"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 22 de março de 2011

DUTRA, UM GRANDE PRESIDENTE

José Antonio Lemos dos Santos


     A visita de Barack Obama ao Brasil no último fim de semana foi oportunidade para se relembrar Dutra, ao menos como um dos poucos presidentes que receberam um colega americano e o único presidente brasileiro a desfilar em carro aberto em Nova Iorque, com chuva de papel picado. Também foi chance para a mídia nacional lembrar a piadinha do Dutra recebendo Truman, uma piada como as que correm sobre todos os presidentes, em especial os com algum problema físico, no caso, de dicção, como o Lula e o rei da Inglaterra, que até ganhou Oscar por isso. Aliás, talvez também fosse oscareado um filme sobre esse pequeno cuiabano tatibitate, vendedor dos bolinhos de sua mãe nas ruas de Cuiabá, que pagou lavando pratos suas passagens para ir estudar, chegar à Presidência da República e entrar para a História do país. Foi e venceu, mantendo-se até o fim da vida como uma das maiores influências na política brasileira. Um orgulho nacional, um exemplo.
     Injustiçado pela história e pela mídia, a grandeza de Dutra começa em sua origem humilde. Sua vida pública inicia como Ministro da Guerra, permanecendo nesse cargo por 9 anos - o mais duradouro dos ministros - onde criou a FEB e depois, com o apoio dos oficiais vitoriosos contra as ditaduras nazi-facistas européias, forçou a queda do ditador Getúlio. E de ministro foi a presidente, pelo voto do povo. Se não foi o melhor dos presidentes, foi, seguramente, um dos mais importantes pelas inovações que trouxe ao Brasil. Como presidente logo convocou a Constituinte organizando a volta do país à democracia. Eleito para um mandato de seis anos, e mesmo sendo presidente e o militar mais poderoso do país, curvou-se à nova Constituição aceitando os cinco anos que estabelecia. Aqueles que temiam a volta de Getúlio e queriam que ficasse o ano a mais a que teria direito, respondeu: “nem um minuto a mais, nem um minuto a menos”. Virou “o homem do livrinho”, o homem da nova Constituição Federal assinada por ele, a mais democrática que o Brasil já teve. Essa piadinha é pouco lembrada.
     Dutra introduziu o planejamento no Brasil, com o Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia) e criou o CNPq, cuja Lei de criação é tida com a Lei Áurea da tecnologia brasileira. Implantou o hoje tão usado conceito de Produto Interno Bruto e pavimentou a primeira grande estrada no Brasil, a Via Dutra. Criou o Instituto Rio Branco, base da qualidade de nossa diplomacia, e a CHESF, e é dele também a criação do Estado Maior das Forças Armadas e da Escola Superior de Guerra, fundamento da inteligência estratégica nacional. É ainda de Dutra a criação do SESI e do SENAI, de onde saiu o Presidente Lula, e no seu governo foi inaugurada a TV no Brasil. Injustamente ficou com a culpa do fechamento do Partido Comunista, na verdade uma decisão do STJ. Por isso e por ter fechado os cassinos desagradou a esquerda, matriz dos historiadores, jornalistas e artistas da época, principais formadores da opinião pública, e foi jogado ao ostracismo.
     Dutra foi também o responsável pela realização em 1950 da primeira Copa do Mundo no Brasil. Queria mostrar ao mundo um Brasil novo, com grandes cidades, que deixava de ser rural e se industrializava. Assim, constrói o Maracanã, o maior estádio de futebol do mundo, uma das razões para a fixação do futebol como paixão nacional. Daí que uma das principais promessas da Agecopa para a Copa do Pantanal é a criação do Memorial Dutra no local onde hoje funciona o Centro de Reabilitação Dom Aquino, no que poderia ter a parceria do SENAI nacional, numa justa e oportuna homenagem ao seu criador em sua terra natal, um presidente tão importante para os industriários brasileiros, para o futebol nacional e para o Brasil.

Um comentário:

  1. Parabéns!
    É sempre bom, ter quem nos lembre das coisas grandiosas, feitas por homens de bem que honram esta terra e esta gente.

    Anna

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