"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 6 de janeiro de 2009

VIVA 2009!

José Antonio Lemos dos Santos

     Bem antes de seu início, o ano de 2009 já foi taxado como um ano de crise, crise que pode vir como um tsunami ou uma simples marola. Aliás, em nome da tal crise muitos grupos poderosos já levantaram bilhões de dólares de diversos governos pelo mundo afora, ainda que muitos deles responsáveis pela própria crise. Nenhuma surpresa, pois aprendemos na vida e na história que crise é uma mistura de riscos, oportunidades e também oportunismo, o qual chega sempre na frente. Ainda que atentos aos oportunistas, contra quem aparentemente pouco podemos fazer, melhor nos importar com as oportunidades, já que os riscos vêm junto destas como seus limites, sinalizadores de até onde podemos ir para aproveitá-las.
     As crises expressam situações que não são mais adequadas e que precisam ser mudadas, são prenúncios de mudanças necessárias. Todos sabemos que o mundo vinha se consumindo ambientalmente e que vivia pendurado em ficções financeiras especulativas danosas a todos, inclusive à economia produtiva. Um quadro insustentável e era esperada a explosão. Só nesse duplo corretivo já teríamos um lado bom da crise. Mais ainda, como Mato Grosso em geral não vive de papéis, mas da sua produção real baseada na agropecuária, mesmo com essa crise dá para antever, ao menos na visão leiga, boas perspectivas para o estado, desde que se agregue a indispensável sustentabilidade à sua economia.
     Com ou sem crise, o mundo vai continuar demandando alimentos e energia de forma crescente. A inviabilização dos combustíveis fósseis e a alternativa dos biocombustíveis, bem como as preocupações mundiais com a preservação dos últimos redutos naturais do planeta, também parecem conspirar a nosso favor. Seja para alimentos ou combustíveis, a última grande fronteira agrícola global está aqui, na otimização produtiva da área já ocupada pela agropecuária de alguns estados do Brasil, em especial, em Mato Grosso.
     Outra defesa de Mato Grosso contra a crise está na sua extensão territorial, envolvendo uma multiplicidade de oportunidades produtivas. Já se disse, há algum tempo, que em Mato Grosso, terra que não servia para agricultura dava ouro ou diamante. Agora dá também o calcário, o fosfato, e já estão procurando até petróleo e gás. Brincadeiras à parte, essa mosaico de alternativas permite um certo equilíbrio, com um setor produtivo compensando outro que eventualmente vá mal. Ao mesmo tempo, apresenta um custo otimizado da administração pública. Mato Grosso pode não ser do tamanho dos estados americanos criados nos tempos das diligêcias e das comunicações por tambores ou fumaça, mas certamente tem o tamanho certo para os tempos do avião a jato, das estradas asfaltadas, das comunicações via satélite e da internet, com um só Executivo, Legislativo e Judiciário em condições racionais de governo. Mato Grosso unido é maior que todas as crises.
     Para Mato Grosso, 2009 pode ser o ano das oportunidades. Oportunidade de adequar-se ambientalmente e assim consolidar-se como grande produtor de alimentos e de energia para o mundo; oportunidade de desenvolver, interna e externamente, a colaboração produtiva dos tempos globais, ao invés da velha competição predadora que a atual crise questiona; oportunidade de resgatar projetos fundamentais paralisados como o gasoduto, a termelétrica, o aeroporto Marechal Rondon, a chegada dos trilhos da ferrovia até Cuiabá e a oportunidade de continuar exercitando a união laboriosa entre seus cidadãos. Um ano novo com Mato Grosso amadurecendo suas relações ambientais, com seus municípios e cidades integrados solidariamente em uma sinergia regional multiplicadora de suas potencialidades. Feliz 2009!
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 06/01/2009)

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