"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



quinta-feira, 10 de março de 2011

A HORA É DE FAZER

José Antonio Lemos dos Santos

     Ultimamente a dúvida que parece pairar no ar é se as obras da Copa ficarão prontas a tempo. Pelo menos esta é a pergunta que sempre me fazem, talvez pelo fato de ter trabalhado os assuntos da cidade por muito tempo e os amigos menos próximos pensem que eu ainda seja da Prefeitura, ou do antigo Aglomerado Urbano ou até mesmo que esteja na Agecopa. E a pergunta sempre vem: você acha que vai dar tempo? Será que vamos conseguir? Meio em tom de brincadeira tenho respondido lembrando que o magnífico Empire State, em Nova Iorque, que durante décadas foi o edifício mais alto do mundo, foi construído em 451 dias, e que Brasília, foi inaugurada após três anos de construção. Nem por isso perderam em qualidade. Na década de 40 o Empire State sofreu a colisão de um dos maiores aviões da época e resistiu praticamente ileso. Brasília e suas obras ainda orgulham todo brasileiro.
     Certamente que para conseguir esse resultado foi necessária firmeza de decisão e persistência. Decisão decidida era decisão implantada, sem nhenhenhéns. Teve hora de decidir e hora de realizar. Uma dos episódios mais pitorescos da época da construção de Brasília, conta que o presidente JK um dia chamou todo seu ministério para conhecer a obra de Brasília que se iniciava. Em um dos pares de poltronas do avião sentarem-se Niemeyer e – logo quem? – nada mais nada menos que o ministro da Guerra, o Marechal Lott, aquele que havia garantido a posse do presidente, evitando um golpe de estado. O destino sabe ser cruel ou brincalhão às vezes, como nesta, colocando lado a lado o jovem arquiteto, um comunista convicto e o poderoso Marechal. Viagem longa – ainda não era tempo dos jatos puros de passageiros – o então General querendo talvez quebrar o gelo entre os dois, perguntou ao arquiteto se ele já havia decidido se o novo Quartel General seria em estilo Neoclássico ou Neogótico, e o arquiteto respondeu com uma outra pergunta: “ por que General, vocês vão voltar a guerrear com flechas e catapultas?” E acabou o papo. Não houve mudanças. O arquiteto continuou com seus projetos, o ministro com seu ministério, cada qual na grandeza de suas responsabilidades. Já pensaram se naquele momento fossem discutir a substituição de Niemeyer por um possível melindre do poderoso ministro? E Brasília foi inaugurada na data marcada e hoje um dos mais belos edifício de Brasília é justamente o Quartel General, o chamado Forte Apache, em estilo moderno da época, compatível com os caças a jato e o porta-aviões que o Brasil estava adquirindo.
      É o caso da Copa do Pantanal. Houve o momento de discutir, agora é hora de fazer e cobrar. É hora de focar nas obras e serviços a serem implantados, senão, não haverá tempo. Não cabe agora a discussão de decisões já tomadas. Também não acho a Agecopa o melhor modelo de gestão, nem concordo com o novo aeroporto apenas para 2,8 milhões de passageiros/ano, assim como, preferia o Verdão com as três arenas, aproveitando ao menos em parte o antigo José Fragelli. São decisões já tomadas, assim como a escolha do BRT, que considero a correta por se tratar de uma tecnologia brasileira, com exemplos implantados no Brasil e no mundo, fazendo uso de energia produzida em Mato Grosso. Cheguei até a sugerir o nome de CuiaBus para o BRT cuiabano, com 100% de biodiesel, divulgando nossa tecnologia para o mundo. É executar.
     A Copa do Pantanal para mim é um bem-vindo teste de qualificação e de desqualificação de nossos gestores públicos para o Tricentenário, em 2019, esta a festa mais importante para nossa cidade nos próximos anos. O cuiabano identificará corretamente os que merecerem ficar. A Copa do Pantanal, já mudou Cuiabá e os cuiabanos já não são mais os mesmos. Nem voltarão a ser como antes. A hora é de fazer. Mãos à obra!

(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 10/03/2011)

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