"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 17 de março de 2009

A DESCOBERTA DO VERDÃO

José Antonio Lemos dos Santos


     Independente dos motivos da Fifa para prorrogar a divulgação das sub-sedes da COPA 2014, esse período adicional de 60 dias é uma oportunidade a mais para o desenvolvimento de ações que melhorem as condições de Cuiabá como pleiteante, o que já deve estar sendo programado pela comissão que trata do assunto. Ressalte-se a estratégia positiva e civilizada adotada pelos nossos organizadores, restringindo-se em trabalhar os projetos necessários e as potencialidades de Cuiabá e Mato Grosso para sediar o evento.
     Esta luta pela Copa já traz benefícios para Cuiabá, pois já promoveu a união de todos em favor do bem-comum que é a cidade, fato que me lembro só ter acontecido quando da luta pela instalação da Universidade Federal de Mato Grosso. Nem a visita do Papa alcançou essa unanimidade. O outro fato positivo é que, pela primeira vez, vejo nós cuiabanos buscando coletivamente os aspectos positivos da cidade, descobrindo surpresos que a cidade é emoldurada ao norte pela Chapada, coroada majestosamente ao sul pelo morro de Santo Antonio – o Toroari bororo - que tem os rios Coxipó e Cuiabá, o centro geodésico da América do Sul, e que além de suas belezas, Cuiabá é cercada por todos os lados pelas maravilhas de Mato Grosso. Enfim, começamos a trabalhar os pontos positivos da urbe cuiabana, descobrindo que podemos ter quase tudo que invejamos em outras cidades, mas que as outras cidades jamais poderão ter tudo aquilo que invejam em Cuiabá.
     O Verdão ressurge nestas descobertas como um dos mais belos estádios do Brasil, tendo sido por algum tempo o melhor gramado do país, trazendo-nos inclusive uma certa culpa por tê-lo relegado. Agora, diante da perspectiva de seu sacrifício em função das exigências da FIFA, o Verdão volta a chamar a atenção para ser conhecido, fotografado, estudado por alunos dos cursos especializados de Cuiabá como um belo exemplo de arquitetura, vanguarda na técnica das construções esportivas na época em que foi construído.
     Aliás, aumentar a presença do público no Verdão deveria ser uma das metas para esta prorrogação decisiva. Nesse sentido, ousaria dar uma sugestão de execução fácil e imediata. Como todo torcedor brasileiro acho que entendo muito de futebol, e como torcedor cuiabano desde os tempos de Bianchi e Fulepa até hoje – estou quase sempre entre aqueles 200 a 300 torcedores renitentes que garantem a platéia mínima sempre presente ao Verdão – entendo muito do futebol cuiabano. Pelo menos do ponto de vista do torcedor pagante. Entendo que o preço do ingresso é um dos principais motivos da ausência de torcedores no Verdão. Hoje é quase proibitivo. Muita gente quer ir ao Verdão e não pode. Só existem dois tipos de ingressos, a cadeira e a arquibancada coberta, cobrados a R$ 20,00 e R$ 10,00, respectivamente, muito embora o estádio ainda ofereça a alternativa da arquibancada descoberta, que, a meu ver poderia e deveria oferecida ao torcedor por um preço bem mais em conta, a R$ 2,00, por exemplo. Não seria necessário baixar os preços atuais, apenas voltar a usar a arquibancada descoberta, a um preço diferenciado, justo e mais acessível, afinal nesse setor o torcedor fica exposto ao sol e à chuva. Ao menos nestes 60 dias; se possível, sempre. Só seria preciso consertar duas cancelas na divisória dos setores. Haveria um público muito maior, refletindo melhor a paixão futebolística cuiabana que é muito grande e a ótima qualidade de sempre do nosso futebol, com a vantagem de colocar torcedores de frente para as câmeras de TVs e dos jornais, ocupando aquele imenso pedaço de arquibancada hoje abandonado, geralmente vazio, dando a falsa impressão de que não tem ninguém no estádio.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 17/03/2009)

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