"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

ARTIGO DE ONTEM REPERCUTE

Onofre Ribeiro repercute meu artigo postado ontem A MAIS VIÁVEL DAS FERROVIAS V. Pela importância do jornal e do articulista trago a íntegra do artigo para conhecimento e eventuais comentários.


A CONTROVERTIDA FERROVIA - 1
Onofre Ribeiro

     O assunto ferrovia ganhou novo espaço nos últimos dias a partir de um livro do
 professor Luiz Miguel de Miranda, da área de engenharia da Universidade Federal d
e Mato Grosso, onde ele considera inviável e até desnecessária a
extensão da ferrovia desde Rondonópolis até Cuiabá.
     O tema causou surpresa em Cuiabá, e até o também professor José Antonio
Lemos, arquiteto e atento observador do desenvolvimento de Mato Grosso,
publicou um artigo contradizendo a tese do livro. A pergunta vem sendo repetida desde
1976, quando o deputado federal Vicente Vuolo gastou todo o seu mandato
construindo as amarrações para uma ferrovia na direção de Mato Grosso. Bem
verdade que era meio utópica à época, porque Mato Grosso tinha
pouca expressão econômica nacional. Porém, eleito senador em 1978
para concluir o mandato do senador Mendes Canale, que ficou em Mato Grosso do
Sul na divisão do Estado, Vuolo gastou de novo todo o seu mandato
em cima da ferrovia. Desta vez conseguiu torná-la realidade graças às articulações
políticas nacionais.
     Já sem mandato, Vuolo manteve a bandeira da ferrovia que empacou na
cidade paulista de Santa Fé do Sul, por conta da complexa ponte rodoferroviária
sobre o rio Paraná. Outra longa luta para sensibilizar o governo de São Paulo a
concluir a ponte e, afinal, isso aconteceu. Por fim a ferrovia desempacou, mudou das
mãos do empresário Olacyr de Moraes para o grupo Ferronorte e deste para o atual, a
América Latina Logística. Desse imbróglio a ferrovia chegou a Alto Taquari, na divisa
de Mato Grosso com Mato Grosso do Sul e de novo empacou. Mas operava. De lá,
desempacou mais 90 km até Alto Araguaia e mais uma vez desempacou em 2012 os 92
km até Itiquira. A obra prossegue até Rondonópolis onde pretende empacar de
vez.
     A explicação de morrer em Rondonópolis é confusa. O livro do
professor Miranda diz que para chegar a Cuiabá a ferrovia precisaria de um
parque industrial relevante para justificar o investimento e o movimento de
transportes. O professor José Antonio nega essa colocação e questiona as
razões pelas quais historicamente a passagem de uma ferrovia por Cuiabá
gerou tanta polêmica e produziu tantas desconfianças. No pano de fundo da
divisão de Mato Grosso em 1977, tinha um ranço da ferrovia Noroeste do Brasil
que em Campo Grande, em 1917, mudou o traçado que vinha de Bauru para
Cuiabá e virou para Corumbá. Ficou um amargo imperdoável na boca dos
cuiabanos.
     Agora a nova polêmica traz consequências muito complexas, como até mesmo
um incentivo ao apartheid entre as duas maiores regiões produtoras
de Mato Grosso: o sul e o norte, divididos por Cuiabá, no meio.
    Volto ao assunto no domingo para continuar este assunto.

(Publicado em 16/01/2013 em A Gazeta)

ONOFRE RIBEIRO É JORNALISTA EM MATO GROSSO

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