"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 2 de setembro de 2014

UMA MATRIZ PARA O TRICENTENÁRIO

wikipedia

José Antonio Lemos dos Santos

     Há duas semanas o professor Benedito Pedro Dorileo em um de seus belos e importantes artigos lembrou dos 120 anos de Zulmira Canavarros que serão comemorados no próximo ano e sugere que nessa comemoração seja lançada a pedra fundamental do Teatro Municipal de Cuiabá que teria o nome da homenageada e que se constituiria em marco dos 300 anos de Cuiabá. Teatróloga, musicista, poeta, ativista social, pioneira em diversas áreas da cultura cuiabana, Zulmira Canavarros marcou profundamente ao menos a geração de minha mãe, que sempre fazia referências a ela, seja através de uma música, de uma poesia e até de lembranças do time de vôlei do Mixto, no qual jogou e do qual guardava uma velha foto amarelada. Para mim a obra mais marcante de Zulmira Canavarros é o hino do Mixto, sem dúvida um dos mais belos hinos de clubes de futebol do Brasil, beleza que para quem ainda não conhece pode ser facilmente conferida no Youtube. E olha que não sou mixtense. 
     Desnecessário falar sobre os méritos da professora Zulmira para homenagens como a sugerida. Trago o assunto em especial pela oportuna lembrança do tricentésimo aniversário de Cuiabá que está por acontecer em 2019 e que daqui até lá já faltam menos de 5 anos. Uma das grandes lições da Copa foi, ou deveria ter sido, que 5 anos é pouco tempo para qualquer programação de obras de importância. Então, veio em boa hora o artigo do professor Benedito Dorileo abordando o assunto. Ou seja, se quisermos fazer alguma coisa significativa para o Tricentenário temos que começar agora, ou melhor, já deveríamos ter começado. Para termos o Teatro Municipal de Cuiabá como um justo presente para cidade em seu Tricentenário é preciso decidir agora para que no ano que vem seja lançada a pedra fundamental, marcando também os 120 anos do nascimento da grande intelectual cuiabana, abrindo assim um cronograma de obras seguro para que tudo aconteça com qualidade e no tempo certo. 
     Tenho repetido muitas vezes desde que ganhamos a oportunidade da Copa do Pantanal, que a realização deste grande evento em Cuiabá foi um artifício do Bom Jesus de Cuiabá para dar um choque de adrenalina em nós cuiabanos, preparando-nos para os novos tempos de dinamismo que a cidade vive, de modo a poder prepará-la para o Tricentenário. Também um treinamento técnico, político e administrativo. Será que aproveitamos? Acho que não. O Tricentenário, nossa maior efeméride no século se aproxima e ainda não nos movemos, faltando menos de 5 anos. 
     A Copa, em termos de planejamento já passou. É verdade que temos que cobrar, exigir a conclusão com rapidez de todas as suas obras, com qualidade, segurança e respeito ao dinheiro público. Mas, em termos de planejamento, o que nos interessa agora é continuar olhando para o futuro – um dos maiores legados da Copa - e o próximo marco são os 300 anos de Cuiabá. A exemplo da matriz de responsabilidades assumida com o governo federal e a Fifa é preciso que de imediato se pense em uma matriz de compromissos para com o Tricentenário, agora assinada entre os cuiabanos e sua cidade, entre os mato-grossenses e sua capital, e entre os brasileiros e uma das cidades que mais contribuíram para a grandeza do território nacional e hoje articula uma das regiões que mais enriquecem os saldos comerciais do país. Duas obras abririam muito bem a matriz do Tricentenário: o Teatro Municipal Zulmira Canavarros e a revitalização do Centro Histórico de Cuiabá, tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional, com o indispensável e muitas vezes prometido projeto de rebaixamento da fiação ampliado a toda a Zona Central da cidade. É claro que outros projetos poderão ser selecionados, com pés no chão, mas com visão ampla, compatível com a história e o futuro da cidade. Mas é preciso começar já. 
(Publicado em 02/09/2014 pelo Diário de Cuiabá, ...)

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