"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 14 de outubro de 2008

PELO GÁS E A FERROVIA

José Antonio Lemos dos Santos


     A cidade vive dos que vivem nela, como aprendemos com Alves de Oliveira. A qualidade de vida de uma cidade é qualidade de vida de sua população, e isto é emprego e renda, que vêm das suas atividades produtivas. Daí a importância da atual campanha eleitoral ter abordado a questão da atração de empresas para a cidade, ainda que sob o enfoque da competição com o interior – a meu ver equivocado.
     Atrair novas empresas é importante, mas o prioritário no caso de Cuiabá e Várzea Grande é a consolidação dos mega-investimentos já instalados e que vêm sendo relegados ao total desinteresse e omissão das nossas autoridades e lideranças municipais, estaduais e federais, governamentais e civis. Totalmente esquecidos pelos candidatos no primeiro turno. Desinteresse tamanho que chega a parecer armação contra Cuiabá e seu papel polarizador no estado.
     O gasoduto (US$ 200,0 mi!) trazendo o gás para Cuiabá vale por mil empresas! Está parado. O gás não é só energia, antes é matéria prima básica para diversas indústrias químicas que se instalariam aqui, como a fábrica de fertilizantes da Petrobrás, que tecnicamente tem Cuiabá como melhor localização – desde que exista o gás. Sem o gás, ganha Campo Grande. Como fonte de energia, o gás movia nossos taxistas, algumas empresas locais, uma termelétrica (US$ 500,0 mi!) e uma linha de transmissão (US$ 380,0 mi!). Cuiabá tinha virado pólo exportador de energia. Tudo parado ... mas pronto para funcionar a qualquer momento, desde que nossas autoridades se interessem.
     Os mega-investimentos valem por mil empresas porque têm o poder de gerar novas empresas. Que cidade no Brasil não gostaria de ter o 17º aeroporto do Brasil, o Marechal Rondon? Já em setembro chegou ao milionésimo passageiro no ano, movimento anual previsto para a belíssima estação, cujas obras estão vergonhosamente paralisadas. Quantas empresas estão em Cuiabá e Várzea Grande pelo aeroporto?
     Municípios de todo o Brasil lutam para ter um Porto Seco. Aqui – como cuiabano sinto dizê-lo – a maioria das lideranças locais, nem sabe do que se trata. Também vale por mil empresas, pois pode atrair para seu entorno, entre outras, empresas atacadistas de importação e exportação. Ademais seu interior é como uma zona franca e pode albergar indústrias montadoras destinadas à exportação.
     E a ferrovia? Para mim, a ferrovia mais viável do mundo, ligando o centro da região campeã nacional na agropecuária e uma das mais produtivas do mundo. Outro dia tive o desprazer de ver um infográfico do PAC constando a ferrovia só até Rondonópolis e, pior, uma outra ferrovia inventada nos últimos anos, ligando Nova Mutum a Goiás. Sobre esta o infográfico diz “Em estudos”. Mesmo assim, está lá no lugar da nossa ferrovia, com todos os estudos técnicos concluídos, inclusive com a ponte rodo-ferroviária (US$ 500,0 mi!) em funcionamento. Enquanto isso, a carnificina na rodovia Cuiabá-Rondonópolis. Um deboche!
     Por isso tudo, já sei como votar neste segundo turno. Votarei naquele que assumir o papel de legítimo líder maior do município, o verdadeiro prefeito, aquele que vai buscar os interesses de sua gente onde quer que seja. Aquele que, em respeito aos quase 30% dos eleitores mato-grossenses de Cuiabá e Várzea Grande, incluir a ferrovia e o gás em seu programa de ação, com compromisso efetivo de articular os setores competentes em todas as esferas e a sociedade civil, pelas suas chegadas definitivas em solo cuiabano. Só o gás e a ferrovia. Se os dois incluírem, ótimo! Escolherei o mais convincente. Se nenhum dos dois der ouvidos a este aprendiz de comentarista, aguardarei os dois, ou seus amigos, nas eleições de 2010.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 14/10/2008)

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