"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A COPA NO CORAÇÃO DA AMÉRICA

José Antonio Lemos dos Santos


     Esperada hoje em Cuiabá, a comissão de vistoria da FIFA chega ao coração da América do Sul, seu centro geodésico, marcado pelo Marechal Rondon quando da execução do primeiro mapa moderno do Brasil e do continente sul-americano, no início do século passado. Para aqueles que amam o futebol e seguem com atenção sua expansão pelo mundo, trata-se de uma data significativa, que bem poderia simbolizar a conquista dos cinco continentes pelo futebol, com a presença oficial de sua entidade máxima no ponto exato mais interior de um continente.
     Porém o simbolismo da presença da FIFA no centro da América do Sul vai além da planetarização do futebol, referindo-se também de forma específica à sua consolidação na totalidade de um continente onde até bem pouco tempo duvidava-se se o futebol arranjaria seu espaço em alguns países então dominados por esportes como o beisebol e outros. Hoje a vitória é plena, com o futebol arrebatando cada vez mais as paixões em todos os países sul-americanos.
     A comissão da FIFA chega hoje também à terra de um dos maiores responsáveis, senão o maior, pela realização em 1950 da primeira Copa do Mundo no Brasil, o Presidente da República da época, Eurico Gaspar Dutra. Seu governo queria mostrar ao mundo um Brasil novo, que deixava de ser predominantemente rural para entrar na era da industrialização, com grandes cidades, a Companhia Siderúrgica Nacional recém inaugurada, Paulo Afonso sendo construída e a Rio-São Paulo em pavimentação. Assim apoia a realização da Copa e determina a construção do Maracanã, que foi por muito tempo o maior estádio de futebol do mundo, justo orgulho nacional, uma das maiores razões para a fixação do futebol como a maior paixão esportiva nacional.
     No Aeroporto Marechal Rondon a comissão chega a Várzea Grande que forma com Cuiabá a maior cidade do oeste do Brasil, metropolitana, com quase um milhão de habitantes. Surgida no início do século XVIII, foi a pioneira no ocidente brasileiro, celula mater dos estados e municípios entre os limites do Acre e o extremo de Mato Grosso do Sul. Às vésperas de completar seu terceiro século de existência, Cuiabá tem seu centro tombado como patrimônio histórico nacional ao mesmo tempo em que é uma cidade moderna, dinâmica e globalizada, polarizadora de uma das regiões mais dinâmicas do planeta, em condições plenas de pleitear a sub-sede pantaneira da Copa de 2014.
     Fora estas considerações preliminares, que parecem menos importantes aos que não podem contar com elas, Cuiabá é uma cidade situada no pantanal propriamente dito, em suas franjas, e pode aliar o conforto da vida urbana com as maravilhas do santuário ecológico bem próximas. Através de diversos acessos curtos e confortáveis o turista pode conhecer o pantanal em ângulos variados, seja o pantanal das grandes baias e das velhas usinas de açúcar de Barão de Melgaço e Leverger, o pantanal da transpantaneira de Poconé, ou ainda o pantanal das antigas charqueadas e da ecovia do Paraguai em Cáceres.
     Mais importante ainda é que, junto ao divisor de águas amazônicas e platinas, Cuiabá é uma plataforma de acessos a todas as atrações naturais de Mato Grosso que além do pantanal, oferece as belezas do cerrado, da floresta amazônica, e - por que não? - das plantações e criações tecnicamente mais desenvolvidas no mundo, em viagens panorâmicas, com o apoio de outras cidades bem estruturadas, confortáveis e hospitaleiras. Em Cuiabá, e só em Cuiabá, a Copa do Mundo homenageará o pantanal e toda a natureza marcando para sempre o coração sul-americano.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 03/02/09)

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