"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 3 de março de 2009

MUDANDO PARA CUIABÁ

José Antonio Lemos dos Santos


     Nas últimas eleições municipais escrevi o artigo “Descentralização industrial” contestando a afirmação equivocada, repetida no calor da campanha, de que Cuiabá decrescia economicamente em virtude de algumas indústrias se instalarem no interior. Argumentei que as cidades não são sozinhas, mas estruturam-se em redes urbanas conforme uma hierarquização de funções a cumprir, como as diferentes peças de um motor dependem uma da outra para o sucesso do conjunto - da máquina ou da região que lhes dá origem e sentido.
     Assim, as cidades são diferentes entre si não apenas no tamanho, paisagem ou história, mas, diferenciam-se também pelo papel que desempenham na rede urbana, variando desde aquelas que estão próximas à base da produção primária, origem de toda a economia, até aquelas mais distantes, especializadas em níveis crescentes no suporte às atividades da base. Dessa forma, o que estávamos, e estamos assistindo, é conseqüência do extraordinário desenvolvimento de Mato Grosso, com novas cidades e a reconfiguração de sua rede urbana, jovem ainda, mas já em plena consolidação em alguns de seus pontos.
     Quando só existia Cuiabá como apoio urbano, todos os empreendimentos aconteciam em Cuiabá. Hoje com um interior que se urbaniza rapidamente, existem várias cidades bem organizadas e preparadas para receber os empreendimentos diretamente relacionados às suas economias locais e das regiões próximas, otimizando custos. Muitas atividades não precisam e nem devem mais se estabelecer em Cuiabá. Porém existe também o sentido inverso: Cuiabá passa a executar novas funções mais sofisticadas e especializadas que o desenvolvimento regional exige e tem que se preparar para abrigá-las em condições de maior eficiência possível. A “máquina” regional ajusta automaticamente seus componentes às necessidades em cada momento. Essa é a saudável verticalização da rede urbana, fruto da verticalização da economia regional, na qual ninguém perde e todos ganham.
     Nem bem passados quatro meses daquele artigo, eis que o dinamismo de Mato Grosso apresenta o outro lado da moeda, isto é, uma empresa surgida e desenvolvida no interior desloca sua matriz para o centro regional. Trata-se da mudança da matriz das empresas do Grupo André Maggi, de Rondonópolis para Cuiabá. A empresa inicial cresceu, expandiu seus negócios para todas as regiões do estado, norte do Brasil e quase todo o mundo. Também neste caso o que assistimos é apenas a acomodação natural de uma das peças de um grande grupo econômico na rede urbana do estado, da forma mais racional para todo o grupo. Mais uma vez ninguém perde e todos ganham. Até Rondonópolis, pois a nova instalação da matriz permitirá maior agilidade e fluidez na administração de seus negócios globais, com a saúde plena da empresa garantindo a continuidade e até a ampliação da geração de emprego e renda pelas unidades que permanecerão na cidade.
     Embora sem o mesmo porte, casos semelhantes já aconteceram e ainda acontecerão em Mato Grosso. Lembra a história do grupo Citylar, que em sua expansão também teve que fazer esta adaptação transformando-se hoje em uma das maiores redes de lojas do país, presente em quase todo o Brasil, orgulho dos mato-grossenses, como o grupo AMAGGI e várias outras empresas mato-grossenses de sucesso nacional e internacional. O avanço da globalização cobra sustentabilidade, otimização de custos com justiça social, parcerias co-laborativas e versatilidade nas estruturas com respostas rápidas e eficientes, em lugar da velha competição destruidora. É bem Mato Grosso em seu show mundial na busca desses novos caminhos.
(Publicado perlo Diário de Cuiabá em 03/03/2009)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Digite aqui seu comentário.