"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 19 de maio de 2015

DUTRA, O PRESIDENTE ESQUECIDO

f5dahistoria.wordpress.com

José Antonio Lemos dos Santos

     Neste 18 de maio devíamos ter reverenciado Dutra na lembrança de seu nascimento, o cuiabaninho que vendia bolos no centro de Cuiabá e que chegou a presidente da República. Filho de viúva de veterano da Guerra do Paraguai, pobre, sem qualquer ajuda, negada reiteradas vezes pelas autoridades, saiu daqui lavando pratos nas lanchas e trens que o levaram a um colégio militar, e de lá à presidência da República e à História do país. Foi e venceu, mantendo forte influência na política brasileira até o fim da vida. Um orgulho cujo aniversário, entretanto, passou despercebido, em especial, em sua própria terra, da mesma forma como é todos os anos e como foi ano passado, ano da Copa do Pantanal que devia tê-lo como grande homenageado. Dutra foi quem trouxe para o Brasil a primeira Copa do Mundo, em 1950. Presidente, queria mostrar ao mundo um Brasil novo, que deixava de ser rural e se industrializava. Construiu o Maracanã, o maior investimento até então em um esporte ainda não popular no mundo e que, junto com a Copa trazida por ele foi uma das causas da consolidação do futebol como uma das maiores paixões de massa do país e do mundo. 
     Não fosse pela Copa de 50, mesmo assim o aniversário de Dutra deveria ser lembrado. Injustiçado pela história oficial, sua vida pública inicia como ministro da Guerra, onde ficou por 9 anos, o ministro brasileiro mais duradouro, onde criou a FEB e depois, com o apoio dos oficiais vitoriosos contra as ditaduras nazifascistas, forçou a queda do ditador Getúlio. E de ministro foi a presidente pelo voto do povo, tendo sido um dos mais importantes pelas inovações que trouxe ao Brasil. De imediato convocou a Constituinte redemocratizando o país. Eleito para um mandato de seis anos curvou-se à nova Constituição aceitando os cinco anos que ela estabelecia, mesmo sendo presidente e o militar mais poderoso do país. Aos que temiam a volta de Getúlio e lhe propunham um golpe para ficar mais um ano, respondeu: “nem um minuto a mais, nem um minuto a menos do que manda o livrinho”. Virou “o homem do livrinho”, da Constituição mais democrática que o Brasil já teve, assinada por ele, trazida sempre em seu bolso. 
     Dutra introduziu o planejamento no Brasil com o Plano SALTE e criou o CNPq, cuja Lei de criação é tida com a Lei Áurea da tecnologia brasileira. Implantou o conceito de Produto Interno Bruto e pavimentou a primeira grande estrada no Brasil, a Via Dutra. Criou o Instituto Rio Branco, base da qualidade de nossa diplomacia, e a Chesf. É dele também a criação do Estado Maior das Forças Armadas e da Escola Superior de Guerra, fundamento da inteligência estratégica nacional. Criou ainda os sistemas Sesi, Sesc e Senai, e durante seu governo foi implantada a TV no Brasil. Pagou o pato pelo fechamento do Partido Comunista, na verdade uma decisão do STJ, e por isso, e também por ter fechado os cassinos, desagradou à esquerda formadora da intelectualidade da época, e foi jogado ao ostracismo. 
     Uma das promessas da Copa do Pantanal foi a criação do Memorial Dutra, uma justa e oportuna homenagem a um presidente em sua terra natal. O projeto foi depois abandonado, mas não pode ser abandonado pelos cuiabanos. Quem sabe através de suas criações SESC, SESI, ou SENAI, que tanto já tem dado a Cuiabá e Mato Grosso, ou quem sabe as 3 juntas? Talvez o seu nome em uma via como tem seu adversário derrotado nas eleições presidenciais? Não teria sobrado um viaduto, trincheira ou avenida para ele? Talvez trazer para Cuiabá o Colégio Militar prometido desde a década de 50? Toda cidade é um centro produtor, mas o principal produto de uma cidade é sua gente. Por isso, as cidades lembram e reverenciam seus vultos. Infelizmente, nem todas. 
(Publicado  em 19/05/2015 pelo Diário de Cuiabá, Midianews, FolhaMax, ...)
Comentários:
No Midianews:
Tonzinho  19.05.15 15h14
parabens colega pela brilhante materia. Como dizia minha avò, Santo de Casa não faz milagre.

Robélio Orbe  19.05.15 12h10
O brasileiro por natureza é um povo sem memória... isso se deve porque nas escolas esses heróis não são lembrados. O povo gosta de Funk, carnaval, futebol e bundalele. Na Praça Alencastro temos um busto em memória ao Presidente Dutra.
João  19.05.15 11h08
Construi o estadio Presidente Dutra, o Liceu Cuiabano, etc, etc,
ROBERTO  19.05.15 10h24
REALMENTE O BRASILEIRO, MATOGROSSENSE, CUIABANO, NÃO REVERENCIA SEUS FILHOS ILUSTRES. RECONHEÇO, NÃO SABIA QUE O MARECHAL ERA NASCIDO, NESTA TERRA. PARABÉNS, PELO ARTIGO, NÓS REALMENTE NÃO TEMOS HISTÓRIA, PQ ESQUECEMOS DOS NOSSOS PRÓPRIOS COMPATRIOTAS... POIS É... QUE PAÍS É ESSE ..

Reinaldo Thommen  19.05.15 09h16
Bem lembrado, somos um povo sem memória, sem passado, reverenciamos ídolos estrangeiros, enquanto os nossos são abandonados, ouvi dizer que aqui em Cuiabá temos uma praça Popeye? é brincadeira! Tivemos heróis cuiabanos que foram mortos na segunda guerra mundial, e ninguém diz nada. Povo sem memória.

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