José Antonio Lemos dos Santos
O projeto da sub-sede do Pantanal da Copa do Mundo de 2014 é o maior pacote de investimentos já previsto para Cuiabá, com a vantagem de que estes investimentos não ficarão sujeitos apenas aos processos locais de fiscalização, mas sob os olhos nacionais e internacionais da CBF, da FIFA, da imprensa e dos amantes do futebol do mundo inteiro, e, em especial, sob a lupa microscópica das cidades e dos interesses contrariados pela vitória cuiabana e mato-grossense. Esta situação ímpar traz a esperança de que a maioria das obras e serviços programados realmente aconteça e, o que é melhor, dentro de padrões de respeito para com os recursos públicos. Sem pisar na bola, ou se faz tudo muito bem, ou coloca-se em risco a galinha de ovos de ouro. Assim, volto ao artigo da semana passada para esclarecer alguns pontos da proposta de reaproveitamento do antigo Verdão, proposta suscitada pela mudança do projeto do novo estádio.
Logo destaco que o reaproveitamento do antigo Verdão não exige qualquer nova alteração no projeto do estádio, que ficaria do jeito que foi aprovado pela CBF e FIFA, para ser concluído em 2012 como exigem o governador e os cronogramas, apenas com um ligeiro deslocamento em sua implantação. Aliás, outra alteração no projeto do estádio, além de desnecessária, certamente seria um desgaste junto ao comitê organizador e deve ser evitada. Portanto, repito, a alteração proposta não é no projeto do novo estádio, mas no projeto do parque urbano que abrigará o novo complexo esportivo, em especial no destino dado ao antigo Verdão, um patrimônio arquitetônico nada desprezível de cerca de R$ 300 milhões, que seria demolido e transformado em lagoa para pedalinho.
O segundo ponto a destacar é a excelência da escolha do local para a instalação da nova arena esportiva, lá mesmo no bairro Verdão, uma decisão fundamental, pois assegura que os investimentos destinados a atender ao grande palco da festa serão posteriormente aproveitados pela cidade hoje existente. Situações como esta geralmente são aproveitadas para valorização especulativa de áreas vazias ou distantes da cidade, sob mil pretextos, deixando ao final os tão falados elefantes brancos, sem utilidade alguma. Felizmente em Cuiabá o projeto começou bem com a escolha correta da localização do estádio.
No caso do Verdão trata-se de um bairro surgido em função da construção do estádio (daí o seu nome), e o novo estádio terá capacidade semelhante ao do antigo, portanto sem agregação significativa de impactância urbana. Ao contrário, os investimentos, por exemplo, no sistema viário, melhorarão a situação atual do tráfego local e além disso deflagrarão uma revolução em todo o sistema viário, pois deverão atender também as vias estruturais e principais de acesso ao bairro, mesmo dos pontos mais distantes da cidade, em Cuiabá e Várzea Grande. Do mesmo modo, esperam-se grandes melhoramentos em todos os demais segmentos da estrutura urbana.
Com custo inferior ao da demolição, a proposta de reaproveitamento integra em um inédito complexo esportivo o ginásio Aecim Tocantins, o novo estádio da Copa e o antigo Verdão, transformado em estádio olímpico de uso ampliado, servindo também ao vôlei de areia, kart, motocross, e outros esportes, com suas sedes de federações e alojamentos para atletas dispostos ao longo do fosso, tudo perfeitamente compatível com área disponível no bairro Verdão e com o novo estádio. Nada a mudar, nada a destruir, só a acrescentar.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 23/06/2009)
José Antonio Lemos dos Santos, arquiteto e urbanista, é professor universitário aposentado . Troféu "João Thimóteo"-1991-IAB/MT/ "Diploma do Mérito IAB 80 Anos"/ Troféu "O Construtor" - Sinduscon MT Ano 2000 / Arquiteto do Ano 2010 pelo CREA-MT/ Comenda do Legislativo Cuiabano 2018/ Ordem do Mérito Cuiabá 300 Anos da Câmara Municipal de Cuiabá 2019.
"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)
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