"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

10 ANOS DO AQUÁRIO

José Antonio Lemos dos Santos

Não há como deixar de comemorar os 10 anos do Aquário Municipal de Cuiabá, completados no último dia 5 de fevereiro. Um dos equipamentos urbanos mais queridos da população, sendo inclusive adotado como um dos cartões postais da cidade, o Aquário é um dos projetos que mais me agrada, desde sua elaboração até os dias de hoje, na continuidade de sua visitação, com a alegria das crianças surpresas diante dos peixes colocados bem à altura de seus olhos ou disputando a ração que jogam no tanque externo. Satisfação que continua no semblante dos pais e mães, avos e avós, acompanhantes extasiados com a felicidade de seus pequenos, ou mesmo encantados com a visão de uma espécie que, mesmo adultos, ainda não tinham conhecido, ou cuja beleza plástica nunca haviam percebido com vida, só como protagonista de muitas das diversas maravilhas de nossa culinária. Um passeio que também é uma aula para crianças e adultos.
O aquário entusiasmou todos desde que surgiu a idéia. O então prefeito Roberto França iniciando seu primeiro mandato aprovou a proposta de revitalização da Beira-Rio e do Porto que vinha das administrações anteriores, mas entendeu que no projeto do Museu do Rio faltava o personagem principal, o peixe. Determinou então que fosse projetado um aquário anexo, onde pudessem estar expostas todas as espécies de peixes do rio Cuiabá e pantanal. O tempo era escasso pois os recursos tinham curto prazo para aplicação e as referências para projeto de um aquário estavam sempre além do que podia a prefeitura. Com o arquiteto Ademar Poppi encontramos uma solução própria, um partido arquitetônico adequado e exeqüível nas condições existentes, e que virou referência para projetos similares em outros estados.
E depois do projeto, a construção e a maratona para coleta dos exemplares que iriam ocupar o aquário. No dia da inauguração o professor doutor Francisco Machado ainda mergulhava no Pantanal atrás de um certo camarão e uma espécie de acará que faltavam. A poucas horas da inauguração o prefeito trazia pessoalmente de seus tanques de criação as piraputangas e pacus, alguns dos quais ainda vivos hoje no aquário. Ao mesmo tempo a engenheira Maristela Okamura produzia as placas e banners informativos, tudo sempre com a presença de Teruo Izawa, o anjo do Aquário, cuidando até hoje dos peixes, ainda que sem nunca ter recebido o justo e merecido reconhecimento da prefeitura.
Milhares de pessoas estiveram na inauguração do Aquário, que recebeu nestes 10 anos mais de 1 milhão de visitantes. Hoje tem uma média superior a 100 visitantes por dia. Poderia estar em melhores condições, mas sua manutenção nunca foi equacionada, desde o início. Uma pena pois foi idealizado como uma estrutura auto-sustentável, junto ao Museu do Rio. A sustentabilidade que jamais conseguimos viria da venda de lembranças relacionadas ao Aquário, ao rio e sua cultura, como chaveiros, bonés, camisetas, fotos, livros diversos, vídeos e CDs, etc. Embora não viabilizadas, buscou-se também parcerias com as secretarias de educação do município e do estado, em troca do baita equipamento educacional utilizado por muitas escolas de Cuiabá e do estado ao longo destes 10 anos. Buscou-se ainda as faculdades de veterinária da cidade, infrutiferamente. Pretendia-se evitar a cobrança de ingressos que hoje é a única garantia de sobrevivência do Aquário, cobrança que não discordo na situação, pois se paga bem mais só para estacionar um carro em qualquer shopping ou em ruas centrais da cidade, em especial no nosso aeroporto - o muquifo internacional em que a Infraero recepciona/decepciona os que chegam a Mato Grosso. Quem sabe a Copa venha a ser também a chance de viabilização do Aquário?
(Publicado no Diário de Cuiabá em 09/02/2010)

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