"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A VOLTA DO FAN PARK

Estudo (2010) para o novo Shopping Popular (arquiteto Ademar Poppi)  www.grandecpa.com.br

José Antonio Lemos dos Santos

     A rápida intervenção do governador Silval Barbosa reafirmando a instalação do Fan Park na região do Porto fez retornar o bom-senso ao assunto. Além disso, resgatou para Cuiabá a perspectiva de um dos principais legados urbanísticos a ser deixado pela Copa do Pantanal. Desde a escolha das sedes da Copa 2014 sempre foi dito que a construção de ao menos um Fan Park em cada cidade-sede era exigência da Fifa, um parque urbano onde os jogos poderão ser assistidos em telões, dedicado aos torcedores que não consigam assistir aos jogos nos estádios, para depois ficar como uma lembrança significativa do grande evento para a cidade. Cuiabá não poderia perdê-lo.
     Essa boa invenção da Fifa veio a calhar, pois Cuiabá, apesar de ser a Cidade Verde, é carente em áreas verdes preparadas para receber seus habitantes, ansiosos por espaços estruturados para atividades ao ar livre, dissipadoras do estresse urbano. Porém, para Cuiabá o Fan Park tem um importância urbanística ainda maior. Fora a criação do novo parque urbano, com sua localização no bairro Dom Aquino, região do Porto, principal acesso da cidade, o Fan Park resolve pelo menos quatro problemas graves de Cuiabá. Primeiro, soluciona a antiga questão da transferência de seu Parque de Exposições, cuja localização ficou inadequada ao próprio funcionamento do Parque, bem como à circulação viária na Grande Cuiabá. Ademais, sua contiguidade ao trajeto do VLT e à uma de suas principais estações possibilita o tratamento conjunto da área dando um tratamento digno ao principal acesso viário do município e centro geográfico da metrópole cuiabana, também revitalizando histórico bairro do Porto, dois problemas antigos da cidade. Mas a maior das possibilidades é a da volta da cidade para o rio Cuiabá e sua recuperação como seu mais importante equipamento urbano, fonte de água e alimento, espaço de lazer ativo e contemplativo, elemento marcante na composição climática, ambiental e paisagística da cidade, além de patrimônio histórico por tudo que representou para a fundação de Cuiabá, para a formação de Mato Grosso e a ocupação deste vasto interior centro-continental.

Estudo para a conexão Cuiabá/Várzea Grande (arquiteto Ademar Poppi) turismomt.wordpress.com


     Arquitetura é a arte de transformar os espaços e assim por formação o arquiteto é um visionário que sempre enxerga a realidade na perspectiva de sua transformação para melhor, imaginando soluções geradoras das maravilhas urbanas construídas pelo mundo inteiro. Aqui também pode ser assim e aquela área do Porto é muito rica em potencialidades. Os projetos da Copa e a decisão do governador reacenderam as esperanças. Mesmo que não existam condições financeiras para se fazer tudo de uma só vez, pode ser elaborado um plano diretor integrando as áreas do Fan Park e a da estação do VLT (com sua nova ponte), chegando até a área do Museu do Rio, Aquário Municipal e Avenida 8 de Abril. Nele podem estar previstos o planetário, o novo Shopping Popular, praça gastronômica, monumentos, fontes e outros projetos a serem construídos à medida das possibilidades, ao longo dos anos. Enquanto não dá para fazer tudo, que seja feito logo o fundamental, isto é, o Fan Park, a reurbanização das avenidas e a transformação da arquibancada da Acrimat em uma Arena Cultural para o Siriri, Cururu e o Carnaval, complementando com o plantio de muitas árvores, a instalação de amplos, confortáveis e seguros passeios públicos, ciclovias e pistas de caminhadas em toda a área. E desde então a entrada da cidade fica assegurada como um espaço digno de uma das sedes da Copa e de uma capital às vésperas de seus 300 anos.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 31/01/2012)

domingo, 29 de janeiro de 2012

VOU-ME EMBORA P'RO PASSADO

Curta a poesia do arquiteto Jessier Quirino, declamada por ele próprio. Jessier está bombando no Youtube, já esteve no Fantástico e no Programa do Jô. Com uma sensibilidade aguçada retrata em sua poesia aspectos da vida comum do nordeste.  Abaixo coloco o link da poesia em que ele lembra o passado recente (décadas de 50, 60 e 70) com muito humor e emoção. Quem não conhece ainda vale a pena dar uma olhada , principalmente os que como eu já passarm dos 35 (eh eh) e viveu um pouco aquilo que ele descreve. Para os mais novos também é interessante, pois mostra um estilo de vida que passou, mas que deixou saudade. Veja:

http://www.youtube.com/watch?v=ODKK6xcKuyw

Como sabemos a Arquitetura deve expressar a época em que é produzida, daí a sensibilidade natural dos arquitetos e arquitetas. Alguns têm mais, outros têm menos. Jessier extrapola, vai muito além. Um artista genial. Vale ver.

sábado, 28 de janeiro de 2012

O NOVO PARQUE DE EXPOSIÇÕES DE CUIABÁ

Para quem não viu ainda, veja abaixo como será o novo Parque de Exposições de Cuiabá, em matéria de março do ano passado, publicado em http://agecopa2014.com.br/copa-2014/veja-como-sera-o-novo-parque-de-exposicoes-de-cuiaba.


http://www.copanopantanal.com.br/fotos/turismo/parqueacrimat.jpg


VEJA COMO SERÁ O NOVO PARQUE DE EXPOSIÇÕES DE CUIABÁ
Está pronto o projeto do novo Parque de Exposições de Cuiabá. Com nova área, agora situada na rodovia Cuiabá-Santo Antônio do Leverger, o novo centro de eventos da Acrimat (Associação dos Criadores de Mato Grosso), que vai deixar a antiga área localizada no bairro Porto para servir ao fan park oficial de Cuiabá para a Copa do Mundo de 2014, seguirá um estilo clean e moderno.
O novo parque de exposições contará com forte estrutura, incluindo arena multicultural (show e rodeio) para 30 mil pessoas, espaço para parque de diversões, centro de eventos, lago com fontes luminosas e prática de apresentações de esportes aquáticos e área para instalação de batalhão de Cavalaria da Polícia Militar do Estado, além de estacionamento para 10 mil veículos e até 50 ônibus. A área ainda deve contar com uma pista de pouso para aviões de pequeno porte.
Conforme cláusula contratual, a Acrimat só deixará a área do atual parque quando tiverem início a construção do novo complexo. As obras deverão ser erguidas por estágios. A imagem publicada em render (veja foto), mostra o novo parque 100% concluído. No entanto, o projeto da pista de pouso ainda não é oficial, já que depende de estudos e aprovação do Ministério da Aeronáutica.
A direção da Acrimat conta com o apoio do Governo para realizar a Expoagro de 2012 no novo local – ainda em obras –, embora sua conclusão está prevista para 2014. As lojas e restaurantes e demais dependências devem seguir uma padrão moderno. A exceção é o setor de baias de cavalo que deve receber instalações no estilo colonial.

Veja as dotações do novo Parque de Exposições de Cuiabá

* Pista de Pouso
* Arena Multicultural (Shows e Rodeio) para 30 mil pessoas
* Espaço para Parque de Diversões
* Centro de Eventos
* Estacionamento para 10 mil veículos
* Estacionamento para 50 Ônibus
* Lago com fontes luminosas e prática de apresentações de Esportes Aquáticos
* Batalhão de Cavalaria da Polícia Militar de Mato Grosso


Fonte: Copa no Pantanal

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

SILVAL CONFIRMA QUE PROJETO DO FAN PARK SERÁ CONSTRUÍDO NO PORTO

26/01/2012 - 11:40
OlharDireto
Da Redação - Marcos Coutinho e Priscilla Vilela

circuitomt.com.br

O governador Silval Barbosa (PMDB) descartou qualquer possibilidade de haver uma mudança no projeto do Fan Park da Copa do Mundo de 2014, conforme anunciado pelo próprio governo na última semana. A obra será em uma área do bairro Porto, em Cuiabá, onde hoje está o Parque de Exposições.
“Não houve mudança do local do projeto como foi especulado por alguns setores da imprensa. O projeto Fan Park será na região do Porto, onde consta no projeto”, declarou o líder do Palácio do Paiaguás em entrevista exclusiva ao Olhar Direto na manhã desta quinta-feira (29).
Ainda segundo Barbosa, a Federação das Indústrias de Mato Grosso (Fiemt) e Dom Miltom, arcebispo de Cuiabá, propuseram uma área na região do Centro Político Administrativo (CPA) para a realização de alguns eventos. Essa proposta será avaliada pelo governo, contudo, Barbosa garante que não haverá alteração no projeto inicial.
No último sábado (21) a Secretaria da Copa (Secopa) anunciou que a Fifa Fan Fest – local de realização de eventos da Copa – seria transferida para a região da Morada do Ouro para proporcionar um maior alcance social a população. A área chegou a ser visitada pelo Secretário Extraordinário para assuntos da Copa Eder Moraes e pelo próprio Silval.
A decisão inclusive seria apresentada em Recife no Pernambuco durante o 2º Workshop sobre Fan Fest ainda nesta semana, onde serão definidos os locais para implantação das estruturas nas 12 cidades-sede. Entretanto, repercussão negativa sobre a opção, a ‘cúpula’ da Copa em Cuiabá e o governador enfatizam a manutenção do projeto inicial.
“Quero deixar claro que o Fan Park será realizado na região do porto e ponto final. A área oferecida pela Fiemt e pelo arcebispo Dom Milton poderá ser utilizada, mas o projeto vai ser executado no porto”, reiterou o chefe do executivo mato-grossense.
(http://www.olhardireto.com.br/)
Matéria semelhante no Midianews http://www.midianews.com.br/?pg=noticias&cat=14&idnot=75796
(Imagem da internet adicionada na postagem pelo Blog)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O FAN PARK DE CUIABÁ

José Antonio Lemos dos Santos


     No último sábado o Governo do Estado informou que a Fifa Fan Fest acontecerá na Morada do Ouro e não mais no Dom Aquino, região do Porto, centro da Grande Cuiabá. A Fifa Fan Fest é um evento que acontece durante as Copas do Mundo, destinado aos torcedores que não puderem ir aos estádios, seja nas sedes dos jogos ou em outras cidades do mundo escolhidas pela Fifa. É para “ser o segundo melhor local para torcedores de todo o mundo compartilharem momentos emocionantes, conhecerem a missão da Fifa, terem contato com as marcas dos patrocinadores e comemorarem o clima único que uma Copa do Mundo da Fifa proporciona”, segundo o site da entidade maior do futebol.


Imagem: turismomt.wordpress.com

     Para a realização da Fifa Fan Fest de Cuiabá estava programada a criação de um Fan Park, local preparado para receber os torcedores e que ficaria como um dos principais legados da Copa para a cidade. Por isso foi viabilizada a transferência do Parque de Exposições liberando uma área suficiente para receber além da Fifa Fan Fest, um conjunto de equipamentos tais como planetário, museu, uma arena cultural e até um novo Shopping Popular, o que daria um novo e digno aspecto urbanístico à principal entrada de Cuiabá. Por estar bem no centro da área metropolitana e colada a um dos futuros eixos do VLT, é uma das regiões mais acessíveis por transporte coletivo ou individual em suas diversas formas. O rio Cuiabá lhe assegura o caráter icônico local exigido pela Fifa. Era um dos projetos mais aguardados pela cidade dentre os programados para a Copa. No mês de dezembro passado essa proposta para o Fan Park foi mostrada a uma comissão da Fifa que esteve no local e que aparentemente ficou satisfeita com o que viu.
                
circuitomt.com.br 
     Nem bem passou um mês da visita, eis que o governo surpreende com a notícia da mudança dos planos. Qual teria sido o motivo? Seria falta de recursos para fazer o parque em sua totalidade? Sendo assim, podia manter a festa e o projeto do Fan Park no local, deixando as demais edificações para o futuro, e a cidade não perderia o parque. Ou teria a ver com a recente doação do espaço do atual Shopping Popular pela prefeitura? Nada contra a cessão, mas não podia ser em área de acordo com o projeto do Fan Park? Teria havido algum obstáculo em relação à liberação da área pelo município? É preciso que fique claro de quem é culpa por Cuiabá estar perdendo esse precioso equipamento.
                                                                   
circuitomt.com.br
     Por outro lado o novo local escolhido não tem os mesmos privilégios quanto à acessibilidade e situa-se onde está localizado o Memorial João Paulo II, área onde o Papa rezou a missa quando esteve em Cuiabá. Quando o estado cedeu a área havia o propósito de se implantar o Memorial como um espaço sagrado, amplo e digno de reverenciar o grande Papa e sua presença naquele local, como a Igreja vem realizando. Agora João Paulo II está sendo santificado pela Igreja, ampliando o valor daquele pedaço de chão cuiabano, um espaço a ser tratado como um local santo, condignamente preparado para receber católicos da região e de todo o mundo que por aqui passarem.

circuitomt.com.br
     A perda do Fan Park é uma grande redução nas expectativas do legado da Copa para Cuiabá e é uma decisão que poderia ser revista. Mesmo assim, sempre torcendo pelo sucesso da Copa do Pantanal e de sua Fifa Fan Fest, onde quer que aconteça, como arquiteto e urbanista, técnico e cidadão cuiabano, tenho que protestar contra a qualidade da imagem de divulgação do novo projeto, uma imagem que terá circulação mundial. Aquilo não está à altura de um evento de envergadura global, nem de uma cidade que abriga duas faculdades de Arquitetura.
midianews.com.br

(Publicado sem as imagens pelo Diário de Cuiabá em 24/01/12)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

FUGA DA EMBOSCADA

MARCELO PAES DE BARROS, doutorando em Física Ambiental, professor do Instituto de Física da Universidade Federal de Mato Grosso



     Nada podemos fazer para evitar. Neste momento em alguma abóbada do interior do continente tem início uma invasão. O invasor, Stratus, um indivíduo grave e tedioso, lentamente começa sua investida para tomar todo o céu. Sem resistências, a penumbra vai tomando toda a terra, como um véu que projeta uma luz lúgubre e monótona. Terminada a investida, no território sob o domínio de Stratus, prevalece uma paisagem opressivamente cinza, que parece não ter fim.
     De formas indefinidas e pouco espontâneo, Stratus disputa os céus com Cumulus e Nimbus. Aliás, para aqueles oprimidos sob o domínio de Stratus, é bom saber que a combinação de Cumulus e Nimbus, como um casal de tiranos, pode tornar mais difícil as condições de vida abaixo do céu. Cumulunimbus pode estender seu domínio por centenas de quilômetros, produzindo condições extremas e destrutivas, trazendo danos materiais e perdas de vidas.
     Os embates entre estes seres não tem hora marcada, acontecem nos céus todos os dias, desde a aurora dos tempos, por todo o Planeta. Para presenciar um destes eventos basta encontrar um bom lugar para contemplar o céu, afinal, Stratus, Cumulus e Nimbus são tipos de nuvens que se sucedem conforme o humor da atmosfera.
     Assim como a observação dos padrões de distribuição das nuvens no céu possibilitou a classificação destas e permitiu previsões confiáveis de mudanças no tempo atmosférico, em outros aspectos da natureza também são possíveis previsões baseadas em padrões encontrados nas regularidades na disposição de formas, números ou cores. Estudos sobre padrões são aplicados em diversas ciências. Pesquisadores comparando os padrões de crescimento de dois tipos celulares, células cancerosas e normais, mostraram que as colônias de células cancerosas possuem uma fragmentação menor, característica interessante para distinção destas. O estudo dos padrões também é aplicado para avaliar a distribuição de minérios no solo, a fragmentação de florestas, entre outras possibilidades.
     Neste sentido, pesquisas recentes do Programa de Pós-Graduação em Física Ambiental (UFMT) confirmaram que o padrão de distribuição das áreas verdes na cidade de Cuiabá contribuem fortemente para a formação do seu ambiente térmico. A extensão desta influência, de até 500 m, e a intensidade, de até 7,0 °C, varia com o período do dia e a estação do ano. Porém em todos os horários em que o estudo foi conduzido as menores temperaturas do ar foram encontradas em espaços com maiores percentuais de áreas vegetadas.
     Em recortes do espaço urbano com baixos percentuais de área vegetada o padrão de distribuição dessa vegetação atua de forma mais decisiva nos ambientes térmicos, sendo que nesses casos uma vegetação menos fragmentada resulta, mesmo que discretamente, em redução da temperatura do ar.
     A recente urbanização, que nem sempre levou em conta o clima local, produziu espaços carentes de vegetação, onde as condições ambientais foram ultrajadas, com agravo à saúde física e mental das populações. A intensificação desse processo pode gerar uma nova condição climática que afetará a qualidade de vida de toda a cidade.
     Estamos numa emboscada, auto-infligida, cujas consequências ainda ignoramos. Como as condições econômicas sugerem que essa dinâmica urbana se manterá por alguns anos, torna-se imprescindível que optemos por soluções sustentáveis e bioclimáticas, cuidados que irão decorrer na qualidade ambiental e valorização do nosso espaço.
      A recuperação dos córregos da cidade e a reconstituição da vegetação que os acompanha, constituída em parques urbanos, a conservação das pequenas áreas verdes e um programa efetivo de arborização de praças e vias públicas, são políticas públicas que podem fornecer o percentual e o padrão de distribuição das áreas verdes suficientes para uma melhor ambiência nestes espaços urbanos.
     A catástrofe climática urbana, provocada pela combinação insatisfatória da disposição urbana e dos sistemas de tráfego, resultados dessa forma de ocupação, com as características climáticas da região, isso podemos evitar.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 20/01/2012)

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

LIXO AGROTÓXICO RECICLADO NA ARQUITETURA

     José Antonio Lemos dos Santos

     Todos sabemos certamente que o destino final das embalagens usadas de agrotóxicos era e é um dos grandes problemas ambientais no Brasil e no mundo. Mas o que nem todos sabem é que Mato Grosso é um estado referência na destinação final correta dessas embalagens. Logo Mato Grosso, justa ou injustamente tão criticado pelos seus problemas ambientais ? Em Cuiabá existe uma empresa que trabalha com a reciclagem de quase todas elas produzindo eletrodutos, drenos e outros itens importantes para a construção civil. A Plastibrás, localizada no Distrito Industrial de Cuiabá, foi a segunda indústria desse tipo a se instalar no país. Se interessar veja mais informações nos folhetos ilustrativos ou no vídeo disponível no site da empresa:


     http://www.plastibras.ind.br/portal/a-empresa

     Em tempo: Esta postagem não tem a intenção de ser um comercial, mas um informativo sobre um empreendimento local, uma forma ecologicamente correta e prática de responder aos desafios ambientais atuais, com uma solução que transforma um grande problema em empregos, renda, proteção à natureza, gerando ainda produtos úteis à sociedade, no caso, produtos de especial interesse aos arquitetos e urbanistas e todo o setor da construção civil.


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

TRAGÉDIAS DE VERÃO

José Antonio Lemos dos Santos


Deslizamento em Belo Horizonte.

     Indignados, de novo lamentamos as tragédias urbanas que se repetem a cada verão brasileiro. Seria uma inexorável sina nacional? Não. Aceitá-la seria desconhecer os avanços do Urbanismo que produz cidades com alta qualidade de vida pelo mundo afora, e da ciência e da tecnologia de um modo geral que realizam maravilhas, mapeando superfícies de planetas distantes ou trazendo imagens precisas do microcosmo. Seria tão difícil mapear ocupações de riscos em nossas cidades e em um ano transferi-las dignamente? Estou certo que não. Ante a grandeza das dores do ano passado e as palavras da presidenta Dilma na época, escrevi acreditando que aquele martírio de tantos brasileiros pudesse servir de “uma lição definitiva, ao menos uma forte luz de esperança de salvação para nossas cidades”. Qual o que.

Deslizamento em Sapucaia (RJ)

      Desde 1988 a Constituição exige de nossas cidades o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano. O Estatuto da Cidade reforçou a exigência. Após quase 24 anos, a maior parte das cidades brasileiras já dispõem desse imprescindível instrumento de controle urbano, que tem entre seus fundamentos a definição das áreas de risco. Mas a desculpa das autoridades é que nossas cidades não dispõem desse mapeamento, tendo inclusive sido criada uma outra lei obrigando os municípios a fazê-lo, repetindo a exigência constitucional dos Planos Diretores. Seria tão difícil marcar nelas as ocupações arriscadas? Creio que não. Também tenho certeza que todas as cidades brasileiras, ou sua imensa maioria, já têm suas ocupações de risco plotadas pelos seus órgãos de planejamento urbano ou suas Defesas Civis. Se não têm, o que eu duvido, bastariam alguns técnicos habilitados trabalhando com imagens de satélite facilmente adquiríveis ou, como se trata de salvar muitas vidas, com as disponíveis até mesmo em celulares do uso cotidiano. O programa “Minha Casa, Minha Vida” viabilizaria as transferências.
     Confio na capacidade do urbanismo nacional e não acredito que as autoridades brasileiras em geral sejam também tão desumanas, além de incompetentes e corruptas. Hoje sou inclinado a pensar que a questão é ainda mais ampla e mais grave. O país encalacrou-se numa situação que o incapacita a executar qualquer projeto ou programa. Nos projetos sem prazo as coisas vão se enrolando por décadas, e quase ninguém percebe o tempo transcorrido, vide aqui em Mato Grosso a BR-163, a ligação ferroviária de Cuiabá, o Aeroporto Marechal Rondon. Já os projetos com prazo fixos não perdoam atrasos e cobram um preço alto. As tragédias de verão são improrrogáveis, não aceitam enrolação e são cruéis se os projetos preventivos não acontecerem no tempo certo.
     O projeto da Copa do Mundo de 2014 vem denunciando ao mundo e a nós mesmos esse sistema político-administrativo enrolado, perdulário, corrupto e incapaz. Paralisante. Para impedir a corrupção, ao invés de simplesmente punir os responsáveis como é feito nos países civilizados, o Brasil optou pela criação de mecanismos de proteção sobre os processos, criando um labirinto burocrático no qual nada avança, a não ser a própria corrupção. Hoje, mesmo o mais capaz e bem intencionado dos governantes não se desvencilharia. A solução apressada foi o Regime Diferenciado de Contratações, uma forma legal de descumprir a lei, incrível, mas na situação talvez a única capaz de atender prazos como os da Copa e dos verões brasileiros que insistem em se suceder. Mais certo e definitivo será algum dia simplificar os processos, assegurados os interesses públicos, e punir aqueles que os corromperem. No fim da história, a impunidade é que está nos matando.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 17/01/2012)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

IPORAN

José Antonio Lemos dos Santos


                                         O pelotão do Tenente Iporan, logo antes do ataque a Montese. (http://www.portalfeb.com.br/)
     Não quero cantar as guerras, nem mocinhos, nem bandidos. Falo de heróis. Heróis são aqueles que abraçam com apego uma causa e agem de forma extraordinária para defendê-la com sucesso, podendo ser a camisa de um time, a bandeira de um país, ou uma cidade, uma criança afogando, um empreendimento arriscado. Podem estar de ambos os lados de uma disputa ou desafio e surgem em diversas situações. A guerra é a pior delas. As guerras produzem antes de tudo mártires, heróis ou não, todos vítimas de uma mesma tragédia, e como tal merecem respeito, todos, do lado de cá ou de lá, vencedores ou vencidos.
     As cidades são centros produtores que extrapolam o campo da economia. Seu principal produto é sua gente, cuja qualidade deve ser o principal critério de avaliação de seu sucesso. Cada povo lembra seus heróis personificando sua capacidade de enfrentar adversidades em situações extremas. São lembrados aos jovens como exemplos daquilo que sua gente, ele próprio, é capaz de fazer, até onde pode chegar. Um povo que esquece seus heróis, seus vultos, que não reverencia sua história e sua cultura, perde suas raízes, vira massa inconsciente para interesses escusos, ameba, borra histórica. A propósito, soube do falecimento do Coronel Iporan por um parente meu de fora, que nem é cuiabano, mas também é brasileiro, carioca. Ele, lá, achou importante.
     Falo do Coronel Iporan Nunes de Oliveira, herói da II Guerra Mundial, falecido no dia 3 de dezembro passado sem maiores ou menores reverências em Cuiabá, sua terra natal. Em Cuiabá e Várzea Grande existem ruas com seu nome. Minha mãe, cuiabana de tchapa-e-cruz, contava de sua bravura e de sua condecoração por um militar estrangeiro, que veio especialmente a Cuiabá para homenageá-lo. Ela dizia que nosso herói havia recebido todas as medalhas de guerra, menos a “de sangue”, que nem sei se existe de fato ou se é um resto do meu imaginário infantil, posto lá pela história contada por minha mãe.

O ainda tenente Iporan Nunes de Oliveira (www.portafeb.com.br)

     A internet tem muito sobre o herói cuiabano. Ele participou de diversas missões na II Guerra, ”nas quais sempre fazia prisioneiros alemães”, e em especial das batalhas de Monte Castelo, Castelnuovo e Montese. A tomada de Montese em 14 de abril de 1945 foi sua ação mais memorável. O último bastião nazista nos Apeninos oferecia intensa resistência e sua conquista foi o mais sangrento dos combates brasileiros. A situação era de impasse sem conclusão previsível quando o pelotão comandado pelo então 1º Tenente Iporan abriu uma pequena brecha no campo minado que protegia uma das bordas fortificadas da posição nazista. Teve seu contato cortado com o restante das tropas, mas mesmo assim avançou entrando com na cidade, tomando a torre local, fazendo vários prisioneiros e mantendo a posição de resistência. Diz a justificativa para sua Cruz de Combate de 1ª Classe: “Seu pelotão foi a primeira tropa brasileira a romper o dispositivo defensivo e adentrar no fortificado ponto de defesa dos alemães, em um momento em que as unidades da FEB engajadas na batalha sofriam pesadas perdas decorrentes da obstinada resistência inimiga. Demonstrou coragem, decisão, vontade, senso de cumprimento do dever e iniciativa.”




Fotos e pintura do site  www.forte.for.br

     A condecoração trazida a Cuiabá pelo “militar estrangeiro” foi a Silver Star do Exército dos EUA, trazida com numerosa comitiva pelo General Charles Gerhalt. Recebeu ainda a Ordem do Império Britânico, diploma assinado de próprio punho pelo Rei George VI, o Rei gago, sucesso recente no cinema. Em 1964 passou à reserva. Depois trabalhou como administrador de shoppings e chefe de segurança ferroviário. Se fosse americano era, no mínimo, filme épico. Brasileiro e, ademais, cuiabano, apenas mais um herói oficialmente esquecido.

* JOSÉ ANTONIO LEMOS DOS SANTOS, arquiteto e urbanista, é professor universitário

domingo, 8 de janeiro de 2012

ESPAÑISTÁN


Veja no link abaixo um filmezinho divertido que trata da Espanha, mas que pode ser de algum interesse para os brasileiros.

http://www.youtube.com/watch?v=EqW9srTn7xM&feature=player_embedded

sábado, 7 de janeiro de 2012

RESORT EM MANSO E PÓS-MODERNISMO

O projeto do Resort Maluí (ver aqui no Blog na coluna á direita)  em Manso, sugeriu a releitura do manifesto de Robert Venturi, considerado o documento inicial do Pós-modernismo na Arquitetura. Para facilitar quem quiser rever o Manifesto coloquei o texto a seguir. Tem a ver? Ou não? Pós-modernismo autêntico ou apenas a "incoerência ou arbritariedade de uma arquitetura incompetente, nem do preciosismo intrincado do pitoresco ou do expressionismo" renegado pelo texto? Ao menos para tentar iniciar uma frutífera polêmica de férias escolares, digo que para mim trata-se de uma autêntica manifestação posmodernista em pleno coração sul-americano.
José Antonio


GENTIL MANIFESTO

Robert Venturi
(Abre o livro Complexity and Contradiction in Architecture, do autor, 1966. )


     "Gosto de complexidade e de contradição em arquitetura. Não gosto da incoerência ou arbritariedade de uma arquitetura incompetente, nem do preciosismo intrincado do pitoresco ou do expressionismo. Pelo contrá­rio, refiro‑me a uma arquitetura complexa e contraditória, baseada na riqueza e na ambigüidade da experiência moderna, inclusive na experiên­cia que é inerente à arte. Em toda parte, exceto em arquitetura, comple­xidade e contradição sempre foram reconhecidas: da comprovação da máxima inconsistência da Matemática, por Güdel, à análise de T. S. Eliot sobre a poesia 'difícil', até à definição de Joseph Albers sobre a qualidade paradoxal da pintura.”
     “Mas a arquitetura é necessariamente complexa e contraditória, até no inclusivismo dos tradicionais elementos vitruvianos: comodidade, solidez e encanto. E hoje as necessidades de programa, estrutura, equipamentos mecânicos e expressão, mesmo de edifícios simples em simples contextos, são diversas e conflitantes de modo anteriormente inimaginável. Somam‑se às dificuldades a dimensão e a escala sempre crescentes da arquitetura no planejamento urbano e regional. Acolho os problemas e exploro as incertezas. Ao abraçar contradição e complexidade tenho como objetivos tanto a vitalidade como a validade.”
     “Os arquitetos não podem mais aceitar a intimidação da linguagem puritanamente moral da arquitetura moderna ortodoxa. Gosto mais de elementos híbridos do que 'puros', de comprometidos mais do que 'limpos', dos distorcidos mais do que dos 'diretos', ambíguos mais do que 'arti­culados', dos perversos e impessoais, dos convencionais mais do que dos projetados', de acomodações em vez de 'exclusões', dos redundantes em vez dos 'simples', tanto conhecidos quanto inovadores, inconsistentes e equívocos em lugar de 'diretos e claros'. Sou pela vitalidade confusa, contra a 'unidade óbvia'. Incluo o non sequitur e proclamo a dualidade.”
     “Prefiro a riqueza de significados à clareza do significado; a função implícita à função explícita. Prefiro 'ambos, um e outro' a 'ou um ou outro'; preto e branco, e às vezes cinza, a preto ou branco. Uma arquite­tura válida evoca muitos níveis de significado e combinações de focos: seu espaço e seus elementos tornam‑se legíveis e trabalháveis de diversas formas simultaneamente.”
   "Mas uma arquitetura de complexidade e contradição tem uma obrigação especial para com o todo: sua verdade deve estar em sua totalidade ou em suas implicações de totalidade. Deve incorporar a difícil unidade da inclusão ao invés da fácil unidade da exclusão. More is not less".



(Extraído de ARQUITETURAS & TEORIAS, João Rodolfo Stroeter, Editora Nobel – 1986)

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A ARENA DE MINHA JANELA

O estágio das obras da Arena Pantanal visto de minha janela hoje, 04/01/2012.

Compare com a situação em 04/08/2011, 5 meses atrás.
Caso interesse, veja um filme das obras em no primeiro dia de 2012, clicando no link correspondente aqui no Blog, na coluna à esquerda, primeira seção.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O PREFEITO DO TRICENTENÁRIO

José Antonio Lemos dos Santos

     Vivendo o melhor momento econômico de sua história, a Grande Cuiabá chega a 2012 com a perspectiva de mais um ano forte, cheio de situações extremas, positivas e negativas. Como o ano que passou e os próximos neste seu terceiro grande salto de desenvolvimento, 2012 não será um ano qualquer pois forçará seus dirigentes a decisões ou omissões importantes que marcarão a cidade do futuro, para o bem ou para o mal. Ao cidadão cabe uma participação ativa nesse processo com a crítica consciente do aplauso e da reprovação, do apoio e da cobrança, e, em especial, com a força construtiva de seu voto nas eleições deste ano. Os cuiabanos – dirigentes e cidadãos - que vivem este momento mágico da cidade tem a responsabilidade de otimizar as oportunidades positivas na construção da cidade que receberá a Copa do Pantanal e em 7 anos festejará seu tricentésimo aniversário.
      No auspicioso emaranhado de situações que o ano de 2012 trará ao cuiabano, tentaria identificar dois grandes compromissos para o cidadão, dono da cidade. Primeiro, um intransigente acompanhamento ao pacote de obras que a cidade recebe como sede da Copa do Pantanal, e também como pólo de um das regiões mais dinâmicas do planeta. Segundo, as eleições municipais, afinal, elas poderão eleger o prefeito do Tricentenário de Cuiabá. Os dois compromissos se fundem, uma vez que as obras de hoje constroem a cidade da festa dos 300 anos, ela própria seu verdadeiro bolo comemorativo.
     Quanto às obras, hoje merecem atenção especial o Aeroporto Marechal Rondon e o VLT. Numa visão otimista restam 2 anos para as obras, mas até agora não vieram a público seus projetos técnicos. A Infraero outro dia apresentou a maquete de um estudo preliminar e a Secopa falou em um “termo de referência” para o VLT. Dada a urgência, nessa cobrança o cidadão vai ter que clamar com a arma do voto em punho a ação dos vereadores, deputados estaduais e federais e senadores. Não tem essa de cada um se esconder em seu quadrado, municipal, estadual ou federal. A cidade é só uma e é obrigação de todos eles. O aeroporto e a mobilidade urbana são projetos imprescindíveis para a Cuiabá do futuro e para a Copa, e têm que estar executados até o final de 2013.
     Quanto às eleições, a escolha dos dirigentes municipais na Grande Cuiabá – prefeitos e vereadores - é essencial pois deles dependerá a preparação da cidade para o seu Tricentenário, a mais significativa efeméride cuiabana no século, sua maior festa e maior projeto. O Bom Jesus de Cuiabá deu uma forte mãozinha arranjando a Copa do Pantanal como um poderoso instrumento nessa preparação, em termos de obras e serviços públicos, bem como treinamento e avaliação dos gestores públicos e da própria cidadania. Contando com uma muito provável reeleição, o futuro prefeito será o prefeito do Tricentenário. Mesmo não reeleito, ainda assim será responsável por 4 dos 6 anos após sua posse até 2019. A responsabilidade é grande, tanto dos eleitores como dos partidos na escolha de candidatos a altura dessa honraria.
     Melhor. O Tricentenário traz também a possibilidade de Cuiabá livrar-se da desgraça de ser tratada apenas como um trampolim político, balcão eleitoral visando o governo do estado. Quando qualquer processo de planejamento urbano exige um horizonte mínimo de 20 anos, em Cuiabá é de 2, cativo ao calendário eleitoral. Nada interessa além disso. Impossível! Ser o prefeito de Cuiabá no ano do Tricentenário será um laurel político e histórico, mas exigirá a permanência no cargo, abdicando à eleição ao estado de 2018. Daí talvez Cuiabá volte a ter um governante que resgate na prefeitura seus amplos horizontes e busque apenas a honra de bem governar sua cidade.
(Publicado pelo Diário de Cuiabé em 03/01/2012)

sábado, 31 de dezembro de 2011

SANTUÁRIO PROFANADO

Mesmo que não se concorde total ou parcialmente com o artigo abaixo, trata-se de um belo e importante texto, principalmente para os arquitetos e urbanistas, que têm no assunto um dos principais e atuais campos de preocupação. As imagens são da internet e foram acrescentadas por mim.





SANTUÁRIO PROFANADO

Luiz Antonio Simas, O Globo

     A anunciada intenção do governo do Rio de Janeiro de privatizar o Maracanã é mais um capítulo da febre tecnocrática e desumanizadora que assola nossos governantes.
     Marca, lamentavelmente, a supremacia do mercado sobre a cultura — entendida como conjunto de símbolos, projeções, anseios e comportamentos que caracterizam um povo em sua cotidiana tarefa de reinventar a vida. É ela, a cultura, que nos humaniza.
     Ferido por reformas que o descaracterizaram, atravessado, feito o padroeiro, por flechas suspeitas, o Maracanã é vítima da mania de modernizar o eterno, profanar o sagrado e tornar provisório, marcado pelas vicissitudes do tempo, o que já transcendeu a esse próprio tempo, o cronológico, e vive no território do mito.
     Reformas e privatizações fazem parte, ainda, do contexto mais amplo de elitização do esporte, transformado em grande negócio. O futebol, que começou no Brasil restrito às elites, foi tomado pelo povo e virou a paixão da massa.
     Numa macabra volta ao passado, assiste-se agora a uma nova elitização do jogo. Distante do povo, o futebol retorna, sob o manto da gestão empresarial, ao berço aristocrático de onde saiu.
     Existem lugares de esquecimento, territórios do efêmero — penso nos shoppings — e lugares de memória, territórios de permanência. Esses últimos são espaços que, sacralizados pelos homens em suas geografias de ritos, antecedem a sua própria criação e parecem estar aí desde a véspera da primeira manhã do mundo.
     Exemplifico.
     No velho cais da Praça Quinze vivem, consagrados na memória das pedras, os marujos que, liderados por João Cândido, quebraram as chibatas da Marinha na revolta de 1910.
     Na materialidade da Pedra do Sal ressoam batuques de sambas e berram os bodes imolados aos deuses que chegaram da África nos porões dos negreiros, acompanhando seu povo. Ali assombra um silêncio que grita o horror do cativeiro em suas noites.
     Cada degrau da escadaria da ermida de Nossa Senhora da Penha, a mais carioca das santas, materializa os milagres e a dor de joelhos esfolados em sacrifícios de gratidão aos prodígios da Virgem.
     O Maracanã era assim, como a Penha, a pedra e o cais. Nasceu estádio de futebol antes do rio que lhe nomeia; é carioca antes de Estácio de Sá; é de um tempo anterior ao tempo, como se erguido antes que a primeira flecha tupinambá cortasse o céu da Guanabara.
     O Maracanã é o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, onde Jeremias e Daniel bailam no ar como Zizinho e Didi bailaram nas quatro linhas. É o terreiro do Opô Afonjá, onde Xangô dançou pelo corpo de Mãe Aninha como Ademir, feito raio, rasgou o campo em direção ao gol. É a primeira ponte do Capibaribe e todas as pontes de São Castilho. É a ciranda de Lia de Itamaracá e a areia da praia onde Lia cantou ciranda, pois ali, na grama verde, um anjo de pernas tortas cirandou um dia.
     Isso é cultura, não mensurável pelas regras do deus mercado.
     O Maracanã é mais, muito mais, do que tudo isso. É o templo onde oraram e comungaram brasileiros comuns — feito eu, meu pai e meu avô. Sempre juntos, na alegria e na tristeza, na vitória e na derrota, porque aqueles a quem os deuses da bola uniram no cimento das arquibancadas dinheiro nenhum deveria separar.

Luiz Antonio Simas é professor de História

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

ONU INDICA BRT PARA MOBILIDADE URBANA

Sistema reduz emissões e melhora o transporte coletivo



     A Organização das Nações Unidas (ONU) destacou os benefícios obtidos por cidades que implantaram o sistema BRT (Bus Rapid Transit) no seu transporte coletivo pela redução da emissão de gases tóxicos e melhora na eficiência do serviço, fatores que influenciam diretamente na qualidade de vida dos cidadãos.
     Os dados apresentados no relatório “Rumo a uma Economia Verde – Caminhos para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza”, produzido pela ONU, além de ressaltar a alternativa bem sucedida que é o BRT para a mobilidade urbana, aponta a necessidade de os governos apostarem em soluções de mobilidade baseadas em sistemas sustentáveis de transporte.

     O documento produzido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente destaca que Curitiba, primeira cidade do mundo que adotou o BRT, ainda nos anos 1970, houve redução do uso de combustíveis e, consequentemente, 30% a menos na emissão de gases tóxicos. Bogotá, na Colômbia, onde opera o conhecido sistema BRT, Transmilênio, também registrou o declínio de 14% da emissão de gases.
     O BRT é um sistema de transporte público de alta capacidade que integra estações, veículos, serviços, vias expressas e sistemas de transportes inteligentes. Hoje, mais de 120 cidades no mundo tem BRT em operação e outras dezenas começam a implementá-lo. O BRT tem custos relativamente baixos e tempo de implementação curto. Ele é conhecido como metrô de superfície.

(Publicado pelo site EMBARQ Brasil   http://embarqbrasil.org/   em 02/12/2011)

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

NOVO AEROPORTO DE CUIABÁ-VÁRZEA GRANDE


 Depois de publicado aqui no blog no início de setembro, agora é oficial, noticiado pelo site da própria Infraero. Veja no link abaixo a nova estação de passageiros do Aeroporto Marechal Rondon.
http://www.youtube.com/watch?v=U7c3IteLZjA&context=C349070cADOEgsToPDskJbipgAFeR1qUsgFV4AmAQU

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

DESCULPAS ESFARRAPADAS

José Antonio Lemos dos Santos

     Mentalizava para o Natal um artigo positivo, alvissareiro, quando na quinta-feira o ministro Aloízio Mercadante afirmou que “morrerão pessoas neste verão”, acrescentando, “e nos próximos”, por causa de deslizamentos e inundações nas cidades. Segundo o ministro, o governo não pode evitar, mesmo que funcionasse o Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais – Cemaden, prometido para novembro. Disse que o Brasil está atrasado no mapeamento das áreas de risco, indispensável à operação do sistema de alerta que está sendo montado. A causa desse atraso seria a falta de geólogos para os levantamentos. Segundo ele, nenhum geólogo apareceu no concurso do Cemaden, pois estes profissionais estão absorvidos na mineração e no petróleo, que “paga melhor, imagina subir morro para ver pobre em áreas de deslizamento. Não há como competir.” Injusto, mas sobrou para os geólogos.
     O ministro foi no mínimo infeliz. Os desastres de verão que vem acontecendo em nossas cidades nos últimos anos são grandes tragédias urbanas e não “mortes de pessoas”. Por isso, partida de um ministro, esta declaração não pode passar despercebida, como se fosse algum “probleminha” que tivéssemos que aturar durante alguns anos, banalizada como tantos outros dados estatísticos. Estas tragédias vão continuar causando indignação nacional enquanto se repetirem. E o país indignado continuará cobrando de seus dirigentes uma grande ação nacional emergencial no sentido de que não mais se repitam as absurdas tragédias de cada verão, absurdas porque previsíveis. Ninguém aceita.
     Como urbanista, me senti ofendido. A Constituição Federal desde 1988 obriga as cidades brasileiras com mais de 20 mil habitantes a terem seu Plano Diretor. Ao longo destes quase 24 anos a grande maioria delas já dispõem deste instrumento que estabelece em suas leis específicas onde pode ou não pode construir. Seria subestimar a ciência do Urbanismo e a capacidade do Urbanismo brasileiro, admitir que os nossos Planos Diretores não partissem dessa avaliação básica. Uma das primeiras providências quando da elaboração do Plano Diretor de Cuiabá em 1990 foi a confecção de uma Carta Geotécnica com a UFMT. Não bastasse a Constituição Federal, o Brasil tem a Lei do Parcelamento Urbano de 1979, que não permite o parcelamento em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações ou que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, ou com declividade igual ou superior a 30%, ou com condições geológicas desfavoráveis, ou ainda naquelas onde a poluição impeça soluções sanitárias suportáveis. São determinações que podem e devem ser aplicadas a partir dos Planos Diretores, e o prefeito que não cumpri-las deveria ir para a cadeia.
     A ação nacional urgente prescinde de grandes sistemas de informações além dos que já subsidiam os Planos Diretores municipais. Eles podem ser aprimorados com o avanço das ações. Por exemplo, o programa “Minha Casa, Minha Vida”, do próprio governo do ministro, construiu este ano com as prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande, cerca de 3.700 casas das quais 2.600 foram para casos de risco ou vulnerabilidade. Se isto está acontecendo na Grande Cuiabá, em outras cidades brasileiras deve estar acontecendo o mesmo. Ainda é muito pouco, mas já é considerável e inédito. São vidas protegidas, vidas preservadas, pessoas que não morrerão por deslizamento ou enchentes. O ministro parece ter confundido um projeto de seu ministério com o problema geral. Escolheu um sistema de alerta incompatível com a realidade e a urgência das nossas cidades e agora espera adaptar as cidades ao sistema. Enquanto isso vaticina, “morrerão pessoas” nos próximos verões. Até que o Cemaden funcione. Que Deus nos ajude.
(Publicado no Diário de Cuiabá em 20/12/11)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ÁLIBI PREVENTIVO PARA TRAGÉDIAS

     Veja a notícia abaixo. O ministro deve estar desinformado (certamente não está brincando). A Constituição Federal, portanto desde 1988, obriga todas as cidades brasileiras com mais de 20 mil habitantes a terem seu Plano Diretor. E ao longo destes quase 24 anos a grande maioria delas já dispõem deste instrumento de controle urbano estabelecendo onde pode ou não pode construir. Seria subestimar a inteligência e a capacidade da ciência do Urbanismo em geral, e do Urbanismo brasileiro em particular, admitir que os nossos Planos Diretores não partissem dessa avaliação inicial. Não bastasse a Constituição Federal, o Brasil tem a Lei do Parcelamento Urbano, mais antiga ainda,  que vem desde 1979 - 32 anos atrás! - que determina (ainda é vigente) não ser permitido o parcelamento urbano em "terrenos alagadiços e sujeitos à inundações ... em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública ... em terreno com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento) ... em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação ... em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua correção.". O cumprimento destas determinações legais de 1979, de fácil mapeamento (nem precisa "subir morro para ver pobre em áreas de deslizamento"), já seria mais que suficiente para evitar a grande maioria dessas tragédias urbanas. Um absurdo supor que as cidades brasileiras acima de 20 mil habitantes não tenham regulamentado o uso e a ocupação do seu solo urbano. Com certeza as cidades de porte médio para cima todas tem. O que falta é responsabilidade das autoridades públicas em fazer cumprir o que já está planejado. Como urbanista me considero ofendido tecnicamente com as declarações do ministro. No caso de Cuiabá, uma das primeiras providências na elaboração de seu Plano Diretor , no início da década de 90, foi a confecção da Carta Geotécnica com a UFMT. 

Sexta, 16 de dezembro de 2011, 08h20
ALERTA

MINISTRO DIZ QUE "MORRERÃO PESSOAS" DEVIDO ÀS CHUVAS NESTE VERÃO


A principal dificuldade é a falta de geólogos para fazer levantamentos das áreas de risco nos municípios.

O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aloizio Mercadante, afirmou ontem no Senado que o governo não tem como impedir mortes nesta temporada de chuvas por conta de deslizamentos em enchentes. "Morrerão pessoas neste verão. E nos próximos".
Segundo o ministro, o país não terá um sistema capaz de "impedir vítimas" mesmo que o Cemaden (Centro de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais), prometido para novembro, comece a funcionar 24 horas por dia, o que ainda não aconteceu.
"O que nós estamos fazendo é diminuir o impacto dos extremos climáticos que estão se agravando."
Mercadante afirmou que o país está atrasado no mapeamento de áreas sob risco de desastres naturais nos municípios. Essa informação é crucial para que o Cemaden, o centro que o governo está montando para produzir alertas de desastre a tempo de salvar vidas, possa fazer previsões de qualidade.
"Não queremos criar qualquer tipo de ilusão. Não há como impedir especialmente deslizamentos, em que temos entre duas e seis horas para tirar uma comunidade, uma favela, um bairro inteiro. Não temos tradição, não temos estrutura, não temos mobilidade para isso."
A principal dificuldade é a falta de geólogos para fazer levantamentos das áreas de risco nos municípios. De 251 cidades críticas, apenas 56 têm mapeamentos geológicos --e nem todas elas na escala necessária ao trabalho do sistema de alerta. Apenas 35 estão na base de dados do Cemaden hoje.
Mercadante afirmou que nenhum geólogo apareceu no concurso do Cemaden. Segundo ele, esses profissionais são todos absorvidos pelo setor de mineração e petróleo. "Paga melhor, imagina subir morro para ver pobre em áreas de deslizamento. Não há como competir."
     Outro problema apontado pelo ministro é a precariedade da Defesa Civil em vários Estados, com exceções como a de Santa Catarina, que melhorou seu sistema depois da tragédia de 2008. "Houve um salto de qualidade, mas a situação da Defesa Civil é muito heterogênea."
     Enquanto Mercadante falava no Senado ontem, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, dizia que o sistema de defesa civil do país está mais preparado do que no passado para evitar mortes.
Ele disse que o governo investiu neste ano R$ 132 milhões em drenagem e R$ 120 milhões em barragens e contenção de encostas, e que realizou simulados de preparação de desastres em 12 cidades.
Bezerra disse, porém, que a preparação não cabe só ao governo federal. "É preciso envolvimento dos governos estaduais, dos municípios e também do Congresso."


MAIS CHUVA
A chuva voltou a causar estragos ontem em Minas Gerais, que registrou alagamentos e desabamentos em Belo Horizonte e região metropolitana.
No Rio Grande do Sul, o dia foi de reparos em São Jerônimo, Triunfo, Fazenda Nova e Caxias do Sul, atingidas por chuva de granizo na quarta.
Em São Paulo, a chuva ocorrida na madrugada de ontem provocou alagamentos, quedas de árvores e problemas em semáforos. Um desabamento de casa deixou quatro pessoas feridas.

(http://www.hipernoticias.com.br/TNX/conteudo.php?cid=7982&sid=171  )

AGORA É HORA DE CONSTRUIR


  12 de Dezembro de 2011. No início da noite da sexta-feira, 9 de dezembro, o Juiz Federal Substituto Bruno César Bandeira Apolinário, da 3ª Vara/DF na titularidade, que havia concedido medida cautelar suspendendo a posse do arquiteto Haroldo Pinheiro na presidência do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU-BR) reconsiderou sua decisão.
     Atendendo solicitação do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), o juiz comunicou ter apreciado e indeferido a impugnação interposta pelo arquiteto Ronaldo Tanimoto Celestino contra o resultado das eleições para os cargos de conselheiro do CAU-BR.
     “Subsidiariamente, requer que os efeitos da decisão proferida sejam restringidos ao conselheiro representante do Estado do São Paulo no CAU–BR, unidade da federação pela qual saiu candidato o autor” escreveu o juiz em seu despacho. Dessa forma, é apenas com relação ao cargo de conselheiro federal por São Paulo e seu suplente – para o quais foram eleitos os arquiteto Miguel Pereira (titular), e Daniel Amor (suplente) - que o juiz irá examinar a solicitação.
     “É que o requerente Ronald Tanimoto Celestino, sendo candidato ao CAU–BR como representante do Estado de São Paulo, detém legitimidade para se insurgir contra o resultado da eleição ao conselho em tela tão somente no que diz respeito à vaga destinada à representação daquela unidade da federação”, argumentou o juiz.

( http://www.arcoweb.com.br/noticias/haroldo-pinheiro-recupera-presidencia-do-cau-br.html  )

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

NIEMEYER, 104 ANOS



Hoje, 15 de dezembro, Oscar Niemeyer está completando 104 anos, na ativa. Falar sobre o grande mestre é pouco, e desnecessário. O melhor é dar uma espiada no seu site:

http://www.niemeyer.org.br/