"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



sábado, 11 de abril de 2015

COM MERCADO AQUECIDO, CUIABÁ TEM 124 PRÉDIOS EM CONSTRUÇÃO

Foto André Souza/G1

10/04/2015 15h16 - Atualizado em 10/04/2015 16h02

De 2012 até 2014, 11,1 mil apartamentos em 240 prédios foram entregues.
Preço de imóveis tem se mantido após Copa; maioria tem entre 60 e 90 m2.

Pollyana AraújoDo G1 MT
Depois de atingir a projeção feita para os últimos três anos, o mercado imobiliário continua aquecido em Cuiabá. De 2012 até o ano passado, 11.199 apartamentos em 240 prédios foram entregues na capital e, atualmente, 124 obras estão sendo construídas, com previsão de conclusão até 2017. Esses novos prédios têm 6.394 moradias, que custam de R$ 170 mil a valores acima de R$ 800 mil.
Diferente do que o previsto, os preços dos imóveis não caíram após a Copa do Mundo, em junho do ano passado, segundo levantamento do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais, Comerciais e Condomínios de Cuiabá e Várzea Grande (Secovi).
"Essa informação não tinha fundamento e os imóveis continuam valorizando", afirmou o presidente do sindicato, Marco Pessoz. Segundo ele, os preços dos imóveis quadruplicaram. Contudo, o reajuste ocorreu para corrigir a desafagem acumulada em 10 anos. "O valor foi recuperado, por que já tinha 10 anos que estava parado", pontuou.
(Leia mais em http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2015/04/com-mercado-aquecido-cuiaba-tem-124-predios-em-construcao.html )

quarta-feira, 8 de abril de 2015

CUIABÁ 300-4

brasilcidade.com.br

José Antonio Lemos dos Santos

     Desde o anúncio da sede da Copa em Cuiabá tenho repetido cada vez mais convicto que esse grande evento foi um artifício do Senhor Bom Jesus para um choque em nós cuiabanos fazendo-nos entender os novos tempos que a cidade vive e, assim, prepará-la condignamente para o seu Tricentenário. Com a Copa Cuiabá voltaria os olhos para o futuro, discutindo projetos e melhorias em seus padrões urbanísticos. Minha grande expectativa de legado da Copa era que uma vez forçada a voltar-se para o futuro e concluídas as obras Cuiabá permanecesse para sempre nessa postura, emendando de imediato com uma nova matriz de projetos, compromissada agora não mais com a FIFA, mas com o tricentenário, compromissos do cuiabano com sua cidade, do mato-grossense com sua capital, do Brasil com a cidade baluarte da expansão ocidental de seu território. Que nada! Passada a Copa, o futuro sumiu de novo de nossa frente atolados que ficamos em obras importantes, mas inconclusas, mal feitas, suspeitas de corrupção, que precisam, é claro, ser concluídas, corrigidas, inclusive, com a punição dos que erraram tecnicamente ou que tenham se aproveitado indevidamente desta oportunidade histórica de investimentos para a cidade. E - por que não? – também aplaudir os que, limpos, conseguiram fazer muita coisa que hoje já ajuda a cidade, apesar das imensas dificuldades técnicas, burocráticas e políticas. 
     Neste 8 de abril de 2015 comemoramos os 296 anos de Cuiabá, a apenas 4 anos de seu tricentésimo aniversário. Aprendemos com a Copa, ou devíamos ter aprendido, que 5 anos é prazo curto para intervenções significativas na cidade, ainda que pontuais. 4 anos é menos ainda. Meu temor é que só na véspera da festa nos preocupemos com ela, sem ter então como fugir da ideia de um bolo de trezentos metros ou quilos lambuzando o Jardim Alencastro e dos indefectíveis concursos para logotipo, garota, samba, rasqueado ou lambadão, para símbolos daquela que deve ser a grande data de Cuiabá no século.
     Comemorar os 296 anos é exaltar uma cidade que nasceu entre as pepitas de um corguinho com muito ouro, tanto que era chamado pelos nativos de Ikuiebo, Córrego das Estrelas, que desembocava em um belo rio em meio a grandes pedras chamadas Ikuiapá, lugar onde se pesca com flecha-arpão em bororo. A cidade floresceu bonita, célula-mater do Oeste brasileiro, raiz de tudo neste “ocidente do imenso Brasil”, mãe de cidades e Estados. Por quase três séculos sobreviveu a duras penas, período heroico que forjou uma gente corajosa e sofrida, mas alegre e hospitaleira, criadora de um dos mais ricos patrimônios culturais do Brasil e com proezas que merecem melhor tratamento da história oficial brasileira. Como um astronauta moderno, vanguarda humana na imensidão do espaço, ligado à nave só por um cordão prateado, assim Cuiabá sobreviveu por séculos, solta na vastidão centro-continental, ligada à civilização apenas pelo cordão platino dos rios Cuiabá e Paraguai. 
     Próxima de completar seus 3 séculos de existência, Cuiabá polariza hoje uma das regiões mais produtivas do planeta que ajudou a ocupar e desenvolver, esta que agora a empurra para cima demandando serviços de sofisticação crescente em sadio processo de simbiose regional. Aos 296 anos, Cuiabá vibra em dinamismo, globalizada e provinciana, festeira e trabalhadora. Com gente nova e competente no assunto na prefeitura e Estado, nos 4 anos restantes talvez ainda dê para ao menos revitalizar seu centro histórico, presenteando a cidade com seu velho coração totalmente remoçado e pulsante na metrópole que se firma cada vez mais bela no coração continental, buscando também ser cada vez mais justa, democrática e sustentável. Mas tem que ser já. Viva Cuiabá! 
(Publicado em 07/04/2015 pelo Diário de Cuiabá e Midianews, informativos CAU/MT e UNIC)
COMENTÁRIOS:
No Midianews:
"Elias Neves  07.04.15 17h48
No apogeu das obras o "nobre" professor José Antônio sempre parabenizava os eficientes projetos e a condução das obras. Resumindo: poupe-me pelos seus cabelos brancos."

"José Maria  07.04.15 16h21
Parabéns ao José Lemos por mais uma bela narrativa. Particularmente, acho que não temos o que comemorar nos 296 anos de aniversário desta cidade que tantos amamos, uma vez que várias oportunidades foram desperdiçadas com a Copa do mundo. Espero que ao menos no aniversário de 300 anos tenhamos muitas coisas a se comemorar, não apenas no aspecto urbanístico, mobilidade urbana, mas principalmente em saúde, segurança, educação."
"marcos  07.04.15 22h43
Prezado amigo.Continue a apresentar sua idéias, as quais considero necessárias na falta de presença de outros articulistas cuiabanos.Na verdade não temos um projeto para Cuiabá, que possamos chamar de nosso.Os críticos de primeira hora são os mesmos.Não tem a visão de futuro que precisamos para nossa cidade.Para que isto aconteça necessitamos de mentes preparadas e motivadas, como a sua. Do amigo Marcos Vinícius"

domingo, 15 de março de 2015

PALÁCIO PAIAGUÁS, 40 ANOS

Hoje, 15 de março de 2015, o Palácio Paiaguás completa 40 anos de sua inauguração. Foi na passagem do Governo José Fragelli para o de José Garcia Neto.



olhardireto

midianews

wikipedia


rdnews



mochileiro



Foto José Lemos

Foto José Lemos

Foto José Lemos




sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

SOU BRT

Revendo este meu artigo publicado pelo Diário de Cuiabá em 25 de março de 2011, uma sexta-feira.


José Antonio Lemos dos Santos

     Ainda que extemporânea, o fato é que foi recolocada a discussão sobre o VLT ou BRT, assunto sobre o qual já me posicionei em artigos na época correta, quando o assunto foi discutido pela primeira vez, no tempo hábil. Assim, é oportuno recolocar a posição deste cidadão técnico, arquiteto e urbanista, registrado no CREA, com mais de 30 anos trabalhando com a cidade, posição esta baseada nas informações publicadas e disponíveis ao cidadão comum. Não sou funcionário da Agecopa, não ocupo qualquer cargo público e nem sou vendedor ou representante de BRT ou VLT, portanto, livre para aplaudir ou criticar – sem pretensões a dono da verdade - quando e como eu achar conveniente ao bem da minha terra natal.
   De início lembro que o principal problema no transporte coletivo na Grande Cuiabá é de gestão, e não de tecnologia. Podemos colocar VLTs, BRTs, metrôs, monotrilhos, zepellins, o que tiver de melhor no mundo, e nada funcionará se não for acertado um modelo de gestão adequado, o qual deverá estar legalmente implantado e funcionando antes da entrada em funcionamento da nova tecnologia. O nosso atual sistema de transportes é repartido em três partes, com três “donos”, as prefeituras de Cuiabá e Várzea Grande, e o governo do estado. Cada um se acha dono do seu pedaço, e faz o que quer na atual bagunça da legislação que tem Aglomerado e Região Metropolitana e não tem nem um e nem outro. É como entrar numa corrida com três corredores com as pernas amarradas entre si e cada um correndo como se estivesse só. Se não se organizarem, só conseguirão um belo tombo. Como será gerido o transporte coletivo na Grande Cuiabá? Será uma autarquia ou empresa pública intergovernamental? Será terceirizado ou tentaremos de novo a gestão compartilhada com um conselho (que se reúna desta vez). Este tema é complexo técnica e politicamente e exige urgente e detalhada atenção da Assembléia, para decidir logo, e bem.
Entre as tecnologias disponíveis estou com o BRT por sua comprovada eficiência em diversas cidades do Brasil e do mundo. Através do Youtube podemos conhecer e viajar em suas aplicações pelo mundo afora, em cidades dinâmicas e de grande demanda do transporte de massa. Além disso trata-se de uma solução nacional, com facilidade de manutenção e reposição de peças, podendo utilizar o biodisel, do qual Mato Grosso é o maior produtor e Cuiabá vanguardista nessa tecnologia, sendo a sede de sua primeira fábrica e laboratório urbano para seus primeiros usos e testes. Cheguei a sugerir o desenvolvimento de um modelo de veículo e de gestão com o nome de CuiaBus – para aproveitar a grande vitrine global da Copa divulgando ao mundo essa tecnologia brasileira, geradora de empregos e renda no Brasil e, mais importante para nós, especificamente em Mato Grosso.
    De 2009 para cá o noticiário informa que o projeto técnico de implantação do BRT avançou e está em fase de conclusão, já em preparativos para os processos desapropiatórios, já tendo sido investido muito dinheiro e, em especial, investimento de tempo, o recurso mais escasso nesta altura do campeonato. Quanto às desapropriações, elas são indispensáveis em intervenções desse tipo, qualquer que seja a opção tecnológica, desde a Roma dos Papas no século XVI, passando pela Paris de Haussmann no século XIX, até as demais sedes da Copa de agora. Cumpridas todas as exigências legais, com as devidos ressarcimentos, a desapropriação é um dos principais instrumentos do urbanismo, fundamentais à adaptação das cidades às necessidades impostas pelos seus processos evolutivos.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

A PÉROLA MATO-GROSSENSE



José Antonio Lemos dos Santos

     A Arquitetura tem o condão de expressar seu tempo e suas obras são adotadas como marcos civilizatórios das diversas sociedades ao longo da história. Pode ser uma residência, catedral, castelo ou um palácio. Muitas vezes pode até parecer estar à frente de sua época, e nestes casos ela causa surpresa, estranheza, um espanto criativo que empurra a sociedade aos seus novos limites em cada tempo que se vive.
     Aqui em Cuiabá foi construída a Arena Pantanal como ápice das obras preparatórias da cidade para a Copa 2014. Seria o palco global da grande festa, a pérola coroando o conjunto de investimentos especialmente preparado para a Copa. Além de bela e plena em inovações instigantes, deveria ser também uma ferramenta múltipla “linkada” com o planeta para o desenvolvimento de Cuiabá e Mato Grosso em diversos campos, seja no esporte, em especial o futebol, na cultura, na saúde, no turismo, ela própria uma poderosa atração adicional neste centro sul-americano, às bordas do Pantanal, da Chapada, do Cerrado, da Amazônia e das belezas artificiais das grandes criações e plantações high-tech que ajudam a matar a fome no mundo.
     Mas o processo civilizatório não atinge a todos ao mesmo tempo. Enquanto a Arena e a própria Copa expressavam a vanguarda dos tempos atuais de globalização, compartilhamento, smartphone, aviões a jato, computadores e internet, muitos ainda não entenderam seu significado e o quanto ela representa como expressão dos novos patamares de desenvolvimento de Mato Grosso e sua gente. No Brasil e também em Mato Grosso os gestores públicos ficaram para trás, aqui a quilômetros do processo de desenvolvimento estadual. Não estavam e não estão à altura da nossa Arena e do desenvolvimento do estado. Tenho grandes esperanças de que a nova safra estadual de gestores ainda vai evoluir com o trabalho que inicia, colocando-se à altura da Arena Pantanal e deste Mato Grosso campeão. A Arena e o desenvolvimento de Mato Grosso são frutos do trabalho sofrido do mato-grossense que exige respeito com as coisas que lhe são caras e importantes.
     Considerada pelos jornalistas estrangeiros presentes no Brasil como a Arena mais funcional da Copa 2014 e a sétima mais fantástica do mundo por importante jornal espanhol, a Arena nos encheu de orgulho, nós que temíamos ser a vergonha da Copa, como queriam e torciam muitos por este Brasil afora. Hoje o povo aos milhares a abraça diariamente nas manhãs e tardes, frequentando sua ampla praça de entorno para brincar, caminhar, correr, enfim exercitar a vida com qualidade. Porém, ao fim do ano foi abandonada pelos seus gestores, aqueles pagos para cuidar dela. Com transmissão via satélite para o Brasil e o mundo, deixaram faltar água nos jogos do Corinthians e da Seleção Brasileira e eletrocutaram a égua Andrômeda ao final do jogo São Paulo e Santos. Depois deixaram secar o gramado. Agora, às vésperas da abertura do campeonato, com ampla repercussão negativa interditam a Arena para reparos que duram uma semana. Mesmo assim, a pérola da Copa reluz e foi selecionada entre as 32 que concorrem como a melhor do mundo em 2014 pelo mais importante site internacional especializado em estádios. Das 12 da Copa apenas 6 foram selecionadas. Já votei.
     Com os cuidados recebidos durante a interdição e que deveriam ser constantes, a Arena está de novo bela e pronta para neste domingo receber seu povo na festa de abertura do campeonato mato-grossense, com Cuiabá, Dom Bosco, Mixto e Operário em rodada dupla. A Arena Pantanal é para ser um marco de orgulho, qualidade de vida e desenvolvimento. Mas ainda precisamos crescer para estar à sua altura.
(Publicado em 29/01/15 pelo site informativo do CAU-MT, Blog do José Lemos, no dia 31/01/15 pelo Diário de Cuiabá, no dia 02/02/15 pelo Midianews, no dia 03/02 pelo PautaExtra,...)

Comentários fora do Blog:

No Diário de Cuiabá:
"Data:31/01/2015 00:15
Nome:Claudia
Profissão:estudante
Localidade:Cuiabá/MT
ATÉ TU??? FIQUEI DESAPONTADA."
"Data:31/01/2015 14:34
Nome:MARCELO AUGUSTO PORTOCARRERO
Profissão:Engenheiro
Localidade:Cuiabá/MT
Parabéns pelo excelente texto."

No Midianews:

"Elias Neves  02.02.15 08h26
por favor, por favor repito: de onde este comentarista tirou esta conclusão? A obra da Arena está com sérios problemas, um investimento milionário para atender a FIFA enquanto sequer um hospital de qualidade temos. Volto a repetir: por favor, não diga o absurdo!"

"marcos vinícius  02.02.15 12h50
Novamente meu amigo você acertou na veia.A pequenez das ideias e os achismos devem ser expostos para que o nosso estado volte a ser o que sempre deveria ter sido. Um grande abraço."
"marcelo sóter  02.02.15 18h48
Que louco este texto. Nada haver, onde este cara mora".


segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

ARENA CONCORRE A MELHOR ESTÁDIO DE 2014

olhardireto

24/01/2015 - 14:13

Mesmo com problemas, Arena Pantanal concorre ao prêmio de melhor estádio de 2014

Da Redação - Wesley Santiago
Danilo Bezerra-Olhar Direto


A Arena Pantanal está concorrendo ao prêmio de melhor estádio de 2014. O concurso está sendo realizado pelo site especializado em estádios, StadiumDB.com, que realiza uma votação para eleger a melhor arena do planeta. Ao todo, são 32 concorrentes disputando o título, sendo que oito são brasileiros. Vale lembrar que o postulante mato-grossense foi alvo de diversas críticas no ano passado e foi 'fechada' na última quarta-feira para reparos.
O estádio mato-grossense concorre com outros sete estádios brasileiros, sendo que seis deles foram utilizados durante a Copa do Mundo de 2014, são eles: Arena Corinthians, Arena da Amazônia, Arena da Baixada, Arena das Dunas, Beira-Rio, Allianz Parque (Palmeiras) e o estádio Kleber Andrade, que fica em Cariacica, no Espírito Santo.
 
Os outros países que também estão representados são os Estados Unidos com quatro estádios. Hungria, Polônia e Turquia com dois cada e Arábia Saudita, Belarus, Chile, China, Coreia do Sul, Emirados Árabes Unidos, Espanha, França, Irlanda do Norte, Israel, México, Nigéria, Rússia e Singapura, com um cada.
 
Esta é a quinta vez que o prêmio é realizado. O concurso já elegeu como estádios do ano o Aviva Stadium, da Irlanda (2010), a PGE Arena Gdańsk, da Polônia (2011), a Arena do Grêmio, do Brasil (2012) e a Ghelamco Arena, da Bélgica (2013). Este ano haverá uma novidade, arquitetos especializados em estádios também ajudarão na escolha.
 
Na votação aberta ao público, cada internauta aponta seus cinco estádios preferidos e o sistema calcula qual foi o vencedor. No ano passado, 25 mil pessoas ajudaram a escolher o vencedor de 2013. Já na votação do júri especializado, os critérios levados em consideração são: impacto visual, relação com a vizinhança, inovação e custo-benefício. Se os vencedores das duas categorias forem diferentes, ambos serão premiados.
 
Problemas na Arena
 
Concorrendo ao prêmio de melhor estádio de 2014, a Arena Pantanal teve diversos problemas durante o ano passado e não escapou de diversas críticas, principalmente da imprensa nacional. Problemas como: falta de limpeza e de água, elevadores sem funcionar, sujeira no entorno, entre outros foram detectados no local. Também vale ressaltar que a obra ainda não foi concluída pela empresa Mendes Júnior.
 
O estádio recebeu partidas de todas as divisões do Campeonato Brasileiro de 2014, Copa do Mundo de 2014, Copa do Brasil, além de um amistoso internacional. O alto custo com a manutenção do Complexo da Arena Pantanal, de aproximadamente R$ 700 mil por mês, foi um dos motivos para que o ex-governador Silval Barbosa iniciasse o processo de concessão do estádio. A decisão de conceder ou não o espaço para a iniciativa privada será do atual governador, Pedro Taques (PDT).

Na última quinta-feira (22) o Governo do Estado decidiu 'fechar' o estádio para reparos, por conta da péssima situação das instalações e dos diversos problemas encontrados. “A Arena foi construída para sediar os jogos da Copa do Mundo e o fez com louvor. Mas vieram as chuvas e os problemas apareceram. A Arena não está interditada, mas, sim, necessita  de reparos emergenciais”, afiançou o secretário do Gabinete de Projetos Estratégicos, Gustavo de Oliveira.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O CAIS FLUTUANTE

(Relendo um artigo publicado pelo jornal A Gazeta no dia 20 de março de 1992, uma sexta-feira.)

sedraf.mt.gov.br


José Antonio Lemos dos Santos


     A extinção da Casemat, hoje em processo de liquidação segundo as notícias, constitui uma boa oportunidade para se avaliar um assunto que tem permanecido marginalizado: o cais flutuante de Cuiabá. Ao que se sabe, aquele patrimônio pertenceria à Casemat, vindo daí naturalmente a pergunta sobre o destino que se reserva àquela grande estrutura.
     Torna-se mais oportuno o assunto uma vez que o Orçamento da União para 92 prevê vultosa soma de recursos para o " desassoreamento do rio Cuiabá". Já que não existe a menor notícia oficial sobre esse projeto, pode-se esperar que ele venha deflagrar um processo de recuperação de nosso rio com o replantio e urbanização de suas margens, a erradicação das habitações de risco, a retirada dos depósitos de lixo e sedimentos de esgotos acumulados no seu trajeto urbano, a solução para a feira, etc.. Como certamente não dá para fazer tudo, poderia começar pela elevatória prevista pelo sistema de esgotos de Cuiabá para a boca da Prainha. Com ela o rio se livrará de uma das principais fontes de assoreamento e sua principal carga poluidora, levando todo o esgoto do centro da cidade para a estação de tratamento que custou caro, está bem ao lado, pronta e subutilizada. De qualquer jeito a vinda destes recursos questiona a situação do cais.
     A bela estrutura lançada sobre o rio Cuiabá, embora tenha sido usada por pouco tempo conforme sua finalidade original, não pode ser desprezada. Se não puder voltar a ser cais, ainda assim poderá voltar a se integrar à vida da cidade de forma útil. Trata-se de uma estrutura aparentando perfeitas condições de estabilidade e segurança, da qual descortina-se um dos panoramas mais belos da cidade: o rio Cuiabá.
     Apesar de maltratado, o rio Cuiabá ainda é um espetáculo que dá gosto ser apreciado, e, um dia, ainda será entendido pela Grande Cuiabá como o seu maior e mais precioso equipamento urbano. Poucas cidades no mundo podem contar com um rio passando bem no centro de sua malha urbana (e nós temos dois, com o Coxipó). Quem não tem , constrói, a custos altíssimos, lagos, fontes,  cascatas artificiais. A Grande Cuiabá dispõe, de graça, dessa dádiva natural,, a qual, fora os discursos, só tem recebido, na prática, nosso mais brutal, ignorante, irresponsável e, acima de tudo, burro desprezo.
     O cais flutuante desfruta de posição privilegiada nesse cenário de beleza. Sua reutilização como equipamento de lazer social e turismo poderia ser um dos primeiros passos no sentido da cidadde voltar a usufruir, civilizadamente, de seu rio. Aliás, apesar de abandonado, não são poucos aqueles que se dispõem a enfrentar os riscos oferecidos pelo local, já que é frequente a presença de pessoas em sua plataforma pescando, apreciando a paisagem etc.. O lazer contemplativo, principalmente, parece ser a destinação natural para a estrutura do cais. Dificilmente voltará a ser um porto comercial, mesmo que Manso possibilitasse o acesso de embarcações até seu atracadouro, pois sua localização na malha urbana hoje já seria anacrônica.
     Como neste momento o patrimônio da Casemat está sendo desfeito, não seria oportuno que ocais, sua estrutura física, fosse, por exemplo, transferido para a Prosol? A Prosol vem mantendo a bela e útil experiência do Regionalíssimo. Através dela o Estado poderia licitar e controlar a exploração pela iniciativa privada de serviços de restaurante e par panorâmicos, instalados pelos interessados em suas plataformas. Este, apenas um exemplo de como se poderia unir o útil ao agradável, com a velha estrutura, hoje abandonada, voltando a gerar recursos, permitindo ao mesmo tempo o resgate do rio para uso da população em suas horas de lazer e, ainda por cima, presenteando a cidade com mais um ponto turístico capaz de despertar o interesse de seus visitantes.

Comentários fora do Blog:
"Em 20/01/15 Agripino Bonilha Filho:
Como ex Secretário da Agricultura na época tenho historia sobre esse "monumento" no rio Cuiaba. As suas sugestões são válidas e ja existe vários projetos na prefeitura, de acordo com as suas sugetões. Bonilha"

Em 20/01/15 Douglas Ferreira Gimenes:
"olá prof josé lemos.
estou começando a acompanhar seu blog, não sei como não pude ler antes.. 
o blog do sr está ótimo.. parabens.. li a primeira vez na aula passada.. após cinco anos de faculdade.. rsss...
devia ter começado antes.. abraço de um aluno e admirador.
att: Douglas Ferreira Gimenes

quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

2014, PARA SEMPRE

Foto José Afonso Portocarrero

José Antonio Lemos dos Santos

     E o ano que parecia nunca chegar acabou chegando, 2014, o ano da Copa do Pantanal, e agora estamos no seu final e está virando passado. Para Cuiabá, um ano que não cabe em um artigo. Sem dúvida, 2014 foi um ano muito especial para Cuiabá que iniciou e viveu seu primeiro semestre sobre a forte tensão do maior desafio que a cidade jamais enfrentou, o de receber o maior evento de massa do planeta, uma Copa do Mundo de Futebol. Em seu maior momento, sucesso ou vergonha? 
     Cuiabá teria que se transformar em pouco tempo recebendo por isso o maior pacote de investimentos de sua história, ao todo 56 grandes obras públicas, fora os investimentos privados em shoppings, hotéis e até uma fábrica de cimento. 2014 chega com a cidade de pernas para o ar, esburacada, congestionada. O povo, mesmo irritado, jamais perdeu a esperança de que tudo seria para o bem da cidade. Uma esperança sofrida e desconfiada, embalada por um lado pelas obras que evoluíam aos trancos e barrancos e, por outro, pela cantilena orquestrada e maldosa dos grandes interesses preteridos com a escolha de Cuiabá, e pelo fel invejoso da politicagem local despeitada. Para a imprensa esportiva nacional, contrária a Cuiabá desde que escolhida, seria o grande fiasco nacional. Botaram até fogo na Arena ainda em obras.
     Logo as primeiras obras são liberadas e em 2 de abril vem o primeiro jogo na Arena Pantanal com o empate sem gols entre o Mixto e o Santos. Depois o Luverdense bateu o Vasco e o Cuiabá empatou com o Inter, merecendo vencer, todos com o público máximo liberado. A Arena encantou a todos e a expressão mais ouvida entre os torcedores felizes era “nem parece que estamos em Cuiabá!”, na verdade expressando a surpresa da descoberta de que Cuiabá podia ser assim, sim. E pode!
     Junho chegou trazendo os primeiros turistas. O primeiro, Cristian Guerra, chegou depois de 4 meses de viagem de bicicleta. E logo chegaram aos milhares, alegres, dando aula de como torcer aos brasileiros. Os chilenos uníssonos com seus “chi-chi-lê-lê”, os australianos de cangurus e coalas. E também vieram os russos, nigerianos, coreanos, os bósnio-herzegovinos, colombianos e os japoneses que ensinaram civilidade ao limpar a Arena após o jogo, lição usada pela torcida do Cuiabá no primeiro jogo de seu time após a Copa. 
     Os colombianos deixaram a lembrança do gol de James Rodriguez, escolhido por ele como o seu mais bonito, ele que agora foi eleito o Craque das Américas e que chegara como mero substituto do então astro maior colombiano machucado. Veio Bachelet, a presidente do Chile, veio Shakira, a rainha da Colômbia, Wolverine, o príncipe da Austrália e outras personalidades globais que nem foram percebidas em meio a turba alegre e festiva que lotou a Arena, o Fan Park, a Arena Cultural e a Praça Popular ponto de encontro de todas as torcidas. Fora dos jogos e das festas, o Centro Geodésico foi lugar de visitação constante. 
Foto José Lemos

     Ao final as pesquisas noticiadas constataram que 91,6% dos visitantes aprovaram Cuiabá e recomendariam Mato Grosso como destino turístico. Pesquisa do Ministério do Turismo 99% dos visitantes escolheram Cuiabá como a sede mais hospitaleira e a Arena Pantanal foi a preferida entre os jornalistas estrangeiros pelo site UOL, logo a UOL, sempre tão dura com Cuiabá. Até o New York Times se rendeu àquela que chamou de “a menor das cidades-sede”. Quer mais?
     Mais importante, cerca de três quartos da população local aprovaram as transformações trazidas pela Copa e acham que a cidade não passou vergonha. Findo o primeiro semestre, tudo o que veio após foi acessório, fora alguns momentos. Mas, estes só em outro artigo.
(Publicado em 31/12/2014 pelo site Midianews, CAU-MT, em 02/02/15 pelo Diário de Cuiabá ...)

Comentários fora do Blog:
No Gmail:
"em 02/02/15 José Afonso Botura Portocarrero:
Beleza de texto José Antonio,
Obrigado pelo crédito da foto também,
Feliz Ano Novo para você, Lídia e família,
VIVA 2015!"

"Em 03/01/15 Juliana Demartini:
Feliz 2015, Zé!!!
Espero que seja mais um ano positivamente movimentado como foi 2014!
Entre outras coisas, tomara que as obras da Copa sejam finalizadas e que os turistas continuem visitando nosso estado e levando boas lembranças da nossa terra e do nosso povo!
Obs.: será que fui eu a trimilionésima passageira??? Tenho andado muito pelo aeroporto... de repente!!!"

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

O TRIMILIONÉSIMO PASSAGEIRO iii


José Antonio Lemos dos Santos

No finzinho de novembro o Aeroporto Marechal Rondon recebeu seu trimilionésimo passageiro, cuja chegada eu havia previsto para fim do ano passado, em artigo de outubro daquele ano. Mas, faltaram 4321 passageiros, menos da metade de um dia de movimento do aeroporto e ele não veio em 2013. Enfim, agora apareceu, junto com os preparativos do Natal, sem tapete vermelho ou banda de música, sem retrato ou foguetório, sem sequer uma notícia. Não sabemos nem se estava chegando ou partindo, se era homem ou mulher. Desprezado, porém importante, afinal ele coloca o Marechal Rondon no patamar dos aeroportos com movimento superior a 3 milhões de passageiros por ano, consolidando-se entre os mais movimentados e os de maior crescimento do país.
A importância desse número está não só em sua dimensão, mas, também em seu dinamismo. Alcançou a faixa de 1,0 milhão de passageiros/ano em 2007 e apenas 7 anos após tem seu movimento triplicado, expressando muito bem a pujança da região a qual serve, uma das mais produtivas e dinâmicas do planeta. Isso é riqueza, é potencial de desenvolvimento, de geração de empregos e renda. O privilégio de dispor de um aeroporto de categoria internacional preparado para atender com conforto e segurança suas demandas do momento e do futuro é hoje um dos fatores essenciais para o nível de inserção de uma cidade na cadeia produtiva global. Mato Grosso está inserido na escala mundial da produção agropecuária e o Marechal Rondon, mesmo que ainda subdimensionado e inacabado, é a nossa principal interface global, ferramenta de conecção física com pessoas do mundo. E desenvolvimento não se faz sem relações interpessoais cada vez mais crescentes e exigentes em conforto, segurança e agilidade.
A marca dos 3 milhões de passageiros/ano é reflexo do trabalho produtivo e sofrido da gente mato-grossense, gente que merece respeito. É bom lembrar que sem o “pibão” mato-grossense o Brasil não teria sequer seu “pibinho”. Sem dúvida é preciso que o foco se volte para a conclusão desta ampliação que deveria estar pronta para a Copa, mas sem perder de vista que o processo de desenvolvimento de Cuiabá e Mato Grosso vai muito além da Copa e que a atual ampliação não atenderá sequer o movimento atual de passageiros. Já está lotado. Ficou claro que havia uma grande demanda reprimida, em prejuízo do desenvolvimento do estado. É preciso porém lembrar que melhorou muito, e hoje mal dá para imaginar como este movimento cabia naquela estação do início do ano, antes desta sua ampliação inconclusa.
Sem a Copa não teríamos nem o que temos hoje, mas ainda vai ser necessária muita cobrança dos setores organizados da sociedade mato-grossense e seus líderes para que esta obra seja concluída, e muito mais ainda, para o estabelecimento de um cronograma de ampliação do aeroporto em sintonia com o desenvolvimento de Mato Grosso. Com a Copa já foi dificílimo, imagine sem a Copa. Um bom começo seria resgatar o Plano Diretor elaborado pela própria Infraero, na época presidida pelo saudoso cuiabano Orlando Boni, que já previa uma nova estação de passageiros voltada para o Cristo Rei e inclusive uma nova pista. Para os que acham que é muito, não é muito não, isso é Mato Grosso.
Neste assunto jamais será demais lembrar o exemplo da fantástica visão de futuro dos que na década de 40 tiveram a coragem de destinar na Cuiabá de então mais de 700 hectares à ainda incipiente aviação comercial. Era muita confiança no desenvolvimento do estado e da aviação. Tinham a visão correta do futuro. Profetas. Quantos hoje teríamos ao menos uma parcela dessa visão e coragem? Para chamar de “elefante branco” sim, aliás, muitos.
(Publicado em 26/12 2014 pelo Midianews, FFolhamax, ...)



domingo, 30 de novembro de 2014

FAZENDO UMA CANOA

redeglobo.globo.com


Veja no link abaixo com quantos paus se faz uma canoa em uma bela reportagem do programa É BEM MT,  do Pescuma:

http://redeglobo.globo.com/tvcentroamerica/ebemmatogrosso/noticia/2014/11/confira-producao-da-tradicional-canoa-o-simbolo-da-cultura-ribeirinha.html

ENTARDECER NA ARENA PANTANAL

Foto José Lemos

Caminhando na Arena Pantanal no último entardecer de novembro de 2014. Um espetáculo de gente feliz, natureza e Arquitetura da mais alta qualidade em pleno coração da América do Sul.

quarta-feira, 26 de novembro de 2014

CIDADES PARA CIDADÃOS

tripadvisor.com.br


José Antonio Lemos dos Santos

     Não sei se em outros lugares é assim, mas no Brasil, e não é de agora, muitas iniciativas nascem de ideias e objetivos excelentes, mas logo são desvirtuadas e assimiladas pelo sistema perverso e corrupto que domina o país há décadas ou séculos e que nestes tempos deixa vazar seus fluídos purulentos por todos os poros da sociedade. Assim, por exemplo, foi com o BNH e o SFH, nascidos com o objetivo de adotar a produção da moradia popular como carro-chefe do desenvolvimento da economia nacional em substituição ao automóvel. Logo, porém, a casa própria deixou de ser o objetivo para ser apenas um pretexto para setores da indústria da construção auferirem lucros exorbitantes. Não importava mais a casa, mas o lucro, e o BNH acabou. Mais recente tivemos a ótima ideia do Bolsa Família que virou poderosa ferramenta de um clientelismo eleitoral pós-moderno de cartões e arquivos eletrônicos, o pior dos fins para uma ideia tão boa. 
     Em 2003, após décadas de lutas de diversos segmentos sociais pela qualidade de vida nas cidades, dentre estes as entidades dos arquitetos, foi criado o Ministério das Cidades, na sequencia de avanços como a inserção da questão urbana na Constituição Federal, o Estatuto da Cidade e a criação do Conselho de Desenvolvimento Urbano. Maravilha? Que nada. No rastro de tão promissores avanços, de imediato os estados trataram de criar suas Secretarias das Cidades, como réplicas da estrutura federal, logo seguidos pelos municípios. Só que nesse momento os objetivos não eram mais as cidades, mas tão somente os recursos financeiros do Ministério das Cidades. Em Cuiabá a réplica foi tão perfeita que foi criada uma Secretaria de Cidades, no plural mesmo, como se o município tivesse outra ou outras cidades além da capital de Mato Grosso. De quebra foi extinto o Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento Urbano de Cuiabá – IPDU, seguindo a extinção, pouco antes, do até então exitoso Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano - CMDU, um dos pioneiros no Brasil, anterior ao Estatuto da Cidade. Passados 13 anos da alvissareira criação do Ministério das Cidades, tudo continua como dantes, com as cidades como meros pretextos para maus empresários insaciáveis abocanharem verbas para obras de necessidades e qualidades duvidosas, tudo amparado por conselhos que, nascidos como órgãos de participação da população, hoje se resumem a meros legitimadores de decisões já tomadas.
     Eis que agora de novo as esperanças se renovam para as cidades de Mato Grosso, em especial para Cuiabá. Conforme o noticiário, no bojo de uma reforma administrativa, o prefeito Mauro Mendes resolveu recriar o órgão de planejamento urbano do município – o IPDU. Em nível estadual o governador eleito Pedro Taques escolheu o arquiteto e urbanista Eduardo Cairo Chiletto como seu secretário das Cidades, também segundo o noticiário. Duas grandes notícias! 
     As cidades são muito mais do que um somatório de obras. Por isso as obras públicas e privadas devem formar um todo coerente expresso no Plano Diretor, que não basta ser elaborado, mas cumprido. O estado não é apenas um somatório de cidades, mas um conjunto delas, articuladas interna e externamente em rede hierarquizada onde os esforços se distribuem gerando uma fantástica sinergia que precisa ser entendida para ser potencializada. Daí a importância do Urbanismo e do urbanista, seu principal operador, tanto em cada uma das cidades como na rede urbana em que se articulam. O IPDU no município e Chiletto na SeCid, são grandes notícias para aqueles que, como eu, ainda esperam que as cidades voltem a ser, antes de tudo, centros de qualidade de vida onde todos ganhem, cresçam e evoluam como cidadãos. 
(Publicado em 26/11/14 pelo Diário de Cuiabá)

terça-feira, 4 de novembro de 2014

DIA MUNDIAL DO URBANISMO


José Antonio Lemos dos Santos

DIA MUNDIAL DO URBANISMO

     Amanhã, dia 5, acontecerão as eleições para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Mato Grosso – CAU/MT, data auspiciosamente próxima ao Dia Mundial do Urbanismo, 8 de novembro. Tão importante quanto sua criação e sua recente implantação no estado, esta sob o comando do arquiteto Cláudio Miranda, busca-se agora a afirmação do órgão que cuida especificamente do exercício profissional do Arquiteto e Urbanista, especialista na transformação do espaço de acordo com as necessidades de abrigo do homem, do planejamento de interiores ao regional, passando pelas escalas do edifício, do bairro e da cidade. Daí a peculiaridade destas eleições tão próximas à data dedicada ao Urbanismo, ciência voltada ao principal problema do século, a cidade.
     A cidade constitui a maior, a mais complexa e bem-sucedida das invenções do homem. Surgida há 5 mil anos, com ela veio a civilização que acelera a evolução humana. De lá para cá o mundo foi se urbanizando e desde 2008 já é mais urbano que rural. E o Urbanismo que vem lá de Alberti no Renascimento, passa pelas cidades liberais da Revolução Industrial, pelo Urbanismo Modernista da Carta de Atenas, pelo Novo Urbanismo da Carta de Charlestown, chega hoje à revolução da eletrônica, da internet e da globalização, com os desafios da compatibilidade ambiental, da inclusão e das possibilidades das cidades inteligentes, verdes, justas e sustentáveis.
     De extrema complexidade, a cidade é comparável a um organismo vivo em dimensões imensas, que vão das pequenas vilas até as megalópoles ou às megarregiões urbanas, chegando aos milhares de quilômetros quadrados com dezenas de milhões de habitantes. A cidade é um enorme recipiente, articulado regional e globalmente, onde acontecem as relações urbanas em toda sua múltipla diversidade. Sua função é permitir que tais relações aconteçam da melhor forma com sustentabilidade, conforto, segurança e, sobretudo, justiça. Ajudá-las no cumprimento desta função é o objetivo do Urbanismo.
     Em evolução contínua, o Urbanismo reflete a complexidade de seu objeto de trabalho e abrange os diversos campos de conhecimento que a cidade envolve. O urbanista não pode ser um especialista, mas um generalista voltado a entender o organismo urbano com um todo. Não se pode tratar os problemas da cidade sem antes tratar da cidade com problemas. O urbanista precisa saber um pouco de tudo para enxergar o todo, e, em especial, saber que esse conhecimento, embora indispensável, é nada sem a companhia das diversas especializações técnicas nas múltiplas facetas da cidade e da problemática urbana.
     As cidades vivem uma inflexão profunda diante da revolução dos satélites, das fibras óticas e da internet que acenam com perspectivas inimagináveis desconstruindo conceitos fundamentais como tempo, espaço e distância colocados agora no seio da realidade fantástica do ciberespaço, mas ainda atolada no drama da iminência do colapso com a água, lixo, mobilidade, poluição, energia, emprego, fome, moradia e segurança. E as cidades falhando, a civilização explode.
     Inaceitável que no Brasil o Urbanismo e o urbanista sejam tão desconsiderados. Como podem existir cidades sem órgãos técnicos especializados que a estudem contínua e sistematicamente, propondo alternativas para seu desenvolvimento? A falta do Urbanismo asfixia as cidades brasileiras que estressam, mutilam e matam, mas que ainda são os locais da diversidade e da inovação. O surgimento e a consolidação do CAU é uma grande esperança. Crise é risco e oportunidade. Junto à chance da tragédia está a oportunidade da reinvenção urbana. E da própria reinvenção do homem.



terça-feira, 21 de outubro de 2014

MATO GROSSO E A ELEIÇÃO PRESIDENCIAL

Cena do filme Swing Vote (americanprogress.org)

José Antonio Lemos dos Santos

     A equilibradíssima final desta eleição presidencial me fez lembrar do filme em que a escolha do presidente dos EUA ficou na dependência do voto de apenas um eleitor. Interpretado por Kevin Costner, um daqueles cidadãos formatados pela mídia (poderia ser chamado “midiota”?) sempre de boné, só ligado em cerveja, TV e música country, acabou virando o foco das atenções do maior país do mundo e objeto de disputa entre os 2 presidenciáveis, dispostos a mudar de última hora discursos, promessas e programas de governo para agradá-lo. Passou-me pela cabeça que este momento de nossa eleição pudesse enfim ser a vez de Mato Grosso, sempre tão desprezado nas campanhas presidenciais por seu contingente eleitoral considerado insignificante pelos marqueteiros. Mas nesta eleição o quadro mudou e em sua reta final a disputa é voto a voto. A vitória será por pequena margem e até os pequenos serão importantes. A diferença de votos em Mato Grosso poderá ser a diferença de votos no Brasil. Será?
     Pelo sim ou pelo não, como se pudesse fazer qualquer diferença nestas horas finais de campanha, dou asas a um surto de imaginação política e fantasio sobre o que Mato Grosso teria de mais importante a reivindicar junto aos candidatos em suas desesperadas retas finais de campanha, tipo topa tudo por um voto. Colocaria a questão da logística como o pedido mais prioritário. O estado líder disparado na produção nacional de alimentos e um dos maiores do mundo extrapolou faz tempo os limites de sua capacidade de transportar pessoas e cargas, não só para levar para fora sua produção física, mas também para permitir a circulação de inteligência e serviços, e para trazer o desenvolvimento. Esta situação insustentável coloca em risco a própria viabilidade produtiva do estado, agride o meio ambiente e, pior, provoca mortes e dolorosas sequelas em nossa gente, disseminando a insegurança e o medo ao se enfrentar qualquer uma de nossas estradas.
     A logística em Mato Grosso domina por décadas as conversas e reivindicações no estado, inclusive nas próprias correntes que disputam hoje a presidência, mas pouco avançou na prática. Todos compreendem que o modal rodoviário esgotou seu limite e que, além de ser melhorado, precisa ser complementado por ferrovias, aerovias e hidrovias. O PSDB trouxe a ferrovia dos barrancos paulistas até Alto Araguaia, seguindo o projeto da Ferronorte pelo qual os trilhos integrarão Mato Grosso e o Oeste brasileiro através de Cuiabá. Já o PT, após delongas, estendeu os trilhos até Rondonópolis, onde já se encontra em funcionamento o maior terminal ferroviário da América Latina. Só que seu governo resolveu parar a Ferronorte em Rondonópolis e optar por uma outra ferrovia, a FICO, de 1.200 Km ligando Lucas do Rio Verde à ferrovia Norte-Sul em Goiás, ainda sem funcionar. Um absurdo, já que Nova Mutum, um dos maiores produtores do agronegócio, está a apenas 460 Km de Rondonópolis, passando por Cuiabá, em ambiente antropizado, sem araguaias e himalaias a transpor. No primeiro turno o PSDB manteve o compromisso com o prosseguimento do projeto Ferronorte e o PT através de seu senador eleito promete rever suas prioridades no assunto, de acordo com seu novo mote de campanha: novo governo, novas ideias. Nestes poucos dias até a eleição definitiva, qual dos candidatos se comprometeria de própria boca com a passagem da ferrovia por Cuiabá e sua chegada urgente a Nova Mutum? Nenhum é claro, afinal estas elocubrações não passam de simples devaneio. Mato Grosso para a política nacional seguirá desprezível, só servindo para bater recordes de produção e enriquecer os saldos comerciais brasileiros. Seu ambiente que degrade, seu produtor que perca, seu povo que morra! 
(Publicado em 21/10/2014 pelo Diário de Cuiabá, ...)

terça-feira, 14 de outubro de 2014

CHOCADEIRAS HIGH-TECH

José Antonio Lemos dos Santos


     Faz parte do folclore político local o “coronel” cuja fazenda tinha uma urna conhecida como “chocadeira” pela homogeneidade dos votos, sempre coincidentes com sua preferência eleitoral. Conta a lenda que ao votar, e era o tempo da cédula eleitoral de papel, o eleitor entregava a cédula ao “coronel” que marcava o voto, dobrava a cédula e devolvia ao eleitor para depositar na urna sob seu olhar atento. Após votar o eleitor indagava em quem havia votado e o “coronel” respondia que não podia dizer, pois o voto era secreto.
     Hoje, nos tempos dos computadores e da internet, é claro que nosso sistema eleitoral evoluiu em muitos aspectos. Mas não em todos, em especial, nas eleições proporcionais. Com todo respeito à Justiça Eleitoral, mas ao não divulgar as listas dos candidatos por partido ou coligação ela vem agindo como o “coronel” do nosso folclore. Ora, todos sabem que o voto nas eleições proporcionais não é um voto individual como nas eleições majoritárias. Nas proporcionais vota-se em candidatos que formam um time (partido ou coligação) que ganhará um número de cadeiras legislativas em proporção ao total de votos recebidos através de seus candidatos, cadeiras que serão ocupadas só pelos mais votados do time. Em suma, o eleitor dá a cadeira ao time sem saber quem do time sentará nela, podendo não ser aquele em quem votou. Aliás, o eleitor não fica sequer sabendo quem são os outros candidatos do time, pois a Justiça não divulga as escalações. Aí o problema: nestas eleições, por exemplo, para Deputado Federal 757.546 eleitores elegeram seus escolhidos, mas 577.546 não, votaram em um e elegeram outros, muitas vezes de sua repugnância politica. Pura desinformação. Pior, ainda levam a culpa pela qualidade dos eleitos.
     Analiso como exemplo o caso do candidato eleito com menor número de votos para Deputado Federal nestas eleições de 2014 em Mato Grosso, sem qualquer demérito ao candidato, pois, afinal, certo ou não, é assim que as eleições estão acontecendo. O quociente eleitoral para a Câmara Federal este ano foi 181.826 votos, ou seja, este é o “preço” em votos de cada uma das cadeiras para Deputado Federal em Mato Grosso. Ora, o candidato recebeu exatos 62.923 votos, isto é, cerca de um terço dos votos necessários para a conquista da cadeira que irá ocupar em Brasília. Para inteirar o “preço” precisou de 118.903 votos a mais, quase o dobro de sua votação nominal, votos que não foram dados a ele e sim a outros candidatos do partido ou coligação. O mais votado também precisou inteirar o quociente fazendo uso de 54.077 votos dados a outros candidatos de sua coligação. Mas até aí tudo bem, pois assim são as eleições proporcionais. O que questiono é se estes eleitores cujos votos foram usados para completar o quociente eleitoral sabiam que seu voto poderia ir para o candidato que foi eleito. Seria de seu gosto a eleição ou re-eleição desse candidato? Passadas as eleições, será que estes eleitores já sabem quem de fato elegeram. Algum dia saberão? Saber quem seu voto elegeu deveria ser um direito do eleitor, até para poder cobrar dos eleitos. Ou não é?

     As eleições proporcionais são fundamentais à democracia, mas não como acontecem no Brasil. Aqui, ao invés de ferramentas democráticas, desconstroem quaisquer resquícios da representatividade popular buscada pelas eleições. Favorece os maus candidatos que se escondem na desinformação da votação e só aparecem na apuração. A cada eleição entendo menos o porquê da Justiça Eleitoral não divulgar massivamente as listas dos candidatos por partidos ou coligações, combinadas com explicações sobre o funcionamento das eleições proporcionais. Seria melhor para o eleitor e para as eleições. Por que não?
(Publicado em 14/10/14 no Blog do José Lemos e em 15/10/14 pelo Diário de Cuiabá, Midianews, Jornal Oeste, ...)