mesmo espaço, na edição de sexta-feira do Diário de Cuiabá, e onde ele se posiciona a favor do BRT como sistema que considera o mais eficiente para o transporte coletivo da Capital mato-grossense. Cidade onde nasceu Antonio Lemos e com a qual mantém forte vínculo sentimental e de trabalho técnico e de planejamento prestado ao longo de três décadas.
Ao menos para mim, com relação ao imbróglio BRT versus VLT, foi importante saber a opinião de Antonio Lemos, cidadão respeitado entre os profissionais da área em que atua e no meio acadêmico.
Quando a sociedade como um todo fica confundida sem entender a complexidade dessa discussão, é importante saber o que pensa alguém de fora desse contexto das instituições governamentais.

Comentários por e-mails:

Muito bom o seu artigo sobre o BRT, que agrega uma opinião técnica e isenta a uma discussão importantíssima para toda a população.
Confira o artigo postado em nosso site www.cuiaba2014.mt.gov.br como notícia (capa) e no espaço Pensando a Copa.
Valeu!
Abraços
E. R.

Lendo o Diário de Cuiabá de hoje dia 25 de março de 2011, sou levado a fazer uma coisa que não é meu costume.Parabenizo com V.S. pelo artigo " Sou BRT". Sou projetista, dos antigos e culpo exclusivamente à Prefeitura pelo estado anárquico que estão as nossas ruas.
Certo dia, conversando com o Presidente da época do CREA, sobre a situação das construções erradas que abundam em Cuiabá, simplesmente a resposta dele foi que não era atribuição do CREA. Meu Deus, se não for legalmente falando pois a missão do CREA como Conselho é fiscalização do exercício profissional, então não é obrigação fiscalizar as besteiras que se cometem até com placas de "responsáveis" pelas construções?
Para completar basta uma pequena passagem pelas ruas e veremos a quantidade de construções que estão sendo levantadas a bel prazer, sem placas, e sem a mínima verificação de um pretenso " plano diretor" que pelo visto, não existe mais.
Antigamente quando eu projetava, era obrigação na construção, de um recuo do meio fio para calça das de 2,50 e 5,00m para prédio residenciais; e 10m para prédios comerciais e lateralmente para cada lado, 1,50 de afastamento e a obra não pode ser construída na totalidade do terreno.
Agora, na nossa cara, na rua dos Girassóis, Bairro Jardim Cuiabá,em um período record, está sendo construído um aumento de uma clínica para treinar dentistas, com pré moldados e com aberrações técnicas que são inadmissíveis.
Existem bairros que estão sendo construídos que não se fazem mais fossas, mas tbem não existe tratamento para os esgotos e os dejetos estão sendo descarregados diretamente na rede de esgoto.
Bom isso todo mundo sabe, só a Prefeitura que não sabe.
E assim caminha a humanidade, tudo errado quando tem necessidade de se fazer uma obra tipo BRT é o caos, como desapropriar?
Vamos aplaudir Pedro Pedrossian e Jose Fragelli . Na hora de agir, age. E o exemplo aí está. Só que depois entortam tudo. Se não fosse a ação de Fragelli ainda estava tendo enchente no bairro "Terceiro".
Mas e agora? está certo? Quem autorizou?
Você ainda tem o jornal para se manifestar, outros como eu, fico gritando no deserto e me roendo de raiva.
cumprimentos.
N.  B. O. F.
José Antonio,
Concordo plenamente com você que o tipo de veículo a ser utilizado deva ser o ultimo aspecto a ser definido na concepção do sistema de transportes das duas cidades.
Entretanto, a minha opção diverge da sua em relação à essa polêmica do BRT x VLT. Acho que não existe uma alternativa melhor do que a outra, ma sim soluções mais ou menos adequadas para cada região com suas condiçõe específicas.
Acho, por exemplo, que o BRT vai muito bem em cidades como Curitiba, Bogotá ou Buenos Aires aonde a caixa viária disponível é muito mais larga do que as avenidas da FEB, Prainha e Av. do CPA. Essas situações se conformam bem quando o BRT tem um trajeto de acesso à cidade, como em uma Avenida Brasil do Rio de Janeiro, e não de trajeto inserido na região nevrálgica da cidade como no caso de Cuiabá e Várzea Grande ou em Sevilha, Bilbao, etc aonde foi implantado o VLT.
Os aspectos relacionados ao barulho, fumaça, fragmentação das avenidas em lados oposts e impacto visual seriam muito danosos, a meu ver, para a paisagem antiga do nosso Centro Histórico e a da modernidade da avenida do CPA.
Com o tempo avançando rapidamente, fico também preocupado com a adequação dos projetos de estações, dos elementos, passarelas ou passagens para a travessia dos pedestres entre os lados da pista e o BRT e da solução do conflito entre as duas linhas nas proximidades da Igreja do Rosário. Todas essa intervenções gerarão uma nova linguagem e identidade para a nossa cidade e o espaço de tempo para análise e elaboração das soluções pela população, cada vez fica menor.
Abs, C. M.
 
Gostei das ponderações.
Nturalmente não foi v. que expulsou de Cuiabá os projeistas do VLT,né?
Luiz
 
O que faço agora é apenas uma pergunta sem a intenção de levantar polêmica: por ser elétrico o VLT não seria o mais ecológicamente adequado? E quanto ao preço para implantação? VLT e BLT se equivalem?
E para não perder o tom de sempre: isso já não era para estar decidido e EM ANDAMENTO? A Copa é daqui a 3 anos e meio, não?!!!
Té manhão indecisos !!!
T.F.

sexta-feira, 25 de março de 2011

SOU BRT

José Antonio Lemos dos Santos


     Ainda que extemporânea, o fato é que foi recolocada a discussão sobre o VLT ou BRT, assunto sobre o qual já me posicionei em artigos na época correta, quando o assunto foi discutido pela primeira vez, no tempo hábil. Assim, é oportuno recolocar a posição deste cidadão técnico, arquiteto e urbanista, registrado no CREA, com mais de 30 anos trabalhando com a cidade, posição esta baseada nas informações publicadas e disponíveis ao cidadão comum. Não sou funcionário da Agecopa, não ocupo qualquer cargo público e nem sou vendedor ou representante de BRT ou VLT, portanto, livre para aplaudir ou criticar – sem pretensões a dono da verdade - quando e como eu achar conveniente ao bem da minha terra natal.
   De início lembro que o principal problema no transporte coletivo na Grande Cuiabá é de gestão, e não de tecnologia. Podemos colocar VLTs, BRTs, metrôs, monotrilhos, zepellins, o que tiver de melhor no mundo, e nada funcionará se não for acertado um modelo de gestão adequado, o qual deverá estar legalmente implantado e funcionando antes da entrada em funcionamento da nova tecnologia. O nosso atual sistema de transportes é repartido em três partes, com três “donos”, as prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande, e o governo do estado. Cada um se acha dono do seu pedaço, e faz o que quer na atual bagunça da legislação que tem Aglomerado e Região Metropolitana e não tem nem um e nem outro. É como entrar numa corrida com três corredores com as pernas amarradas entre si e cada um correndo como se estivesse só. Se não se organizarem, só conseguirão um belo tombo. Como será gerido o transporte coletivo na Grande Cuiabá? Será uma autarquia ou empresa pública intergovernamental? Será terceirizado ou tentaremos de novo a gestão compartilhada com um conselho (que se reúna desta vez). Este tema é complexo técnica e politicamente e exige urgente e detalhada atenção da Assembléia, para decidir logo, e bem.
Entre as tecnologias disponíveis estou com o BRT por sua comprovada eficiência em diversas cidades do Brasil e do mundo. Através do Youtube podemos conhecer e viajar em suas aplicações pelo mundo afora, em cidades dinâmicas e de grande demanda do transporte de massa. Além disso trata-se de uma solução nacional, com facilidade de manutenção e reposição de peças, podendo utilizar o biodisel, do qual Mato Grosso é o maior produtor e Cuiabá vanguardista nessa tecnologia, sendo a sede de sua primeira fábrica e laboratório urbano para seus primeiros usos e testes. Cheguei a sugerir o desenvolvimento de um modelo de veículo e de gestão com o nome de CuiaBus – para aproveitar a grande vitrine global da Copa divulgando ao mundo essa tecnologia brasileira, geradora de empregos e renda no Brasil e, mais importante para nós, especificamente em Mato Grosso.
    De 2009 para cá o noticiário informa que o projeto técnico de implantação do BRT avançou e está em fase de conclusão, já em preparativos para os processos desapropiatórios, já tendo sido investido muito dinheiro e, em especial, investimento de tempo, o recurso mais escasso nesta altura do campeonato. Quanto às desapropriações, elas são indispensáveis em intervenções desse tipo, qualquer que seja a opção tecnológica, desde a Roma dos Papas no século XVI, passando pela Paris de Haussmann no século XIX, até as demais sedes da Copa de agora. Cumpridas todas as exigências legais, com as devidos ressarcimentos, a desapropriação é um dos principais instrumentos do urbanismo, fundamentais à adaptação das cidades às necessidades impostas pelos seus processos evolutivos.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 25/03/2011 - excepcionalmente em uma sexta-feira)