"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 29 de agosto de 2017

O SOFÁ

GRzero

José Antonio Lemos dos Santos
     Ainda com a alma exultante pela vitória do Cuiabá no último domingo em Alagoas, lembro a antiga piada do marido que chega de repente em casa e flagra uma cena de traição no sofá da sala. Tentando demonstrar autoridade e poder toma uma decisão drástica, vendeu o sofá. Ela pode até nem ser mais tão gozada, mas traduz muito bem muitas situações sérias que vivemos no Brasil, do Caburaí ao Chuí.
     Senão, vejamos. O estádio Presidente Dutra, o histórico “Dutrinha” como é carinhosamente chamado foi fechado por mais de 2 anos sob alegação de falta de segurança, após uma manifestação irresponsável de agressão aos árbitros ao final de uma partida por parte de alguns torcedores. A agressão só não foi às vias de fato justamente pela proteção que o estádio deu ao trio, protegido por um gradeado metálico que vai do campo até um local seguro, sob a arquibancada. Ainda devem existir vídeos na internet desse triste espetáculo onde se pode ver os agressores enfurecidos, tentando em vão vencer a proteção metálica. O que aconteceu? Ninguém foi punido, mas o Dutrinha foi prontamente fechado, com graves prejuízos ao esporte mato-grossense, com jogos sendo realizados em campos de bairros, estes sim sem a menor condição de jogo ou de segurança, higiene, tanto para jogadores como aos torcedores. Nesse tempo de interdição o Dutrinha foi abandonado por seu proprietário, o município, e reaberto degradado, agora em condições muito piores do que quando foi fechado. Deixaram acabar o campo sagrado do futebol mato-grossense onde jogaram Pelé, Garrincha, Mazurkiewicz, Ruiter, Bife e outros, impossível para receber uma partida e terá que ser refeito. Ninguém punido. Só o sofá!
     Tem o caso também do VLT que, por responsabilidades conhecidas publicamente, substituiu a 2 anos da Copa o BRT, o outro modal, menos sofisticado, que já havia sido escolhido 2 anos antes, com projetos e financiamentos definidos. Na época em que aconteceu a troca cheguei a escrever artigos colocando-me a favor da continuidade do BRT, não porque o VLT fosse necessariamente inadequado para Cuiabá, mas por que não havia mais tempo hábil para concluí-lo para a Copa, apenas 2 anos depois. Não deu para ser feito. Desconfiava-se e hoje é confirmado que pintaram os canecos em cima do VLT, como no sofá. Sabem o que está acontecendo? Estamos discutindo se jogamos fora o sofá ou não. Depois do cidadão mato-grossense ter pago pelo sofá mais de 1 bilhão de reais! E desconversa-se sobre os que se esbaldaram sobre o VLT. Na época correta fui contra o VLT, hoje sou pela sua conclusão, bem executado, integrado à cidade e aos demais modais, e com rápida punição aos de culpa comprovada, nos mais elevados rigores da lei.
     O país precisa de uma reforma política séria que não seja apenas a troca de um sofá eleitoral por outro como é sempre feito. Com frequência a lei é mudada sob o argumento de que a nova não será fraudada. E os danadinhos fraudam. Aí mudam de novo e de novo é fraudada pelos mesmos bandidos de nomes e caras conhecidos no noticiário nacional e internacional. E fica esse mimimi em busca de um sistema à prova de corrupção, quando o que falta é punição aos corruptos. Não são as leis que se auto corrompem, elas são corrompidas. Mas sobre os fraudadores, necas de pitibiribas!  Agora a panaceia política será uma nova troca de sofá. Fingem trabalhar sério, mas estão certos de que não serão incomodados e continuarão a se esbaldar em qualquer modelo de legislação. E a tão esperada reforma política, a mãe de todas as reformas, corre o risco de ser apenas uma nova troca de sofá na sala para desfrute dos protagonistas de sempre.
(Publicado em 29/08/17 pelo Diário de Cuiabá, Midianews, ...)
Comentários extra Blog:
Por e-mail:
30/08/17 Tio Zé,
De fato muito bom o artigo.
Quanto não seriamos melhores se a lei fosse seguida.
Atenciosamente,
Victor Parente Badauy

Zé,
Muito bom e contundente. Pena que os que deveriam ler não leem, ou leem e fingem não ter lido.
Um abraço,
Felipe

Cléber Lemes
Parabénsssssssssssssssss  pelo excelente artigo. Faço sua as minhas palavras. Um abraço.

Caro José António,
Acho o seu artigo interessante e bem colocado. Podemos ser a favor ou contra o modal, contra decisões tomadas que implementadas geraram alteração do tecido urbano e que dificilmente poderão ser revertidas. Estas decisões podem ter sido corretas ou erradas, os seus fundamentos podem ser questionados, mas perante o problema, o jogar fora, o fechar, o suspender, são formas de não enfrentar diretamente o problema.
Da parte que me diz respeito tenho duas razões para agradecer a existência do VLT, a primeira pessoal. O VLT foi a razão da minha vinda para o Brasil, país do qual me apaixonei e no qual decidi ficar após terminar o meu período de expatriação. A segunda é profissional. Fiz parte do desenvolvimento do sistema de rede aérea de tração, sistema ultra moderno, com critérios de qualidade muito elevados e que garantiam uma baixa manutenção, pelos equipamentos e materiais utilizados. Visualmente, se pode confirmar a elegância do sistema, com utilização e uniformização dos postes e apoios (consolas). Profissionalmente é muito triste ver que o nosso trabalho não é concluído e que os seus benefícios não são compartilhados pela população.
Nessa perspectiva é crime a má decisão de validar a escolha errada de um modal, tendo presente que a vida útil de um projeto de transportes ultrapassa em muito a “Governança” do decisor político, mas é igualmente criminoso abandonar e desperdiçar todo o investimento efetuado em prole de “Governança” uma vez mais política.
Que Cuiabá sirva de lição para o futuro! Mais planejamento, mais suporte técnico nas decisões políticas e melhor monitoramento e controle.
Desejo muito que este final seja feliz!
Atenciosamente,
Filipe Amourous

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Josias da Silveira
Dar continuidade a esse projeto só vai alimentar mas ainda a corrupção, e vai custar o dobro para finalizar o projeto cheio de falhas técnicas, O que é o dobro do custo para a execução do projeto do BRT que foi estudado durante 2 anos
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Jose Antonio Lemos Santos
Jose Antonio Lemos Santos Meu caro Josias, respeitando sua posição, acho que não devamos parar de fazer as obras públicas necessárias porque há corrupção. Assim pararia tudo o que fosse do interesse público e só os corruptos continuariam. A meu ver nós não podemos é aceitar a corrupção, que é caso de polícia, e não nos resignarmos com ela.
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Josias da Silveira
Josias da Silveira Eu me referia especificamente no projeto do do VLT foi iniciado não para solucionar o problema de transporte público em Cuiabá mas sim para fazer dinheiro, uma obra iniciada sem nenhum projeto técnico mais detalhado com obras que as inclinações são superiores às suportadas pelo modal, Além das inclinações na Avenida do CPA na região antes do Hospital do Câncer subida da ilha da banana, sem as desapropriações necessárias concretizadas e com certeza o custo estimado para finalização que é superior ao dobro do custo do BRT vai ser ultrapassado e muito, e Cuiabá não pode Mas ficar sofrendo com esse transporte público obsoleto usado atualmente

29/08/17 Paulo Sérgio de Campos Borges
Infelizmente, é tudo verdade. Perfeito e pertinente o artigo.

30/08/17 Ademar Poppi
Ademar Poppi ótimo este artigo.....

No MIdianews:
Ellen Marcoski  29.08.17 20h28
Hoje existem vários sofás por todo o País, "sofás" que poderiam ser o diferencial necessário para mudar várias gerações em busca do melhor.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

O SENADOR ESQUECIDO

OlharDireto
José Antonio Lemos dos Santos

     Lavado e enxaguado nas águas da vitória do Cuiabá contra o Salgueiro, recordo que toda cidade é um centro produtor, mas sua produção extrapola os bens e serviços. Seu principal produto é a sua gente e a qualidade de seu povo é a melhor medida do sucesso de uma cidade. As cidades lembram seus vultos como modelos para continuar a produzi-los em todas as áreas da vida. Nos meus tempos de grupo escolar, estudávamos suas biografias aprendendo a respeitá-los, e por eles aprendemos a respeitar nossa gente, a boa cepa de onde surgiram.
     Triste como algumas grandes figuras mato-grossenses foram esquecidas pela história. Dia 22 de agosto é aniversário de nascimento de Antonio Francisco Azeredo, lembrado como Senador Azeredo, nome do tradicional colégio do Porto, antigo “Peixe-Frito” da saudosa professora Delza Saliés e tantas. Não fossem Rubens de Mendonça e a Internet, seria impossível falar sobre este cuiabano, nascido em 1861 e que chegou a Presidente do Senado Federal por mais de 15 anos, até ser deposto pela revolução de 30 e exilado na Europa. Até outro dia era o primeiro dos homenageados na Galeria de Bustos do Senado.
     Sobre o Senador Azeredo, porém, até na Internet as referências são mínimas, vestígios encontrados em sites que tratam de outras personalidades e outros assuntos. Contudo, nesse pouco dá para perceber uma personalidade que merecia maior atenção dos mato-grossenses. Abolicionista e republicano, segundo Rubens de Mendonça ele trabalhou no jornal “Gazeta da Tarde” de José do Patrocínio, antes de comprar um pequeno jornal carioca denominado “Diário de Notícias”, que logo transformou em um dos maiores e mais influentes jornais do país, no qual colocou como redator, nada mais nada menos do que Rui Barbosa. Foi eleito Deputado à Constituinte e à Primeira Legislatura por Mato Grosso, chegando a ser o Primeiro Secretário da Câmara, até que assumiu o Senado no lugar de Joaquim Murtinho, quando este, também cuiabano, saiu para ser Ministro da Viação e da Fazenda e entrar na História como o maior estadista do Brasil na Velha República. Senador por quase trinta anos, e presidindo a Casa por muitos anos, Antonio Francisco Azeredo deu posse a alguns Presidentes da República. Foi também escritor, não apenas de seus discursos, mas de algumas obras que hoje despertariam interesse. Foi também comendador da Legião de Honra da França, e condecorado em diversos outros países.
     Sua maior obra para os mato-grossenses e cuiabanos em especial, foi, como fizeram alguns outros, ter levado a figura de um conterrâneo a posições de tão grande destaque e influência na vida nacional. Sua vida deveria ser mostrada como exemplo aos jovens locais que resistem às tentações dos descaminhos, acreditam em si e nas perspectivas positivas da vida, e vão à luta apesar das dificuldades, como um dia fez o jovem Antonio Azeredo. Como Rondon, Dutra e outros, Antonio Azeredo também teve sua grande oportunidade ao cursar um colégio militar, na época talvez a única chance de subir na vida para os jovens mato-grossenses.
     A este propósito recordo que em 1957 a Prefeitura de Cuiabá doou o terreno do antigo “campo de aviação”, hoje ocupado pela Vila Militar, para que ali fosse construído o Colégio Militar de Cuiabá. Se tivesse virado realidade, quantos outros milhares de jovens mato-grossenses teriam sido beneficiados? Cuiabá não deveria voltar a pensar no assunto? O belo prédio do 44º BIM, construído por Dutra seria uma boa alternativa para um Colégio Militar com nome de seu construtor e um memorial como centro de referência à sua história.

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A REFORMA

EPD Online
José Antonio Lemos dos Santos
A tão sonhada reforma política avança em Brasília e toma aquele rumo que todos temiam, ou seja, não mudará nada ou, se mudar, será para favorecer ainda mais os atuais políticos. A famigerada “coligação partidária” vai virar “federação”, novo rótulo para a mesma coisa, e o “distritão” vai matar as eleições proporcionais transformando-as em eleições majoritárias sob alegação de que o eleitor brasileiro é incapaz de entende-las. De uma cajadada matam as proporcionais matando também os partidos. Só restará o personalismo dos mais fortes.
     É injusto dizer que o brasileiro não sabe votar seja por burrice, falta de informações, irresponsabilidade cívica ou safadeza mesmo, ao menos nas condições atuais em que são realizadas as eleições proporcionais, base da formação de todo o nosso quadro político. Nestas começam a ser formados os futuros políticos que sustentam os velhos caciques que os apadrinham. Ao invés, os resultados das últimas eleições proporcionais mostram que o eleitor tem evitado os maus políticos. Falta-lhe, entretanto, conhecer aquilo que é fundamental nas eleições proporcionais, as listas dos candidatos por partido ou coligação. Intencionalmente ou não, estas listas no Brasil não são publicadas, sonegando ao eleitor uma informação básica. Como sabemos, nas eleições proporcionais o voto nunca é perdido, o eleitor vota nas chapas ou listas dos partidos definindo o número de cadeiras a serem conquistadas, sendo eleitos para ocupá-las apenas os mais votados. Assim, sem conhecimento das listas, o eleitor pode escolher um ótimo candidato e eleger um outro que ele não queira. Desconhecendo as listas nas quais vota de fato, fica como um bobo, escolhe um e acerta outro. Sem a publicação das listas, tanto faz serem pós ou preordenadas, “abertas” ou “fechadas”, o eleitor continuará sendo enganado. Aqui o mal é a não publicação das listas.
     Sem discutir a qualidade dos candidatos, mas tomando por exemplo as últimas eleições para a Câmara Federal em Mato Grosso temos que os candidatos eleitos não tiveram em seu nome nem sequer a metade dos votos dados a todos eles, eleitos e não eleitos. Apenas 45%. Isto é, 55% dos que votaram para deputado federal votaram em outros candidatos, votos que somados pela legenda definiram os escolhidos para as 8 cadeiras, cada uma valendo 167.664 votos. Pior, contando com as abstenções a proporção dos que votaram nos candidatos eleitos cai para 35%, isto é, em cada 3 eleitores inscritos apenas 1 votou nos eleitos! Como dizer que os eleitores os elegeram?
     Nas eleições de 2016 para vereador em Cuiabá a situação foi mais aberrante pois dos 283.121 votos válidos dados aos candidatos (votos nominais) apenas 86.885 foram diretamente nos eleitos, menos de 1 em cada 3 (31%)votos foram dados aos eleitos, ou seja, 196.236 eleitores votaram diretamente em outros candidatos. Considerando todo o eleitorado de Cuiabá com seus 415.098 eleitores fica pior pois de cada 5 eleitores cuiabanos apenas 1(21%) votou nos eleitos, ou seja, um total de 328.213 eleitores escolheu faltar as eleições, anular seu voto, votar em branco ou em outros candidatos, não nos eleitos.
     Tem algo errado, e não é o eleitor, nem o tipo de eleição. Nas eleições proporcionais realmente democráticas o eleitor pode votar em um e eleger outro. A diferença é que nas democracias avançadas o eleitor conhece a lista dos que podem ser eleitos com seu voto. Aqui não, o eleitor às cegas tenta acertar seu voto em uma lista oculta, habilmente montada pelos caciques para se reelegerem sempre. A minha grande reforma seria a simples publicação das listas dos candidatos nas proporcionais. Nem seria uma reforma, mas uma revolução.

SÓ DE BOAS

AgoraMT
José Antonio Lemos dos Santos

     Depois de duas semanas gripado e uma com o PC no estaleiro nada
como retomar o elã com boas notícias que precisam ser compartilhadas,
em especial, em momentos como este em que o lado ruim do Brasil
predomina nos noticiários. Ainda que a pretexto de execração as más
notícias se alastram como vírus perverso e contaminam todos os meios
de comunicação, corações e mentes, dando impressão de que tudo virou
essa tranqueira nefasta e que tudo é negativo sem luzes indicativas
para possíveis saídas. Mas não é bem assim, ou melhor, talvez a gente
não queira que seja assim apegando-nos às notícias boas que aparecem
aqui e ali nesse mar de lama como se fossem boias de esperança.
     E vamos às boas. Semana trazada Cuiabá sediou uma das etapas do
Gran Prix Mundial de Voley Feminino com jogos decisivos para a
classificação da seleção brasileira para as finais na China. Estiveram
no calor cuiabano, amainado naqueles dias por uma ligeira virada do
tempo, algumas das melhores seleções do mundo, Brasil, Bélgica,
Holanda e Estados Unidos, esta treinada por Karch Kiraly, ícone
mundial do esporte. Uma grande chance para os jovens mato-grossenses
verem ao vivo as grandes atletas, sentindo que seus ídolos são gente
da carne e osso, igual a todos, e não um feixe de elétrons, distantes,
servidos no conforto dos sofás, com pipocas, pizzas e refrigerantes.
São reais e podem muito bem servirem como boas inspirações de vida.
     Num mesmo domingo, tendo pela manhã o jogo decisivo do Brasil
contra os Estados Unidos, no período da tarde aconteceu a espetacular
apresentação da Esquadrilha da Fumaça, enchendo as ruas da cidade no
entorno do belo Parque Tia Nair. Tanto nas ruas quanto no Ginásio
Aecim Tocantins o público em delírio a cada jogada das extraordinárias
jogadoras brasileiras e americanas ou a cada manobra dos exímios
pilotos da Forção Aérea Brasileira. Cinquenta mil pessoas? É muito bom
ver jovens e adultos, famílias inteiras vibrando juntos positivamente.
     Nessa mesma linha de grandes eventos surgiu a determinação do
prefeito Emanuel Pinheiro pela inserção da cidade no circuito nacional
de corridas de Stock Cars, e já iniciando tratativas para viabilização
do grande evento como parte das comemorações dos 300 anos de Cuiabá. A
ideia é ser nas pistas em volta do belo Parque das Águas, local bem
escolhido. Há que se torcer muito, pois trata-se de evento de altos
custos. Mas se outras cidades de mesmo porte podem ter por que não se
pode tentar aqui. O perigo são aqueles “do contra” e que nessa hora
para dourar seus discursos lembram de hospitais, escolas, cadeias,
esquecendo que investir pesado em esporte e lazer de qualidade é a
forma mais eficaz e sustentável de se promover a Saúde verdadeira.
     Outra boa notícia partiu também do prefeito de Cuiabá, acenando
em presentear a cidade no seu Tricentenário com seu Centro Histórico
revitalizado como um centro cultural universitário com o apoio de
diversas instituições de ensino que já teriam manifestado interesse.
Promete muitas possibilidades de incentivos fiscais e de serviços de
apoio. Brilhante, muito embora o rebaixamento da fiação seja um
obstáculo a esse antigo sonho cuiabano. Mas isso já é o vírus da
ruindade querendo contaminar nossa esperança. O prefeito saberá como
somar as forças da prefeitura, com o estado e a União, esta com
importante responsabilidade no assunto já que se trata de um
Patrimônio Histórico Nacional.
     Sem dúvidas boas notícias. O mais importante é encarar o presente
e o futuro de forma positiva e nas dimensões atuais de Mato Grosso e
sua capital. Bem trabalhados todos os custos voltarão em forma de
emprego, renda e qualidade de vida para a população.
(Publicado  em 01/08/17 pelo Midianews, FolhaMax, PáginaDoEnock, Diário de Cuiabá, ...)

terça-feira, 18 de julho de 2017

O GÁS DE MATO GROSSO E SUAS ILAÇÕES II

UOL

José Antonio Lemos dos Santos

     Ainda tentando ressuscitar da forte gripe que me impediu redigir este artigo na semana passada, retorno à denúncia que inadvertidamente fez o chefe da B&F em sua afamada gravação no Jaburu quando pediu a interferência presidencial junto ao CADE em uma suposta discriminação de preços do gás da Petrobrás contra a Termelétrica de Cuiabá usina hoje de propriedade do grupo. Preferia vê-lo aprisionado, mas, mesmo sem querer expôs um grave fato até então desconhecido dos mato-grossenses. O CADE ao afirmar que não cedeu ao pleito da J&F confirma a discriminação e o pior é que agora o assunto virou cavalo de batalha política porque qualquer correção nos preços seria vista como comprovação de uma negociata corrupta e não como uma questão de justiça para com um estado injustamente discriminado, afinal o gás é para impulsionar diversas atividades no estado, não só a termelétrica.
     A Petrobrás não é brasileira e Mato Grosso não é Brasil? O mato-grossense só serve na hora segurar a onda do PIB nacional ou de gerar superávits na balança comercial do país? E por que o silêncio de nossos líderes políticos e empresariais? Certamente esse fato grave era do conhecimento de muita gente graúda aqui do estado que por anos não mexeu uma palha sequer para denunciar o assunto, permitindo-nos ao menos o exercício do justo direito de espernear.
     No mundo todo onde chega o gás torna-se logo poderoso indutor de desenvolvimento. Por isso foi trazido para Mato Grosso, em especial para viabilizar a verticalização da economia estadual tendo na Baixada Cuiabana um de seus principais polos. Sugiro ao leitor buscar no Google pelo gás de Mato Grosso do Sul. Sentirão o mesmo que senti: inveja! Nos mapas a distribuição por quase toda a Campo Grande, indo a Três Lagoas e Corumbá, para uso veicular, residencial, comercial, industrial e cogeração. Esse mesmo gás da Petrobrás, inutilizado aqui.
     Por que nosso desprezo a esse importante recurso, já disponibilizado através de uma infraestrutura caríssima? Sequer usado por taxis. Pelo “método das ilações”, tão em voga nos dias de hoje, no artigo anterior deduzi que um dos motivos da sabotagem contra o gás de Mato Grosso teria sido a disputa com Mato Grosso do Sul por uma fábrica de fertilizantes da Petrobrás destinada a atender as demandas do Centro-Oeste, cuja instalação em Cuiabá era vantajosa por sua posição central na região. Porém, Mato Grosso do Sul tinha seu governo afinado ideologicamente com os governos do Bolívia e do Brasil. Assim, nosso gás foi cortado e a fábrica foi para Três Lagoas. Perdemos.
     Sobre o silêncio de nossos líderes, políticos ou não, uso de novo o famoso “método das ilações”. Entre estes existem os que ainda se ligam a um atrevido projeto de divisão do estado que se objetiva na interrupção da Ferronorte, na construção da Fico e no enfraquecimento da região de Cuiabá, gerando duas economias isoladas ao norte e ao sul. O gás atrapalharia. Existem outras lideranças fornecedoras de energia através de PCHs, outros que não estão “nem aí” para nada e ainda os que prefiro não comentar. Meras ilações. Ajudam a entender?
     Outro dia o governador Pedro Taques esteve na Bolívia abordando o assunto, e agora assume a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico o ex-deputado Carlos Avalone, secretário no governo Dante de Oliveira quando da instalação do gasoduto e da termelétrica. Poderia ser uma esperança maior do que de fato é. Como deputado também não mexeu uma palha em favor do nosso gás. Porém, a esperança é a última que morre. A favor ainda tem o projeto da ZPE de Cáceres, prioritário para o atual governo. O gás passando ao lado é um diferencial positivo. Talvez a questão agora caminhe novamente. Espero.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

O GÁS DE MATO GROSSO E SUAS ILAÇÕES

HiperNotícias

José Antonio Lemos dos Santos
     Inadvertidamente o chefe do grupo J&F em sua polêmica gravação no Jaburu pode ter prestado um grande serviço a Mato Grosso. Preferia vê-lo preso pelos prejuízos que causou e continua causando ao Brasil, e em especial a Mato Grosso, maior produtor de gado do país e ele o maior o maior produtor de proteína animal do mundo. Um dos focos de sua famosa conversa com o presidente Temer foi um pedido de interferência presidencial junto ao CADE em uma suposta discriminação da Petrobrás contra a Termelétrica de Cuiabá em termos do preço do fornecimento de gás para a usina hoje de propriedade do grupo.
     A Termelétrica de Cuiabá é fruto da visão de futuro de um dos maiores estadistas que o Brasil teve, Dante de Oliveira, não valorizado entre nós como merecia justamente por ser daqui. Integra um complexo com o gasoduto Bolívia-Brasil (Cuiabá) implantado a um custo total de US$ 1,0 bilhão à época. Com sua perspectiva de futuro o então governador anteviu a grande produção agropecuária atual de Mato Grosso, já prevendo a energia e a logística de transportes como os dois gargalos para esse desenvolvimento. Hoje Mato Grosso é o líder do agronegócio nacional, fiador fundamental do saldo comercial e do PIB nacional, mas está encalacrado na logística e na energia para ir além.
     Instalado no estado um parque agropecuário de alta tecnologia e produtividade, Dante via ser fundamental a criação das condições para a verticalização no estado de toda essa produção, agregando valor à produção primária. Gerar empregos aqui em vez de exportá-los. Entendia que a Baixada Cuiabana poderia ser a base desse processo de verticalização com apoio da ZPE de Cáceres. Para esse salto restava resolver as questões da energia e do transporte para levar e trazer o desenvolvimento. Arrancou assim das barrancas do Paraná os trilhos da Ferronorte, criou o FETHAB, implantou o Porto Seco e internacionalizou o Aeroporto Marechal Rondon, providenciando sua ampliação a quatro mãos com o também saudoso Orlando Boni, cuiabano então presidente da Infraero. Na questão da energia destravou a APM de Manso, com canteiro de obras e máquinas parados a bastante tempo e trouxe a Enron.
     Então o complexo foi implantado com o gasoduto, a Termelétrica, e as vantagens regionais comparativas para a indústria e outros investimentos. Só que o plano não avançou a ponto do gás hoje não sensibilizar nem os taxistas e a Termelétrica ter um funcionamento descontinuado. Inconfiabilizados, em suma. Tirando a falência de seu primeiro dono, a Enron, outro grupo internacional logo assumiu, sempre me intrigou as causas desse aparente insucesso e do estranho silêncio de nossas lideranças empresariais e políticas sobre o assunto.
     Entre as causas está a interrupção do fornecimento do gás pelo governo Evo Morales, recém empossado, mantendo o fornecimento para outros ramais do Brasil. Começava a discriminação e também minhas ilações, palavra tão na moda hoje. Discutia-se a instalação de uma grande fábrica de fertilizantes da Petrobrás para atender o Centro-Oeste, cuja melhor localização seria uma posição central, no caso, Cuiabá. O gás era a principal matéria-prima. O governo boliviano, com os governos federal e de Mato Grosso do Sul, então companheiros ideológicos, queriam a fábrica no estado irmão. E o gás para Mato Grosso foi cortado, sob mil pretextos. A primeira ilação estava pronta. Com a omissão das lideranças políticas e empresariais mato-grossenses a fábrica foi instalada em Três Lagoas, colada a São Paulo, excêntrica a seu mercado. Agora aparece a reclamação do chefe da J&F. Seria verdade? Por que a diferenciação contra a Termelétrica de Cuiabá? Não é Brasil? Outras ilações ficam para futuros artigos.

terça-feira, 27 de junho de 2017

MOACYR FREITAS - MARCO ZERO DE CUIABÁ

Moacyr Freitas



       Homenagem do grande cuiabano arquiteto, historiador, desenhista MOACYR FREITAS à Cuiabá para os seus 300 anos. Conta a história e projeta um belíssimo monumento, veja em :

https://www.youtube.com/watch?v=AOxKJyNkR64

youtube

domingo, 25 de junho de 2017

MORENO, AECIM E RÔMULO

 

José Antonio Lemos dos Santos
     Jorge Moreno, Aecim Tocantins e Rômulo Vandoni, três gigantes da cuiabania, homens que souberam dignificar a vida com sabedoria, elegância, elevado espírito público, sem jamais perder a gentileza e a simpatia.  Essa a impressão que me deixam Aecim e Rômulo dos poucos mas inspiradores momentos de convívio direto que tive a sorte de vivenciar. Já o Moreno, ícone do jornalismo político no Brasil, a impressão me vem pela convivência indireta através de suas premiadas reportagens, de sua coluna na internet, por último no rádio, e principalmente pela manifestação unânime de seus colegas, amigos e leitores pelo país afora.
     Figura proeminente no cenário social e intelectual mato-grossense quem dentre seus conterrâneos não conhecia o professor Aecim Tocantins? Ainda vivo teve seu nome dado ao maior ginásio desportivo de Mato Grosso como reconhecimento pelo que significou para o estado. Minha primeira ligação com ele se deu através de meus pais, uma relação mais social e passageira. Depois, como ele distinguia a todos, sempre fui agraciado com seu sorriso permanente, suas palavras gentis seu linguajar perfeito, ou “escorreito” como talvez preferisse usar.
     Meu relacionamento maior com o professor Aecim se deu durante o processo da divisão do estado de 1977. Lembro um episódio que merece ser lembrado por se tratar de um marco importante na vida de Mato Grosso acontecido nos momentos decisivos da divisão. Eu ainda não integrava a Comissão da Divisão no Ministério do Interior, mas soube depois através do pessoal que participou do caso. Uma vez decidida  a divisão pela presidência da república a minuta da lei dizia apenas  “fica criado o estado de Mato Grosso do Sul”, e só. O então governador Garcia Neto quando soube da decisão e da minuta da lei teria esbravejado, dizendo que não aceitava daquele jeito e que a União devia ao estado remanescente respeito e consideração maior. Aliás, na primeira versão o novo estado seria chamado Campo Grande, mas houve grande repulsa em Corumbá e Dourados.
     De imediato o governador levou para Brasília o também saudoso Archimedes Pereira Lima e Aecim Tocantins como assessores de proa na questão. Internaram-se em um hotel em Brasília, que teria sido o Hotel Nacional, e só saíram de lá com uma nova minuta para a lei. As propostas foram aceitas e essa praticamente veio a ser a Lei Complementar 31/77, com previsão, entre outras, de apoio federal para as dívidas e programas de desenvolvimento para os dois estados, o Promat e o Prosul, com validade de no mínimo 10 anos e no mínimo Cr$ 2,0 milhões, dos quais no mínimo Cr$ 1,4 milhões para Mato Grosso. Não duraram nem 3 anos, porém, o Promat é uma das razões do futuro sucesso de Mato Grosso. Aecim e Archimedes foram essenciais. Por essa atitude de grande importância o governador acabou pagando um alto e injusto preço político. O pessoal aqui na terra preferia que renunciasse na hora da informação da decisão pelo presidente. Se fizesse assim talvez tivesse saído como artista, mas o estado estaria inviabilizado.
     Com Rômulo Vandoni minha convivência maior foi ao final da década de 80 na prefeitura de Cuiabá, administração Frederico Campos quando, quando da elaboração do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano cuja base legal havia sido definida no governo anterior de Dante de Oliveira, adversário político do novo prefeito. Rômulo Vandoni foi o grande fiador junto ao prefeito Frederico da continuidade daquele processo iniciado na administração anterior, coisa rara naquela época e muito mais rara nos tempos atuais. Cuiabanos e mato-grossense sem dúvidas têm muito a reverenciar a vida desses seus três gigantes.  

sábado, 17 de junho de 2017

SHOW DA LARANJA


            NÃO PERCA O SHOW DA LETÍCIA LARANJA INTERPRETANDO COMO A ARQUITETURA É VISTA POR UMA ESTUDANTE. MUITO LEGAL.

            VEJA NO LINK ABAIXO:

https://youtu.be/PxPItF0aLdo


domingo, 11 de junho de 2017

DE VOLTA AO FAROESTE

CorrendoAMil

José Antonio Lemos dos Santos
     Semana passada escrevi sobre responsabilidade urbanística e agora escrevo sobre uma ação no sentido inverso, o projeto de lei sobre regularização imobiliária em Cuiabá, encaminhada à Câmara pelo prefeito municipal. As estimativas informam, que, por baixo, cerca de 70% dos imóveis em Cuiabá estão irregulares. Um imóvel irregular traz prejuízos à população, em especial a mais carente, e à própria prefeitura em termos de impostos e de falta de controle urbanístico.      Assim uma política de regularização teria tudo para ser uma boa.
     Teria, mas não é bem assim. Infelizmente a situação foi transformada em um problema complexo, muito mais difícil do que parece à primeira vista, graças à irresponsabilidade dos sucessivos administradores, do próprio Ministério Público e até mesmo de nós arquitetos e urbanistas enquanto classe, parte da sociedade responsável pelo conhecimento técnico na área, que ficamos quietos. Isso em todo o Brasil, exceto em umas quatro ou cinco cidades que avançaram na direção correta. Mas está certo o prefeito, este é um problemaço que precisa ser resolvido, porém a solução depende de uma política séria de longo prazo e muita determinação. Se ao menos marcar o caminho para as próximas administrações, ficará na história.
     Mas vamos ao real. A maior parte das irregularidades decorre de ocupação de áreas de risco, de preservação permanente ou de áreas públicas, ocupadas graças à negligência ou ações demagógicas dos próprios poderes públicos. Tem também as ocupações de áreas particulares, dependentes de indenizações longe do alcance das verbas municipais. O projeto de lei de regularização encaminhado à Câmara em seu artigo 5º sabiamente deixa fora justamente esses casos, pois envolvem inclusive legislação federal que proíbem tais ocupações. Sobrou o que? Sobra uma faixa menor da população em sua grande parte de maior poder aquisitivo e de informações, ou empresas, justamente aqueles que têm maior obrigação de conhecer as leis e cumpri-las.
     O pior das regularizações é que passa uma mensagem de perdão àqueles que descumprem as leis. E aquele que comprou caríssimo um imóvel pensando em grande empreendimento inviabilizado pela aplicação do recuo frontal com base no Padrão Geométrico Mínimo (PGM)? O outro que de alguma forma conseguiu afrontar a lei hoje deve estar sentindo-se vitorioso. É o caminho para o caos, voltando ao faroeste urbano.
     A cidade é uma grande casa e como toda casa, qualquer cidade civilizada deve ter um projeto para ela que se chama Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU), exigido no Brasil pela Constituição Federal para todas acima de 20 mil habitantes. Com um horizonte de planejamento de no mínimo 20 anos, se materializa em de leis e normas que devem ser cumpridas. Seus instrumentos não são frescuras de arquitetos nem filigranas de advogados desocupados. São frutos de muitos estudos técnicos e tem objetivos de longo prazo a serem alcançados. Por exemplo os recuos frontais ameaçados pelo projeto, eles têm como objetivo principal a melhoria da mobilidade urbana através da ampliação das caixas viárias onde necessária. Demandou a elaboração de um Plano de Hierarquização Viária que virou lei, onde todas, disse todas, as ruas da cidade ganharam uma caixa viária mínima, o PGM, a ser alcançada ao longo do tempo com a natural renovação urbana. Este Plano já rendeu para a cidade a Avenida das Torres, a Avenida Parque do Barbado e a Ponte Sérgio Mota. Perdoar o desrespeito ao Plano Diretor e suas leis é matar por várias décadas quaisquer tentativas de planejamento em Cuiabá. Os bobós obedecerão, os ladinos não. E que se danem as futuras gerações de cuiabanos.


segunda-feira, 5 de junho de 2017

13 HABILIDADES PARA OS ARQUITETOS

                Arquitetos, arquitetas e estudantes da Arquitetura do meu  Brasil il il il il!

             Não deixem de ler as 13 habilidades descritas pelo ARCHDAILY no link abaixo:

http://www.archdaily.com.br/br/872175/13-habilidades-nao-relacionadas-a-arquitetura-que-se-aprende-na-faculdade-de-arquitetura

sábado, 3 de junho de 2017

RESPONSABILIDADE URBANÍSTICA

Diário do Poder

José Antonio Lemos dos Santos
     Como acontece no Brasil em praticamente todos os períodos de chuvas, no final do mês de abril voltam as tragédias urbanas das inundações e deslizamentos, desta vez no Rio Grande do Sul e principalmente no nordeste. Pelos últimos números que vi no noticiário temos 8 mortos e uma pessoa desaparecida em Alagoas, 7 mortos e 1 desaparecido em Pernambuco, com cerca de 90 mil pessoas flageladas nos dois estados. As vítimas são moradores de áreas de risco, em encostas ou áreas de alagamento. O maior número de mortes foi em um lugar chamado Grota de Santo Amaro em Maceió com 5 mortos de uma mesma família e um desaparecido.
     O nome “Grota” denuncia uma área de risco. Não podia estar ocupada e não creio que as autoridades locais ignorassem. É farto o arsenal de leis proibindo esses tipos de ocupação ao menos desde 1979, com a Lei Lehmann. Admitir sua ocupação e deixá-la ocupada é crime. Mas ninguém liga, mesmo os MPs. As tragédias se sucedem, as autoridades choram lágrimas de crocodilo, culpam as chuvas e recebem polpudas verbas emergenciais para atender aos flagelados e evitar novos dramas. As vítimas com alguma sorte recebem uma casinha para sair na televisão, a maioria fica no mesmo lugar com a esperança de receber sua ajuda logo desaparecida com os cifrões das verbas.
Diário do Poder
     É incrível que a grande maioria das cidades brasileiras em pleno século XXI continuem sendo vistas e geridas pelas autoridades como um butim eleitoral a ser negociado à margem da ciência do urbanismo e suas áreas afins. Jamais como um espaço complexo destinado a produzir qualidade de vida para seus habitantes. Em troca de votos e favores permitem e às vezes até promovem a ocupação dessas áreas de risco. Depois as tragédias acontecem a culpa é colocada em São Pedro por conta de “chuvas nunca vistas antes” e coisas que tais. O saudoso professor Domingos Iglesias ensinava que os corpos hídricos respiram, enchem e esvaziam em uma frequência histórica conhecida. As chuvas e as cheias são normais e não podem continuar sendo desculpas para a mortandade evitável de todos os anos. Se as chuvas e as cheias são normais, por sua vez as mortes e o desabrigo são criminosos.
     Ano passado proferi palestra por honroso convite do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil em seu Seminário Nacional de Política Urbana realizado em Brasília na qual levei a uma plateia técnica ampliada a proposta de criação de uma lei de responsabilidade urbanística, nos moldes da Lei de Responsabilidade Fiscal que vem mostrando êxito crescente. Já explicada aqui algumas vezes em meus artigos, a ideia é criar um cadastro técnico ou um mapa de ocupação para alguns indicadores de controle urbano, como por exemplo o número de moradias em áreas de risco (áreas alagáveis, encostas, linhas de alta tensão, gasodutos, etc.), em Áreas de Preservação Permanente, em áreas públicas (praças, áreas para equipamentos públicos, etc.) ou áreas parceladas fora da Zona Urbana.
     A existência de tais mapas técnicos subsidiaria uma avaliação anual da expansão ou retração desses indicadores, possibilitando estabelecer metas anuais de retração e punir severamente aquelas autoridades, em especial prefeitos que ao final dos mandatos deixassem expandir esses números. A proposta foi bem recebida e até destacada como uma das principais contribuições daquele Seminário. Foi lembrada na edição deste ano, só. Enquanto isso as pessoas morrem e os responsáveis permanecem incólumes, prontos para outras eleições, para debulhar outras lágrimas na tv e, como não, prontos para abiscoitar outras polpudas verbas trazidas pelas tragédias de todos os anos.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

O DUTRINHA E A BANANA

Torcida do Mixto no Dutrinha - OlharEsportivo
José Antonio Lemos dos Santos
     Eu que acompanho o futebol mato-grossense desde os meus 8 ou 9 anos, seja no Dutrinha, no Verdão e agora na magnífica Arena Pantanal, não posso deixar de aplaudir a conquista da Copa Verde pelo Luverdense em Belém diante de 30 mil torcedores, trazendo de volta o importante troféu para Mato Grosso, conquistado antes pelo Cuiabá. O futebol há muito deixou de ser coisa de “malandro”, de aluno “gazeteiro”, para ser hoje uma das maiores indústrias do mundo. Trabalhando com a paixão e habilidade futebolísticas quase naturais dos brasileiros, tornou-se importante fonte de emprego e renda, uma grande alternativa aos jovens à violência e às drogas, se bem trabalhada.
     Mas, não é o caso em Cuiabá e Mato Grosso, salvo pela iniciativa da Arena da Educação, oportunizada por um fantástico equipamento de R$ 600,0 milhões que pressiona local e nacionalmente o governo a alguma atitude de preocupação e carinho para com aquele vultoso patrimônio público. Bom que a oportunidade esteja sendo bem aproveitada pela Seduc estadual, inclusive fazendo escola literalmente para outras arenas pelo Brasil, como a de Itaquera que embarcou na ideia. Tomara que iniciativas como essa se disseminem em outros setores também.
     Infelizmente parece que vai ficar na Arena mesmo, é só ver o que estão fazendo com o Dutrinha, ícone da história do esporte em Mato Grosso e em Cuiabá. Solo sagrado do futebol em nosso estado. Naquele campo jogaram Pelé, Garrincha, Zico, Nilton Santos, Djalma Santos, Mazurkiewicz, Katalinski, dentre outros grandes deuses do futebol mundial. Dentre os locais, Ruiter, Bife, Glauco, Tom, Frank, Nélson Vasquez, Fulepa, Almiro, entre muitos. Destes só não vi no Dutrinha o Pelé. Pois é, o nosso templo sagrado encontra-se fechado a mais de 2 anos após uma manifestação irrefletida de uma apaixonada torcida local, que só não atingiu os alvos agredidos justamente pela proteção que o estádio oferecia do acesso ao gramado até os vestiários. Ainda deve ter esse vídeo na internet. O árbitro do jogo pediu punição ao time e à torcida infratora, mas o Juizado do Torcedor preferiu punir o estádio, que estava recém reformado com a construção de rampas, sanitários, pintura, etc. Semelhante àquela piada do marido traído que preferiu vender o sofá para demonstrar sua firmeza. A prefeitura, dona do imóvel após uma aquisição complicada, agarrou-se a essa decisão judicial para manter o Dutrinha fechado evitando gastos e trabalho. Esperava-se uma outra postura desta nova administração municipal.
     A interdição prolongada do Dutrinha pune não só o equipamento físico, mas a história do esporte mato-grossense e principalmente o jovem cuiabano/várzea-grandense que fica sem o palco inicial para exibir suas habilidades e quem sabe firmar-se na vida como profissional. Agora está previsto para início de junho o campeonato sub-19 e os times de Cuiabá e Várzea-Grande simplesmente não tem onde jogar, arriscando esta geração a perder a oportunidade que pode ser única. Pune o futebol americano, bicampeão brasileiro que está obrigado a jogar em Acorizal, pune o rugby e até o beisebol. A recente queda do muro do Dutrinha explicita o desrespeito de nossas autoridades aos jovens fechando uma porta de oportunidades saudáveis para eles. À juventude as bananas, “tô nem aí!” como diria o outro.
     Falando em bananas, continua a novela da recém famosa “ilha da banana”, no entorno da área tombada pelo Patrimônio Histórico Federal. Depois que permitiram a degradação e a descaracterização total daquela área, tratá-la hoje como patrimônio histórico parece-me um deboche para com a história e a cultura cuiabana e mato-grossense. Outra banana. Talvez aí a origem do nome da “ilha” que tanto me perguntam.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

DESABAFO E ESPERANÇA

oglobo.globo.com

José Antonio Lemos dos Santos

     Como cuiabano e urbanista poderia estar comentando sobre os 269 anos de Mato Grosso, o estado campeão, ou o heptacampeonato estadual conquistado pelo Cuiabá em 11 anos de existência, ou ainda falar diretamente sobre o Projeto de Lei da prefeitura propondo o absurdo da regularização de malfeitorias urbanísticas, ou mesmo a ação do Ministério Público em relação às ocupações da Beira Rio. Mas não, vou tentar concluir a trilha dos artigos anteriores sobre as eleições proporcionais em nosso país.
     Por que uma pessoa que se apresenta como arquiteto e urbanista insiste em falar sobre política sem nenhuma autoridade técnica ou militância na área? A consciência cidadã angustia a todos os brasileiros com um mínimo de responsabilidade nesta triste quadra pela qual passa o Brasil. Aos que trabalham com o urbanismo talvez a angústia seja maior pois, além da responsabilidade cidadã de todos, seu objeto específico de trabalho é a cidade cujos governos nos países de fato democráticos são escolhidos através do voto em eleições que expressam a vontade do povo, da cidadania, seu verdadeiro dono. Infelizmente a insipiente democracia brasileira seguiu caminhos diversos. É vã a missão técnica voltada para o desenvolvimento da cidade com qualidade de vida para seus habitantes, se as autoridades responsáveis pela aplicação dos estudos, planos e projetos não têm o menor compromisso com o cidadão e a cidade que deveriam representar.
     Como urbanista dedicado ao estudo das cidades e de nossa cidade em particular, sinto-me como um palhaço, mas sem frustração porque perder é decorrência de ter lutado. Resta-me agora espernear, ao menos desopilar o fígado através destas reflexões que se tivessem outras ambições, talvez fosse a de estimular os jovens futuros colegas ou não colegas também a refletir, entendendo que a Política (com “P” maiúsculo) é fundamental para a vida do país e das cidades, ela que foi surrupiada à cidadania brasileira por interesses escabrosos em “tenebrosas transações”, expressão usada por Chico Buarque em outros tempos. O que leva um urbanista a refletir sobre Política é o desabafo, mas também a esperança de um dia as cidades serem respeitadas em suas verdadeiras dimensões técnica e política em favor do bem-estar e da qualidade de vida de seus habitantes.
     Lembro o papa Francisco em visita ao Brasil, quando disse que o “futuro exige hoje a tarefa de reabilitar a Política, que é uma das formas mais altas da Caridade.” Deixou-nos um desafio e uma lembrança que eu custei a captar, a Política como “uma das formas mais altas da Caridade”, afirmando, com a ênfase da repetição, ser urgente reabilitá-la. Como assim? Nada mais “nada a ver” no Brasil do que Política e Caridade. Tão absurdo que à primeira vista cheguei a pensar numa escorregadela do Sumo Pontífice, uma bobagem. Mas para um católico o papa não fala bobagem e aprofundei-me em sua fala, que acabou me conduzindo à lembrança de que o político deveria ter como meta a “res-publica”, o bem comum, dedicando sua vida a esse objetivo maior, entendendo seu próprio bem particular como uma extensão do bem de todos. Aí entendi o sentido caridoso da verdadeira Política. Na verdade, aí aprendi o grandioso projeto da Democracia pelo qual continua valendo a pena lutar. Mais que nunca.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

JOIAS DA ARQUITETURA EM MATO GROSSO 16

José Antonio Lemos dos Santos

Aos alunos costumo dizer que vivemos dentro de um livro vivo de Arquitetura, à cores, 3D, gratuito, sem contra-indicações, não engorda nem dói seu manuseio.  E Cuiabá e Mato Grosso tem muito a nos encantar e ensinar em termos de arquitetura, Basta passear pela cidade e pelo nosso estado com olhos de ver e cabeça aberta para entender, registrar em fotos, tirar selfies e arquivá-las no computador. Tentando ajudar os estudantes, profissionais ou simples amantes da Arquitetura seleciono em uma série semanal importantes projetos arquitetônicos e urbanísticos localizados em Mato Grosso, pouco reconhecidos pelo público local. As JOIAS anteriores podem ser buscadas no "procurador" acima, do lado esquerdo. escreva "joias" e clique na lupinha.

16 - ARENA PANTANAL
CircuitoMT

Projeto do arquiteto Sérgio Coelho, com o escritório GCP Arquitetos para a Copa do Mundo de 2014, constitui hoje em Cuiabá, além do espaço do futebol profissional local,  um amplo espaço público intensamente utilizado pela população para atividades de lazer e atividades esportivas diversas.

RodrigoBarros

Em uma solução compacta atende a um programa que envolve sustentabilidade, adaptação ao clima, economicidade e multifuncionalidade. Quando em construção foi considerada o sétimo melhor projeto de estádio em construção no mundo pelo jornal "El Gol Digital", site espanhol especializado em futebol.

José Afonso
 Com capacidade para 44 mil espectadores foi muito bem sucedida durante a Copa e considerada pelos cronistas estrangeiros como a mais funcional das arenas. Denominada Arena Pantanal, utiliza
sua multifuncionalidade prevista no projeto, para, alem do Futebol e do Futebol Americano, abrigar a Escola José Fragelli destinada a aliar a Educação ao Esporte na formação de atletas e cidadãos, constituindo a Arena da Educação, solução pioneira em termos de equipamentos esportivos deste porte.




domingo, 7 de maio de 2017

LISTAS OCULTAS

pso150.org
José Antonio Lemos dos Santos

     Que me perdoem os especialistas, mas insisto na questão das eleições proporcionais pois os artigos anteriores não comportaram as lições das últimas eleições. Argumento que nas verdadeiras democracias é essencial que existam as eleições majoritárias e as proporcionais, uma focalizando o cidadão político e outra, os partidos, mas que, nas proporcionais é indispensável a publicação das listas dos candidatos por partido ou coligação para conhecimento do eleitor. Esta é a tese. A não publicação de tais listas, como acontece hoje, engana o eleitorado já que ao votar em um candidato o eleitor pode eleger outro que às vezes nem queria, e essa brecha eleitoral é usada pelos caciques políticos para sua manutenção no poder, reelegendo-se ou elegendo apadrinhados. E a culpa cai no eleitorado, que é ludibriado, chamado de burro, venal e ainda paga as contas.
     Os resultados da última eleição para deputado federal em Mato Grosso, por exemplo, são eloquentes. Sem discutir o mérito dos candidatos, nem voltar aos 65% do eleitorado que não votaram nos eleitos, abordado no artigo anterior, o quociente eleitoral para a Câmara Federal em 2014 foi 181.826 votos, ou seja, este foi o “preço” em votos de cada uma das cadeiras para deputado federal em Mato Grosso. Mesmo o candidato eleito com maior votação precisou de 54.077 votos dados a outros candidatos de sua chapa para inteirar a cadeira que ocupa. O caso do menos votado é incrível. Recebeu 62.923 votos, isto é, cerca de um terço dos votos necessários para a conquista da cadeira que ocupa em Brasília. Para inteirar o “preço” precisou de 118.903 votos a mais, quase o dobro de sua votação nominal, votos que não foram dados a ele e sim a outros companheiros de chapa.
     O caso dos vereadores eleitos em Cuiabá retrata em cores ainda mais nítidas o quadro absurdo, mesmo sem lembrar que 79% do eleitorado não votaram nos eleitos, tratado no artigo anterior. O quociente eleitoral ficou em 11.939 votos e o mais votado teve 5.620 votos, isto é, menos da metade do precisava para ser eleito, ou seja, 6.319 dados a outros candidatos ajudaram a elegê-lo. O último eleito, teve 1.938 votos e para se eleger precisou de mais 10.001 votos dados a outros!
     Na última eleição para vereador tive a pachorra de montar as listas com todos os candidatos por partido ou coligação buscando nome por nome no site do TRE e postei no meu blog. Muitos leitores disseram ter ajudado na definição de seu voto. Mas, o caso especial foi com um colega ao qual perguntei se já havia escolhido seu candidato e respondeu que sim. Pedi então que identificasse nas listas seu candidato. Subiu pelas paredes ao saber que na mesma lista se encontrava uma pessoa que ele achava que não podia nem ser candidato. Disse que mudaria o voto. Depois da eleição ele me procurou dizendo que não havia mudado o voto pois o cara era seu padrinho e que já havia prometido, mas que no dia após a eleição ligou para o candidato afirmando que na próxima não votaria caso continue em grupos com candidatos daquela qualidade. Podia ser assim sempre. Esperança!
     Mas estão eleitos afinal, certo ou não, parece legal, é assim que as eleições acontecem no Brasil e não teria problema um ser eleito com voto do outro, assim são as eleições proporcionais, cujos votos nunca são perdidos. O problema é que aqui os eleitores cujos votos completam o quociente eleitoral não sabem a quem seu voto poderá eleger. Seria de seu gosto a (re)eleição do candidato que foi eleito com seu voto? Passadas as eleições, estes eleitores já sabem quem de fato elegeram? Algum dia saberão? Ao menos para cobrar dos eleitos. Saber quem seu voto elegeu deveria ser um direito básico do eleitor. Ou não?

domingo, 30 de abril de 2017

PRÉ,PÓS E OCULTAS

Billy Boss Câmara

José Antonio Lemos dos Santos


     É comum nas redes sociais vídeos com bancos de dados sobre políticos brasileiros buscando orientar os eleitores para que, bem informados, não votem “errado” (re)elegendo os conhecidos “fichas-sujas”. É a velha ladainha de que brasileiro não sabe votar. De fato, tais informações são importantes para a renovação do quadro político, mas não é por falta delas que são eleitos aqueles de sempre.
     É injusto dizer que o brasileiro não sabe votar seja por falta de informações, irresponsabilidade cívica ou safadeza mesmo, ao menos nas condições atuais em que são realizadas as eleições proporcionais, base da formação de todo o nosso quadro político. Nestas começam a ser formados os futuros políticos que sustentam os velhos caciques que os apadrinham. Ao invés, os resultados das últimas eleições proporcionais mostram que o eleitor tem evitado os maus políticos. Falta-lhe, entretanto, conhecer aquilo que é fundamental nas eleições proporcionais, as listas dos candidatos por partido ou coligação. Por querer ou sem querer estas listas no Brasil não são publicadas, sonegando ao eleitor uma informação básica. Como sabemos, nas eleições proporcionais o voto nunca é perdido, o eleitor vota nas chapas ou listas dos partidos definindo o número de cadeiras a serem conquistadas, sendo eleitos para ocupá-las apenas os mais votados. Assim, sem conhecimento das listas, o eleitor pode escolher um ótimo candidato e eleger um outro que ele não queira. Desconhecendo as listas nas quais vota de fato, fica como um bobo, escolhe um e acerta outro. Sem a publicação das listas, tanto faz serem pós ou preordenadas, “abertas” ou “fechadas”, como se discute hoje a pretexto de uma reforma política. O eleitor continuará sendo enganado.
     Sem discutir a qualidade dos candidatos, mas tomando por exemplo, as últimas eleições para a Câmara Federal em Mato Grosso temos que os candidatos eleitos não tiveram em seu nome nem sequer a metade dos votos dados a todos eles, eleitos e não eleitos. Apenas 45%. Isto é, 55% dos que votaram para deputado federal votaram em outros candidatos, votos que somados pela legenda definiram os escolhidos para as 8 cadeiras, cada uma valendo 167.664 votos. Pior, contando com as abstenções a proporção dos que votaram nos candidatos eleitos fica restrita a 35%, isto é, em cada 3 eleitores inscritos apenas 1 votou nos eleitos! Como dizer que os eleitores os elegeram?
     Nas eleições de 2016 para vereador em Cuiabá a situação é mais aberrante pois dos 283.121 votos válidos dados aos candidatos (votos nominais) apenas 86.885 foram diretamente nos eleitos, menos de 1 em cada 3 (31%)votos foram dados aos eleitos, ou seja, 196.236 eleitores votaram diretamente em outros candidatos. Considerando todo o eleitorado de Cuiabá com seus 415.098 eleitores fica pior pois de cada 5 eleitores cuiabanos apenas 1(21%) votou nos eleitos, ou seja, um total de 328.213(79%) escolheram faltar as eleições, anular seu voto, votar em branco ou em outros candidatos, não nos eleitos.
     Tem algo muito errado aí, e não é o eleitor. Certo que nas eleições proporcionais realmente democráticas não há mal o eleitor votar em um e eleger outro. A diferença é que nas democracias avançadas o eleitor conhece a lista dos que podem ser eleitos com seu voto. Aqui não, o eleitor às cegas tenta acertar seu voto em uma lista oculta, habilmente montada pelos caciques para se reelegerem sempre. Assim, além de enganado, o eleitor paga a conta e ainda leva a culpa.

sábado, 22 de abril de 2017

JABUTICABA ELEITORAL

economia.uol.com.br

José Antonio Lemos dos Santos

     Dizem que a jabuticaba só dá no Brasil, e não duvido pois temos algumas outras coisas especiais que também só existem no Brasil. A genial, ou geniosa, tomada dos três pinos, por exemplo. Os aparelhos daqui não ligam nas tomadas do exterior e os de lá não ligam nas daqui. Nossos aparelhos antigos não servem nas novas tomadas e as antigas não servem nos novos. Nunca achei razoáveis as explicações para tanta complicação. Aliás, agora com a Lava-Jato revelando leis compradas por interesses escusos, seria oportuna uma investigaçãozinha sobre a lei criadora dessa nossa jabuticaba elétrica.
     Mas temos também nossa jabuticaba eleitoral. Todos sabem que os países de democracia mais avançada no mundo usam dois tipos de eleições combinadas: proporcionais e majoritárias. Essa combinação parece indispensável pois as democracias não vivem só de indivíduos isolados, mas também de cidadãos com ideais políticos comuns que formam os partidos políticos. Por isso nas majoritárias vota-se em indivíduos e o mais votado ganha, é bem simples. Já nas proporcionais vota-se nos partidos através de uma chapa, ou lista de candidatos oferecida ao eleitor. Nestas os votos nos candidatos contam primeiro para seus respectivos partidos e a totalização desses votos identifica uma proporcionalidade no conjunto do eleitorado definindo o número de cadeiras conquistadas pelos partidos. Estas cadeiras são ocupadas pelos candidatos mais votados de cada chapa ou lista. O voto dado a um candidato vale para todos da mesma chapa, sendo eleitos apenas os mais votados. O voto proporcional nunca é “perdido”, e assim é óbvio que nesse tipo de eleição as listas têm que ser públicas, do conhecimento do eleitor para que ele possa escolher seu candidato sabendo também quem seu voto pode eleger. Mas aqui no Brasil essas listas ou chapas não são dadas ao conhecimento do eleitor, são ocultas, permitindo aos caciques partidários montarem chapas que assegurem suas (re)eleições, ou de seus apaniguados, e ficam escondidinhos lá dentro delas. O eleitor não sabe que na maioria das vezes seu voto vai eleger alguém que ele não queria ver eleito de jeito algum. E um absurdo desses certamente só acontece no Brasil. É a nossa jabuticaba eleitoral.
     Agora com o aperto da Lava Jato nossos caciques resolveram mexer com a Reforma Política, conhecida a décadas como indispensável, a mãe de todas as reformas. Pena que só o desejo de autopreservação os mova. De qualquer forma, enfim discute-se hoje as listas das eleições proporcionais. Falam em “lista aberta” e “lista fechada”. A primeira é uma lista de candidatos cuja ordem de preferência para ocupação das cadeiras será definida pelo eleitor na votação. Por isso é também chamada de “pós-ordenada”, parece com a nossa atual, mas só parece. Já a “lista fechada” é uma lista de candidatos cuja ordem de preferência é definida nas convenções partidárias, antes das eleições, por isso é também chamada de “pré-ordenada”. Em ambas a publicação é essencial.
     Usadas no mundo democrático, qualquer uma das duas é melhor que a nossa ardilosa jabuticaba eleitoral, desde que sejam do conhecimento do eleitor, publicadas massivamente. Nossa jabuticaba eleitoral é oculta, aí a fatal diferença. Prefiro as “pré-ordenadas”, pois, ao invés do que temem alguns, elas destacarão os nomes dos canalhas em seus topos, arrancando-os do escondidinho das listas ocultas que vêm garantindo suas sucessivas (re)eleições. Aí os brasileiros mostrarão que sabem votar expurgando os maus políticos da vida pública nacional.

terça-feira, 18 de abril de 2017

JOIAS DA ARQUITETURA EM MATO GROSSO 15


José Antonio Lemos dos Santos

Aos alunos costumo dizer que vivemos dentro de um livro vivo de Arquitetura, à cores, 3D, gratuito, sem contra-indicações, não engorda nem dói seu manuseio.  E Cuiabá e Mato Grosso tem muito a nos encantar e ensinar em termos de arquitetura, Basta passear pela cidade e pelo nosso estado com olhos de ver e cabeça aberta para entender, registrar em fotos, tirar selfies e arquivá-las no computador. Tentando ajudar os estudantes, profissionais ou simples amantes da Arquitetura seleciono em uma série semanal importantes projetos arquitetônicos e urbanísticos localizados em Mato Grosso, pouco reconhecidos pelo público local.

15 - CATEDRAL DE SÃO LUIZ
       CÁCERES
Wilson Kishi - ZakiNews
  Sua pedra fundamental foi lançada em 25 de outubro de 1919 com projeto de  LEÒN JOSÉPH MOUSNIER,  em perfeito exemplar do NEOGÓTICO.  Inaugurada em 25 de agosto de 1965, tem uma irmã em Cuiabá, filha do mesmo autor e do mesmo estilo.

MatheusFreitas

Do livro TEMPLOS SECRETOS, de Alex de Matos
 O arquiteto LÈON JOSÉPH MOUSNIER era francês, construtor e arquiteto, teria recebido o título de "Conde de Manoir", e por motivos desconhecidos foi excomungado n França e por isso teria vindo para a América do Sul onde se dedicou a projetar e construir templos, deixando exemplares na Argentina, Bolívia e Paraguai, provavelmente construiu na França e no Brasil projetou e construiu as igrejas do Bom Despacho em Cuiabá  e a Catedral de Cáceres, tendo morridoenquanto as obras estavam ainda nas fundações. Está enterrado dentro desta Catedral.

NOTA: Informações baseadas no site JornalOeste de Cáceres e no livro TEMPLOS SECRETOS  do arquiteto e urbanista ALEX DE MATOS, livro que recomendo com especial ênfase pela qualidade de suas informações tratando da arquitetura no estado e ao mesmo tempo conta uma parte da história de Mato Grosso.

14 - PONTE SÉRGIO MOTTA
       CUIABÁ/VÁRZEA GRANDE


OlharDireto

Localizada sobre o rio Cuiabá é a primeira ponte estaiada no Brasil totalmente em concreto pré-moldado e a terceira estaiada. Tem 327 m de comprimento e 52 m de altura com a importante e pouco percebida característica de não tocar no rio nem quando foi construída. Essa a razão de ser estaiada. Esta preocupação não foi considerada nas outras pontes construídas no mesmo rio. Esperemos que os cuidados ambientais sejam levadas em conta nas próximas pontes em projetos para a ligação Cuiabá/Várzea Grande.

wap.cotidiano

Projetada e construída pela empesa italiana RIVOLI  por iniciativa do então governador DANTE DE OLIVEIRA, foi inaugurada em 27 de março de 2002 com a presença do presidente da república. Tive a sorte de definir sua localização na malha viária da Região Metropolitana do Cuiabá,  junto a outros colegas do antigo IPDU. Sua ideia era constituir com a Dom Orlando Chaves, a Miguel Sutil e avenida Parque do Barbado uma via estrutural em espiral abrangendo os principais setores da Grande Cuiabá.

mapio.net

     Às vésperas de completar seus 15 anos, a Hercílio Luz, a Golden Gate de Mato Grosso é totalmente desconsiderada enquanto monumento urbano dos mais belos do Brasil, sem a manutenção e a iluminação cenográfica com que são tratados monumentos desse tipo em qualquer lugar do Brasil e do mundo. Uma pena.


13 - IGREJA NOSSA SENHORA SANTA ANNA
       CHAPADA DOS GUIMARÃES 


Casa da Ínsua - Castendo - Portugal

Em um autêntico exemplo do estilo COLONIAL BRASILEIRO, foi o primeiro bem tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional em Mato Grosso. Conforme "Prospecto" da foto acima datado de 1780, portanto do século XVIII, quando Mato Grosso era comandado pelo seu 4º Governador e Capitâo General LUIZ D'ALBUQUERQUE DE MELLO PEREIRA E CÁCERES.

Foto Prof. José Maria Andrade 2017

Foi mandada construir em 1779 pelo Juiz do Fórum de Cuiabá, sr. JOSÉ CARLOS PEREIRA, o mesmo que fez a transferência da antiga Capela dado São Gonçalo (atual São Gonçalo Beira-Rio) para o Porto onde hoje se encontra a atual IGREJA DO SÃO GONÇALO, também esta umas de nossas joias arquitetônicas.

Foto Prof. José Maria Andrade 2017
Conta o site da prefeitura de Chapada (http://www.chapadamt.com.br/igrejadesantana.asp) que no mesmo ano de 1780, no dia 31 de julho,  3 meses após o início de sua construção,  foi benta
com toda a solenidade. concluída uma famosa igreja, coberta de telha, rebocada e caiada, com capela-mor, sacristia e casa para os párocos. Como pode se comparar pelas fotos atuais e pelo "Prospecto" de 1780, o edifício guarda perfeita integridade em suas características até hoje, com exceção das ausências das torres e da envasadura frontal sobre a entrada principal frontal.


Foto Prof. José Maria Andrade 2017

Talvez pela rapidez com que foi construída em 1921 a frente da Igreja desabou em plena missa solene, causando apenas susto aos fieis que lotavam a igreja. Ainda segundo o site da prefeitura, em 1923 foram contratados
os serviços de Anacleto Henrique de Carvalho para "levantar a frente da referida igreja em toda a sua extensão desde o inicio do alicerce. Estas obras de construção duraram até 1929." Foi consagrada à SANTA ANNA DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO.

NOTA: Baseado em informações do autor e do site da prefeitura municipal de Chapada dos Guimarães (http://www.chapadamt.com.br/igrejadesantana.asp)


12 - IGREJA NOSSA SENHORA DE GUADALUPE

Imagem ForróBuscai 

Projeto do arquiteto alemão HANS S. AMEN, aprovado pelo Conselho Paroquial e pelo Arcebispo de Cuiabá DOM BONIFÁCIO PICCININI em 1988 e com licença da prefeitura logo foi iniciada a construção sob a responsabilidades técnicas dos engenheiros civis PAULO NINCE,  REGINA CELIS BARROS NINCE e do arquiteto e urbanista JOSÉ AFONSO PORTOCARRERO pelo desenvolvimento do projeto arquitetônico no Brasil.

Imagem DroneCuiabá 

Aproveitando a declividade do terreno, o projeto desenvolveu-se em 2 pisos, com planta em formato de um barco, com seis pórticos em madeira laminada resultando em 12 colunas laterais à nave, tendo à frente a torre simbolizando Cristo e os 12 apóstolos.

Imagem SkyscrapperCity 

Esta postagem é baseada em imagens disponíveis na internet e no trabalho acadêmico dos alunos Amanda Neves, Mallú Bonetti, Veridiane Piccoli e Wanessa Souza.


11 - ESMAGIS-MT

   
anamages.org.br 

      Inaugurado em 3 de abril de 2008, o edifício da ESCOLA DOS SERVIDORES DA MAGISTRATURA DE MATO GROSSO  (ESMAGIS-MT) é resultado de um projeto arrojado do arquiteto e urbanista PAULO MOLINAFica em Cuiabá, no CPA junto à Praça das Bandeiras.

tjmt.jus.br

Iniciado em 2001 o projeto incorpora conceitos, materiais e tecnologia contemporâneos, em um feliz exemplo TARDOMODERNISMO  em sua vertente HIGH TECH, tirando proveito da acentuada declividade do terreno.


svg.eng.br 

Segundo o arquiteto o edifício procura inspirarar a ideia de que o NOVO é possível e acessível.

svg.eng.br




10 - LICEU CUIABANO

     Inaugurado em 1944 o LICEU CUIABANO tem sido uma das "joias" mais requisitadas pelos leitores. E com toda razão. Projetado e construído pela empresa Coimbra Bueno, firma que praticamente foi responsável pelas inúmeras obras modernizadoras de Cuiabá realizadas no período do Estado Novo.

Wikipedia

 Um magnífico exemplo do MODERNISMO ORGANICISTA utiliza materiais regionais, com seixos rolados e areia de rio de granulometria de alta precisão para dar a textura incomparável, embora muitos tenham tentado imitá-la sem sucesso.

Flickr

Flickr



Varanda das salas superiores.


WILLITS HOUSE - Internet


Sem dúvida que a inspiração veio da WILLITS HOUSE, de 1902, de FRANK LLOYD WRIGHT, fundador da vertente organicista do Modernismo então nascente na Arquitetura na virada do século XIX para o XX.

NOTA: Fotografias  não referenciadas são dos então alunos de Arquitetura e Urbanismo Josias da Silveira, Marcos Sponchiado e Maria Magdalena  Santamaria.


9 - SANTUÁRIO NOSSA SENHORA DO BOM DESPACHO


     Iniciada em 1918 com projeto de JEAN LOUIS MOUSNIER,  em perfeito exemplar do NEOGÓTICO.  Tem uma irmã em Cáceres, filha do mesmo autor e do mesmo estilo em Cáceres.


linhasjuridicas

Elevadíssimo conhecimento técnico e construtivo para  para projetar e executar esta autentica joia arquitetônica, perfeita em seus detalhes: nervuras, pináculos, trifórios, arcobotantes, contrafortes, arquivoltas, etc. Uma aula de arquitetura neogótica.

Fachada Principal - Sandra Saga/ Juliana Toniazzo 2006

Contemporânea da Catedral da Sé de São Paulo, dizem que foi fruto de uma competição entre os padres salesianos de origem italiana e os freis de origem francesa para ver quem fazia a igreja mais bonita. Fizeram duas joias, ambas neogóticas, uma com o tempero francês e outra com características  italianas. 
Nave Principal - Sandra Saga/ Juliana Toniazzo 2006

Segundo o arquiteto e urbanista Alex de Mattos, o projeto da Bom Despacho é pleno de simbolismos religiosos e esotéricos, e segundo ele a torre seria coroada com uma agulha, que não foi realizada.

Fachada Lateral - Sandra Saga/ Juliana Toniazzo 2006

Abside - Sandra Saga/ Juliana Toniazzo 2006






8 - COMPLEXO FORENSE DE CUIABÁ


Foto: Ricardo Castor

 Projeto do arquiteto e urbanista MARCELO SUSUKI, de 2004, inaugurado em 2005, foi considerado pelo site especializado ArcoWeb como um dos melhores projetos da primeira década do século. Suas características inovadoras e configuradas de acordo com as condições climáticas de Cuiabá deu "ao conjunto um aspecto que poderia ser resumido como high tech caboclo ou alta tecnologia dos trópicos" segundo o o mesmo site.

Imagem: Constructalia


Concebido em estrutura metálica, protegida por uma máscara solar em ripado, o complexo é sombreado por uma cobertura atirantada, com espaço interno intercalado com jardins, deixando distante a ideia dos antigos  e lentos "palácios" da Justiça indo em busca da agilidade do que poderia ser uma "fábrica" de Justiça, contemporânea da tecnologia e da problemática do mundo atual.

Imagem: Constructalia

Fantástico, embora nos remeta ao Centro Cultural George Pompidou, em Paris, de Norman Forster e Renzo Piano, indica também, ao lado da Arena Pantanal,  possíveis caminhos para uma arquitetura ambientalmente adequada à realidade climática dos trópicos em Mato-Grosso.

Imagem: Arcoweb


7 - ROSEHOUSE


Foto Rose Monteiro 2016

     De 1982 em Chapada dos Guimarães este exemplo do DESCONTRUTIVISMO na arquitetura, do arquiteto e urbanista LUIS CLÁUDIO BASSAM, avançadíssimo para os dias de hoje, imagina a 25 anos atrás.

Foto Rose Monteiro 2016


6 - CIRCUITO CARLOS BRATKE

     Durante as décadas de 1980 e 1990 Cuiabá teve a oportunidade de receber um conjunto de projetos do importante arquiteto paulista CARLOS BRATKE, falecido no último dia 9 de janeiro aos 74 anos. Em sua homenagem destaco o conjunto de sua obra na capital mato-grossense através de 6 dos mais expressivos desses seus projetos.  
     Àqueles que se interessarem, peço que votem no projeto que considerar mais significativo, aqui mesmo no blog no espaço para comentários, ou pelo face ou mesmo por e-mail. A ideia é fazer uma ordem de disposição das fotos conforme  a votação.   

Gênesis
Foto José lemos 2017


















Domus Aurea

Foto José lemos 2017

Domus Nobilis

Foto José lemos 2017


Palladium
Foto José lemos 2017

Terra Solis
Foto José lemos 2017

Centrus Tower (comercial)


Foto José lemos 2017

5 - ARMAZÉM OLIVEIRA  
     
     Perdida no meio do burburinho de automóveis, ônibus e pessoas da cidade de Cuiabá que cresceu, lá está meio escondida a pequena joia o ARMAZÉM OLIVEIRA, no cruzamento da Rua Joaquim Murtinho com  a Avenida Generoso Ponce (começo da Isac Póvoas a partir da Prainha). 

Foto José Lemos 2017

     Em um terreno de cerca de 140 m² o edifício de uso misto em 2 pavimentos (no nível superior residencial e comercial no térreo) teve sua construção iniciada em 1949 e concluída em 1950, por iniciativa do proprietário do lote, senhor RAYMUNDO PEREIRA DE OLIVEIRA cuja família continua preservando às suas expensas,  para a cidade e para o estado o importante patrimônio cultural da família.  Apesar de, segundo a família, ter sido tombado pelo Patrimônio Histórico, até hoje não recebeu qualquer ajuda ou incentivo oficial. Hoje é cuidada pelo neto do construtor,

Fachada da Rua Joaquim Murtinho - Foto José Lemos 2017

     Projetada  já ao final do apogeu da vertente MODERNISTA denominada ART DECO, pelo arquiteto alemão FREDERICO ORLAS e seu sócio o engenheiro civil lembrado apenas como sr, OLIVEIRA, trata-se de uma excelente síntese  das principais características deste estilo, cuja maiores expressões no mundo são o EMPIRE STATE BUILDING e o CHRYSLER BUILDING, ambos em Nova Iorque.  Valorização das entradas e esquinas e ornamentação destacando linhas e planos retas horizontais e verticais com inspirações mecânicas e aerodinâmicas, simetria, integração de Arquitetura e Design, 


Letras características do estilo  - Foto José Lemos 2017

Segundo o proprietário construtor nela foram usados tijolos comuns à tição e teria sido a primeira obra "particular" com estrutura em concreto armado em Cuiabá.



Detalhe da ornamentação - Foto José Lemos 2017


Esta postagem baseou-se em trabalho acadêmico da disciplina HISTÓRIA E TEORIA DA ARQUITETURA E URBANISMO da FAU - UNIC CUIABÁ, sob minha responsabilidade, realizado pelas então alunas
MARCIANA WIEGERT e ROSIANE CARRASCOZA, com informações buscadas em entrevista com o sr. Raymundo.


4 - EDIFÍCIO MICHELLE CLER 

Projeto de 1988 (ano de aprovação na Prefeitura) do arquiteto e urbanista MÁRIO BOCCARA, trata-se de um edifício residencial multifamiliar localizado em Cuiabá, MT, no Bairro Araés. Maiores e melhores informações serão bem vindas e acrescentadas.




As imagens acima são de 2007  das então alunas do curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIC-Cuiabá, em trabalho da disciplina História e Teoria da Arquitetura e Urbanismo III:  Fabiana Conera, Muryel Ferrer, Pricielly Barasuol e Valéria Murer.

Imagem José Lemos 2016



3 - ESPAÇO DO CONHECIMENTO SEBRAE-MT

A JOIA DA ARQUITETURA EM MATO GROSSO é o ESPAÇO DO CONHECIMENTO SEBRAE-MT, do arquiteto e urbanista JOSÉ AFONSO BOTTURA PORTOCARRERO,  localizado em Cuiabá, MT, teve seu projeto iniciado em 2007 e a obra foi concluída em 2010.


ecodesenvolvimento.org

Projeto bastante homenageado nacional e internacionalmente recebeu o certificado BREEAM (Building Research Establishment’s Environmental Assessment Method ) de sustentabilidade, e foi considerado o edifício mais sustentável em uso na América Latina. 



feiradoempreendedorpb.com.br

Visitado por empresários e estudantes de arquitetura em 2012 recebeu estudantes de arquitetura do Instituto Federal Suiço de Tecnologia de Zurique, tradicional instituição suíça fundada em 1854. 


belicosa.com.br

Para informações sobre visitas acesse o link http://www.espacodoconhecimento.org.br/?page_id=23




2 - PALÁCIO ALENCASTRO

A próxima joia é o PALÁCIO ALENCASTRO, em Cuiabá, 1960, projeto dos arquitetos BENJAMIN DE ARAÚJO CARVALHO  e  KARL SASS.

Maquete restaurada na FAU-UNIC    -     Foto José Lemos

Uma autentica aula de Arquitetura Modernista, versão reduzida em andares do famoso Ministério Da Educação e Saúde do Rio de Janeiro, de Le Corbusier e Niemeyer, contem os 5 pontos determinados pelo mestre francês para sua arquitetura funcionalista: PILOTIS, PLANTA LIVRE, FACHADA LIVRE, JANELAS ALONGADAS e TETO JARDIM, incorporando também os BRISE-SOLEIL.

Maquete restaurada na FAU-UNIC    -     Foto José Lemos

O edifício abrigava praticamente toda a estrutura da administração estadual, bem como o Tribunal de Contas do Estado, um salão para recepções, mezzanino para exposições e instalações para visitantes ilustres, dada carência da rede hoteleira na época. Hoje abriga parte da administração municipal da capital mato-grossense.

Maquete restaurada na FAU-UNIC    -     Foto José Lemos

Destacam-se nas fotos a beleza do TERRAÇO-JARDIM, conceito que não pode se confundir com o atual TETO-VERDE, e a transparência dos PILOTIS em cones invertidos permitindo perpassar dos jardins do Palácio Alencastro aos jardins da então Residência dos Governadores. Um edifício que merecia ser tombado pelo Patrimônio Histórico com a maior urgência. A inspiração sem nenhuma dúvida foi o Edifício do Ministério da Educação e Saúde no Rio de Janeiro, de Niemeyer, Lúcio Costa, Le Corbusier e outros, marco inicial do Modernismo na Arquitetura Brasileira.


NOTA- Agradeço a gentileza da Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UNIC, arquiteta e urbanista professora Paula Libos permitindo a utilização da maquete restaurada por sua iniciativa pelo estudante Gilberto Pavlovski. Sem a maquete seria impossível destacar toda a importância arquitetônica do edifício, dado seu estado de degradação, apesar de ser a sede da Prefeitura Municipal de Cuiabá.

NOTA 2- Essa maquete é a original, por isso mais importante ainda. Lembro-me lá por 1957, 58 dela exposta na vitrine da antiga Farmácia Araújo  que ficava em frente à Praça da República, vizinha à agencia da VASP, Casa Alberto e do Centro América Hotel, que ocupava os andares superiores do belo Edifício Tuffik Affi, cujo térreo era ocupado pela Loja Riachuelo. Ainda criança passava sempre por lá para admirar em maquete o grande edifício que ia ser construído em minha cidade. Com o surto de desenvolvimento trazido por Brasília, era o espírito da modernidade que invadia a cidade depois de décadas estagnada. Com ele muita coisa preciosa foi destruída como a antiga Catedral, o antigo Palácio Alencastro e o Edífício Tuffik Affi. Era a força da grana que retornava à cidade, ela que no dizer do Caetano Veloso "ergue e destroi coisas belas."  

1 - ABRIGO TAXISTAS

Foto José Lemos


      Uma série que início com o ABRIGO PARA TAXISTAS EM CUIABÁ. Embora pequena em dimensões físicas, uma das jóias mais valiosas da Arquitetura em Mato Grosso, do arquiteto ADEMAR POPPI, um exemplo da ARQUITETURA PÓS-MODERNISTA REGIONALISTA,  aquela que utiliza referências da cultura regional,  Infelizmente, a maioria dos exemplares em estado de abandono, ainda que cumprindo sua função principal de brigo para taxistas.  Este fica na Avenida do CPA, entre as lojas da Havan e do Comper, em Cuiabá,  Não fica em Paris mas merece uma visita. Posteriormente acrescentarei maiores dados.