"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 9 de novembro de 2010

DIA MUNDIAL DO URBANISMO

DIA MUNDIAL DO URBANISMO
José Antonio Lemos dos Santos


Surgida há 5 mil anos a cidade constitui a maior, mais complexa e mais bem sucedida das invenções do homem, transformando o mundo e acelerando a evolução da humanidade. Com ela surge a civilização. De lá para cá o mundo foi se urbanizando e a partir de 2008 a população global urbana supera a população rural, com muitos países com percentuais superiores a 80%, como o Brasil.
Em sua história a grande mudança foi com a Revolução Industrial. Até então a cidade não fora questionada, ainda que tenha enfrentado importantes crises em seu desenvolvimento. Com a industrialização, a urbanização acelera e as cidades se desequilibram gravemente, exigindo controle e intervenções em seu desenvolvimento. Surge então a ciência do Urbanismo, que evolui e supera a etapa do urbanismo modernista da Carta de Atenas, passa pelas experiências pós-modernistas do Novo Urbanismo, e chega a uma nova Revolução, a da informática e da globalização, com os desafios da compatibilidade ambiental, da inclusão e das possibilidades das cidades inteligentes, verdes e sustentáveis.
De extrema complexidade, a cidade é comparável a um organismo vivo, só que em dimensões imensas, que vão das pequenas vilas até as megalópoles, chegando a centenas ou milhares de quilômetros quadrados com dezenas de milhões de habitantes. A cidade é um enorme recipiente, articulado regionalmente, onde acontecem as relações urbanas em toda sua múltipla diversidade. Sua função é permitir que tais relações aconteçam da melhor forma com sustentabilidade, conforto, segurança e, sobretudo, justiça. Ajudá-las no cumprimento desta função é o objetivo do Urbanismo.
Em evolução contínua, o Urbanismo reflete a complexidade de seu objeto de trabalho e necessariamente envolve os diversos campos de conhecimento que a cidade envolve. Assim, o urbanista não é mais um especialista, mas um generalista voltado a entender o organismo urbano com um todo. Não se pode tratar os problemas da cidade sem antes tratar da cidade com problemas. O urbanista precisa saber um pouco de tudo para enxergar o todo, e, em especial, deve saber que seu conhecimento é quase nada e não pode prescindir da companhia das muitas outras especializações técnicas que tratam das múltiplas facetas da cidade.
8 de novembro é o Dia Mundial do Urbanismo, criado em 1949 para uma reflexão global sobre o assunto. As cidades de novo vivem uma revolução com as perspectivas da informática, do ciberespaço, e a eminência do colapso com a água, lixo, transportes, poluição, aquecimento, energia, emprego, uso do solo e segurança. Se as cidades falharem, a civilização explode. O problema maior do século XXI são as cidades. Inaceitável que no Brasil o Urbanismo e o urbanista sejam tão desconsiderados. Como pode uma cidade como Cuiabá ter nos quadros de sua prefeitura apenas seis arquitetos? Um para mais de cem mil habitantes? E quantos dedicados ao Urbanismo? Logo a secularmente conhecida Cidade Verde? A falta do Urbanismo mata as cidades brasileiras, estressando, mutilando e matando seus cidadãos. Mas ainda são os locais da diversidade e da inovação. A existência do Ministério da Cidade e a promessa do governador Silval Barbosa de uma Secretaria das Cidades são alentadores, desde que dedicadas à promoção e apoio aos municípios no efetivo e urgente controle do desenvolvimento urbano em bases técnicas e democráticas. Crise é risco e oportunidade, e o problema urbano é o grande desafio global. E local.

(Publicado no Diário de Cuiabá em 09/11/2010)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Digite aqui seu comentário.