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Neste 18 de maio devíamos ter reverenciado Dutra na lembrança de seu nascimento, o cuiabaninho que vendia bolos no centro de Cuiabá e que chegou a presidente da República. Filho de viúva de veterano da Guerra do Paraguai, pobre, sem qualquer ajuda, negada reiteradas vezes pelas autoridades, saiu daqui lavando pratos nas lanchas e trens que o levaram a um colégio militar, e de lá à presidência da República e à História do país. Foi e venceu, mantendo forte influência na política brasileira até o fim da vida. Um orgulho cujo aniversário, entretanto, passou despercebido, em especial, em sua própria terra, da mesma forma como é todos os anos e como foi ano passado, ano da Copa do Pantanal que devia tê-lo como grande homenageado. Dutra foi quem trouxe para o Brasil a primeira Copa do Mundo, em 1950. Presidente, queria mostrar ao mundo um Brasil novo, que deixava de ser rural e se industrializava. Construiu o Maracanã, o maior investimento até então em um esporte ainda não popular no mundo e que, junto com a Copa trazida por ele foi uma das causas da consolidação do futebol como uma das maiores paixões de massa do país e do mundo.
Não fosse pela Copa de 50, mesmo assim o aniversário de Dutra deveria ser lembrado. Injustiçado pela história oficial, sua vida pública inicia como ministro da Guerra, onde ficou por 9 anos, o ministro brasileiro mais duradouro, onde criou a FEB e depois, com o apoio dos oficiais vitoriosos contra as ditaduras nazifascistas, forçou a queda do ditador Getúlio. E de ministro foi a presidente pelo voto do povo, tendo sido um dos mais importantes pelas inovações que trouxe ao Brasil. De imediato convocou a Constituinte redemocratizando o país. Eleito para um mandato de seis anos curvou-se à nova Constituição aceitando os cinco anos que ela estabelecia, mesmo sendo presidente e o militar mais poderoso do país. Aos que temiam a volta de Getúlio e lhe propunham um golpe para ficar mais um ano, respondeu: “nem um minuto a mais, nem um minuto a menos do que manda o livrinho”. Virou “o homem do livrinho”, da Constituição mais democrática que o Brasil já teve, assinada por ele, trazida sempre em seu bolso.
Dutra introduziu o planejamento no Brasil com o Plano SALTE e criou o CNPq, cuja Lei de criação é tida com a Lei Áurea da tecnologia brasileira. Implantou o conceito de Produto Interno Bruto e pavimentou a primeira grande estrada no Brasil, a Via Dutra. Criou o Instituto Rio Branco, base da qualidade de nossa diplomacia, e a Chesf. É dele também a criação do Estado Maior das Forças Armadas e da Escola Superior de Guerra, fundamento da inteligência estratégica nacional. Criou ainda os sistemas Sesi, Sesc e Senai, e durante seu governo foi implantada a TV no Brasil. Pagou o pato pelo fechamento do Partido Comunista, na verdade uma decisão do STJ, e por isso, e também por ter fechado os cassinos, desagradou à esquerda formadora da intelectualidade da época, e foi jogado ao ostracismo.
Uma das promessas da Copa do Pantanal foi a criação do Memorial Dutra, uma justa e oportuna homenagem a um presidente em sua terra natal. O projeto foi depois abandonado, mas não pode ser abandonado pelos cuiabanos. Quem sabe através de suas criações SESC, SESI, ou SENAI, que tanto já tem dado a Cuiabá e Mato Grosso, ou quem sabe as 3 juntas? Talvez o seu nome em uma via como tem seu adversário derrotado nas eleições presidenciais? Não teria sobrado um viaduto, trincheira ou avenida para ele? Talvez trazer para Cuiabá o Colégio Militar prometido desde a década de 50? Toda cidade é um centro produtor, mas o principal produto de uma cidade é sua gente. Por isso, as cidades lembram e reverenciam seus vultos. Infelizmente, nem todas.
(Publicado em 19/05/2015 pelo Diário de Cuiabá, Midianews, FolhaMax, ...)
Comentários:
No Midianews:
Tonzinho 19.05.15 15h14 | ||||||||
parabens colega pela brilhante materia. Como dizia minha avò, Santo de Casa não faz milagre.
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