José Antonio Lemos dos Santos
A visita de Barack Obama ao Brasil no último fim de semana foi oportunidade para se relembrar Dutra, ao menos como um dos poucos presidentes que receberam um colega americano e o único presidente brasileiro a desfilar em carro aberto em Nova Iorque, com chuva de papel picado. Também foi chance para a mídia nacional lembrar a piadinha do Dutra recebendo Truman, uma piada como as que correm sobre todos os presidentes, em especial os com algum problema físico, no caso, de dicção, como o Lula e o rei da Inglaterra, que até ganhou Oscar por isso. Aliás, talvez também fosse oscareado um filme sobre esse pequeno cuiabano tatibitate, vendedor dos bolinhos de sua mãe nas ruas de Cuiabá, que pagou lavando pratos suas passagens para ir estudar, chegar à Presidência da República e entrar para a História do país. Foi e venceu, mantendo-se até o fim da vida como uma das maiores influências na política brasileira. Um orgulho nacional, um exemplo.
Injustiçado pela história e pela mídia, a grandeza de Dutra começa em sua origem humilde. Sua vida pública inicia como Ministro da Guerra, permanecendo nesse cargo por 9 anos - o mais duradouro dos ministros - onde criou a FEB e depois, com o apoio dos oficiais vitoriosos contra as ditaduras nazi-facistas européias, forçou a queda do ditador Getúlio. E de ministro foi a presidente, pelo voto do povo. Se não foi o melhor dos presidentes, foi, seguramente, um dos mais importantes pelas inovações que trouxe ao Brasil. Como presidente logo convocou a Constituinte organizando a volta do país à democracia. Eleito para um mandato de seis anos, e mesmo sendo presidente e o militar mais poderoso do país, curvou-se à nova Constituição aceitando os cinco anos que estabelecia. Aqueles que temiam a volta de Getúlio e queriam que ficasse o ano a mais a que teria direito, respondeu: “nem um minuto a mais, nem um minuto a menos”. Virou “o homem do livrinho”, o homem da nova Constituição Federal assinada por ele, a mais democrática que o Brasil já teve. Essa piadinha é pouco lembrada.
Dutra introduziu o planejamento no Brasil, com o Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia) e criou o CNPq, cuja Lei de criação é tida com a Lei Áurea da tecnologia brasileira. Implantou o hoje tão usado conceito de Produto Interno Bruto e pavimentou a primeira grande estrada no Brasil, a Via Dutra. Criou o Instituto Rio Branco, base da qualidade de nossa diplomacia, e a CHESF, e é dele também a criação do Estado Maior das Forças Armadas e da Escola Superior de Guerra, fundamento da inteligência estratégica nacional. É ainda de Dutra a criação do SESI e do SENAI, de onde saiu o Presidente Lula, e no seu governo foi inaugurada a TV no Brasil. Injustamente ficou com a culpa do fechamento do Partido Comunista, na verdade uma decisão do STJ. Por isso e por ter fechado os cassinos desagradou a esquerda, matriz dos historiadores, jornalistas e artistas da época, principais formadores da opinião pública, e foi jogado ao ostracismo.
Dutra foi também o responsável pela realização em 1950 da primeira Copa do Mundo no Brasil. Queria mostrar ao mundo um Brasil novo, com grandes cidades, que deixava de ser rural e se industrializava. Assim, constrói o Maracanã, o maior estádio de futebol do mundo, uma das razões para a fixação do futebol como paixão nacional. Daí que uma das principais promessas da Agecopa para a Copa do Pantanal é a criação do Memorial Dutra no local onde hoje funciona o Centro de Reabilitação Dom Aquino, no que poderia ter a parceria do SENAI nacional, numa justa e oportuna homenagem ao seu criador em sua terra natal, um presidente tão importante para os industriários brasileiros, para o futebol nacional e para o Brasil.
José Antonio Lemos dos Santos, arquiteto e urbanista, é professor universitário aposentado . Troféu "João Thimóteo"-1991-IAB/MT/ "Diploma do Mérito IAB 80 Anos"/ Troféu "O Construtor" - Sinduscon MT Ano 2000 / Arquiteto do Ano 2010 pelo CREA-MT/ Comenda do Legislativo Cuiabano 2018/ Ordem do Mérito Cuiabá 300 Anos da Câmara Municipal de Cuiabá 2019.
"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)
terça-feira, 22 de março de 2011
DUTRA, UM GRANDE PRESIDENTE
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domingo, 20 de março de 2011
REVENDO A ARQUITETURA EM MILLÔR
14 - Agora que sentei aqui na minha cadeira de madeira, junto à minha mesa de madeira, colocada em cima deste assoalho de madeira, e procuro um livro feito de polpa de madeira para escrever um artigo contra o desmatamento florestal.
13 - Por que é que continuam a chamar de tráfego uma coisa que não trafega? Ou de trânsito, se não transita? Ou de hora de movimento um momento em que todos os carros estão parados?
12 - Clássico é um escitor que não se contentou em chatear apenas os contemporâneos.
11 - A cadeira de balanço é um pouco mais móvel do que os outros móveis.
10 - É evidente que Deus, o supremo arquiteto, projetou o Brasil como uma sala de estar. Mas os proprietários preferiram usá-lo como depósito de lixo.
9 - E como dizem os australianos: o canguru foi a tentativa da natureza fazer um pedestre absolutamente seguro.
8 - A buzinada é uma forma de petrificar o pedestre na frente do carro afim de poder atropelá-lo mais facilmente.
7 - Estou convencido que os animais começaram bípedes e evoluíram até ficar de quatro.
6 - Viver é desenhar sem borracha. (Muito, muito antes do computador, 1971).
5 - Não somos unânimes nem sozinhos.
4 - Se voce tem que segurar a tampa do vaso enquanto faz pipi, está num banheiro de arquitetura pós-moderna.
3 - O que voce acha pior: Átila, que por onde passava deixava deserto eterno, ou o urbanismo moderno?
2 - O fato de uma pessoa ser grande autoridade em algum assunto não elimina a possibilidade de acertar de vez em quando.
1 - Se o homem das cavernas soubesse o que ia acontecer, teria ficado lá dentro.
Extraído do livro "Millor Definitivo - A Bíblia do Caos", Millôr Fernandes, L&PM POCKET, 2002
13 - Por que é que continuam a chamar de tráfego uma coisa que não trafega? Ou de trânsito, se não transita? Ou de hora de movimento um momento em que todos os carros estão parados?
12 - Clássico é um escitor que não se contentou em chatear apenas os contemporâneos.
11 - A cadeira de balanço é um pouco mais móvel do que os outros móveis.
10 - É evidente que Deus, o supremo arquiteto, projetou o Brasil como uma sala de estar. Mas os proprietários preferiram usá-lo como depósito de lixo.
9 - E como dizem os australianos: o canguru foi a tentativa da natureza fazer um pedestre absolutamente seguro.
8 - A buzinada é uma forma de petrificar o pedestre na frente do carro afim de poder atropelá-lo mais facilmente.
7 - Estou convencido que os animais começaram bípedes e evoluíram até ficar de quatro.
6 - Viver é desenhar sem borracha. (Muito, muito antes do computador, 1971).
5 - Não somos unânimes nem sozinhos.
4 - Se voce tem que segurar a tampa do vaso enquanto faz pipi, está num banheiro de arquitetura pós-moderna.
3 - O que voce acha pior: Átila, que por onde passava deixava deserto eterno, ou o urbanismo moderno?
2 - O fato de uma pessoa ser grande autoridade em algum assunto não elimina a possibilidade de acertar de vez em quando.
1 - Se o homem das cavernas soubesse o que ia acontecer, teria ficado lá dentro.
Extraído do livro "Millor Definitivo - A Bíblia do Caos", Millôr Fernandes, L&PM POCKET, 2002
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terça-feira, 15 de março de 2011
OS FRADES DO ANTIGO BOSQUE
José Antonio Lemos dos Santos
Bem-vindos os sacerdotes diocesanos que após 72 anos retomam a condução da antiga Paróquia da Boa Morte. Nada contra os novos pastores, que por certo seguirão os passos do monsenhor Trebaure, o “padrinho”, padrinho de batismo de minha mãe e de tantos e tantas como ela, crianças da Boa Morte da primeira metade do século passado, pelo qual mantiveram verdadeira devoção por toda a vida. E 72 anos não são 7 dias. Nesse ínterim chegaram os frades franciscanos e conquistaram os corações das gerações que se sucederam, ampliando os limites da Boa Morte para além do Quilombo, Araés e Cae-cae, acompanhando o crescimento da cidade, passando pelos altos do antigo Bosque Municipal, hoje Praça Santos Dumont, onde construíram a atual Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens. Levavam para um local mais amplo e apropriado a antiga capela do Lavapés (tinha uma lagoa na frente onde os viajantes lavavam os pés antes de chegar na cidade), quase que um oratório de tão mínima, criada e mantida por almas caridosas, dentre as quais Mariana de Jajá, minha tia-avó.
Morador da João Bento, no antigo Bosque, lembro da Mãe dos Homens ainda com as paredes pela metade sob a observação constante e severa do frei Quirino e segui sua construção admirado com a altura que alcançava, participando com a comunidade das quermesses, rifas, leilões, doações de todos os tipos que ajudaram na concretização do querido templo. Como as coisas demoram a acontecer quando a gente é criança. Vendo de hoje foi tudo muito rápido, só 5 anos, desde a primeira missa campal em 1955 até a igreja já praticamente concluída, por volta de 1960. Mas como demoraram a passar. Foi um custo, como diziam. Certamente essa obra tem um pouco ou muito a ver com a minha identificação com a Arquitetura. Não sei, nunca havia pensado nisso.
No antigo Bosque os frades construíram ainda o Educandário Santo Antonio, o Salão Paroquial, e mais recentemente um anexo comercial com salão de festas. E lá instalaram a caridosa Pia União de Santo Antonio. O velho Bosque se transformou. Certa ou errada a Prefeitura logo transformou o Bosque em uma praça, a atual Praça Santos Dumont, com o sacrifício na época de alguns tarumeiros centenários (diz’que juntava muita mosca) e de algumas outras árvores também antiqüíssimas depois. Mas a Praça ficou simpática, com a igrejinha e os palanques oficiais dos desfiles de 7 de Setembro que nela se instalaram até a uns poucos anos atrás. Hoje recebe uma feira semanal de alimentação e artesanato e é a plataforma de saída da monumental Caminhada da Paz, talvez a última das grandes obras franciscanas no antigo Bosque, tão monumental que seria conhecida no Brasil inteiro se acontecesse em qualquer outro centro melhor aquinhoado com a simpatia da mídia nacional. Mas já é um grande orgulho cuiabano e mato-grossense e não pode deixar de existir, agora maior do que nunca.
Domingo os frades deixaram o Bosque, o Cae-cae e a Boa Morte e o assunto não pode passar batido, afinal, 72 anos não são 7 dias para uma comunidade que aprendeu a conviver, amar e respeitar os frades, alguns churrasqueiros, corinthianos, outros com forte sotaque estrangeiro, motivos para inocentes piadinhas dominicais consentidas. Sei que muitos de minha geração têm outras tantas e tantas boas lembranças a narrar desse convívio. Pois é, ainda fragilizada por profunda dor recente, a comunidade franciscana de frades e fiéis se vê agora subitamente privada do seu velho relacionamento, como uma replicação maior de um tsunami original já bastante cruel, como se fosse uma pena, certamente imerecida. E La nave vá ... Que o Bom Jesus de Cuiabá abençoe os diocesanos e os frades do antigo Bosque.
Bem-vindos os sacerdotes diocesanos que após 72 anos retomam a condução da antiga Paróquia da Boa Morte. Nada contra os novos pastores, que por certo seguirão os passos do monsenhor Trebaure, o “padrinho”, padrinho de batismo de minha mãe e de tantos e tantas como ela, crianças da Boa Morte da primeira metade do século passado, pelo qual mantiveram verdadeira devoção por toda a vida. E 72 anos não são 7 dias. Nesse ínterim chegaram os frades franciscanos e conquistaram os corações das gerações que se sucederam, ampliando os limites da Boa Morte para além do Quilombo, Araés e Cae-cae, acompanhando o crescimento da cidade, passando pelos altos do antigo Bosque Municipal, hoje Praça Santos Dumont, onde construíram a atual Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens. Levavam para um local mais amplo e apropriado a antiga capela do Lavapés (tinha uma lagoa na frente onde os viajantes lavavam os pés antes de chegar na cidade), quase que um oratório de tão mínima, criada e mantida por almas caridosas, dentre as quais Mariana de Jajá, minha tia-avó.
Morador da João Bento, no antigo Bosque, lembro da Mãe dos Homens ainda com as paredes pela metade sob a observação constante e severa do frei Quirino e segui sua construção admirado com a altura que alcançava, participando com a comunidade das quermesses, rifas, leilões, doações de todos os tipos que ajudaram na concretização do querido templo. Como as coisas demoram a acontecer quando a gente é criança. Vendo de hoje foi tudo muito rápido, só 5 anos, desde a primeira missa campal em 1955 até a igreja já praticamente concluída, por volta de 1960. Mas como demoraram a passar. Foi um custo, como diziam. Certamente essa obra tem um pouco ou muito a ver com a minha identificação com a Arquitetura. Não sei, nunca havia pensado nisso.
No antigo Bosque os frades construíram ainda o Educandário Santo Antonio, o Salão Paroquial, e mais recentemente um anexo comercial com salão de festas. E lá instalaram a caridosa Pia União de Santo Antonio. O velho Bosque se transformou. Certa ou errada a Prefeitura logo transformou o Bosque em uma praça, a atual Praça Santos Dumont, com o sacrifício na época de alguns tarumeiros centenários (diz’que juntava muita mosca) e de algumas outras árvores também antiqüíssimas depois. Mas a Praça ficou simpática, com a igrejinha e os palanques oficiais dos desfiles de 7 de Setembro que nela se instalaram até a uns poucos anos atrás. Hoje recebe uma feira semanal de alimentação e artesanato e é a plataforma de saída da monumental Caminhada da Paz, talvez a última das grandes obras franciscanas no antigo Bosque, tão monumental que seria conhecida no Brasil inteiro se acontecesse em qualquer outro centro melhor aquinhoado com a simpatia da mídia nacional. Mas já é um grande orgulho cuiabano e mato-grossense e não pode deixar de existir, agora maior do que nunca.
Domingo os frades deixaram o Bosque, o Cae-cae e a Boa Morte e o assunto não pode passar batido, afinal, 72 anos não são 7 dias para uma comunidade que aprendeu a conviver, amar e respeitar os frades, alguns churrasqueiros, corinthianos, outros com forte sotaque estrangeiro, motivos para inocentes piadinhas dominicais consentidas. Sei que muitos de minha geração têm outras tantas e tantas boas lembranças a narrar desse convívio. Pois é, ainda fragilizada por profunda dor recente, a comunidade franciscana de frades e fiéis se vê agora subitamente privada do seu velho relacionamento, como uma replicação maior de um tsunami original já bastante cruel, como se fosse uma pena, certamente imerecida. E La nave vá ... Que o Bom Jesus de Cuiabá abençoe os diocesanos e os frades do antigo Bosque.
quinta-feira, 10 de março de 2011
A HORA É DE FAZER
José Antonio Lemos dos Santos
Ultimamente a dúvida que parece pairar no ar é se as obras da Copa ficarão prontas a tempo. Pelo menos esta é a pergunta que sempre me fazem, talvez pelo fato de ter trabalhado os assuntos da cidade por muito tempo e os amigos menos próximos pensem que eu ainda seja da Prefeitura, ou do antigo Aglomerado Urbano ou até mesmo que esteja na Agecopa. E a pergunta sempre vem: você acha que vai dar tempo? Será que vamos conseguir? Meio em tom de brincadeira tenho respondido lembrando que o magnífico Empire State, em Nova Iorque, que durante décadas foi o edifício mais alto do mundo, foi construído em 451 dias, e que Brasília, foi inaugurada após três anos de construção. Nem por isso perderam em qualidade. Na década de 40 o Empire State sofreu a colisão de um dos maiores aviões da época e resistiu praticamente ileso. Brasília e suas obras ainda orgulham todo brasileiro.
Certamente que para conseguir esse resultado foi necessária firmeza de decisão e persistência. Decisão decidida era decisão implantada, sem nhenhenhéns. Teve hora de decidir e hora de realizar. Uma dos episódios mais pitorescos da época da construção de Brasília, conta que o presidente JK um dia chamou todo seu ministério para conhecer a obra de Brasília que se iniciava. Em um dos pares de poltronas do avião sentarem-se Niemeyer e – logo quem? – nada mais nada menos que o ministro da Guerra, o Marechal Lott, aquele que havia garantido a posse do presidente, evitando um golpe de estado. O destino sabe ser cruel ou brincalhão às vezes, como nesta, colocando lado a lado o jovem arquiteto, um comunista convicto e o poderoso Marechal. Viagem longa – ainda não era tempo dos jatos puros de passageiros – o então General querendo talvez quebrar o gelo entre os dois, perguntou ao arquiteto se ele já havia decidido se o novo Quartel General seria em estilo Neoclássico ou Neogótico, e o arquiteto respondeu com uma outra pergunta: “ por que General, vocês vão voltar a guerrear com flechas e catapultas?” E acabou o papo. Não houve mudanças. O arquiteto continuou com seus projetos, o ministro com seu ministério, cada qual na grandeza de suas responsabilidades. Já pensaram se naquele momento fossem discutir a substituição de Niemeyer por um possível melindre do poderoso ministro? E Brasília foi inaugurada na data marcada e hoje um dos mais belos edifício de Brasília é justamente o Quartel General, o chamado Forte Apache, em estilo moderno da época, compatível com os caças a jato e o porta-aviões que o Brasil estava adquirindo.
É o caso da Copa do Pantanal. Houve o momento de discutir, agora é hora de fazer e cobrar. É hora de focar nas obras e serviços a serem implantados, senão, não haverá tempo. Não cabe agora a discussão de decisões já tomadas. Também não acho a Agecopa o melhor modelo de gestão, nem concordo com o novo aeroporto apenas para 2,8 milhões de passageiros/ano, assim como, preferia o Verdão com as três arenas, aproveitando ao menos em parte o antigo José Fragelli. São decisões já tomadas, assim como a escolha do BRT, que considero a correta por se tratar de uma tecnologia brasileira, com exemplos implantados no Brasil e no mundo, fazendo uso de energia produzida em Mato Grosso. Cheguei até a sugerir o nome de CuiaBus para o BRT cuiabano, com 100% de biodiesel, divulgando nossa tecnologia para o mundo. É executar.
A Copa do Pantanal para mim é um bem-vindo teste de qualificação e de desqualificação de nossos gestores públicos para o Tricentenário, em 2019, esta a festa mais importante para nossa cidade nos próximos anos. O cuiabano identificará corretamente os que merecerem ficar. A Copa do Pantanal, já mudou Cuiabá e os cuiabanos já não são mais os mesmos. Nem voltarão a ser como antes. A hora é de fazer. Mãos à obra!
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 10/03/2011)
Ultimamente a dúvida que parece pairar no ar é se as obras da Copa ficarão prontas a tempo. Pelo menos esta é a pergunta que sempre me fazem, talvez pelo fato de ter trabalhado os assuntos da cidade por muito tempo e os amigos menos próximos pensem que eu ainda seja da Prefeitura, ou do antigo Aglomerado Urbano ou até mesmo que esteja na Agecopa. E a pergunta sempre vem: você acha que vai dar tempo? Será que vamos conseguir? Meio em tom de brincadeira tenho respondido lembrando que o magnífico Empire State, em Nova Iorque, que durante décadas foi o edifício mais alto do mundo, foi construído em 451 dias, e que Brasília, foi inaugurada após três anos de construção. Nem por isso perderam em qualidade. Na década de 40 o Empire State sofreu a colisão de um dos maiores aviões da época e resistiu praticamente ileso. Brasília e suas obras ainda orgulham todo brasileiro.
Certamente que para conseguir esse resultado foi necessária firmeza de decisão e persistência. Decisão decidida era decisão implantada, sem nhenhenhéns. Teve hora de decidir e hora de realizar. Uma dos episódios mais pitorescos da época da construção de Brasília, conta que o presidente JK um dia chamou todo seu ministério para conhecer a obra de Brasília que se iniciava. Em um dos pares de poltronas do avião sentarem-se Niemeyer e – logo quem? – nada mais nada menos que o ministro da Guerra, o Marechal Lott, aquele que havia garantido a posse do presidente, evitando um golpe de estado. O destino sabe ser cruel ou brincalhão às vezes, como nesta, colocando lado a lado o jovem arquiteto, um comunista convicto e o poderoso Marechal. Viagem longa – ainda não era tempo dos jatos puros de passageiros – o então General querendo talvez quebrar o gelo entre os dois, perguntou ao arquiteto se ele já havia decidido se o novo Quartel General seria em estilo Neoclássico ou Neogótico, e o arquiteto respondeu com uma outra pergunta: “ por que General, vocês vão voltar a guerrear com flechas e catapultas?” E acabou o papo. Não houve mudanças. O arquiteto continuou com seus projetos, o ministro com seu ministério, cada qual na grandeza de suas responsabilidades. Já pensaram se naquele momento fossem discutir a substituição de Niemeyer por um possível melindre do poderoso ministro? E Brasília foi inaugurada na data marcada e hoje um dos mais belos edifício de Brasília é justamente o Quartel General, o chamado Forte Apache, em estilo moderno da época, compatível com os caças a jato e o porta-aviões que o Brasil estava adquirindo.
É o caso da Copa do Pantanal. Houve o momento de discutir, agora é hora de fazer e cobrar. É hora de focar nas obras e serviços a serem implantados, senão, não haverá tempo. Não cabe agora a discussão de decisões já tomadas. Também não acho a Agecopa o melhor modelo de gestão, nem concordo com o novo aeroporto apenas para 2,8 milhões de passageiros/ano, assim como, preferia o Verdão com as três arenas, aproveitando ao menos em parte o antigo José Fragelli. São decisões já tomadas, assim como a escolha do BRT, que considero a correta por se tratar de uma tecnologia brasileira, com exemplos implantados no Brasil e no mundo, fazendo uso de energia produzida em Mato Grosso. Cheguei até a sugerir o nome de CuiaBus para o BRT cuiabano, com 100% de biodiesel, divulgando nossa tecnologia para o mundo. É executar.
A Copa do Pantanal para mim é um bem-vindo teste de qualificação e de desqualificação de nossos gestores públicos para o Tricentenário, em 2019, esta a festa mais importante para nossa cidade nos próximos anos. O cuiabano identificará corretamente os que merecerem ficar. A Copa do Pantanal, já mudou Cuiabá e os cuiabanos já não são mais os mesmos. Nem voltarão a ser como antes. A hora é de fazer. Mãos à obra!
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 10/03/2011)
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quarta-feira, 9 de março de 2011
VIADUTO X PRESERVAÇÃO
Controvérsia entre os arquitetos Eduardo Chiletto e José Antonio Lemos dos Santos
Dê sua opinião.
Paticipe!
Sobre a intervenção no Centro Histórico: Viaduto x Preservação
Publicado em março 8, 2011 por Eduardo Chiletto
A globalização foi determinante na principal característica histórica do processo de urbanização em nosso país, a desigualdade, a exclusão territorial e o desrespeito pelo local. Ao longo de décadas foi-se construindo uma democracia interrompida, freqüentemente, por períodos ditatoriais e a poucas décadas atrás por uma política de desrespeito ao nosso patrimônio cultural – material e imaterial – uma verdadeira exclusão patrimônio-social-cultural visivelmente constatada nas cidades brasileiras e principalmente em nossa capital, Cuiabá, claramente observadas no entorno do nosso centro tombado.
Não podemos esquecer que o centro histórico de uma cidade é sua referência, o coração pulsante de uma cultura. Preservá-lo significa valorizar as tradições, as lendas, os mitos, o folclore, a civilização e nossa cidadania. Intervenções em áreas tombadas e em seu entorno podem vir a comprometê-la.
Deduz-se então que a intervenção de um viaduto projetado nesta área para atender as questões de mobilidade urbana comprometerá a visibilidade da área tombada e conseqüentemente nosso patrimônio histórico, principalmente a área remanescente do período da mineração, que compreende a igreja do Rosário e São Benedito, uma das principais referências culturais da nossa cidade.
Violar, macular esse patrimônio histórico artístico nacional tombado seria, no mínimo, um desrespeito aos nossos antepassados, à nossa cultura e à nossa nação. Um desrespeito a nós mesmos, à nossa cidadania.
Cuiabá necessita crescer sem conflitos entre o desenvolvimento urbano e seu patrimônio cultural. Os conceitos que embasam o Planejamento Urbano dão enfoque às questões ambientais concomitantemente, ou melhor expresso, como questões urbano-ambientais.
A problemática socioambiental urbana esteve intimamente ligada ao esgotamento sanitário, aos resíduos sólidos, à qualidade da água e à poluição (inclusive e, sobretudo em nosso caso, à poluição visual), que fazem parte da problemática urbana de Cuiabá e que devem se constituir prioridades da ação municipal.
Na atual abordagem urbano-ambiental a manutenção dos espaços públicos e a preservação do patrimônio histórico – material e imaterial – são objeto da gestão ambiental do território urbano, de modo que ativos históricos são enfrentados como um patrimônio da sociedade e, portanto, preservados em seu todo para serem desfrutados pelas gerações atuais e futuras.
No “projeto de desenvolvimento” apresentado pela AGECOPA a Avenida da Prainha é uma das vias prioritárias e um dos principais eixos de intervenção, mas se-gundo a divisão técnica do IPHAN, não há especificações nem detalhamento no projeto na área que a avenida delimita como área tombada. Isso é projeto de desenvolvimento?
Apesar de carioca da gema, sou com muita deferência cidadão mato-grossense… Como muitos que aqui se encontram. Não sou cidadão amazonense, baiano, paulista e muito menos curitibano… Nada contra sê-lo, pelo contrário. Mas ter o título de cidadania de um estado significa entre outras coisas, ter respeito à cultura de onde escolhi para viver. Respeito não só ao meu estado, mas à minha cidade, aos indivíduos que aqui residem e principalmente aos antepassados desta terra… Pessoas tão queridas que aqui viveram e deram tanto amor por esse local.
Os “paus rodados” que me desculpem, mas amar o lugar onde se vive, respeitar suas tradições, sua história e lutar para preservá-lo é fundamental.
Espero e acredito que o “projeto de desenvolvimento” apresentado pela AGECOPA para a Avenida da Prainha deva ser pensado e priorizado como um projeto de desenvolvimento sustentável, que por sua vez nada mais é que planejar com enfoque holístico e sistêmico um desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações.
É o desenvolvimento que não esgota os recursos naturais, culturais e históricos para o futuro. E nesta nossa questão específica, não compromete, não viola nem macula nosso patrimônio histórico tombado. De modo que os que aqui chegarem como eu e muito de nós, inclusive nossos filhos, netos e bisnetos possam desfrutá-lo e tê-lo como referência.
Sobre Eduardo Chiletto
Arquiteto e Urbanista - Carioca da gema... Doutorando em Arquitetura e Urbanismo EESC-USP... Windsurfista, Skatista, Tenista e Ciclista... Ahhh, jardineiro tb... Diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo-UNIC.
Comentário José Antonio Lemos dos Santos
Meu caro Chiletto,
Concordo com tudo o que você disse, ou quase tudo. O mais importante de tudo é que todas as intervenções humanas, inclusive no patrimônio histórico, tem que ser conscientes e precisam da atenção de toda a sociedade. Batendo duro inclusive como vc já fez quando do episódio do finado viaduto da Isac Póvoas, que nem sequer foi cogitado hoje graças à sua intervenção naquela época. E fazia todo sentido. Mas, do que discordo, primeiro não entendi o “deduz-se” do terceiro parágrafo pois voce traçou umas importantes e verdadeiras considerações gerais e depois fechou concluindo que um viaduto na Avenida da Prainha em Cuiabá “comprometerá a visibilidade da área tombada e principalmente do ...”. Acho que a liberação do Morro da Luz daquelas ocupações horrorosas (e nada históricas) do pé do morro vai valer mais do que tudo que já foi feito pelo patrimônio em Mato Grosso. E quanto ao viaduto, passei hoje por lá novamente depois do seu e-mail e realmente não vi nada de comprometedor em relação ao patrimônio histórico. Hoje, de lá não se vê nada de histórico, a não ser uma loja de baterias ou de pneus Tahiti e um posto de gasolina, nada "históricos". Melhor diria "histéricos". Como já conversamos, preferia ver o IPHAN agilizando recursos e capitaneando um projeto de rebaixamento da fiação no centro histórico. Em segundo lugar no que discordo acho que o desenvolvimento não é incompatível com a história, é parte dela. Precisa ser consciente e responsável para ser sustentável. Mas o mais importante é, como você diz, estarmos sempre atentos ao que se faz em nossa cidade e abertos às idéias divergentes proporcionando debates como este que podem ser até didáticos em um ambiente geral onde a divergência é quase sempre confundida com briga ou desrespeito. Ao contrário, só questiono aquelas opiniões que eu respeito muito, ainda que discorde delas.
Respeitosamente
José Antonio
Dê sua opinião.
Paticipe!
Sobre a intervenção no Centro Histórico: Viaduto x Preservação
Publicado em março 8, 2011 por Eduardo Chiletto
A globalização foi determinante na principal característica histórica do processo de urbanização em nosso país, a desigualdade, a exclusão territorial e o desrespeito pelo local. Ao longo de décadas foi-se construindo uma democracia interrompida, freqüentemente, por períodos ditatoriais e a poucas décadas atrás por uma política de desrespeito ao nosso patrimônio cultural – material e imaterial – uma verdadeira exclusão patrimônio-social-cultural visivelmente constatada nas cidades brasileiras e principalmente em nossa capital, Cuiabá, claramente observadas no entorno do nosso centro tombado.
Não podemos esquecer que o centro histórico de uma cidade é sua referência, o coração pulsante de uma cultura. Preservá-lo significa valorizar as tradições, as lendas, os mitos, o folclore, a civilização e nossa cidadania. Intervenções em áreas tombadas e em seu entorno podem vir a comprometê-la.
Deduz-se então que a intervenção de um viaduto projetado nesta área para atender as questões de mobilidade urbana comprometerá a visibilidade da área tombada e conseqüentemente nosso patrimônio histórico, principalmente a área remanescente do período da mineração, que compreende a igreja do Rosário e São Benedito, uma das principais referências culturais da nossa cidade.
Violar, macular esse patrimônio histórico artístico nacional tombado seria, no mínimo, um desrespeito aos nossos antepassados, à nossa cultura e à nossa nação. Um desrespeito a nós mesmos, à nossa cidadania.
Cuiabá necessita crescer sem conflitos entre o desenvolvimento urbano e seu patrimônio cultural. Os conceitos que embasam o Planejamento Urbano dão enfoque às questões ambientais concomitantemente, ou melhor expresso, como questões urbano-ambientais.
A problemática socioambiental urbana esteve intimamente ligada ao esgotamento sanitário, aos resíduos sólidos, à qualidade da água e à poluição (inclusive e, sobretudo em nosso caso, à poluição visual), que fazem parte da problemática urbana de Cuiabá e que devem se constituir prioridades da ação municipal.
Na atual abordagem urbano-ambiental a manutenção dos espaços públicos e a preservação do patrimônio histórico – material e imaterial – são objeto da gestão ambiental do território urbano, de modo que ativos históricos são enfrentados como um patrimônio da sociedade e, portanto, preservados em seu todo para serem desfrutados pelas gerações atuais e futuras.
No “projeto de desenvolvimento” apresentado pela AGECOPA a Avenida da Prainha é uma das vias prioritárias e um dos principais eixos de intervenção, mas se-gundo a divisão técnica do IPHAN, não há especificações nem detalhamento no projeto na área que a avenida delimita como área tombada. Isso é projeto de desenvolvimento?
Apesar de carioca da gema, sou com muita deferência cidadão mato-grossense… Como muitos que aqui se encontram. Não sou cidadão amazonense, baiano, paulista e muito menos curitibano… Nada contra sê-lo, pelo contrário. Mas ter o título de cidadania de um estado significa entre outras coisas, ter respeito à cultura de onde escolhi para viver. Respeito não só ao meu estado, mas à minha cidade, aos indivíduos que aqui residem e principalmente aos antepassados desta terra… Pessoas tão queridas que aqui viveram e deram tanto amor por esse local.
Os “paus rodados” que me desculpem, mas amar o lugar onde se vive, respeitar suas tradições, sua história e lutar para preservá-lo é fundamental.
Espero e acredito que o “projeto de desenvolvimento” apresentado pela AGECOPA para a Avenida da Prainha deva ser pensado e priorizado como um projeto de desenvolvimento sustentável, que por sua vez nada mais é que planejar com enfoque holístico e sistêmico um desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações.
É o desenvolvimento que não esgota os recursos naturais, culturais e históricos para o futuro. E nesta nossa questão específica, não compromete, não viola nem macula nosso patrimônio histórico tombado. De modo que os que aqui chegarem como eu e muito de nós, inclusive nossos filhos, netos e bisnetos possam desfrutá-lo e tê-lo como referência.
Sobre Eduardo Chiletto
Arquiteto e Urbanista - Carioca da gema... Doutorando em Arquitetura e Urbanismo EESC-USP... Windsurfista, Skatista, Tenista e Ciclista... Ahhh, jardineiro tb... Diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo-UNIC.
Comentário José Antonio Lemos dos Santos
Meu caro Chiletto,
Concordo com tudo o que você disse, ou quase tudo. O mais importante de tudo é que todas as intervenções humanas, inclusive no patrimônio histórico, tem que ser conscientes e precisam da atenção de toda a sociedade. Batendo duro inclusive como vc já fez quando do episódio do finado viaduto da Isac Póvoas, que nem sequer foi cogitado hoje graças à sua intervenção naquela época. E fazia todo sentido. Mas, do que discordo, primeiro não entendi o “deduz-se” do terceiro parágrafo pois voce traçou umas importantes e verdadeiras considerações gerais e depois fechou concluindo que um viaduto na Avenida da Prainha em Cuiabá “comprometerá a visibilidade da área tombada e principalmente do ...”. Acho que a liberação do Morro da Luz daquelas ocupações horrorosas (e nada históricas) do pé do morro vai valer mais do que tudo que já foi feito pelo patrimônio em Mato Grosso. E quanto ao viaduto, passei hoje por lá novamente depois do seu e-mail e realmente não vi nada de comprometedor em relação ao patrimônio histórico. Hoje, de lá não se vê nada de histórico, a não ser uma loja de baterias ou de pneus Tahiti e um posto de gasolina, nada "históricos". Melhor diria "histéricos". Como já conversamos, preferia ver o IPHAN agilizando recursos e capitaneando um projeto de rebaixamento da fiação no centro histórico. Em segundo lugar no que discordo acho que o desenvolvimento não é incompatível com a história, é parte dela. Precisa ser consciente e responsável para ser sustentável. Mas o mais importante é, como você diz, estarmos sempre atentos ao que se faz em nossa cidade e abertos às idéias divergentes proporcionando debates como este que podem ser até didáticos em um ambiente geral onde a divergência é quase sempre confundida com briga ou desrespeito. Ao contrário, só questiono aquelas opiniões que eu respeito muito, ainda que discorde delas.
Respeitosamente
José Antonio
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quarta-feira, 2 de março de 2011
A IMIGRANTES E O CONTORNO OESTE (Comentários)
Comentários fora do blog.
Cartas do leitor do Diário de Cuiabá:
Data: 01/03/2011 06:44
Nome: L. A. C.
Profissão:
Localidade: Cuiabá/MT
Importante contribuição sua ao transito de Mato-Grosso, atendendo a demanda atual e prevendo o futuro ilimitado.
E-mail:
01/03/11
Boa noite, grande profeta Ze Antonio, un dia seras ouvido! FIquei muito contente com o artigo, bastante claro e muito incidente e necessario. FOi bom ter frisado a atuacao do Governo de forma positiva, isso serve de estimulo para continuar na mesma linha e assim tambem soube chamar a atencao do governo federal, que com respeito devido, tambem é chamado a fazer a propria parte, agora que se o povo se conscientizar tambem do proprio importante papel que podemos desempenhar neste andar das coisas, facilitando mais o caotico transito da nossa atual Cuiaba. Valeu...
p. W. S. A.
02/03/11
Totalmente a favor, Zé.
Abraço
J.
Cartas do leitor do Diário de Cuiabá:
Data: 01/03/2011 06:44
Nome: L. A. C.
Profissão:
Localidade: Cuiabá/MT
Importante contribuição sua ao transito de Mato-Grosso, atendendo a demanda atual e prevendo o futuro ilimitado.
E-mail:
01/03/11
Boa noite, grande profeta Ze Antonio, un dia seras ouvido! FIquei muito contente com o artigo, bastante claro e muito incidente e necessario. FOi bom ter frisado a atuacao do Governo de forma positiva, isso serve de estimulo para continuar na mesma linha e assim tambem soube chamar a atencao do governo federal, que com respeito devido, tambem é chamado a fazer a propria parte, agora que se o povo se conscientizar tambem do proprio importante papel que podemos desempenhar neste andar das coisas, facilitando mais o caotico transito da nossa atual Cuiaba. Valeu...
p. W. S. A.
02/03/11
Totalmente a favor, Zé.
Abraço
J.
terça-feira, 1 de março de 2011
A IMIGRANTES E O CONTORNO OESTE
José Antonio Lemos dos Santos
A pavimentação ligando o Distrito da Guia a Jangada criou uma alternativa rodoviária para o trecho tristemente conhecido como “rodovia da morte”, na BR-163. Foi mais rápido o estado executar essa obra do que ficar só na espera do governo federal, chorando acidentes trágicos evitáveis. Essa ligação, a Rodovia da Vida, hoje é um dos mais importantes acessos rodoviários de Cuiabá, com movimento crescente de veículos, do automóvel ao bi-trem. Foi planejada então uma forma de evitar a nova sobrecarga ao sistema viário urbano de Cuiabá bem como garantir fluidez ao fluxo rodoviário de passagem. Daí o projeto do DNIT de ligação direta da Estrada da Guia ao Trevo do Lagarto, acessando a Rodovia dos Imigrantes, com uma nova ponte sobre o Cuiabá, próxima ao Sucuri. Constitui hoje um dos projetos mais urgentes para Cuiabá, mesmo sem Copa, ainda mais com ela. Mas parece esquecido.
Acontece que esse projeto foi englobado em um projeto maior chamado Rodoanel, trazendo na garupa um antigo e no mínimo discutível projeto de um contorno norte para a cidade, que por mais de 20 anos perambulava pelos gabinetes dos sucessivos prefeitos na busca de alguma aprovação. A Rodovia da Vida foi a chance de viabilização desse antigo projeto. Entrou então no Rodoanel o Contorno Norte. Mas ficou de fora a Imigrantes, hoje o principal desvio rodoviário de Cuiabá e Várzea Grande, que deveria protegê-las do tráfego das 3 BR’s mais movimentadas do oeste brasileiro.
Quando se pensa em um anel rodoviário para a região metropolitana de Cuiabá, há que se pensá-lo inteiro, isto é, fechado, saindo de um ponto e voltando ao início. Assim, quando se fala em Rodoanel para Cuiabá, trata-se de um anel circundando Cuiabá e Várzea Grande, com três segmentos bem definidos: 1 - o Contorno Norte - indo da Estrada da Guia até as BR’s na saída para Rondonópolis, atravessando a Estrada da Chapada, 2 - o Contorno Oeste, que vai do Trevo do Lagarto até a estrada da Guia, passando pelo Sucuri, e 3 – o Contorno Sul – a conhecida Rodovia dos Imigrantes, que vai do Trevo do Lagarto até as BR’s, na saída para Rondonópolis fechando o anel. Nessa ótica não vejo qualquer prioridade no momento para o Contorno Norte, inclusive de questionável conveniência urbanística e ambiental. Por outro lado, são urgentes a conclusão do Contorno Oeste e a requalificação completa da Rodovia dos Imigrantes, não apenas seu recapeamento.
Agora que o DNIT está revendo o projeto do Rodoanel seria a oportunidade também de rever suas prioridades. O seu projeto de ligação da Estrada da Guia ao Trevo do Lagarto é complemento imprescindível ao sucesso dos viadutos e trincheiras projetadas pela Agecopa na Miguel Sutil e à fluidez do tráfego rodoviário para o norte do país. Sem o Contorno Oeste, como impedir que as carretas e bi-trens se dirijam à Miguel Sutil? Só as importantes fábricas de bebidas da Ambev e de cimento no Aguaçú já justificariam tal prioridade.
Quanto a Imigrantes, basta o eloqüente grito dos caminhoneiros na semana passada, paralisando-a com milhares de caminhões. Por lei a Imigrantes é o eixo da Zona Especial de Alto Impacto de Cuiabá, destinada a ampliação do Distrito Industrial e a implantação de outras atividades de alto impacto como o terminal ferroviário e centrais de cargas rodoviárias, estas visando também o transbordo das cargas para veículos compatíveis com a circulação urbana. O finado IPDU apresentou em 1994 estudo prevendo até pistas paralelas auxiliares, adequando a Imigrantes à sua função de conexão intermodal e proteção rodoviária da Grande Cuiabá. Hoje, mais necessária que nunca, como denuncia o incorreto tráfego pesado de carretas e bi-trens pela cidade.
A pavimentação ligando o Distrito da Guia a Jangada criou uma alternativa rodoviária para o trecho tristemente conhecido como “rodovia da morte”, na BR-163. Foi mais rápido o estado executar essa obra do que ficar só na espera do governo federal, chorando acidentes trágicos evitáveis. Essa ligação, a Rodovia da Vida, hoje é um dos mais importantes acessos rodoviários de Cuiabá, com movimento crescente de veículos, do automóvel ao bi-trem. Foi planejada então uma forma de evitar a nova sobrecarga ao sistema viário urbano de Cuiabá bem como garantir fluidez ao fluxo rodoviário de passagem. Daí o projeto do DNIT de ligação direta da Estrada da Guia ao Trevo do Lagarto, acessando a Rodovia dos Imigrantes, com uma nova ponte sobre o Cuiabá, próxima ao Sucuri. Constitui hoje um dos projetos mais urgentes para Cuiabá, mesmo sem Copa, ainda mais com ela. Mas parece esquecido.
Acontece que esse projeto foi englobado em um projeto maior chamado Rodoanel, trazendo na garupa um antigo e no mínimo discutível projeto de um contorno norte para a cidade, que por mais de 20 anos perambulava pelos gabinetes dos sucessivos prefeitos na busca de alguma aprovação. A Rodovia da Vida foi a chance de viabilização desse antigo projeto. Entrou então no Rodoanel o Contorno Norte. Mas ficou de fora a Imigrantes, hoje o principal desvio rodoviário de Cuiabá e Várzea Grande, que deveria protegê-las do tráfego das 3 BR’s mais movimentadas do oeste brasileiro.
Quando se pensa em um anel rodoviário para a região metropolitana de Cuiabá, há que se pensá-lo inteiro, isto é, fechado, saindo de um ponto e voltando ao início. Assim, quando se fala em Rodoanel para Cuiabá, trata-se de um anel circundando Cuiabá e Várzea Grande, com três segmentos bem definidos: 1 - o Contorno Norte - indo da Estrada da Guia até as BR’s na saída para Rondonópolis, atravessando a Estrada da Chapada, 2 - o Contorno Oeste, que vai do Trevo do Lagarto até a estrada da Guia, passando pelo Sucuri, e 3 – o Contorno Sul – a conhecida Rodovia dos Imigrantes, que vai do Trevo do Lagarto até as BR’s, na saída para Rondonópolis fechando o anel. Nessa ótica não vejo qualquer prioridade no momento para o Contorno Norte, inclusive de questionável conveniência urbanística e ambiental. Por outro lado, são urgentes a conclusão do Contorno Oeste e a requalificação completa da Rodovia dos Imigrantes, não apenas seu recapeamento.
Agora que o DNIT está revendo o projeto do Rodoanel seria a oportunidade também de rever suas prioridades. O seu projeto de ligação da Estrada da Guia ao Trevo do Lagarto é complemento imprescindível ao sucesso dos viadutos e trincheiras projetadas pela Agecopa na Miguel Sutil e à fluidez do tráfego rodoviário para o norte do país. Sem o Contorno Oeste, como impedir que as carretas e bi-trens se dirijam à Miguel Sutil? Só as importantes fábricas de bebidas da Ambev e de cimento no Aguaçú já justificariam tal prioridade.
Quanto a Imigrantes, basta o eloqüente grito dos caminhoneiros na semana passada, paralisando-a com milhares de caminhões. Por lei a Imigrantes é o eixo da Zona Especial de Alto Impacto de Cuiabá, destinada a ampliação do Distrito Industrial e a implantação de outras atividades de alto impacto como o terminal ferroviário e centrais de cargas rodoviárias, estas visando também o transbordo das cargas para veículos compatíveis com a circulação urbana. O finado IPDU apresentou em 1994 estudo prevendo até pistas paralelas auxiliares, adequando a Imigrantes à sua função de conexão intermodal e proteção rodoviária da Grande Cuiabá. Hoje, mais necessária que nunca, como denuncia o incorreto tráfego pesado de carretas e bi-trens pela cidade.
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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Comentários ao artigo Molecagem
Comentários na Página do Enock
Adriano Moraes - 23/02/2011 21:10 - Ip: 200.140.107.249
Cuiabá e Mato Grosso precisam acordar e deixar de votar em políticos corruptos. Todas os recursos que chegam aqui só chegam pela metade, tudo é desviado.
GMARIA - 23/02/2011 16:20 - Ip: 189.59.59.247
ATE QUE ENFIM APARECEU ALGUEM PARA DEFENDER CUIABA.ISSO E MUITO BOM,POIS OS CUIBANOS NAO MERECEM ESSA MOLECAGEM. OBRIGADO POR DEFENDER NOSSA TERRA.
graccia maria - 23/02/2011 16:11 - Ip: 189.59.59.247
AINDA BEM QUE TEMOS UMA PESSOA EM DEFESA DA NOSSA CAPITAL. UFA... ATE QUE ENFIM. OBRIGADO EM NOME DE TODOS OS CUIABANOS.
luciano - 23/02/2011 15:13 - Ip: 189.59.48.141
PUXA SACO DA DILMA E DO LULA. PROFESSOR AI PISA EM OVOS PARA NÃO ATINGIR A PETISTA QUE TANTO AMAM ESSES FALSOS IDEÓLOGOS.
Comentários em Cartas do Leitor ao Diário de Cuiabá
Data: 22/02/2011 08:56
Nome: JOÃO GALDINO DE MEDEIROS
Email: jgaldinomedeiros@hotmail.com
Profissão: Tributólogo - Economista
Localidade: Cuiabá/MT
Caro articulista. Longe de ser filósofo - de fato e de direito, já que "desisti" do curso na UFMT - mas, entre outros "Pensamentos", escreví: "Se quizerem me elogiar-me, chamem-me de Professor", isto para mostrar do apreço que tenho - sempre tive - aos professores, quando mestres de verdade. Quanto ao seu artigo, não vejo nenhuma surpresa: Em se tratando de obras públicas nada melhor do que o atrazo, pois, sempre necessárias, acabam por tornarem-se de execuções "urgentes". Percebeu? A "urgência" leva às famosas "Dispensas de Licitações" e é aí onde a bandidagem "nada de braçadas", algo semelhante à "bandidagem" que vem praticando a Sanecap, pelo descaso e abandono, buscando nada mais, nada menos, que "justificar" sua privatização. No mais, um viva aos nossos "dígnos" administradores, de todas as Esferas, eleitos, nomeados e/ou concursados. Ah! o "viva" citado é do verbo "viver", no caso, nas "prefundas". Seríamos extraordinariamente felizes se, milagrosamente, fosse "nas alturas". Vai que a culpa é nossa! E é, quem mandou elegê-los?
Data: 22/02/2011 11:52
Nome: Neide Maria Rodrigues da Silva
Email: neidemariarsilva@hotmail.com
Profissão: Func Pública
Localidade: Cuiabá/MT
Gostei muito do artigo:Molecagem. O autor fala com conhecimento de causa e muita seriedade.
Data: 22/02/2011 14:14
Nome: Jean M. Van Den Haute
Email: aguasemagia@yahoo.com.br
Profissão: Consultor Internacional de Transítica
Localidade: Cuiabá Metrópole/MT
Caro Amigo José Antônio Lemos, nos estamos apenas asistindo á catástrofa anunciada desde a não aplicação da Lei do Aglomerado Urbano de 2001. Ou seja, o resultado de 10 anos de banditismo político. Jean M. Van Den Haute - SNDU, Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano.
Data: 22/02/2011 14:42
Nome: loureiro
Email: loureiro@terra.com.br
Profissão: Engenheiro
Localidade: Cuiabá/MT
O estado de Mato Grosso é o maior produtor de graos do pais (20% do total) possui o maior rebanho bovino do Brasil ,entre outros "mais".
Apesar dessa imensa capacidade de gerar riquezas para o paia recebe um tratamento de indigente por parte dos governos centrais.
Muito oportuno o artigo do Jose Antonio alertando sobre essa situação.wquem sabe com a critica o povo acorda da pasmaceira que permite esse acinte conta MT.
Parbens.Seu texto e daqueles que deixam a alama da gente lavada,no tanque de Bau.
Adriano Moraes - 23/02/2011 21:10 - Ip: 200.140.107.249
Cuiabá e Mato Grosso precisam acordar e deixar de votar em políticos corruptos. Todas os recursos que chegam aqui só chegam pela metade, tudo é desviado.
GMARIA - 23/02/2011 16:20 - Ip: 189.59.59.247
ATE QUE ENFIM APARECEU ALGUEM PARA DEFENDER CUIABA.ISSO E MUITO BOM,POIS OS CUIBANOS NAO MERECEM ESSA MOLECAGEM. OBRIGADO POR DEFENDER NOSSA TERRA.
graccia maria - 23/02/2011 16:11 - Ip: 189.59.59.247
AINDA BEM QUE TEMOS UMA PESSOA EM DEFESA DA NOSSA CAPITAL. UFA... ATE QUE ENFIM. OBRIGADO EM NOME DE TODOS OS CUIABANOS.
luciano - 23/02/2011 15:13 - Ip: 189.59.48.141
PUXA SACO DA DILMA E DO LULA. PROFESSOR AI PISA EM OVOS PARA NÃO ATINGIR A PETISTA QUE TANTO AMAM ESSES FALSOS IDEÓLOGOS.
Comentários em Cartas do Leitor ao Diário de Cuiabá
Data: 22/02/2011 08:56
Nome: JOÃO GALDINO DE MEDEIROS
Email: jgaldinomedeiros@hotmail.com
Profissão: Tributólogo - Economista
Localidade: Cuiabá/MT
Caro articulista. Longe de ser filósofo - de fato e de direito, já que "desisti" do curso na UFMT - mas, entre outros "Pensamentos", escreví: "Se quizerem me elogiar-me, chamem-me de Professor", isto para mostrar do apreço que tenho - sempre tive - aos professores, quando mestres de verdade. Quanto ao seu artigo, não vejo nenhuma surpresa: Em se tratando de obras públicas nada melhor do que o atrazo, pois, sempre necessárias, acabam por tornarem-se de execuções "urgentes". Percebeu? A "urgência" leva às famosas "Dispensas de Licitações" e é aí onde a bandidagem "nada de braçadas", algo semelhante à "bandidagem" que vem praticando a Sanecap, pelo descaso e abandono, buscando nada mais, nada menos, que "justificar" sua privatização. No mais, um viva aos nossos "dígnos" administradores, de todas as Esferas, eleitos, nomeados e/ou concursados. Ah! o "viva" citado é do verbo "viver", no caso, nas "prefundas". Seríamos extraordinariamente felizes se, milagrosamente, fosse "nas alturas". Vai que a culpa é nossa! E é, quem mandou elegê-los?
Data: 22/02/2011 11:52
Nome: Neide Maria Rodrigues da Silva
Email: neidemariarsilva@hotmail.com
Profissão: Func Pública
Localidade: Cuiabá/MT
Gostei muito do artigo:Molecagem. O autor fala com conhecimento de causa e muita seriedade.
Data: 22/02/2011 14:14
Nome: Jean M. Van Den Haute
Email: aguasemagia@yahoo.com.br
Profissão: Consultor Internacional de Transítica
Localidade: Cuiabá Metrópole/MT
Caro Amigo José Antônio Lemos, nos estamos apenas asistindo á catástrofa anunciada desde a não aplicação da Lei do Aglomerado Urbano de 2001. Ou seja, o resultado de 10 anos de banditismo político. Jean M. Van Den Haute - SNDU, Sistema Nacional de Desenvolvimento Urbano.
Data: 22/02/2011 14:42
Nome: loureiro
Email: loureiro@terra.com.br
Profissão: Engenheiro
Localidade: Cuiabá/MT
O estado de Mato Grosso é o maior produtor de graos do pais (20% do total) possui o maior rebanho bovino do Brasil ,entre outros "mais".
Apesar dessa imensa capacidade de gerar riquezas para o paia recebe um tratamento de indigente por parte dos governos centrais.
Muito oportuno o artigo do Jose Antonio alertando sobre essa situação.wquem sabe com a critica o povo acorda da pasmaceira que permite esse acinte conta MT.
Parbens.Seu texto e daqueles que deixam a alama da gente lavada,no tanque de Bau.
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
MOLECAGEM
José Antonio Lemos dos Santos
O título deste artigo não é dirigido à presidenta Dilma cuja biografia e posse recente não permitem tal injustiça. A ela, todo o respeito e confiança. O título é dedicado a setores de seu governo, ainda em fase de montagem, com muitas peças remanescentes do antigo governo que sempre mostraram má-vontade com Cuiabá e despreparados para o imenso compromisso internacional assumido pelo Brasil que é a Copa do Mundo. Vai também para aqueles que devem representar os interesses de Cuiabá e Mato Grosso em todos os níveis políticos, em especial no federal, que deixaram a situação chegar onde chegou.
Antes minhas críticas viam o assunto apenas – só? - como sérios casos de negligência pública ou de incompetência técnica, ou os dois juntos. O entendimento segue válido para o projeto nacional da Copa 2014, que exige correções urgentes e radicais, as quais já estariam sendo providenciadas pela presidenta, como na Infraero. As últimas declarações de Pelé e Zico reforçam esta certeza. Entretanto, no caso específico de Cuiabá, uma renitente sucessão de fatos negativos mostra que a coisa extrapola o nível da incompetência ou negligência, e vai até as raias da sabotagem contra a cidade, com intenções regionais e nacionais diversas, cuja discussão não cabe aqui.
Os fatos da última semana, porém, foram ao máximo e empurram para nível ainda mais baixo o tratamento que o governo federal vem dando a Cuiabá. No caso do aeroporto, a visita do secretário Vuolo à Infraero encontra um presidente interino louquinho para repassar a construção do aeroporto para o estado, isto é, repassar o abacaxi que eles criaram. E tem mais, o projeto prometido para setembro (já muito atrasado) agora tem previsão para março de 2012, ano em que o aeroporto deveria estar pronto. Mais de ano para um projeto de ampliação em um terreno conhecido, sem necessidade de levantamentos demorados! Só depois a licitação da obra. Com o repasse da obra, além dos prejuízos, Mato Grosso arcaria com a culpa da obra não ter sido concluída a tempo. O aeroporto é de responsabilidade federal, e sempre me pareceu no mínimo inábil ou deselegante com a presidenta o estado propor assumir a obra alegando incompetência da Infraero, afinal, é uma empresa federal, dela. Não me surpreendeu o cancelamento da audiência presidencial com o governador. Cabe sim ao estado cobrar e ajudar na obra, agora só viável em um ritmo de guerra, com turno dobrado de trabalho, sábado e domingo, como aventou o ex-presidente Lula, e a redução dos prazos de contratações dentro do autorizado em lei para casos especiais como este mundial, transformado numa guerra nacional pela Copa, com os prazos se exaurindo cada vez mais rápido.
O lançamento do PAC da Mobilidade foi palco de outra grosseria federal para com os brasileiros de Cuiabá. Será que o Ministério das Cidades não sabe, e sabe, que a cidade de Cuiabá integra uma conurbação com Várzea Grande, com uma população próxima de 1 milhão de habitantes? Como excluí-la de seu maior programa de investimentos urbanos, justo no momento em que os investidores do Brasil e do exterior concluem suas decisões para a Copa? A explicação estadual - que deveria ser federal - é que Cuiabá teria ficado fora da lista por ter se antecipado e contemplada antes. E por que Fortaleza e Salvador que estariam na mesma situação entraram na lista? Mais um desgaste a engolir. Somado ao tratamento dado ao gasoduto, termelétrica, ferrovia, ao “puxadinho urgente” do aeroporto, à duplicação Cuiabá-Rondonópolis e outros, resulta um quadro deplorável, indigno de um país moderno. Triste de constatar, pior de escrever, mas isso é molecagem. Molecagem com Cuiabá, com a presidenta Dilma e com o país. (Publicado pelo Diário de Cuiabá em 22/02/11).
O título deste artigo não é dirigido à presidenta Dilma cuja biografia e posse recente não permitem tal injustiça. A ela, todo o respeito e confiança. O título é dedicado a setores de seu governo, ainda em fase de montagem, com muitas peças remanescentes do antigo governo que sempre mostraram má-vontade com Cuiabá e despreparados para o imenso compromisso internacional assumido pelo Brasil que é a Copa do Mundo. Vai também para aqueles que devem representar os interesses de Cuiabá e Mato Grosso em todos os níveis políticos, em especial no federal, que deixaram a situação chegar onde chegou.
Antes minhas críticas viam o assunto apenas – só? - como sérios casos de negligência pública ou de incompetência técnica, ou os dois juntos. O entendimento segue válido para o projeto nacional da Copa 2014, que exige correções urgentes e radicais, as quais já estariam sendo providenciadas pela presidenta, como na Infraero. As últimas declarações de Pelé e Zico reforçam esta certeza. Entretanto, no caso específico de Cuiabá, uma renitente sucessão de fatos negativos mostra que a coisa extrapola o nível da incompetência ou negligência, e vai até as raias da sabotagem contra a cidade, com intenções regionais e nacionais diversas, cuja discussão não cabe aqui.
Os fatos da última semana, porém, foram ao máximo e empurram para nível ainda mais baixo o tratamento que o governo federal vem dando a Cuiabá. No caso do aeroporto, a visita do secretário Vuolo à Infraero encontra um presidente interino louquinho para repassar a construção do aeroporto para o estado, isto é, repassar o abacaxi que eles criaram. E tem mais, o projeto prometido para setembro (já muito atrasado) agora tem previsão para março de 2012, ano em que o aeroporto deveria estar pronto. Mais de ano para um projeto de ampliação em um terreno conhecido, sem necessidade de levantamentos demorados! Só depois a licitação da obra. Com o repasse da obra, além dos prejuízos, Mato Grosso arcaria com a culpa da obra não ter sido concluída a tempo. O aeroporto é de responsabilidade federal, e sempre me pareceu no mínimo inábil ou deselegante com a presidenta o estado propor assumir a obra alegando incompetência da Infraero, afinal, é uma empresa federal, dela. Não me surpreendeu o cancelamento da audiência presidencial com o governador. Cabe sim ao estado cobrar e ajudar na obra, agora só viável em um ritmo de guerra, com turno dobrado de trabalho, sábado e domingo, como aventou o ex-presidente Lula, e a redução dos prazos de contratações dentro do autorizado em lei para casos especiais como este mundial, transformado numa guerra nacional pela Copa, com os prazos se exaurindo cada vez mais rápido.
O lançamento do PAC da Mobilidade foi palco de outra grosseria federal para com os brasileiros de Cuiabá. Será que o Ministério das Cidades não sabe, e sabe, que a cidade de Cuiabá integra uma conurbação com Várzea Grande, com uma população próxima de 1 milhão de habitantes? Como excluí-la de seu maior programa de investimentos urbanos, justo no momento em que os investidores do Brasil e do exterior concluem suas decisões para a Copa? A explicação estadual - que deveria ser federal - é que Cuiabá teria ficado fora da lista por ter se antecipado e contemplada antes. E por que Fortaleza e Salvador que estariam na mesma situação entraram na lista? Mais um desgaste a engolir. Somado ao tratamento dado ao gasoduto, termelétrica, ferrovia, ao “puxadinho urgente” do aeroporto, à duplicação Cuiabá-Rondonópolis e outros, resulta um quadro deplorável, indigno de um país moderno. Triste de constatar, pior de escrever, mas isso é molecagem. Molecagem com Cuiabá, com a presidenta Dilma e com o país. (Publicado pelo Diário de Cuiabá em 22/02/11).
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Zico
sábado, 19 de fevereiro de 2011
DESIGN SUSTENTÁVEL
Design Sustentável
Seed Bomb
é sem dúvida um dos projetos mais criativos já criados para reflorestar áreas devastadas. Desenvolvido pelos designers Hwang Jin Wook, Jeon You Ho, Han Kuk Il e Kim Ji Myung o Seed Bomb é um conceito de “bombas” feitas em plástico biodegradável que ao serem lançadas soltam cápsulas com sementes para recuperar áreas degradadas.
Cada cápsula possui um solo artificial contendo as sementes. Ao “bombardear” o solo a cápsula se prende ao terreno e mantém a planta viva até que a umidade produzida por ela derreta o plástico e a planta consiga se fixar no solo. Com uma “arma” destas ao nosso alcance, poderíamos transformar grandes áreas devastadas em lindas paisagens.
Aprenda a fazer uma “bomba” de sementes
Por que não utilizar o mesmo conceito em lugares que estão a nossa volta? Terrenos baldios, praças abandonadas e canteiros esquecidos poderiam virar verdadeiras áreas verdes com uma biodiversidade incrível, pensando nisso, o site
Planet Green desenvolveu uma receita que pode ser preparada em casa para fazer a sua bomba de sementes.
Ingredientes:
Argila
Composto orgânico
Sementes de sua escolha.
Preparo
: Para cada 5 partes de argila, deve-se misturar uma de composto orgânico e uma de sementes. Mitsture oss ingredientes e adicione água aos poucos até a mistura ficar homogênea. Por fim, basta apertar bem a massa que se formou, molda-la em pequenas bolinhas e deixar secar no sol por algumas horas até que a argila endureça.
Mais do que admirar projetos inovadores e revolucionários como as bombas ecológicas caseiras, é o espírito sustentável de cada um, aliado a atitude e vontade de transformar o local em que vivemos que conta. Que tal juntar os amigos e familiares e até ensinarmos as crianças a prepararem de maneira divertida, nossas próprias armas de transformação positiva?
Mais:
Planet Green
Seed Bomb
é sem dúvida um dos projetos mais criativos já criados para reflorestar áreas devastadas. Desenvolvido pelos designers Hwang Jin Wook, Jeon You Ho, Han Kuk Il e Kim Ji Myung o Seed Bomb é um conceito de “bombas” feitas em plástico biodegradável que ao serem lançadas soltam cápsulas com sementes para recuperar áreas degradadas.
Cada cápsula possui um solo artificial contendo as sementes. Ao “bombardear” o solo a cápsula se prende ao terreno e mantém a planta viva até que a umidade produzida por ela derreta o plástico e a planta consiga se fixar no solo. Com uma “arma” destas ao nosso alcance, poderíamos transformar grandes áreas devastadas em lindas paisagens.
Aprenda a fazer uma “bomba” de sementes
Por que não utilizar o mesmo conceito em lugares que estão a nossa volta? Terrenos baldios, praças abandonadas e canteiros esquecidos poderiam virar verdadeiras áreas verdes com uma biodiversidade incrível, pensando nisso, o site
Planet Green desenvolveu uma receita que pode ser preparada em casa para fazer a sua bomba de sementes.
Ingredientes:
Argila
Composto orgânico
Sementes de sua escolha.
Preparo
: Para cada 5 partes de argila, deve-se misturar uma de composto orgânico e uma de sementes. Mitsture oss ingredientes e adicione água aos poucos até a mistura ficar homogênea. Por fim, basta apertar bem a massa que se formou, molda-la em pequenas bolinhas e deixar secar no sol por algumas horas até que a argila endureça.
Mais do que admirar projetos inovadores e revolucionários como as bombas ecológicas caseiras, é o espírito sustentável de cada um, aliado a atitude e vontade de transformar o local em que vivemos que conta. Que tal juntar os amigos e familiares e até ensinarmos as crianças a prepararem de maneira divertida, nossas próprias armas de transformação positiva?
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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
MOBILIDADE NA COPA
José Antonio Lemos dos Santos
A divulgação pela Agecopa de seus principais projetos de mobilidade urbana impactou fortemente a população, como dá para sentir nos e-mails, conversas de rua e comentários na imprensa. Todos agradavelmente surpreendidos com a possibilidade de Cuiabá um dia ser assim. Parece que essa simples projeção virtual de futuro teve o condão de resgatar de imediato um pouco do orgulho do cidadão para com sua cidade. Ainda que maravilhados, alguns são incrédulos quanto a execução das obras. Será que vão fazer mesmo? Outros perguntam se vai dar para fazer tudo no tempo que resta até a Copa. Outros indagam se as intervenções solucionarão o trânsito de Cuiabá. De qualquer forma, os projetos lançaram os olhos do cuiabano-varzeagrandense para o futuro, construtiva e positivamente de forma quase unânime. Só essa nova postura do cidadão já teria justificado a Copa do Pantanal.
Existem também os que começam a perceber que para fazer a bonita omelete vai ser preciso quebrar muitos ovos e que durante as obras a cidade ficará intransitável. Também me preocupo com isso e já começo a avaliar alternativas para os trajetos rotineiros, meus e de minha família. A Agecopa assegura que está estudando tecnicamente o assunto e sempre fala em obras de desbloqueio. Acho que algumas destas já podiam ter começado, em especial as que independem de desapropriações e implicam apenas em repaginação das vias que funcionarão como alternativas e que hoje estão precariamente implantadas ou em crítico estado de conservação. Algumas precisam desde o asfalto, como a continuidade da Tereza Lobo até a Miguel Sutil. Não só até a Rodoviária, como foi feito. E também não apenas o asfalto, como foi feito, mas calçada, sinalização, iluminação, em suma, criando todas as condições para uma circulação convidativa, confortável e segura.
Recebo muitas indagações sobre as obras e até já fiz uns comentários sobre elas em alguns artigos. Como não examinei os projetos em seus detalhes – nem devo fazê-lo - parto da certeza que foram desenvolvidos por profissionais legalmente habilitados e com competência técnica. Assim, de um modo geral entendo que as obras são necessárias e precisam ser construídas. São a solução para os problemas de circulação hoje? Em parte. Já foram há dez anos, quando divulgadas em sua maioria pelo IPDU, então dirigido pelo arquiteto Raul Spinelli, na segunda gestão de Roberto França. De lá para cá a cidade mudou e a solução para hoje e para 2014 vai além delas. São obras necessárias, mas exigem outras soluções trabalhando em conjunto. Nossa cidade decuplicou o número de veículos e não ampliou seu sistema viário. Nessa situação não dá para esperar a solução dos problemas de circulação trabalhando apenas nas vias em colapso, conforme disse em um artigo denominado “Bonitinhas, mas engarrafadas” de 2009. É preciso trabalhar a cidade como um todo, desde a questão do uso do solo, até adequações de vias hoje marginalizadas e a construção de novas. E justo em um momento tão importante como este o IPDU é extinto.
Também gostei dos projetos apresentados e torço para que tudo corra bem, mesmo sentindo falta do viaduto de acesso ao Cristo-Rei pela FEB, que acho fundamental. Insisto, porém, na necessidade de pelo menos três novas avenidas: 1 - a Avenida do Barbado, ligando o Coxipó ao CPA, 2 - o Contorno Oeste do Rodoanel, com uma nova ponte no Sucuri, ligando direto a estrada da Guia ao Trevo do Lagarto, ambas apoiando a Miguel Sutil, e 3 - a extensão da Beira-Rio ao sul, com nova ponte sobre o Coxipó na altura do São Gonçalo Velho, fazendo a ligação direta de toda a grande região do Parque Cuiabá ao centro de Cuiabá e Várzea Grande, desafogando a Fernando Correia.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 15/02/2011)
A divulgação pela Agecopa de seus principais projetos de mobilidade urbana impactou fortemente a população, como dá para sentir nos e-mails, conversas de rua e comentários na imprensa. Todos agradavelmente surpreendidos com a possibilidade de Cuiabá um dia ser assim. Parece que essa simples projeção virtual de futuro teve o condão de resgatar de imediato um pouco do orgulho do cidadão para com sua cidade. Ainda que maravilhados, alguns são incrédulos quanto a execução das obras. Será que vão fazer mesmo? Outros perguntam se vai dar para fazer tudo no tempo que resta até a Copa. Outros indagam se as intervenções solucionarão o trânsito de Cuiabá. De qualquer forma, os projetos lançaram os olhos do cuiabano-varzeagrandense para o futuro, construtiva e positivamente de forma quase unânime. Só essa nova postura do cidadão já teria justificado a Copa do Pantanal.
Existem também os que começam a perceber que para fazer a bonita omelete vai ser preciso quebrar muitos ovos e que durante as obras a cidade ficará intransitável. Também me preocupo com isso e já começo a avaliar alternativas para os trajetos rotineiros, meus e de minha família. A Agecopa assegura que está estudando tecnicamente o assunto e sempre fala em obras de desbloqueio. Acho que algumas destas já podiam ter começado, em especial as que independem de desapropriações e implicam apenas em repaginação das vias que funcionarão como alternativas e que hoje estão precariamente implantadas ou em crítico estado de conservação. Algumas precisam desde o asfalto, como a continuidade da Tereza Lobo até a Miguel Sutil. Não só até a Rodoviária, como foi feito. E também não apenas o asfalto, como foi feito, mas calçada, sinalização, iluminação, em suma, criando todas as condições para uma circulação convidativa, confortável e segura.
Recebo muitas indagações sobre as obras e até já fiz uns comentários sobre elas em alguns artigos. Como não examinei os projetos em seus detalhes – nem devo fazê-lo - parto da certeza que foram desenvolvidos por profissionais legalmente habilitados e com competência técnica. Assim, de um modo geral entendo que as obras são necessárias e precisam ser construídas. São a solução para os problemas de circulação hoje? Em parte. Já foram há dez anos, quando divulgadas em sua maioria pelo IPDU, então dirigido pelo arquiteto Raul Spinelli, na segunda gestão de Roberto França. De lá para cá a cidade mudou e a solução para hoje e para 2014 vai além delas. São obras necessárias, mas exigem outras soluções trabalhando em conjunto. Nossa cidade decuplicou o número de veículos e não ampliou seu sistema viário. Nessa situação não dá para esperar a solução dos problemas de circulação trabalhando apenas nas vias em colapso, conforme disse em um artigo denominado “Bonitinhas, mas engarrafadas” de 2009. É preciso trabalhar a cidade como um todo, desde a questão do uso do solo, até adequações de vias hoje marginalizadas e a construção de novas. E justo em um momento tão importante como este o IPDU é extinto.
Também gostei dos projetos apresentados e torço para que tudo corra bem, mesmo sentindo falta do viaduto de acesso ao Cristo-Rei pela FEB, que acho fundamental. Insisto, porém, na necessidade de pelo menos três novas avenidas: 1 - a Avenida do Barbado, ligando o Coxipó ao CPA, 2 - o Contorno Oeste do Rodoanel, com uma nova ponte no Sucuri, ligando direto a estrada da Guia ao Trevo do Lagarto, ambas apoiando a Miguel Sutil, e 3 - a extensão da Beira-Rio ao sul, com nova ponte sobre o Coxipó na altura do São Gonçalo Velho, fazendo a ligação direta de toda a grande região do Parque Cuiabá ao centro de Cuiabá e Várzea Grande, desafogando a Fernando Correia.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 15/02/2011)
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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
AEROPORTO, ESPERANÇAS DE NOVO
José Antonio Lemos dos Santos
O fim de semana trouxe algumas notícias importantes para o futuro do Aeroporto Marechal Rondon e de Cuiabá em relação à Copa 2014. A primeira, fundamental, é que a presidenta Dilma Rousseff vai trocar o comando da Infraero, já tendo inclusive escolhido o nome do novo superintendente e do secretário da aviação civil. A segunda foi a identificação, pelo próprio ministro Orlando Silva em visita a Cuiabá, do aeroporto como o principal problema para a Copa do Pantanal. Sobre o assunto o ministro informou ainda que a questão dos aeroportos será ligada diretamente à presidenta Dilma e ratificou que a preparação do Aeroporto Marechal Rondon é responsabilidade do governo federal, não do estado ou municípios, reforçando o quadro original de competências. Assim é para lá que devem ser dirigidas as cobranças e elogios.
Especialmente para Cuiabá a intervenção da presidenta é necessária e urgente, diante da maneira como a Infraero vem tocando a preparação do Aeroporto Marechal Rondon, sem nenhum comprometimento com suas responsabilidades perante a Copa do Pantanal, para dizer o mínimo. Essa situação, que para alguns chega mesmo a ser um caso de sabotagem explícita contra a sede da Copa em Cuiabá, evidenciou-se outro dia com a suspensão da montagem do módulo emergencial para atendimento ao desembarque de passageiros, o “puxadinho”. Para essa obra emergencial, a Infraero só emitiu a Ordem de Serviço quatro meses após o resultado da licitação que escolheu a firma para a montagem. Dois meses depois, o contrato foi suspenso por razões não convincentes e até hoje não se sabe como será montada essa estrutura emergencial, pequena, pré-fabricada, de montagem simples e que é de fato urgente.
Contudo o auge do descompromisso, ou deboche, veio no início da semana passada quando a Infraero divulgou o início da elaboração dos projetos da ampliação da estação de passageiros. Isto é, quase dois anos após Cuiabá ter sido escolhida como uma das sedes da Copa de 2014. Dois anos! A simples Ordem de Serviço para o projeto demorou quase dois meses a partir do resultado da licitação. Pior, estabelece prazo de entrega para setembro, com um andamento normal, como se o Brasil não tivesse se comprometido com uma Copa do Mundo a ser realizada em 2014 e Cuiabá não fosse uma de suas sedes, pleiteando também a Copa das Confederações em 2013. Só depois de pronto o projeto será feita a licitação para a obra. Ou seja, do jeito que ia, não ia.
Estes fatos podem não ter sido determinantes, mas a intervenção presidencial veio a galope, antes da semana terminar, e com certeza deve marcar uma nova postura do governo federal em relação a infra-estrutura aeroportuária para a Copa. Se fosse para continuar do jeito que está seria desnecessária a bem-vinda intervenção. Aproximando o assunto de seu Gabinete e reforçando a Secretaria Nacional da Aviação Civil, a perspectiva é de que o assunto receba uma prioridade especial, um status de guerra, que de fato é, mas uma guerra construtiva, positiva contra o tempo. Os prazos legais e de execução técnica precisam ser encurtados, dentro da lei, e reforçados os trabalhos de supervisão e controle do grande projeto da Copa para que seus cronogramas sejam cumpridos, ainda que tenha que dobrar os turnos, com trabalho dia e noite, sábados e domingos, como chegou a aventar o ex-presidente Lula. O ministro Orlando certamente levará sua posição extraída in loco de que o principal problema para a Copa do Pantanal é o Aeroporto Marechal Rondon, no que será reforçado pela audiência presidencial do governador Silval Barbosa. Quando a expectativa da Copa estava sendo levada ao seu limite, eis que a esperança é resgatada em apenas um fim de semana de boas notícias.
O fim de semana trouxe algumas notícias importantes para o futuro do Aeroporto Marechal Rondon e de Cuiabá em relação à Copa 2014. A primeira, fundamental, é que a presidenta Dilma Rousseff vai trocar o comando da Infraero, já tendo inclusive escolhido o nome do novo superintendente e do secretário da aviação civil. A segunda foi a identificação, pelo próprio ministro Orlando Silva em visita a Cuiabá, do aeroporto como o principal problema para a Copa do Pantanal. Sobre o assunto o ministro informou ainda que a questão dos aeroportos será ligada diretamente à presidenta Dilma e ratificou que a preparação do Aeroporto Marechal Rondon é responsabilidade do governo federal, não do estado ou municípios, reforçando o quadro original de competências. Assim é para lá que devem ser dirigidas as cobranças e elogios.
Especialmente para Cuiabá a intervenção da presidenta é necessária e urgente, diante da maneira como a Infraero vem tocando a preparação do Aeroporto Marechal Rondon, sem nenhum comprometimento com suas responsabilidades perante a Copa do Pantanal, para dizer o mínimo. Essa situação, que para alguns chega mesmo a ser um caso de sabotagem explícita contra a sede da Copa em Cuiabá, evidenciou-se outro dia com a suspensão da montagem do módulo emergencial para atendimento ao desembarque de passageiros, o “puxadinho”. Para essa obra emergencial, a Infraero só emitiu a Ordem de Serviço quatro meses após o resultado da licitação que escolheu a firma para a montagem. Dois meses depois, o contrato foi suspenso por razões não convincentes e até hoje não se sabe como será montada essa estrutura emergencial, pequena, pré-fabricada, de montagem simples e que é de fato urgente.
Contudo o auge do descompromisso, ou deboche, veio no início da semana passada quando a Infraero divulgou o início da elaboração dos projetos da ampliação da estação de passageiros. Isto é, quase dois anos após Cuiabá ter sido escolhida como uma das sedes da Copa de 2014. Dois anos! A simples Ordem de Serviço para o projeto demorou quase dois meses a partir do resultado da licitação. Pior, estabelece prazo de entrega para setembro, com um andamento normal, como se o Brasil não tivesse se comprometido com uma Copa do Mundo a ser realizada em 2014 e Cuiabá não fosse uma de suas sedes, pleiteando também a Copa das Confederações em 2013. Só depois de pronto o projeto será feita a licitação para a obra. Ou seja, do jeito que ia, não ia.
Estes fatos podem não ter sido determinantes, mas a intervenção presidencial veio a galope, antes da semana terminar, e com certeza deve marcar uma nova postura do governo federal em relação a infra-estrutura aeroportuária para a Copa. Se fosse para continuar do jeito que está seria desnecessária a bem-vinda intervenção. Aproximando o assunto de seu Gabinete e reforçando a Secretaria Nacional da Aviação Civil, a perspectiva é de que o assunto receba uma prioridade especial, um status de guerra, que de fato é, mas uma guerra construtiva, positiva contra o tempo. Os prazos legais e de execução técnica precisam ser encurtados, dentro da lei, e reforçados os trabalhos de supervisão e controle do grande projeto da Copa para que seus cronogramas sejam cumpridos, ainda que tenha que dobrar os turnos, com trabalho dia e noite, sábados e domingos, como chegou a aventar o ex-presidente Lula. O ministro Orlando certamente levará sua posição extraída in loco de que o principal problema para a Copa do Pantanal é o Aeroporto Marechal Rondon, no que será reforçado pela audiência presidencial do governador Silval Barbosa. Quando a expectativa da Copa estava sendo levada ao seu limite, eis que a esperança é resgatada em apenas um fim de semana de boas notícias.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Entrevistas Jaime Lerner - Comente
Adicionei entrevista de Jaime Lerner ao AlmanaqueBrasil no qual ele diz ente outra coisas que "Se não resolvermos as questões da cidade, não resolveremos o mundo." Entre outras coisas diz ainda que "qualquer cidade pode melhorar sua qualidade de vida, começar um avanço considerável, em menos de três anos. E não há escala de cidade ou condição financeira que impeça isso. Essa visão fatalista das cidades compreende não acreditar no ser humano. Se um dia eu deixar de acreditar no ser humano, prefiro deixar de viver." Adicionei também uma palestra dele de 2007 em uma universidade americana. Clique ao lado nas Entrevistas e comente, a favor ou contra.
Abs José Antonio
Abs José Antonio
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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
INFRAERO: ATRASO NO "PUXADINHO"
José Antonio Lemos dos Santos
No artigo passado tratei de uma boa notícia sobre o Aeroporto Marechal Rondon, seu duomilionésimo passageiro anual. Hoje trato de uma ruim, sobre o MOP, Módulo Operacional de Passageiros, o nosso até já simpático “puxadinho”. Sua montagem teria sido suspensa pelo novo superintendente local da Infraero, mas, segundo ele, ainda extra-oficialmente, apenas “uma decisão de suspender”, estranho para uma obra emergencial. Uma decisão dessa teria que ser rápida para se buscar logo a segunda colocada na licitação ou tomar outras medidas. A preocupação ultrapassa a obra em si, pois se estão enrolados com uma estrutura emergencial, pequena, pré-fabricada, como será com a estação definitiva, que precisa estar concluída até fins de 2012?
Tem alguma coisa mal contada nesse novo capítulo da longa e sofrida história de nosso aeroporto. Relembrando, em 16 de julho de 2010 a Infraero declarou a DMDL vencedora da licitação para construção do MOP. Sendo uma obra de emergência, era de se esperar seu início imediato. Mas, os meses foram passando e nenhum sinal da obra. Para minha surpresa, só em 19 de novembro foi dada a Ordem de Serviço para início da obra emergencial, 4 meses após o resultado de sua licitação. 4 meses e nada de obras, só a Ordem de Serviço! Imagine se não fosse emergencial. Aliás, imagine se Cuiabá não fosse uma das sedes do grande projeto nacional da Copa de 2014.
Algo ocorreu para tamanha demora nessa obra emergencial, de tipologia construtiva já usada pela Infraero e pela própria DMDL. Por que o atraso? E por que a firma desistiu depois? Pelo noticiário, a DMDL já executou esse serviço em Brasília, Goiânia, Vitória e Teresina, assim, com experiência de sobra nesse tipo de obra. Por que não faria em Cuiabá? Teriam sido problemas próprios ou externos? Teria alguma razão a pulga instalada atrás de minha orelha desde o dia 5 de novembro quando o site da Infraero noticiou a “conquista” junto a Sema/MT da licença ambiental prévia para as obras no aeroporto? O uso e repetição na matéria da expressão “conquista” me intrigou e fiz até um artigo sobre o assunto, buscando explicações e inclusive elogiando o então superintendente por uma nova postura otimista com as obras do aeroporto, ao manifestar sua alegria com a tal “conquista” e a licitação para o projeto da nova estação. De surpresa, foi substituído na virada do ano. Substituição de rotina? O atraso da Infraero na Ordem de Serviço para o MOP teria algo a ver com essa “conquista” junto à Sema/MT? Será que a Sema precisou de 4 meses para expedir a licença ambiental para uma obra provisória, pequena, no pátio de aeronaves de um dos aeroportos mais movimentados do país? A Infraero, a DMDL e a SEMA devem explicações.
Essa questão precisa ser posta em pratos limpos pela Agecopa, a bem dos prazos de seu programa de obras. Para estas não se deve cobrar menos do que exigem as leis. Nem mais. Nem aceitar eventuais corpos moles. Se o atraso foi da Sema, devem ser apurados os motivos. Faltaria estrutura? Se não foi da Sema, foi mais uma vez da Infraero. Um alerta para se atentar aos projetos da nova estação de passageiros, com licitação homologada em 7 de dezembro, prazo de 6 meses sem poder atrasar. Só no último dia 21 foi dada a Ordem de Serviço. Quase dois meses depois, em um prazo de seis! Os serviços de projeto já começaram? Mais que explicações, cabe ao estado exigir da Infraero o início imediato do MOP e o projeto da nova estação pronto em junho para licitação da obra. Novas surpresas como estas serão irreparáveis. Assunto a ser tratado diretamente com a presidenta Dilma, como prometeu o governador Silval. E já, senão, babau.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 01/02/2011)
No artigo passado tratei de uma boa notícia sobre o Aeroporto Marechal Rondon, seu duomilionésimo passageiro anual. Hoje trato de uma ruim, sobre o MOP, Módulo Operacional de Passageiros, o nosso até já simpático “puxadinho”. Sua montagem teria sido suspensa pelo novo superintendente local da Infraero, mas, segundo ele, ainda extra-oficialmente, apenas “uma decisão de suspender”, estranho para uma obra emergencial. Uma decisão dessa teria que ser rápida para se buscar logo a segunda colocada na licitação ou tomar outras medidas. A preocupação ultrapassa a obra em si, pois se estão enrolados com uma estrutura emergencial, pequena, pré-fabricada, como será com a estação definitiva, que precisa estar concluída até fins de 2012?
Tem alguma coisa mal contada nesse novo capítulo da longa e sofrida história de nosso aeroporto. Relembrando, em 16 de julho de 2010 a Infraero declarou a DMDL vencedora da licitação para construção do MOP. Sendo uma obra de emergência, era de se esperar seu início imediato. Mas, os meses foram passando e nenhum sinal da obra. Para minha surpresa, só em 19 de novembro foi dada a Ordem de Serviço para início da obra emergencial, 4 meses após o resultado de sua licitação. 4 meses e nada de obras, só a Ordem de Serviço! Imagine se não fosse emergencial. Aliás, imagine se Cuiabá não fosse uma das sedes do grande projeto nacional da Copa de 2014.
Algo ocorreu para tamanha demora nessa obra emergencial, de tipologia construtiva já usada pela Infraero e pela própria DMDL. Por que o atraso? E por que a firma desistiu depois? Pelo noticiário, a DMDL já executou esse serviço em Brasília, Goiânia, Vitória e Teresina, assim, com experiência de sobra nesse tipo de obra. Por que não faria em Cuiabá? Teriam sido problemas próprios ou externos? Teria alguma razão a pulga instalada atrás de minha orelha desde o dia 5 de novembro quando o site da Infraero noticiou a “conquista” junto a Sema/MT da licença ambiental prévia para as obras no aeroporto? O uso e repetição na matéria da expressão “conquista” me intrigou e fiz até um artigo sobre o assunto, buscando explicações e inclusive elogiando o então superintendente por uma nova postura otimista com as obras do aeroporto, ao manifestar sua alegria com a tal “conquista” e a licitação para o projeto da nova estação. De surpresa, foi substituído na virada do ano. Substituição de rotina? O atraso da Infraero na Ordem de Serviço para o MOP teria algo a ver com essa “conquista” junto à Sema/MT? Será que a Sema precisou de 4 meses para expedir a licença ambiental para uma obra provisória, pequena, no pátio de aeronaves de um dos aeroportos mais movimentados do país? A Infraero, a DMDL e a SEMA devem explicações.
Essa questão precisa ser posta em pratos limpos pela Agecopa, a bem dos prazos de seu programa de obras. Para estas não se deve cobrar menos do que exigem as leis. Nem mais. Nem aceitar eventuais corpos moles. Se o atraso foi da Sema, devem ser apurados os motivos. Faltaria estrutura? Se não foi da Sema, foi mais uma vez da Infraero. Um alerta para se atentar aos projetos da nova estação de passageiros, com licitação homologada em 7 de dezembro, prazo de 6 meses sem poder atrasar. Só no último dia 21 foi dada a Ordem de Serviço. Quase dois meses depois, em um prazo de seis! Os serviços de projeto já começaram? Mais que explicações, cabe ao estado exigir da Infraero o início imediato do MOP e o projeto da nova estação pronto em junho para licitação da obra. Novas surpresas como estas serão irreparáveis. Assunto a ser tratado diretamente com a presidenta Dilma, como prometeu o governador Silval. E já, senão, babau.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 01/02/2011)
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
O DUOMILIONÉSIMO PASSAGEIRO
José Antonio Lemos dos Santos
Antes do fim de 2010, em algum dia de dezembro, o Aeroporto Marechal Rondon recebeu seu duomilionésimo passageiro. Nada foi divulgado sobre ele, aliás, nem sei se a Infraero sabe - ou mesmo se interessou-se em saber - se era homem ou mulher, criança ou adulto, se estava de chegada ou de partida, de noite ou de dia. O que se sabe é que chegou ou partiu sem retrato e sem foguete, como diria Noel, sem tapete vermelho, ou qualquer mínima homenagem. Claro que sem qualquer autoridade, que evitam ter que justificar a situação vexatória pela qual passa, há anos, o principal aeroporto de Mato Grosso.
Em 2010 o Marechal Rondon movimentou 2.134.267 passageiros, como previsto em artigo de agosto último. É um número extraordinário pois significa um aumento de 28% sobre o ano passado e 143% sobre 2005, apenas 5 anos atrás. Esses mesmos percentuais para o total dos aeroportos da Infraero foram de 20% e 60%, respectivamente, bem inferiores ao do Marechal Rondon. Foram 53.805 aeronaves, quase 150 por dia, ou, em média, mais de um avião a cada 10 minutos! Tal desempenho é para ser comemorado pois reflete o extraordinário desenvolvimento de Mato Grosso, que se consolida como o maior produtor agropecuário do país, responsável ao longo dos últimos anos pela maior parte do superavit do país em seu comércio internacional. Um estado que tem em sua grandeza territorial um fator determinante para seu sucesso, um estado a ser imitado e não dividido, tem também na forte demanda de sua logística de transportes uma das expressões de seu desenvolvimento. A lamentável incompetência ou negligência dos poderes públicos no atendimento dessa demanda, em especial da União, não pode empanar o brilho de mais esta marca do progresso estadual.
No caso do aeroporto, nunca é de mais destacar a fantástica visão de futuro daqueles que em fins da década de 40 tiveram a coragem de destinar mais de 700 hectares ao sistema aeroviário que apenas engatinhava em nossa região. Era muita confiança no desenvolvimento da do estado e, principalmente da aviação, numa época em que o máximo que devia chegar por aqui eram alguns hoje primitivos biplanos do Correio Aéreo Nacional, em alguns dias da semana ou do mês. Tiveram a coragem porque tinham a visão correta do futuro. Verdadeiro profetas. Quantos de nós hoje teríamos essa audácia? Certamente para chamar de “elefante branco” teríamos muitos. Ainda mais com a sapiência de colocar o eixo da pista na continuidade do eixo do rio Cuiabá, antevendo uma futura inserção urbana que permite a convivência segura de um dos mais movimentados aeroportos do país em pleno centro da metrópole atual, com mínima impactância urbana do tráfego aéreo.
O desprezo ao simbólico duomilionésimo passageiro, assim como aconteceu com o milionésimo em 2007, expressa o desprezo concreto de todas as autoridades das diversas instâncias, municipais, estaduais e federais, muito especialmente da Infraero, por todos os usuários do Aeroporto Marechal Rondon. Todas elas, ao longo dos anos, deixaram a situação chegar onde chegou no mínimo pela omissão. Quem sabe com a responsabilidade da Copa a situação mude e o trimilionésimo passageiro, previsto para 2012 possa ser melhor tratado, ao menos no “puxadinho”. Mas será preciso a urgente adoção de uma estratégia de guerra, com o estado indo atrás, incisivo, como já prometeu o governador Silval Barbosa. Ainda dá. O ex-presidente Lula assegurou que se fosse necessário o brasileiro trabalharia três turnos, mais sábados e domingos, para dar conta do compromisso internacional com a Copa. A presidenta Dilma cobrará. Brasília foi feita em três anos; uma estação de passageiros poderá ser feita em dois. Se de fato quiserem.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 25/01/2011)
Antes do fim de 2010, em algum dia de dezembro, o Aeroporto Marechal Rondon recebeu seu duomilionésimo passageiro. Nada foi divulgado sobre ele, aliás, nem sei se a Infraero sabe - ou mesmo se interessou-se em saber - se era homem ou mulher, criança ou adulto, se estava de chegada ou de partida, de noite ou de dia. O que se sabe é que chegou ou partiu sem retrato e sem foguete, como diria Noel, sem tapete vermelho, ou qualquer mínima homenagem. Claro que sem qualquer autoridade, que evitam ter que justificar a situação vexatória pela qual passa, há anos, o principal aeroporto de Mato Grosso.
Em 2010 o Marechal Rondon movimentou 2.134.267 passageiros, como previsto em artigo de agosto último. É um número extraordinário pois significa um aumento de 28% sobre o ano passado e 143% sobre 2005, apenas 5 anos atrás. Esses mesmos percentuais para o total dos aeroportos da Infraero foram de 20% e 60%, respectivamente, bem inferiores ao do Marechal Rondon. Foram 53.805 aeronaves, quase 150 por dia, ou, em média, mais de um avião a cada 10 minutos! Tal desempenho é para ser comemorado pois reflete o extraordinário desenvolvimento de Mato Grosso, que se consolida como o maior produtor agropecuário do país, responsável ao longo dos últimos anos pela maior parte do superavit do país em seu comércio internacional. Um estado que tem em sua grandeza territorial um fator determinante para seu sucesso, um estado a ser imitado e não dividido, tem também na forte demanda de sua logística de transportes uma das expressões de seu desenvolvimento. A lamentável incompetência ou negligência dos poderes públicos no atendimento dessa demanda, em especial da União, não pode empanar o brilho de mais esta marca do progresso estadual.
No caso do aeroporto, nunca é de mais destacar a fantástica visão de futuro daqueles que em fins da década de 40 tiveram a coragem de destinar mais de 700 hectares ao sistema aeroviário que apenas engatinhava em nossa região. Era muita confiança no desenvolvimento da do estado e, principalmente da aviação, numa época em que o máximo que devia chegar por aqui eram alguns hoje primitivos biplanos do Correio Aéreo Nacional, em alguns dias da semana ou do mês. Tiveram a coragem porque tinham a visão correta do futuro. Verdadeiro profetas. Quantos de nós hoje teríamos essa audácia? Certamente para chamar de “elefante branco” teríamos muitos. Ainda mais com a sapiência de colocar o eixo da pista na continuidade do eixo do rio Cuiabá, antevendo uma futura inserção urbana que permite a convivência segura de um dos mais movimentados aeroportos do país em pleno centro da metrópole atual, com mínima impactância urbana do tráfego aéreo.
O desprezo ao simbólico duomilionésimo passageiro, assim como aconteceu com o milionésimo em 2007, expressa o desprezo concreto de todas as autoridades das diversas instâncias, municipais, estaduais e federais, muito especialmente da Infraero, por todos os usuários do Aeroporto Marechal Rondon. Todas elas, ao longo dos anos, deixaram a situação chegar onde chegou no mínimo pela omissão. Quem sabe com a responsabilidade da Copa a situação mude e o trimilionésimo passageiro, previsto para 2012 possa ser melhor tratado, ao menos no “puxadinho”. Mas será preciso a urgente adoção de uma estratégia de guerra, com o estado indo atrás, incisivo, como já prometeu o governador Silval Barbosa. Ainda dá. O ex-presidente Lula assegurou que se fosse necessário o brasileiro trabalharia três turnos, mais sábados e domingos, para dar conta do compromisso internacional com a Copa. A presidenta Dilma cobrará. Brasília foi feita em três anos; uma estação de passageiros poderá ser feita em dois. Se de fato quiserem.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 25/01/2011)
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
CIDADES, MARTÍRIO E ESPERANÇA
José Antonio Lemos dos Santos
Ainda abalado renovo o comentário anual sobre as tragédias urbanas brasileiras de cada verão. Em abril do ano passado vislumbrei um “lusco-fusco” de esperança no discurso de algumas autoridades no Morro do Bumba, Niterói, que abandonavam o surrado chororô hipócrita de todos os anos com culpas a São Pedro ou a uma falsa falta de leis e planejamento, começando a falar em uma nova forma de administrar as cidades. Nem passou um ano e o drama se repete em cidades consolidadas, relativamente ricas, nos estados mais desenvolvidos do país, em especial na região serrana do Rio de Janeiro.
Desta vez a lição parece ter sido forte o suficiente para ensinar que a culpa não é de chuvas ou de condições geotécnicas, mas de como administramos a construção e o funcionamento de nossas cidades em seu desenvolvimento cotidiano. Pelo menos este é o teor dos principais discursos e comentários técnicos. Após a catástrofe, é hora de reverenciar os mortos, lamber as feridas, amparar as vítimas e reconstruir. Mas que a reconstrução seja também um “momento de prevenção” evitando as re-ocupações de risco, como disse a presidenta Dilma. É importante que parta da maior autoridade do país a compreensão de que no Brasil a “moradia em zona de risco é regra e não exceção” e que essa situação tem que ser mudada. E para meus olhos de otimista militante, o “lusco-fusco” do ano passado fica agora mais luminoso. Quem sabe uma alvorada de esperança para nossas cidades?
Este salto qualitativo não depende apenas de dinheiro, ciência ou tecnologia, que existem sim, mas, antes de tudo de uma revolução na gestão urbana. Chegar a ela é que é o problema. A origem dos males das cidades brasileiras é político, na sua essência mais primitiva e bárbara, de disputa pelo poder sobre a sociedade, suas coisas e pessoas. Em 1889 o Brasil definiu-se como uma República, isto é, uma res-publica, uma sociedade democrática cujo dono seria o cidadão, orientada e governada pelos interesses do povo e do bem comum. A política só se legitimaria nesse contexto republicano. Mas nas últimas décadas a cidadania foi assaltada nesse seu maior bem e as nossas cidades viraram um butim eleitoral, isto é, um prêmio de conquista a ser desfrutado ao bel prazer de seu conquistador. Longe de ser um bem comum, foram apoderadas por uma parte da sociedade, os políticos, que as tem como objetos de negociação em suas disputas não mais republicanas, em um jogo cada vez mais cruel. Por décadas a “desgraça do populismo”, na expressão do governador Sérgio Cabral, dirigiu a ocupação do solo urbano. E, criminosamente, ainda dirige, acrescento.
O resgate da cidade para o cidadão é o grande desafio e requer muita coragem e determinação, que sobram na biografia da presidenta Dilma. Sem ele o projeto não é executado, o serviço não funciona, o dinheiro não chega para benefício do cidadão, e fica tudo como está. A cada ano, mais choro. Sem essa retomada persistirá o faroeste urbano com suas tragédias inevitáveis, sejam as concentradas em alguns dias, com maior poder de sensibilização, ou as que quase não vemos, diluídas nas pequenas tragédias urbanas de cada dia vindas do caos nas questões da moradia, do trânsito, do saneamento, da segurança, ...
O Urbanismo é a ciência que enxerga a cidade como um todo e não se pode tratar as doenças da cidade sem tratar a cidade doente. Quem sabe tenha chegado a hora do povo brasileiro, tão sofrido e solidário, usufruir enfim dessa ciência que também precisou das trágicas epidemias do século XIX para vir à luz na história. Que o martírio de tantos, tantas vezes repetido, seja desta vez uma lição definitiva, ao menos uma forte luz de esperança de salvação para nossas cidades.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 18/01/2011)
Ainda abalado renovo o comentário anual sobre as tragédias urbanas brasileiras de cada verão. Em abril do ano passado vislumbrei um “lusco-fusco” de esperança no discurso de algumas autoridades no Morro do Bumba, Niterói, que abandonavam o surrado chororô hipócrita de todos os anos com culpas a São Pedro ou a uma falsa falta de leis e planejamento, começando a falar em uma nova forma de administrar as cidades. Nem passou um ano e o drama se repete em cidades consolidadas, relativamente ricas, nos estados mais desenvolvidos do país, em especial na região serrana do Rio de Janeiro.
Desta vez a lição parece ter sido forte o suficiente para ensinar que a culpa não é de chuvas ou de condições geotécnicas, mas de como administramos a construção e o funcionamento de nossas cidades em seu desenvolvimento cotidiano. Pelo menos este é o teor dos principais discursos e comentários técnicos. Após a catástrofe, é hora de reverenciar os mortos, lamber as feridas, amparar as vítimas e reconstruir. Mas que a reconstrução seja também um “momento de prevenção” evitando as re-ocupações de risco, como disse a presidenta Dilma. É importante que parta da maior autoridade do país a compreensão de que no Brasil a “moradia em zona de risco é regra e não exceção” e que essa situação tem que ser mudada. E para meus olhos de otimista militante, o “lusco-fusco” do ano passado fica agora mais luminoso. Quem sabe uma alvorada de esperança para nossas cidades?
Este salto qualitativo não depende apenas de dinheiro, ciência ou tecnologia, que existem sim, mas, antes de tudo de uma revolução na gestão urbana. Chegar a ela é que é o problema. A origem dos males das cidades brasileiras é político, na sua essência mais primitiva e bárbara, de disputa pelo poder sobre a sociedade, suas coisas e pessoas. Em 1889 o Brasil definiu-se como uma República, isto é, uma res-publica, uma sociedade democrática cujo dono seria o cidadão, orientada e governada pelos interesses do povo e do bem comum. A política só se legitimaria nesse contexto republicano. Mas nas últimas décadas a cidadania foi assaltada nesse seu maior bem e as nossas cidades viraram um butim eleitoral, isto é, um prêmio de conquista a ser desfrutado ao bel prazer de seu conquistador. Longe de ser um bem comum, foram apoderadas por uma parte da sociedade, os políticos, que as tem como objetos de negociação em suas disputas não mais republicanas, em um jogo cada vez mais cruel. Por décadas a “desgraça do populismo”, na expressão do governador Sérgio Cabral, dirigiu a ocupação do solo urbano. E, criminosamente, ainda dirige, acrescento.
O resgate da cidade para o cidadão é o grande desafio e requer muita coragem e determinação, que sobram na biografia da presidenta Dilma. Sem ele o projeto não é executado, o serviço não funciona, o dinheiro não chega para benefício do cidadão, e fica tudo como está. A cada ano, mais choro. Sem essa retomada persistirá o faroeste urbano com suas tragédias inevitáveis, sejam as concentradas em alguns dias, com maior poder de sensibilização, ou as que quase não vemos, diluídas nas pequenas tragédias urbanas de cada dia vindas do caos nas questões da moradia, do trânsito, do saneamento, da segurança, ...
O Urbanismo é a ciência que enxerga a cidade como um todo e não se pode tratar as doenças da cidade sem tratar a cidade doente. Quem sabe tenha chegado a hora do povo brasileiro, tão sofrido e solidário, usufruir enfim dessa ciência que também precisou das trágicas epidemias do século XIX para vir à luz na história. Que o martírio de tantos, tantas vezes repetido, seja desta vez uma lição definitiva, ao menos uma forte luz de esperança de salvação para nossas cidades.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 18/01/2011)
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terça-feira, 11 de janeiro de 2011
VINTE ANOS ATRÁS
José Antonio Lemos dos Santos
Nessas arrumações de papelada velha que férias passadas em casa permitem, achei um artigo meu no desaparecido Jornal do Dia de 5 de janeiro de 1991, com um balanço do ano 1990 que findava. 20 anos separam dois mundos e a curiosidade foi inevitável. Aquele amarelecido artigo começava com as pendências deixadas por 89: ferrovia - é claro, Manso e a hoje esquecida saída para o Pacífico, via San Matias.
Sobre a ferrovia era destacada a visita à fazenda Itamaraty do recém empossado presidente Collor. Como a fazenda era do então dono da Ferronorte e o novo ministro de Infra-Estrutura havia batizado o ano de 90 de “ano ferroviário”, havia esperança para a ferrovia com o novo governo. O artigo destacava ainda o compromisso do governador de São Paulo em construir a monumental ponte rodoferroviária sobre o rio Paraná, bem como o dispendioso encarte na revista Veja, patrocinado por Minas, Goiás e Espírito Santo, defendendo a passagem da ferrovia por seus territórios rumo ao porto de Vitória. Puxado pelo senador Vicente Vuolo, o sistema ferroviário da Ferronorte centrado em Cuiabá era então viabilíssimo e havia se transformado em um projeto nacional. Hoje querem fabricar-lhe uma inviabilidade econômica absurda.
Sobre Manso, iniciada em 1988 e depois paralisada, o velho artigo comemorava a sua reinclusão no orçamento da União e cobrava dos políticos e demais lideranças empenho na efetivação desses recursos, o que só viria a acontecer 8 anos após, em 1998, funcionando a primeira unidade geradora no final de 2000. Mas a barragem está sub-aproveitada até hoje. Só funciona como reguladora da vazão do rio e como geradora de energia, sendo desprezados os demais aproveitamentos múltiplos para os quais foi projetada e que a compensam ambientalmente. Por que não aproveitá-la para a aqüicultura, irrigação e abastecimento de água por gravidade para Cuiabá e Várzea Grande? Quanto à saída para o Pacífico, só informava que a estrada avançava tanto no Brasil quanto na Bolívia sem se consolidar como um projeto internacional oficial e comemorava as viagens a San Matias que começavam a ficar comuns em 1990. E assim ficou até hoje. Pior, perdemos essa saída para o Pacífico para o Acre, para Mato Grosso do Sul e para os diversos tipos de tráficos.
Sobre outros assuntos, comemorava a licença ambiental para a fábrica da Antártica, hoje a magnífica AMBEV, depois de uma longa novela que quase tirou a fábrica daqui. E reclamava: “Um estado que precisa de empregos e renda deve preparar-se para respostas mais rápidas e precisas na área do meio ambiente, principalmente a respeito de indústrias alimentícias e outros tipos de agroindústrias de impactos ambientais relativamente baixos. Se não pudermos ter esse tipo de indústria, que outro tipo de industrialização nos restaria?”
Eram destaques as novas Leis Orgânicas de Cuiabá e Várzea Grande e a implantação do IPDU, cuja revitalização é esperada com a reforma administrativa do prefeito Chico Galindo. Saudava também as imagens da TV Educativa emitidas pela UFMT, reclamando o “absurdo” de não termos até então acesso às redes Manchete e SBT. O artigo realçava ainda a segunda vinda da seleção brasileira – só possíveis porque Cuiabá tinha um estádio para mais de 40 mil espectadores, a afirmação do hoje sumido Muxirum Cuiabano como o grande movimento cultural local, e Liu Arruda, com sua arte autêntica, criando tipos extraordinários. Encerra com a notícia da vinda do Papa João Paulo II a Cuiabá no ano seguinte, aquela que considera a mais importante notícia do ano de 1990.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 11/01/2011)
Nessas arrumações de papelada velha que férias passadas em casa permitem, achei um artigo meu no desaparecido Jornal do Dia de 5 de janeiro de 1991, com um balanço do ano 1990 que findava. 20 anos separam dois mundos e a curiosidade foi inevitável. Aquele amarelecido artigo começava com as pendências deixadas por 89: ferrovia - é claro, Manso e a hoje esquecida saída para o Pacífico, via San Matias.
Sobre a ferrovia era destacada a visita à fazenda Itamaraty do recém empossado presidente Collor. Como a fazenda era do então dono da Ferronorte e o novo ministro de Infra-Estrutura havia batizado o ano de 90 de “ano ferroviário”, havia esperança para a ferrovia com o novo governo. O artigo destacava ainda o compromisso do governador de São Paulo em construir a monumental ponte rodoferroviária sobre o rio Paraná, bem como o dispendioso encarte na revista Veja, patrocinado por Minas, Goiás e Espírito Santo, defendendo a passagem da ferrovia por seus territórios rumo ao porto de Vitória. Puxado pelo senador Vicente Vuolo, o sistema ferroviário da Ferronorte centrado em Cuiabá era então viabilíssimo e havia se transformado em um projeto nacional. Hoje querem fabricar-lhe uma inviabilidade econômica absurda.
Sobre Manso, iniciada em 1988 e depois paralisada, o velho artigo comemorava a sua reinclusão no orçamento da União e cobrava dos políticos e demais lideranças empenho na efetivação desses recursos, o que só viria a acontecer 8 anos após, em 1998, funcionando a primeira unidade geradora no final de 2000. Mas a barragem está sub-aproveitada até hoje. Só funciona como reguladora da vazão do rio e como geradora de energia, sendo desprezados os demais aproveitamentos múltiplos para os quais foi projetada e que a compensam ambientalmente. Por que não aproveitá-la para a aqüicultura, irrigação e abastecimento de água por gravidade para Cuiabá e Várzea Grande? Quanto à saída para o Pacífico, só informava que a estrada avançava tanto no Brasil quanto na Bolívia sem se consolidar como um projeto internacional oficial e comemorava as viagens a San Matias que começavam a ficar comuns em 1990. E assim ficou até hoje. Pior, perdemos essa saída para o Pacífico para o Acre, para Mato Grosso do Sul e para os diversos tipos de tráficos.
Sobre outros assuntos, comemorava a licença ambiental para a fábrica da Antártica, hoje a magnífica AMBEV, depois de uma longa novela que quase tirou a fábrica daqui. E reclamava: “Um estado que precisa de empregos e renda deve preparar-se para respostas mais rápidas e precisas na área do meio ambiente, principalmente a respeito de indústrias alimentícias e outros tipos de agroindústrias de impactos ambientais relativamente baixos. Se não pudermos ter esse tipo de indústria, que outro tipo de industrialização nos restaria?”
Eram destaques as novas Leis Orgânicas de Cuiabá e Várzea Grande e a implantação do IPDU, cuja revitalização é esperada com a reforma administrativa do prefeito Chico Galindo. Saudava também as imagens da TV Educativa emitidas pela UFMT, reclamando o “absurdo” de não termos até então acesso às redes Manchete e SBT. O artigo realçava ainda a segunda vinda da seleção brasileira – só possíveis porque Cuiabá tinha um estádio para mais de 40 mil espectadores, a afirmação do hoje sumido Muxirum Cuiabano como o grande movimento cultural local, e Liu Arruda, com sua arte autêntica, criando tipos extraordinários. Encerra com a notícia da vinda do Papa João Paulo II a Cuiabá no ano seguinte, aquela que considera a mais importante notícia do ano de 1990.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 11/01/2011)
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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
NOTA N. 1 DAS ENTIDADES NACIONAIS
As entidades nacionais dos arquitetos: ABAP, ABEA, AsBEA, FNA e IAB, tendo em vista a Lei 12.378/2010 de 31/12/2010 que cria o CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo – e, considerando a necessidade de informar e orientar a todos, vem a público esclarecer o que segue:
A Lei Federal n. 12.378/2010 que cria o CAU e regulamenta o exercício da profissão de arquiteto e urbanista, foi publicada do Diário Oficial da União no dia 31 de dezembro de 2010;
À exceção dos artigos 56 e 57 que tratam de três ações fundamentais: a transição do CREA para o CAU; o processo eleitoral e a definição da receita a ser repassada ao CAU, os demais entram em vigor quando o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil estiver estruturado;
Ao longo de 2011, os arquitetos e urbanistas inscritos nos diversos CREAs de todo país, continuarão sujeitos às normas do CREA vigentes até a instalação do CAU de seus respectivos Estados. Estando, portanto o profissional submetido às normas do CREA para a fiscalização e registro do exercício profissional;
De acordo com a que regulamenta o CAU (supracitada), cabe às Câmaras de Arquitetura, juntamente com as cinco entidades acima mencionadas, o gerenciamento de todo o processo de transição e de eleição.
Por fim, manifestamos aos profissionais e às entidades do SISTEMA CONFEA CREA, que os arquitetos farão o melhor possível para esta transição, reconhecendo a importância de todos para que o processo seja eficiente e que aconteça de forma rápida e segura, atendendo aos interesses da sociedade.
Informamos a todos que o site do CAU, www.cau.org.br, será atualizado constantemente com novidades a respeito do processo de criação do conselho.
Brasília, 3 de janeiro de 2011
Saide Kahtouni Presidente ABAP
José Antônio Lanchotti Presidente ABEA
Ronaldo Rezende Presidente AsBEA
Jefferson Salazar Presidente FNA
Gilson Paranhos Presidente IAB-DN
( http://www.cau.org.br/noticias.php?cod=28 )
A Lei Federal n. 12.378/2010 que cria o CAU e regulamenta o exercício da profissão de arquiteto e urbanista, foi publicada do Diário Oficial da União no dia 31 de dezembro de 2010;
À exceção dos artigos 56 e 57 que tratam de três ações fundamentais: a transição do CREA para o CAU; o processo eleitoral e a definição da receita a ser repassada ao CAU, os demais entram em vigor quando o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil estiver estruturado;
Ao longo de 2011, os arquitetos e urbanistas inscritos nos diversos CREAs de todo país, continuarão sujeitos às normas do CREA vigentes até a instalação do CAU de seus respectivos Estados. Estando, portanto o profissional submetido às normas do CREA para a fiscalização e registro do exercício profissional;
De acordo com a que regulamenta o CAU (supracitada), cabe às Câmaras de Arquitetura, juntamente com as cinco entidades acima mencionadas, o gerenciamento de todo o processo de transição e de eleição.
Por fim, manifestamos aos profissionais e às entidades do SISTEMA CONFEA CREA, que os arquitetos farão o melhor possível para esta transição, reconhecendo a importância de todos para que o processo seja eficiente e que aconteça de forma rápida e segura, atendendo aos interesses da sociedade.
Informamos a todos que o site do CAU, www.cau.org.br, será atualizado constantemente com novidades a respeito do processo de criação do conselho.
Brasília, 3 de janeiro de 2011
Saide Kahtouni Presidente ABAP
José Antônio Lanchotti Presidente ABEA
Ronaldo Rezende Presidente AsBEA
Jefferson Salazar Presidente FNA
Gilson Paranhos Presidente IAB-DN
( http://www.cau.org.br/noticias.php?cod=28 )
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
2011 E O POTE DE OURO
José Antonio Lemos dos Santos
A virada do século trouxe para Cuiabá seu melhor momento histórico em termos de potencialidades. Como bastião da brasilidade isolado no centro do continente, Cuiabá ajudou a conquistar, defender e desenvolver o vasto oeste brasileiro que hoje é uma das regiões mais dinâmicas do planeta. A produção regional explodiu em recordes nas últimas décadas e continua tendo em Cuiabá seu principal ponto de apoio urbano, agora em nível superior de demanda, como plataforma múltipla de consumo, em especial no comércio e serviços sofisticados, tipo educação, saúde, e assistência técnica especializada.
A histórica simbiose regional foi renovada, costurando entre as cidades a divisão de trabalho mais útil e produtiva ao conjunto, assim como acontece na vanguarda do mundo globalizado. A ascensão de seu hinterland empurrou Cuiabá para cima. Ao mesmo tempo aconteceu uma série de projetos e investimentos fundamentais, como o gasoduto, a termelétrica, novo aeroporto, Manso, Porto Seco e o avanço da ferrovia rumo a Cuiabá, Santarém, Porto Velho. Reflexo dessa situação positiva, a cidade ainda recebeu o privilégio de ser uma das sedes da Copa do Mundo em 2014, um dos maiores e mais disputados eventos de massa do mundo. No rol de oportunidades o século XXI oferta a Cuiabá um pote de ouro, ou melhor, uma nova lavra aurífera, maior que aquelas de Sutil.
É neste contexto sinérgico que Cuiabá chega a 2011, arrancando para aquele que chamo de seu terceiro salto de desenvolvimento. Tem tudo para ser o salto da qualidade, como muita demanda regional, riqueza e pouca imigração. Só que a cidade já deveria estar em muito melhores condições físicas e institucionais para viver este momento. Infelizmente não está. O processo de institucionalização da gestão urbana, que vinha evoluindo desde meados de 80 com a criação da SMADES, IPDU, Aglomerado Urbano e outras ferramentas, foi abortado nos últimos anos, justo quando devia dar seus mais completos frutos. Pior, os grandes projetos também. Cortaram o gás e pararam a termelétrica, o aeroporto e a ferrovia, para qual querem impingir uma inviabilidade fajuta. Não se fala mais em saída para o Pacífico e a duplicação Rondonópolis-Cuiabá segue a passos de quem não quer fazer. Por outro lado, providenciam a jato a ligação ferroviária de Lucas a Goiás e a ALL devolve à União os trechos da Ferronorte até Cuiabá e após Cuiabá.
O atual salto histórico de Cuiabá vai muito além da Copa com suas 3 ou 4 dezenas de obras importantíssimas e marketing internacional. Mas é preciso saltar. O arranque até já começou pelo empurrão da história, vide o ritmo das construções e os empreendimentos como as fábricas têxtil e de cimento, hipermercados e novos hotéis. Agora é a vez da força da cidadania, com suas autoridades diretamente responsáveis e pagas para isso, e a participação do povo, torcendo, criticando, aplaudindo, reagindo às armações e, sobretudo cobrando seriedade com a cidade. A história não empurra amebas invertebradas e acríticas. O pote de ouro é a cidade dos nossos filhos e netos. Não temos o direito de perdê-lo pela omissão da comodidade ou covardia.
2011 é a hora do cidadão, o dono da cidade, entrar em campo decidido a ganhar, com muita consciência para não fazer o jogo dos que ainda não assimilaram a Copa em Cuiabá, ou daqueles que possam querer se aproveitar das luzes nacionais e internacionais para se promoverem ao menor pretexto ou que queiram encher os bolsos indevidamente. Como seus anos imediatos, 2011 será de muita responsabilidade histórica para as gerações de cuiabanos vivos. Um preço que vale a pena pagar.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 04/01/2011)
A virada do século trouxe para Cuiabá seu melhor momento histórico em termos de potencialidades. Como bastião da brasilidade isolado no centro do continente, Cuiabá ajudou a conquistar, defender e desenvolver o vasto oeste brasileiro que hoje é uma das regiões mais dinâmicas do planeta. A produção regional explodiu em recordes nas últimas décadas e continua tendo em Cuiabá seu principal ponto de apoio urbano, agora em nível superior de demanda, como plataforma múltipla de consumo, em especial no comércio e serviços sofisticados, tipo educação, saúde, e assistência técnica especializada.
A histórica simbiose regional foi renovada, costurando entre as cidades a divisão de trabalho mais útil e produtiva ao conjunto, assim como acontece na vanguarda do mundo globalizado. A ascensão de seu hinterland empurrou Cuiabá para cima. Ao mesmo tempo aconteceu uma série de projetos e investimentos fundamentais, como o gasoduto, a termelétrica, novo aeroporto, Manso, Porto Seco e o avanço da ferrovia rumo a Cuiabá, Santarém, Porto Velho. Reflexo dessa situação positiva, a cidade ainda recebeu o privilégio de ser uma das sedes da Copa do Mundo em 2014, um dos maiores e mais disputados eventos de massa do mundo. No rol de oportunidades o século XXI oferta a Cuiabá um pote de ouro, ou melhor, uma nova lavra aurífera, maior que aquelas de Sutil.
É neste contexto sinérgico que Cuiabá chega a 2011, arrancando para aquele que chamo de seu terceiro salto de desenvolvimento. Tem tudo para ser o salto da qualidade, como muita demanda regional, riqueza e pouca imigração. Só que a cidade já deveria estar em muito melhores condições físicas e institucionais para viver este momento. Infelizmente não está. O processo de institucionalização da gestão urbana, que vinha evoluindo desde meados de 80 com a criação da SMADES, IPDU, Aglomerado Urbano e outras ferramentas, foi abortado nos últimos anos, justo quando devia dar seus mais completos frutos. Pior, os grandes projetos também. Cortaram o gás e pararam a termelétrica, o aeroporto e a ferrovia, para qual querem impingir uma inviabilidade fajuta. Não se fala mais em saída para o Pacífico e a duplicação Rondonópolis-Cuiabá segue a passos de quem não quer fazer. Por outro lado, providenciam a jato a ligação ferroviária de Lucas a Goiás e a ALL devolve à União os trechos da Ferronorte até Cuiabá e após Cuiabá.
O atual salto histórico de Cuiabá vai muito além da Copa com suas 3 ou 4 dezenas de obras importantíssimas e marketing internacional. Mas é preciso saltar. O arranque até já começou pelo empurrão da história, vide o ritmo das construções e os empreendimentos como as fábricas têxtil e de cimento, hipermercados e novos hotéis. Agora é a vez da força da cidadania, com suas autoridades diretamente responsáveis e pagas para isso, e a participação do povo, torcendo, criticando, aplaudindo, reagindo às armações e, sobretudo cobrando seriedade com a cidade. A história não empurra amebas invertebradas e acríticas. O pote de ouro é a cidade dos nossos filhos e netos. Não temos o direito de perdê-lo pela omissão da comodidade ou covardia.
2011 é a hora do cidadão, o dono da cidade, entrar em campo decidido a ganhar, com muita consciência para não fazer o jogo dos que ainda não assimilaram a Copa em Cuiabá, ou daqueles que possam querer se aproveitar das luzes nacionais e internacionais para se promoverem ao menor pretexto ou que queiram encher os bolsos indevidamente. Como seus anos imediatos, 2011 será de muita responsabilidade histórica para as gerações de cuiabanos vivos. Um preço que vale a pena pagar.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 04/01/2011)
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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
UM NOVO DIA DE UM NOVO TEMPO
Um dos últimos atos de Lula como Presidente da República foi a sanção da lei que cria o Conselho Federal de Arquitetura e Urbanismo (CAU) e regulamenta a profissão de arquitetura e urbanismo no Brasil. Eram 17h41 de ontem, em Brasília, quando o Presidente assinou a lei, culminando mais de 50 anos de luta dos arquitetos por seu conselho próprio. O dia 30 de dezembro de 2010 passa a ser uma data histórica para todos os arquitetos e a arquitetura brasileira. O ato de assinatura foi testemunhado pelos integrantes do Colégio Brasileiro de Arquitetos, presentes à solenidade no Palácio do Planalto (foto).
Cada unidade da federação terá de criar o seu CAU estadual no prazo máximo de 360 dias por meio das atuais câmaras de arquitetura e urbanismo dos conselhos regionais do CREA (que serão extintas). Os conselhos estaduais do CAU serão autarquias federais, dotadas de personalidade jurídica no campo do direito público, criadas, fundamentalmente, para defender a sociedade do exercício ilegal e incorreto dos profissionais de arquitetura e urbanista. Serão, deste modo, fiscalizadas pelo Tribunal de Contas da União e auditadas, anualmente, por auditoria independente.
As atribuições do arquiteto e urbanista, agora definidas em lei (antes era por meio de resolução), são as seguintes: concepção e execução de projetos de arquitetura e urbanismo, arquitetura paisagística, arquitetura de interiores, patrimônio histórico cultural e artístico, planejamento urbano e regional, topografia, tecnologia e resistência dos materiais, instalações e equipamentos referentes à arquitetura e urbanismo, sistemas construtivos e estruturais, conforto ambiental, meio ambiente, estudo e avaliação dos impactos ambientais, licenciamento ambiental, utilização racional dos recursos disponíveis e desenvolvimento sustentável.
Todo arquiteto que quiser exercer a profissão terá que se registrar no CAU de seu Estado. Passa a exercer ilegalmente a profissão aquele que não se registrar, não havendo a opção de se registrar no CREA para exercer a profissão. Fica, também, vetado o uso da expressão “arquitetura e urbanismo” em empresas que não possuam profissionais com essa formação. O arquiteto que possuir uma empresa de construção civil não precisará se inscrever no CAU e no CREA. Dentre as habilidades dos arquitetos e urbanistas, encontra-se a de execução de obras civis. Sendo assim e reconhecendo essa habilidade profissional, apenas o registro no CAU de uma empresa de construção de um arquiteto e urbanista ou sociedade de arquitetos e urbanistas é suficiente.
Em resumo, não há a menor dúvida de que ontem foi, antes mesmo do ano terminar, “... um novo dia de um novo tempo que começou" para os arquitetos, a arquitetura nacional e, por extensão, para toda a sociedade brasileira. Tim, tim!
(Do blog http://espiritodegeometria.blogspot.com/2010/12/um-novo-dia-de-um-novo-tempo.html , do arquiteto Antonio Rocha Júnior)
Cada unidade da federação terá de criar o seu CAU estadual no prazo máximo de 360 dias por meio das atuais câmaras de arquitetura e urbanismo dos conselhos regionais do CREA (que serão extintas). Os conselhos estaduais do CAU serão autarquias federais, dotadas de personalidade jurídica no campo do direito público, criadas, fundamentalmente, para defender a sociedade do exercício ilegal e incorreto dos profissionais de arquitetura e urbanista. Serão, deste modo, fiscalizadas pelo Tribunal de Contas da União e auditadas, anualmente, por auditoria independente.
As atribuições do arquiteto e urbanista, agora definidas em lei (antes era por meio de resolução), são as seguintes: concepção e execução de projetos de arquitetura e urbanismo, arquitetura paisagística, arquitetura de interiores, patrimônio histórico cultural e artístico, planejamento urbano e regional, topografia, tecnologia e resistência dos materiais, instalações e equipamentos referentes à arquitetura e urbanismo, sistemas construtivos e estruturais, conforto ambiental, meio ambiente, estudo e avaliação dos impactos ambientais, licenciamento ambiental, utilização racional dos recursos disponíveis e desenvolvimento sustentável.
Todo arquiteto que quiser exercer a profissão terá que se registrar no CAU de seu Estado. Passa a exercer ilegalmente a profissão aquele que não se registrar, não havendo a opção de se registrar no CREA para exercer a profissão. Fica, também, vetado o uso da expressão “arquitetura e urbanismo” em empresas que não possuam profissionais com essa formação. O arquiteto que possuir uma empresa de construção civil não precisará se inscrever no CAU e no CREA. Dentre as habilidades dos arquitetos e urbanistas, encontra-se a de execução de obras civis. Sendo assim e reconhecendo essa habilidade profissional, apenas o registro no CAU de uma empresa de construção de um arquiteto e urbanista ou sociedade de arquitetos e urbanistas é suficiente.
Em resumo, não há a menor dúvida de que ontem foi, antes mesmo do ano terminar, “... um novo dia de um novo tempo que começou" para os arquitetos, a arquitetura nacional e, por extensão, para toda a sociedade brasileira. Tim, tim!
(Do blog http://espiritodegeometria.blogspot.com/2010/12/um-novo-dia-de-um-novo-tempo.html , do arquiteto Antonio Rocha Júnior)
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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
MARCAS DE 2010
José Antonio Lemos dos Santos
A cidade do futuro é a cidade que construímos hoje. Nós com nossa casinha, borracharia, comércio, etc. e os governos com as obras infraestruturais, o planejamento e o controle do grande bem comum. Quanto à qualidade da cidade do futuro, esta depende da qualidade do que se constrói hoje. Assim todos os anos marcam o futuro, porém 2010 terá importância especial para a Grande Cuiabá não só pelo que foi feito, mas principalmente por decisões sobre a gestão da cidade, que foram ou não foram tomadas. Um dos benefícios da Copa do Pantanal é que seus requisitos de qualidade urbanística exigem que a cidade seja tratada de forma séria, cobrando decisões intergovernamentais básicas que nunca foram tomadas no caso da Grande Cuiabá. Se aconteceram agora, ou não, só o futuro dirá. Seria o grande legado de 2010.
Este esforço de lembrança dos fatos marcantes para Cuiabá e Mato Grosso em 2010, começa com as eleições nacionais e estaduais, bem como a troca de prefeito em Cuiabá. As renovações são sempre esperançosas e no caso as expectativas são maiores pois ascendem novas personalidades políticas que certamente querem ficar na história como administradores que corresponderam às necessidades da cidade, do estado e do país, por inteiros. Destaca-se também a descoberta das jazidas de fosfato e ferro em Mirassol d’Oeste, com reservas de ferro 4 vezes maiores que Carajás. Embora comentado como o “pré-sal” mato-grossense, o assunto foi estranhamente esquecido apenas 3 meses após sua divulgação.
No caso Ferronorte oficializou-se a esquisita decisão da diretoria da ALL em devolver os trechos ferroviários Cuiabá-Santarém, Cuiabá-Porto Velho e Cuiabá-Uberaba/Uberlândia. Dos mais de 6 mil quilômetros da concessão, “resolveram” ficar só com o trecho de Rondonópolis a Aparecida do Taboado. Não rejeitaram só Cuiabá, mas todo um sistema ferroviário em uma das regiões mais dinâmicas do planeta. Inviável? Piada. E uma concessionária pode escolher apenas uma parte numa concessão pública a que livre e conscientemente concorreu? À minha vã compreensão, podem, mas devolvendo tudo, dando lugar a outras empresas. O governador falou em grupos chineses interessados. Pois que venham rápido. E o Ministério Público também.
Em 2010 Mato Grosso permanece como o maior produtor agropecuário do país, um dos maiores exportadores e responsável pela maior parcela do superávit comercial brasileiro. Apesar disso o gás boliviano continua cortado, a termelétrica paralisada, a ferrovia não chega, a duplicação Cuiabá-Rondonópolis não sai, nem a Base Aérea de Cáceres apesar de anunciada no ano passado. A insegurança pública aumenta e voltam os apagões e oscilações de energia, que pareciam extintos.
Para Cuiabá, o início da instalação no Aguaçu de uma fábrica de cimento de um dos maiores grupos nacionais do setor, reflete o extraordinário momento da construção civil em todo o estado. Triste mesmo só a eliminação do Mixto do campeonato brasileiro de futebol. No “maracanazo” cuiabano, um gol no finzinho da partida fez chorar o lotado Dutrinha. Em troca o Cuiabá saiu campeão da Copa Mato Grosso e o Cuiabá Arsenal sagrou-se campeão brasileiro de futebol americano.
Lembro ainda a generosa homenagem do CREA-MT distinguindo-me como Arquiteto do Ano 2010, no último dia 10. Ela tem muito a ver com estes artigos que o Diário de Cuiabá me proporciona desenvolver como arquiteto e urbanista, contando com os preciosos comentários dos leitores, colegas, colegas professores, alunos e amigos, com os quais quero compartilhar a envaidecedora homenagem. Feliz Ano Novo!
(Publicado no Diário de Cuiabá em 28/12/2010)
A cidade do futuro é a cidade que construímos hoje. Nós com nossa casinha, borracharia, comércio, etc. e os governos com as obras infraestruturais, o planejamento e o controle do grande bem comum. Quanto à qualidade da cidade do futuro, esta depende da qualidade do que se constrói hoje. Assim todos os anos marcam o futuro, porém 2010 terá importância especial para a Grande Cuiabá não só pelo que foi feito, mas principalmente por decisões sobre a gestão da cidade, que foram ou não foram tomadas. Um dos benefícios da Copa do Pantanal é que seus requisitos de qualidade urbanística exigem que a cidade seja tratada de forma séria, cobrando decisões intergovernamentais básicas que nunca foram tomadas no caso da Grande Cuiabá. Se aconteceram agora, ou não, só o futuro dirá. Seria o grande legado de 2010.
Este esforço de lembrança dos fatos marcantes para Cuiabá e Mato Grosso em 2010, começa com as eleições nacionais e estaduais, bem como a troca de prefeito em Cuiabá. As renovações são sempre esperançosas e no caso as expectativas são maiores pois ascendem novas personalidades políticas que certamente querem ficar na história como administradores que corresponderam às necessidades da cidade, do estado e do país, por inteiros. Destaca-se também a descoberta das jazidas de fosfato e ferro em Mirassol d’Oeste, com reservas de ferro 4 vezes maiores que Carajás. Embora comentado como o “pré-sal” mato-grossense, o assunto foi estranhamente esquecido apenas 3 meses após sua divulgação.
No caso Ferronorte oficializou-se a esquisita decisão da diretoria da ALL em devolver os trechos ferroviários Cuiabá-Santarém, Cuiabá-Porto Velho e Cuiabá-Uberaba/Uberlândia. Dos mais de 6 mil quilômetros da concessão, “resolveram” ficar só com o trecho de Rondonópolis a Aparecida do Taboado. Não rejeitaram só Cuiabá, mas todo um sistema ferroviário em uma das regiões mais dinâmicas do planeta. Inviável? Piada. E uma concessionária pode escolher apenas uma parte numa concessão pública a que livre e conscientemente concorreu? À minha vã compreensão, podem, mas devolvendo tudo, dando lugar a outras empresas. O governador falou em grupos chineses interessados. Pois que venham rápido. E o Ministério Público também.
Em 2010 Mato Grosso permanece como o maior produtor agropecuário do país, um dos maiores exportadores e responsável pela maior parcela do superávit comercial brasileiro. Apesar disso o gás boliviano continua cortado, a termelétrica paralisada, a ferrovia não chega, a duplicação Cuiabá-Rondonópolis não sai, nem a Base Aérea de Cáceres apesar de anunciada no ano passado. A insegurança pública aumenta e voltam os apagões e oscilações de energia, que pareciam extintos.
Para Cuiabá, o início da instalação no Aguaçu de uma fábrica de cimento de um dos maiores grupos nacionais do setor, reflete o extraordinário momento da construção civil em todo o estado. Triste mesmo só a eliminação do Mixto do campeonato brasileiro de futebol. No “maracanazo” cuiabano, um gol no finzinho da partida fez chorar o lotado Dutrinha. Em troca o Cuiabá saiu campeão da Copa Mato Grosso e o Cuiabá Arsenal sagrou-se campeão brasileiro de futebol americano.
Lembro ainda a generosa homenagem do CREA-MT distinguindo-me como Arquiteto do Ano 2010, no último dia 10. Ela tem muito a ver com estes artigos que o Diário de Cuiabá me proporciona desenvolver como arquiteto e urbanista, contando com os preciosos comentários dos leitores, colegas, colegas professores, alunos e amigos, com os quais quero compartilhar a envaidecedora homenagem. Feliz Ano Novo!
(Publicado no Diário de Cuiabá em 28/12/2010)
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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
CUIABÁ ARSENAL E O AEROPORTO
José Antonio Lemos dos Santos
Não deixaria de homenagear o Cuiabá Arsenal, campeão brasileiro de futebol americano, título conquistado no sábado em São Paulo, superando clubes poderosos como o Corinthians e Fluminense. Certamente que para os mais afetados pela nossa crônica síndrome de capacho, essa conquista só valerá quando o nosso campeão vencer o campeão da Liga Americana, lá nos EUA. Mais uma atração esportiva que poderá fazer uso do novo Verdão, junto com nosso outro campeão nacional, o Joaninha do motociclismo, e com os nossos queridos times de futebol, masculino e feminino. O esporte é a alternativa mais natural para a juventude.
No rastro natalino das boas notícias, afinal começam a aparecer ações concretas da Infraero na preparação do Aeroporto Marechal Rondon para a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Pantanal de 2014. No dia 19 de novembro foi dada ordem de serviço para a construção do módulo operacional de passageiros, o “puxadinho” emergencial que funcionará (é o que se espera) até a conclusão do terminal efetivo, e no último dia 7 foi homologado o resultado da licitação para o projeto da obra. Ótimas notícias, ainda que atrasadas no mínimo 1 ano, e refletem a mobilização da sociedade mato-grossense, em especial do trade turístico com seus fóruns e comitê, bem como da Agecopa que teve que se aproximar da Infraero e dela não pode mais se afastar.
Nesse noticiário chama especialmente atenção a nova postura do superintendente local da empresa, Sérgio Kennedy, agora entusiasmado e positivo, dizendo estar feliz “por mais esta vitória”, quando da homologação da licitação do projeto. Animado, disse ainda ser “plenamente possível” ter “Cuiabá em condições de sediar a Copa das Confederações”, e que o “aeroporto Marechal Rondon estará pronto com toda a certeza”. Esse ânimo faltava à Infraero com relação à Cuiabá e às Copas das Confederações e do Pantanal. Dava até impressão de que estava trabalhando contra, e ainda creio que realmente esteve. Agora não, parece que Cuiabá e Mato Grosso ganharam uma parceira fundamental na epopéia da Copa, pelo menos em nível da superintendência. Esse é o superintendente merecedor de apoio e aplausos. Pode ser, enfim, a aterrisagem em Mato Grosso da grande Infraero que esbanja competência por esse Brasil afora, mas que estava e ainda está devendo por aqui.
Na realidade as providências já deviam ter acontecido a tempo, independente de Copa. No caso do “puxadinho” de emergência, ou do eufemístico módulo provisório, é inaceitável a continuação do atual muquifo de desembarque. Não atenderia sequer uma demanda de 200 mil passageiros por ano, enquanto que o Marechal Rondon chegou a 181 mil passageiros só em novembro passado, com uma previsão da própria Infraero de 210 mil para dezembro. Ao mês! Isto é equivalente a um movimento anual de 2,5 milhões de passageiros por ano! Nestas condições um enorme risco, muito pior que a vergonha do mato-grossense ao receber seus visitantes na principal porta de entrada do estado. Ainda não aconteceu um acidente de graves proporções no local porque Deus é brasileiro e o Senhor Bom Jesus de Cuiabá é poderoso.
Que o sucesso do Cuiabá Arsenal motive outros esportes e os clubes de futebol locais a continuarem buscando desempenhos compatíveis com seus lugares nos corações mato-grossenses, e que o entusiasmo do superintendente contagie logo a direção nacional da Infraero. Não há espaço para mais erros e atrasos. E ainda é preciso muita vigilância da sociedade e muito trabalho da Infraero, que apenas começa. Que assim seja. Amém.
(Publicado no Diário de Cuiabá em 21/12/10)
Não deixaria de homenagear o Cuiabá Arsenal, campeão brasileiro de futebol americano, título conquistado no sábado em São Paulo, superando clubes poderosos como o Corinthians e Fluminense. Certamente que para os mais afetados pela nossa crônica síndrome de capacho, essa conquista só valerá quando o nosso campeão vencer o campeão da Liga Americana, lá nos EUA. Mais uma atração esportiva que poderá fazer uso do novo Verdão, junto com nosso outro campeão nacional, o Joaninha do motociclismo, e com os nossos queridos times de futebol, masculino e feminino. O esporte é a alternativa mais natural para a juventude.
No rastro natalino das boas notícias, afinal começam a aparecer ações concretas da Infraero na preparação do Aeroporto Marechal Rondon para a Copa das Confederações de 2013 e a Copa do Pantanal de 2014. No dia 19 de novembro foi dada ordem de serviço para a construção do módulo operacional de passageiros, o “puxadinho” emergencial que funcionará (é o que se espera) até a conclusão do terminal efetivo, e no último dia 7 foi homologado o resultado da licitação para o projeto da obra. Ótimas notícias, ainda que atrasadas no mínimo 1 ano, e refletem a mobilização da sociedade mato-grossense, em especial do trade turístico com seus fóruns e comitê, bem como da Agecopa que teve que se aproximar da Infraero e dela não pode mais se afastar.
Nesse noticiário chama especialmente atenção a nova postura do superintendente local da empresa, Sérgio Kennedy, agora entusiasmado e positivo, dizendo estar feliz “por mais esta vitória”, quando da homologação da licitação do projeto. Animado, disse ainda ser “plenamente possível” ter “Cuiabá em condições de sediar a Copa das Confederações”, e que o “aeroporto Marechal Rondon estará pronto com toda a certeza”. Esse ânimo faltava à Infraero com relação à Cuiabá e às Copas das Confederações e do Pantanal. Dava até impressão de que estava trabalhando contra, e ainda creio que realmente esteve. Agora não, parece que Cuiabá e Mato Grosso ganharam uma parceira fundamental na epopéia da Copa, pelo menos em nível da superintendência. Esse é o superintendente merecedor de apoio e aplausos. Pode ser, enfim, a aterrisagem em Mato Grosso da grande Infraero que esbanja competência por esse Brasil afora, mas que estava e ainda está devendo por aqui.
Na realidade as providências já deviam ter acontecido a tempo, independente de Copa. No caso do “puxadinho” de emergência, ou do eufemístico módulo provisório, é inaceitável a continuação do atual muquifo de desembarque. Não atenderia sequer uma demanda de 200 mil passageiros por ano, enquanto que o Marechal Rondon chegou a 181 mil passageiros só em novembro passado, com uma previsão da própria Infraero de 210 mil para dezembro. Ao mês! Isto é equivalente a um movimento anual de 2,5 milhões de passageiros por ano! Nestas condições um enorme risco, muito pior que a vergonha do mato-grossense ao receber seus visitantes na principal porta de entrada do estado. Ainda não aconteceu um acidente de graves proporções no local porque Deus é brasileiro e o Senhor Bom Jesus de Cuiabá é poderoso.
Que o sucesso do Cuiabá Arsenal motive outros esportes e os clubes de futebol locais a continuarem buscando desempenhos compatíveis com seus lugares nos corações mato-grossenses, e que o entusiasmo do superintendente contagie logo a direção nacional da Infraero. Não há espaço para mais erros e atrasos. E ainda é preciso muita vigilância da sociedade e muito trabalho da Infraero, que apenas começa. Que assim seja. Amém.
(Publicado no Diário de Cuiabá em 21/12/10)
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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
A SECRETARIA DAS CIDADES
José Antonio Lemos dos Santos
Uma boa surpresa das últimas eleições foi a promessa de criação de uma secretaria para as cidades feita por dois candidatos ao governo do estado, Mauro Mendes e Silval Barbosa. Saudei-as de passagem em alguns artigos, meio desconfiado, pois promessas de campanha na maioria das vezes são apenas promessas de campanha. Mas, reeleito, o governador cumpriu o prometido enviando semana passada seu projeto de reforma administrativa à Assembléia Legislativa, nela incluída a Secretaria das Cidades. Viva! Pena que o projeto foi aprovado no dia seguinte, e na pressa a sociedade ficou sem conhecer seu conteúdo na íntegra.
De extrema complexidade, as cidades são comparáveis a organismos vivos em dimensões imensas, que vão das pequenas vilas até as megalópoles. A cidade é um enorme recipiente articulado regionalmente e em constante transformação, onde acontecem as múltiplas relações urbanas. É exitosa quando tais relações acontecem bem, com sustentabilidade, conforto, segurança e, sobretudo, justiça. Para ajudá-las nesta função é que existe a ciência do Urbanismo. Tal como seu objeto de trabalho é complexa e exigente em equipamentos e recursos humanos capacitados, os quais escapam ao alcance da maioria das cidades brasileiras e mato-grossenses em quantidade e qualidade suficientes. Daí a importância do estado voltar-se ao assunto criando uma secretaria focada nas cidades e no desenvolvimento urbano estadual.
Mato Grosso já teve uma boa experiência desse tipo nos governos Garcia Neto e Frederico Campos, com um departamento de articulação municipal inicialmente instalado na Secretaria de Planejamento e depois na extinta CODEMAT. Contudo, pelas notícias sobre a nova secretaria, parece que sua atribuição vai se limitar ao assessoramento às prefeituras na viabilização e execução de obras de habitação e infra-estrutura viária, bem como nas questões de integração regional, papéis de duas secretarias que se extinguem. Se for assim, entre a expectativa e a proposta aprovada ficou faltando o pedaço mais importante.
Além de um órgão viabilizador e agilizador de obras, uma espécie de “despachante” institucional entre as prefeituras e o Ministério das Cidades, a expectativa técnica era também de um órgão que ajudasse nossas cidades a se pensarem de forma racional e planejada. Em especial as pequenas, pois em Mato Grosso elas ficam grandes rápido, com problemas sérios, muitas vezes decorrentes de soluções equivocadas adotadas quando pequenas. As cidades se constroem através de obras e as obras são fundamentais. Mas tratamos de obras certas - e que elas venham à mãos cheias. As cidades não podem ser um amontoado de obras quaisquer ou um repositório de obras facilitadas por programas governamentais de ocasião. Obras equivocadas são como remédios errados.
As cidades precisam ser capazes de definir técnica e politicamente as obras que realmente necessitam em função de estudos consolidados em planos diretores. Mas elas carecem do apoio estadual em seus processos de planejamento, bem como em seus périplos burocráticos federais e estaduais para viabilização das obras. A Secretaria das Cidades poderia ser também uma secretaria para as cidades. A gestão urbana estadual e o apoio aos municípios no planejamento e controle das cidades seriam os diferenciais da nova secretaria. Sem estes, fica tudo como antes, apenas os mesmos velhos papéis executados por uma nova secretaria.
(Publicado no Diário de Cuiabá em 14/12/10)
Uma boa surpresa das últimas eleições foi a promessa de criação de uma secretaria para as cidades feita por dois candidatos ao governo do estado, Mauro Mendes e Silval Barbosa. Saudei-as de passagem em alguns artigos, meio desconfiado, pois promessas de campanha na maioria das vezes são apenas promessas de campanha. Mas, reeleito, o governador cumpriu o prometido enviando semana passada seu projeto de reforma administrativa à Assembléia Legislativa, nela incluída a Secretaria das Cidades. Viva! Pena que o projeto foi aprovado no dia seguinte, e na pressa a sociedade ficou sem conhecer seu conteúdo na íntegra.
De extrema complexidade, as cidades são comparáveis a organismos vivos em dimensões imensas, que vão das pequenas vilas até as megalópoles. A cidade é um enorme recipiente articulado regionalmente e em constante transformação, onde acontecem as múltiplas relações urbanas. É exitosa quando tais relações acontecem bem, com sustentabilidade, conforto, segurança e, sobretudo, justiça. Para ajudá-las nesta função é que existe a ciência do Urbanismo. Tal como seu objeto de trabalho é complexa e exigente em equipamentos e recursos humanos capacitados, os quais escapam ao alcance da maioria das cidades brasileiras e mato-grossenses em quantidade e qualidade suficientes. Daí a importância do estado voltar-se ao assunto criando uma secretaria focada nas cidades e no desenvolvimento urbano estadual.
Mato Grosso já teve uma boa experiência desse tipo nos governos Garcia Neto e Frederico Campos, com um departamento de articulação municipal inicialmente instalado na Secretaria de Planejamento e depois na extinta CODEMAT. Contudo, pelas notícias sobre a nova secretaria, parece que sua atribuição vai se limitar ao assessoramento às prefeituras na viabilização e execução de obras de habitação e infra-estrutura viária, bem como nas questões de integração regional, papéis de duas secretarias que se extinguem. Se for assim, entre a expectativa e a proposta aprovada ficou faltando o pedaço mais importante.
Além de um órgão viabilizador e agilizador de obras, uma espécie de “despachante” institucional entre as prefeituras e o Ministério das Cidades, a expectativa técnica era também de um órgão que ajudasse nossas cidades a se pensarem de forma racional e planejada. Em especial as pequenas, pois em Mato Grosso elas ficam grandes rápido, com problemas sérios, muitas vezes decorrentes de soluções equivocadas adotadas quando pequenas. As cidades se constroem através de obras e as obras são fundamentais. Mas tratamos de obras certas - e que elas venham à mãos cheias. As cidades não podem ser um amontoado de obras quaisquer ou um repositório de obras facilitadas por programas governamentais de ocasião. Obras equivocadas são como remédios errados.
As cidades precisam ser capazes de definir técnica e politicamente as obras que realmente necessitam em função de estudos consolidados em planos diretores. Mas elas carecem do apoio estadual em seus processos de planejamento, bem como em seus périplos burocráticos federais e estaduais para viabilização das obras. A Secretaria das Cidades poderia ser também uma secretaria para as cidades. A gestão urbana estadual e o apoio aos municípios no planejamento e controle das cidades seriam os diferenciais da nova secretaria. Sem estes, fica tudo como antes, apenas os mesmos velhos papéis executados por uma nova secretaria.
(Publicado no Diário de Cuiabá em 14/12/10)
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terça-feira, 14 de dezembro de 2010
JOAQUIM MURTINHO
José Antonio Lemos dos Santos
A cidade é um imenso e complexo recipiente articulado regionalmente e em constante transformação onde acontecem as relações urbanas gerando bens e serviços, mas, sobretudo gente, que deve ser sempre seu principal produto. Uma forma de cantar as cidades é reverenciar a qualidade de seu povo homenageando suas personalidades exponenciais, especialmente em Cuiabá, onde aos poucos essa memória enfraquece.
7 de dezembro lembra Joaquim Murtinho, nascido em Cuiabá em 1848. Foi engenheiro civil e médico homeopata, professor da Escola Politécnica, Deputado Federal, Senador, Ministro da Viação e da Fazenda. Para Rubens de Mendonça, o maior estadista e financista brasileiro no período republicano. Alguns hoje só o conhecem como nome de escolas ou ruas, aqui, no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campo Grande, ou ainda como nome de cidades em Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
Seu prestígio era tamanho que certa vez Dom Pedro II, Imperador do Brasil, tido como um dos governantes brasileiros mais cultos, assistindo a uma palestra dele sobre homeopatia, quis questioná-lo e recebeu de volta a sugestão de que quando "tivesse ímpetos de assistir a uma defesa de tese que Sua Majestade não entenda, deixe-se ficar em casa e leia uma página de Spencer".
Pioneiro da homeopatia foi, porém, como Ministro da Fazenda que ficou na história. Bastante atual, lembro Joelmir Betting em artigo de 1984 na Folha de São Paulo: “O saneamento da moeda nacional começou com a presença mágica do ministro Joaquim Murtinho (a partir de 1899). Murtinho só não é apostila nas escolas de economia do mundo ocidental porque nasceu no Brasil, teorizou no Brasil, e não em algum reduto da aristocracia acadêmica nos dois lados do Atlântico Norte.”
Diz mais: “Mal empossado no cargo de chanceler do Tesouro, que ele chamava de “monarca dos entulhos”, Joaquim Murtinho disparou um vigoroso “pacote” econômico, politicamente atrevido: a palavra de ordem era a de acabar, em rito sumário, com a especulação financeira do setor bancário”, e segue, “Murtinho entendia que o Brasil da virada do século não podia tolerar uma economia meramente escritural, era preciso promover o refluxo da poupança nacional do mercado de papéis e de divisas para o mercado de produtos e de serviços.” Para Betting, a inflação foi quase a zero gerando o “pânico bancário” de 1900, com o sistema financeiro “experimentando uma quebradeira em cascata.”
Aprendi com meu pai, que foi bancário, a reconhecer o valor dos bancos, mas, amargando os juros e as taxas bancárias atuais, concluo esta homenagem ainda com Betting: “O “czar” Murtinho lavou as mãos enluvadas: que se quebrem todas as casas bancárias, desde que se salvem todas as fábricas, empórios e fazendas...”
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 07/12/2010)
A cidade é um imenso e complexo recipiente articulado regionalmente e em constante transformação onde acontecem as relações urbanas gerando bens e serviços, mas, sobretudo gente, que deve ser sempre seu principal produto. Uma forma de cantar as cidades é reverenciar a qualidade de seu povo homenageando suas personalidades exponenciais, especialmente em Cuiabá, onde aos poucos essa memória enfraquece.
7 de dezembro lembra Joaquim Murtinho, nascido em Cuiabá em 1848. Foi engenheiro civil e médico homeopata, professor da Escola Politécnica, Deputado Federal, Senador, Ministro da Viação e da Fazenda. Para Rubens de Mendonça, o maior estadista e financista brasileiro no período republicano. Alguns hoje só o conhecem como nome de escolas ou ruas, aqui, no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Campo Grande, ou ainda como nome de cidades em Mato Grosso do Sul e Minas Gerais.
Seu prestígio era tamanho que certa vez Dom Pedro II, Imperador do Brasil, tido como um dos governantes brasileiros mais cultos, assistindo a uma palestra dele sobre homeopatia, quis questioná-lo e recebeu de volta a sugestão de que quando "tivesse ímpetos de assistir a uma defesa de tese que Sua Majestade não entenda, deixe-se ficar em casa e leia uma página de Spencer".
Pioneiro da homeopatia foi, porém, como Ministro da Fazenda que ficou na história. Bastante atual, lembro Joelmir Betting em artigo de 1984 na Folha de São Paulo: “O saneamento da moeda nacional começou com a presença mágica do ministro Joaquim Murtinho (a partir de 1899). Murtinho só não é apostila nas escolas de economia do mundo ocidental porque nasceu no Brasil, teorizou no Brasil, e não em algum reduto da aristocracia acadêmica nos dois lados do Atlântico Norte.”
Diz mais: “Mal empossado no cargo de chanceler do Tesouro, que ele chamava de “monarca dos entulhos”, Joaquim Murtinho disparou um vigoroso “pacote” econômico, politicamente atrevido: a palavra de ordem era a de acabar, em rito sumário, com a especulação financeira do setor bancário”, e segue, “Murtinho entendia que o Brasil da virada do século não podia tolerar uma economia meramente escritural, era preciso promover o refluxo da poupança nacional do mercado de papéis e de divisas para o mercado de produtos e de serviços.” Para Betting, a inflação foi quase a zero gerando o “pânico bancário” de 1900, com o sistema financeiro “experimentando uma quebradeira em cascata.”
Aprendi com meu pai, que foi bancário, a reconhecer o valor dos bancos, mas, amargando os juros e as taxas bancárias atuais, concluo esta homenagem ainda com Betting: “O “czar” Murtinho lavou as mãos enluvadas: que se quebrem todas as casas bancárias, desde que se salvem todas as fábricas, empórios e fazendas...”
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 07/12/2010)
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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010
MEUS CAROS ELEFANTES II
MEUS CAROS ELEFANTES II
José Antonio Lemos dos Santos
O artigo “Meus caros elefantes” da semana passada rendeu comentários simpáticos, a maioria lembrando alguma obra não citada. A satisfação dos leitores comentando aqueles equipamentos que viraram rotina, mostra o risco das condenações precoces e o quanto de fato hoje eles são importantes e queridos. Aliás, um exemplo mundial desse risco é a Torre Eiffel. Quando de sua construção alguns dos maiores intelectuais locais (do porte de um Zola, Maupassant, Gounod) escreveram veemente manifesto contrário à “monstruosa” torre que seria uma “odiosa coluna de ferro cheia de rebites”. Para alguns técnicos a torre cairia pelo “ceder de suas estruturas ou fundações”. Era um monumento comemorativo aos 100 anos da Revolução Francesa, a ser depois desmontada e vendida como sucata. A invenção do rádio e a Primeira Guerra Mundial prorrogaram o desmanche e nesse tempo a Torre Eiffel conquistou o coração dos franceses e do mundo.
Agora baixando a bola, em respeito aos comentários dos leitores registro alguns dos ex-futuros elefantes brancos citados por eles. Como pude me esquecer da Avenida do CPA, ou Rubens de Mendonça como é oficialmente denominada? Lembro do saudoso professor Sátyro Castilho (que ainda não é lembrado em nenhuma rua no CPA) debruçado sobre sua escrivaninha, projetando caprichosamente a lápis e borracha cada ponto da futura avenida, que seria a mais larga de Cuiabá com 50 metros de caixa. Para muitos naquele longínquo 1974 era apenas o delírio de alguns jovens arquitetos sonhadores ligando o Baú a nada. O CPA em si era uma loucura: “Nem no ano 2000 vai ter 60 mil habitantes!”, diziam os críticos. Hoje, já engarrafada, a avenida é um orgulho urbanístico cuiabano e uma das imagens de Cuiabá preferidas na internet.
Foi lembrado o Shopping Popular, no Porto, certamente não tanto por sua plástica. Criado em 1994 numa rua abandonada para ser um espaço provisório descoberto com instalações de apoio, destinado a cerca de 200 barracas dos então ocupantes das praças centrais de Cuiabá que acreditaram no projeto da prefeitura. Após implantado foi crescendo, depois coberto e de puxadinho em puxadinho virou esse querido centro popular de compras. Falavam que os “camelôs” logo voltariam ao centro e o galpão seria abandonado. Um elefantão branco. Mas foi muito bem pensado em um plano coordenado pelo IPDU para o comércio alternativo de Cuiabá. No plano foram criados também os Mini-Shoppings e as Galerias Populares para os que quisessem continuar no centro histórico. Difícil convencer que aquele ponto do Shopping Popular seria economicamente viável ainda sem a implantação do binário da XV de Novembro/Cel. Duarte, mesmo com as juras da prefeitura de que seu plano era sério e que nenhum outro grupo voltaria ao centro com o comércio ilegal (e estão voltando). Acreditaram e deu certo.
Podiam ser citados outros ex-futuros elefantes brancos. O Sesc Arsenal, que maravilha! Para muitos ia além da civilidade cuiabana e logo estaria todo quebrado, rasgado, sujo e abandonado. Qual o que, está lá como uma jóia amada e visitada por todos. Concluo com o belíssimo Terminal Rodoviário de Cuiabá, exemplo de dimensionamento correto, fruto de um prognóstico perfeito e corajoso sobre o futuro de Cuiabá na época. Com mais de três décadas, funciona belo em toda sua elegância tardo-modernista, apropriado ao clima, contrariando aqueles que viam naquela imensa obra apenas mais um lance de irresponsabilidade com o dinheiro público. Uma aula de arquitetura, um patrimônio a ser tombado urgente. Mas isso é outro assunto.
(Publicado no Diário de Cuiabá em 30/11/12)
José Antonio Lemos dos Santos
O artigo “Meus caros elefantes” da semana passada rendeu comentários simpáticos, a maioria lembrando alguma obra não citada. A satisfação dos leitores comentando aqueles equipamentos que viraram rotina, mostra o risco das condenações precoces e o quanto de fato hoje eles são importantes e queridos. Aliás, um exemplo mundial desse risco é a Torre Eiffel. Quando de sua construção alguns dos maiores intelectuais locais (do porte de um Zola, Maupassant, Gounod) escreveram veemente manifesto contrário à “monstruosa” torre que seria uma “odiosa coluna de ferro cheia de rebites”. Para alguns técnicos a torre cairia pelo “ceder de suas estruturas ou fundações”. Era um monumento comemorativo aos 100 anos da Revolução Francesa, a ser depois desmontada e vendida como sucata. A invenção do rádio e a Primeira Guerra Mundial prorrogaram o desmanche e nesse tempo a Torre Eiffel conquistou o coração dos franceses e do mundo.
Agora baixando a bola, em respeito aos comentários dos leitores registro alguns dos ex-futuros elefantes brancos citados por eles. Como pude me esquecer da Avenida do CPA, ou Rubens de Mendonça como é oficialmente denominada? Lembro do saudoso professor Sátyro Castilho (que ainda não é lembrado em nenhuma rua no CPA) debruçado sobre sua escrivaninha, projetando caprichosamente a lápis e borracha cada ponto da futura avenida, que seria a mais larga de Cuiabá com 50 metros de caixa. Para muitos naquele longínquo 1974 era apenas o delírio de alguns jovens arquitetos sonhadores ligando o Baú a nada. O CPA em si era uma loucura: “Nem no ano 2000 vai ter 60 mil habitantes!”, diziam os críticos. Hoje, já engarrafada, a avenida é um orgulho urbanístico cuiabano e uma das imagens de Cuiabá preferidas na internet.
Foi lembrado o Shopping Popular, no Porto, certamente não tanto por sua plástica. Criado em 1994 numa rua abandonada para ser um espaço provisório descoberto com instalações de apoio, destinado a cerca de 200 barracas dos então ocupantes das praças centrais de Cuiabá que acreditaram no projeto da prefeitura. Após implantado foi crescendo, depois coberto e de puxadinho em puxadinho virou esse querido centro popular de compras. Falavam que os “camelôs” logo voltariam ao centro e o galpão seria abandonado. Um elefantão branco. Mas foi muito bem pensado em um plano coordenado pelo IPDU para o comércio alternativo de Cuiabá. No plano foram criados também os Mini-Shoppings e as Galerias Populares para os que quisessem continuar no centro histórico. Difícil convencer que aquele ponto do Shopping Popular seria economicamente viável ainda sem a implantação do binário da XV de Novembro/Cel. Duarte, mesmo com as juras da prefeitura de que seu plano era sério e que nenhum outro grupo voltaria ao centro com o comércio ilegal (e estão voltando). Acreditaram e deu certo.
Podiam ser citados outros ex-futuros elefantes brancos. O Sesc Arsenal, que maravilha! Para muitos ia além da civilidade cuiabana e logo estaria todo quebrado, rasgado, sujo e abandonado. Qual o que, está lá como uma jóia amada e visitada por todos. Concluo com o belíssimo Terminal Rodoviário de Cuiabá, exemplo de dimensionamento correto, fruto de um prognóstico perfeito e corajoso sobre o futuro de Cuiabá na época. Com mais de três décadas, funciona belo em toda sua elegância tardo-modernista, apropriado ao clima, contrariando aqueles que viam naquela imensa obra apenas mais um lance de irresponsabilidade com o dinheiro público. Uma aula de arquitetura, um patrimônio a ser tombado urgente. Mas isso é outro assunto.
(Publicado no Diário de Cuiabá em 30/11/12)
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terça-feira, 30 de novembro de 2010
MEUS CAROS ELEFANTES
MEUS CAROS ELEFANTES
José Antonio Lemos dos Santos
A construção do novo Verdão reavivou a lembrança dos chamados “elefantes brancos”. Para muitos o monumental estádio será um desses paquidermes fabulosos. Alguns movidos por uma justa preocupação com o dinheiro público, outros, geralmente de fora, por ainda não terem deglutido a vitória de Cuiabá como sede da Copa do Pantanal e muitos locais, apenas dando vazão a um renitente complexo de capacho que nos acompanha ou ao espírito “seca-pimenteira” que ainda assola boa parte da população. Os “seca-pimenteira”, que dominaram a torcida de um ex-time local, enxergam a realidade pelo lado negativo e jogam sempre na aposta mais fácil das coisas não darem certo. Conta a lenda que para reconhecer um deles basta aproximá-los de um pé de pimenta.
Brincadeiras a parte, a discussão atual pode ser muito útil, e lembra alguns projetos que eram aguardados como futuros “elefantes brancos”, mas que deram certo. O primeiro é o Centro de Eventos do Pantanal. Pelo caráter inovador na região, audácia no dimensionamento e no programa arquitetônico, logo foi visto com desconfiança. Para alguns só funcionaria na inauguração. O comentário comum era que Cuiabá e o estado não tinham população nem fôlego econômico para manter em funcionamento um equipamento desses. Qual o que. Em agosto passado completou 10 anos de sucesso total, consolidando Cuiabá e Mato Grosso como um dos pólos nacionais para o turismo de negócios.
Outro grande e corajoso projeto foi o Mercado Varejista de Cuiabá, no antigo Campo do Bode. Primeiro, todos duvidavam que a prefeitura conseguisse transferir a antiga feira do Porto, que ocupava a Beira Rio em torno do antigo Mercado do Peixe, hoje Museu do Rio, seguindo grande, insalubre e desorganizada rumo à Ponte Nova. Sem a transferência o novo prédio estava destinado a ser um enorme galpão ocupado sabe-se lá com que, ou abandonado. Outra aposta negativa era que, se conseguisse a transferência, a prefeitura não seria capaz de gerenciar um equipamento daquela dimensão. Mas o projeto foi um sucesso, a transferência feita e o novo mercado, com a colaboração decisiva dos feirantes em sua administração, está entre os equipamentos urbanos mais utilizados e queridos pelo cuiabano.
Outro exemplo é o grandioso Ginásio Aecim Tocantins. Ao que eu me lembre, em seus 3 anos de existência já sediou jogos da Liga Mundial de Volei, a Copa América de Volei masculino, a Copa América de Volei feminino, Copa América de Basquete feminino, Campeonato Panamericano de Karatê e permitiu que Cuiabá este ano tivesse um time representante na Superliga Nacional de Volei. De lambuja, ainda recebeu jogos avulsos das seleções nacionais de vôlei e futebol de salão, grandiosos shows e eventos diversos, dentre os quais um casamento coletivo com 2511 casais que colocou Mato Grosso no Guiness Book. E ainda tem gente tratando o Ginásio como um elefante-branco.
Como não lembrar do Parque Mãe Bonifácia? Diziam que aqueles 77 hectares ao deixarem a proteção do Exército logo se transformariam em mais uma das invasões urbanas que na época eram tão comuns. Dispensáveis quaisquer comentários. Mais recentemente aconteceu a revitalização do Cine-Teatro Cuiabá, com equipamentos caríssimos de última geração. Seria dinheiro jogado fora pois faltaria ao cuiabano apego cultural suficiente à viabilização daquele equipamento. Ainda mais no perigoso centro da cidade. Ninguém iria. Qual o que. O velho Cine-Teatro renovado, funciona maravilhoso de novo no coração cuiabano e hoje é um elemento reanimador do centro histórico de Cuiabá.
(Publicado no Diário de Cuiabá no dia 24/11/2010, excepcionalmente em uma quarta-feira)
José Antonio Lemos dos Santos
A construção do novo Verdão reavivou a lembrança dos chamados “elefantes brancos”. Para muitos o monumental estádio será um desses paquidermes fabulosos. Alguns movidos por uma justa preocupação com o dinheiro público, outros, geralmente de fora, por ainda não terem deglutido a vitória de Cuiabá como sede da Copa do Pantanal e muitos locais, apenas dando vazão a um renitente complexo de capacho que nos acompanha ou ao espírito “seca-pimenteira” que ainda assola boa parte da população. Os “seca-pimenteira”, que dominaram a torcida de um ex-time local, enxergam a realidade pelo lado negativo e jogam sempre na aposta mais fácil das coisas não darem certo. Conta a lenda que para reconhecer um deles basta aproximá-los de um pé de pimenta.
Brincadeiras a parte, a discussão atual pode ser muito útil, e lembra alguns projetos que eram aguardados como futuros “elefantes brancos”, mas que deram certo. O primeiro é o Centro de Eventos do Pantanal. Pelo caráter inovador na região, audácia no dimensionamento e no programa arquitetônico, logo foi visto com desconfiança. Para alguns só funcionaria na inauguração. O comentário comum era que Cuiabá e o estado não tinham população nem fôlego econômico para manter em funcionamento um equipamento desses. Qual o que. Em agosto passado completou 10 anos de sucesso total, consolidando Cuiabá e Mato Grosso como um dos pólos nacionais para o turismo de negócios.
Outro grande e corajoso projeto foi o Mercado Varejista de Cuiabá, no antigo Campo do Bode. Primeiro, todos duvidavam que a prefeitura conseguisse transferir a antiga feira do Porto, que ocupava a Beira Rio em torno do antigo Mercado do Peixe, hoje Museu do Rio, seguindo grande, insalubre e desorganizada rumo à Ponte Nova. Sem a transferência o novo prédio estava destinado a ser um enorme galpão ocupado sabe-se lá com que, ou abandonado. Outra aposta negativa era que, se conseguisse a transferência, a prefeitura não seria capaz de gerenciar um equipamento daquela dimensão. Mas o projeto foi um sucesso, a transferência feita e o novo mercado, com a colaboração decisiva dos feirantes em sua administração, está entre os equipamentos urbanos mais utilizados e queridos pelo cuiabano.
Outro exemplo é o grandioso Ginásio Aecim Tocantins. Ao que eu me lembre, em seus 3 anos de existência já sediou jogos da Liga Mundial de Volei, a Copa América de Volei masculino, a Copa América de Volei feminino, Copa América de Basquete feminino, Campeonato Panamericano de Karatê e permitiu que Cuiabá este ano tivesse um time representante na Superliga Nacional de Volei. De lambuja, ainda recebeu jogos avulsos das seleções nacionais de vôlei e futebol de salão, grandiosos shows e eventos diversos, dentre os quais um casamento coletivo com 2511 casais que colocou Mato Grosso no Guiness Book. E ainda tem gente tratando o Ginásio como um elefante-branco.
Como não lembrar do Parque Mãe Bonifácia? Diziam que aqueles 77 hectares ao deixarem a proteção do Exército logo se transformariam em mais uma das invasões urbanas que na época eram tão comuns. Dispensáveis quaisquer comentários. Mais recentemente aconteceu a revitalização do Cine-Teatro Cuiabá, com equipamentos caríssimos de última geração. Seria dinheiro jogado fora pois faltaria ao cuiabano apego cultural suficiente à viabilização daquele equipamento. Ainda mais no perigoso centro da cidade. Ninguém iria. Qual o que. O velho Cine-Teatro renovado, funciona maravilhoso de novo no coração cuiabano e hoje é um elemento reanimador do centro histórico de Cuiabá.
(Publicado no Diário de Cuiabá no dia 24/11/2010, excepcionalmente em uma quarta-feira)
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terça-feira, 23 de novembro de 2010
A "CONQUISTA" DA INFRAERO
A "CONQUISTA" DA INFRAERO
José Antonio Lemos dos Santos
Tenho acompanhado diariamente o site da Infraero esperando boas notícias a respeito das obras no Aeroporto Marechal Rondon. Não tem sido tarefa agradável, pois as boas notícias restringem-se sempre ao movimento do nosso aeroporto, maior a cada mês, com mais taxas de embarque para a Infraero. Mas, infelizmente, mais dificuldades para os passageiros. Nada referente às obras devidas pela empresa. Para ser justo, no dia 5 passado apareceu notícia da abertura, dois dias antes, da licitação para o projeto da ampliação do aeroporto. Uma grande notícia, mesmo que não tenha merecido destaque específico dentre as notícias do site e ainda que um ano e meio atrasada, no mínimo. Veio escondida em uma outra encabeçada pela estranha manchete: “Infraero conquista licença prévia para obras de ampliação do Aeroporto de Cuiabá”.
O termo “conquista” ficou esquisito e se repete mais duas vezes no corpo da matéria. A impressão que passa é que a Infraero esteve lutando contra dificuldades criadas por Mato Grosso para o reinício das obras do Aeroporto Marechal Rondon, necessárias mesmo sem a Copa e paralisadas há muito tempo, só por culpa da empresa. Pela notícia parece que Mato Grosso estaria atrapalhando a empresa na realização de suas obrigações. Mas a história é clara e se alguém tem culpa nesse atraso absurdo, essa culpa é da negligência da Infraero com um problema que se arrasta desde o final da década passada. Mato Grosso não pode passar de vítima a culpado.
Segundo a empresa, a “conquista” refere-se à licença ambiental prévia para realização de obra de reforma e ampliação do aeroporto, emitida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente do (sic) Mato Grosso. O que teria a ver o atraso na licitação de projeto com essa licença para obras? Por que essa licitação só sai 1 ano e meio após a definição de Cuiabá como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014? A grande manchete seria: “Infraero licita projeto para o aeroporto de Cuiabá!”. Mas com esse destaque o Brasil veria o grande atraso da empresa em relação à Copa. Misturando os dois assuntos a matéria disfarça o atraso e sugere que a empresa aguardava ansiosamente tal licença para desenvolver o projeto, e que o motivador desse atraso seria o próprio governo do estado através da Sema. A Sema precisa trazer sua versão ao público, inclusive se a falta de licença prévia para obra impediria a realização de projetos arquitetônicos pela empresa.
A insistência no caso do aeroporto é sua imprescindibilidade à realização em Cuiabá da Copa das Confederações em 2013 e da Copa do Mundo em 2014. Esses dois eventos são essenciais como compensação pelo admirável esforço que a cidade e o estado estão fazendo e ainda terão que fazer pela Copa. Não basta a Copa do Pantanal, Mato Grosso não pode abrir mão da Copa das Confederações. Insisto também porque confio na determinação dos governos federal e estadual em cobrir de êxito o grandioso evento internacional que traz para o Brasil e para Mato Grosso as atenções do mundo inteiro. Enfim, por ainda ser tecnicamente possível o aeroporto ficar pronto em tempo hábil. Sempre é bom lembrar que Brasília foi feita em 3 anos e o Empire State em 451 dias. O aeroporto precisa estar pronto em dezembro de 2012 para a Copa das Confederações e faltam 2 anos. Mas é preciso que o empenho político da união e do estado com a realização em Cuiabá da Copa das Confederações e da Copa do Pantanal chegue com urgência à Infraero. A hora de cobrar é agora, depois será tarde.
(Publicado no Diário de Cuiabá em 18/11/2010)
José Antonio Lemos dos Santos
Tenho acompanhado diariamente o site da Infraero esperando boas notícias a respeito das obras no Aeroporto Marechal Rondon. Não tem sido tarefa agradável, pois as boas notícias restringem-se sempre ao movimento do nosso aeroporto, maior a cada mês, com mais taxas de embarque para a Infraero. Mas, infelizmente, mais dificuldades para os passageiros. Nada referente às obras devidas pela empresa. Para ser justo, no dia 5 passado apareceu notícia da abertura, dois dias antes, da licitação para o projeto da ampliação do aeroporto. Uma grande notícia, mesmo que não tenha merecido destaque específico dentre as notícias do site e ainda que um ano e meio atrasada, no mínimo. Veio escondida em uma outra encabeçada pela estranha manchete: “Infraero conquista licença prévia para obras de ampliação do Aeroporto de Cuiabá”.
O termo “conquista” ficou esquisito e se repete mais duas vezes no corpo da matéria. A impressão que passa é que a Infraero esteve lutando contra dificuldades criadas por Mato Grosso para o reinício das obras do Aeroporto Marechal Rondon, necessárias mesmo sem a Copa e paralisadas há muito tempo, só por culpa da empresa. Pela notícia parece que Mato Grosso estaria atrapalhando a empresa na realização de suas obrigações. Mas a história é clara e se alguém tem culpa nesse atraso absurdo, essa culpa é da negligência da Infraero com um problema que se arrasta desde o final da década passada. Mato Grosso não pode passar de vítima a culpado.
Segundo a empresa, a “conquista” refere-se à licença ambiental prévia para realização de obra de reforma e ampliação do aeroporto, emitida pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente do (sic) Mato Grosso. O que teria a ver o atraso na licitação de projeto com essa licença para obras? Por que essa licitação só sai 1 ano e meio após a definição de Cuiabá como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014? A grande manchete seria: “Infraero licita projeto para o aeroporto de Cuiabá!”. Mas com esse destaque o Brasil veria o grande atraso da empresa em relação à Copa. Misturando os dois assuntos a matéria disfarça o atraso e sugere que a empresa aguardava ansiosamente tal licença para desenvolver o projeto, e que o motivador desse atraso seria o próprio governo do estado através da Sema. A Sema precisa trazer sua versão ao público, inclusive se a falta de licença prévia para obra impediria a realização de projetos arquitetônicos pela empresa.
A insistência no caso do aeroporto é sua imprescindibilidade à realização em Cuiabá da Copa das Confederações em 2013 e da Copa do Mundo em 2014. Esses dois eventos são essenciais como compensação pelo admirável esforço que a cidade e o estado estão fazendo e ainda terão que fazer pela Copa. Não basta a Copa do Pantanal, Mato Grosso não pode abrir mão da Copa das Confederações. Insisto também porque confio na determinação dos governos federal e estadual em cobrir de êxito o grandioso evento internacional que traz para o Brasil e para Mato Grosso as atenções do mundo inteiro. Enfim, por ainda ser tecnicamente possível o aeroporto ficar pronto em tempo hábil. Sempre é bom lembrar que Brasília foi feita em 3 anos e o Empire State em 451 dias. O aeroporto precisa estar pronto em dezembro de 2012 para a Copa das Confederações e faltam 2 anos. Mas é preciso que o empenho político da união e do estado com a realização em Cuiabá da Copa das Confederações e da Copa do Pantanal chegue com urgência à Infraero. A hora de cobrar é agora, depois será tarde.
(Publicado no Diário de Cuiabá em 18/11/2010)
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terça-feira, 9 de novembro de 2010
DIA MUNDIAL DO URBANISMO
DIA MUNDIAL DO URBANISMO
José Antonio Lemos dos Santos
Surgida há 5 mil anos a cidade constitui a maior, mais complexa e mais bem sucedida das invenções do homem, transformando o mundo e acelerando a evolução da humanidade. Com ela surge a civilização. De lá para cá o mundo foi se urbanizando e a partir de 2008 a população global urbana supera a população rural, com muitos países com percentuais superiores a 80%, como o Brasil.
Em sua história a grande mudança foi com a Revolução Industrial. Até então a cidade não fora questionada, ainda que tenha enfrentado importantes crises em seu desenvolvimento. Com a industrialização, a urbanização acelera e as cidades se desequilibram gravemente, exigindo controle e intervenções em seu desenvolvimento. Surge então a ciência do Urbanismo, que evolui e supera a etapa do urbanismo modernista da Carta de Atenas, passa pelas experiências pós-modernistas do Novo Urbanismo, e chega a uma nova Revolução, a da informática e da globalização, com os desafios da compatibilidade ambiental, da inclusão e das possibilidades das cidades inteligentes, verdes e sustentáveis.
De extrema complexidade, a cidade é comparável a um organismo vivo, só que em dimensões imensas, que vão das pequenas vilas até as megalópoles, chegando a centenas ou milhares de quilômetros quadrados com dezenas de milhões de habitantes. A cidade é um enorme recipiente, articulado regionalmente, onde acontecem as relações urbanas em toda sua múltipla diversidade. Sua função é permitir que tais relações aconteçam da melhor forma com sustentabilidade, conforto, segurança e, sobretudo, justiça. Ajudá-las no cumprimento desta função é o objetivo do Urbanismo.
Em evolução contínua, o Urbanismo reflete a complexidade de seu objeto de trabalho e necessariamente envolve os diversos campos de conhecimento que a cidade envolve. Assim, o urbanista não é mais um especialista, mas um generalista voltado a entender o organismo urbano com um todo. Não se pode tratar os problemas da cidade sem antes tratar da cidade com problemas. O urbanista precisa saber um pouco de tudo para enxergar o todo, e, em especial, deve saber que seu conhecimento é quase nada e não pode prescindir da companhia das muitas outras especializações técnicas que tratam das múltiplas facetas da cidade.
8 de novembro é o Dia Mundial do Urbanismo, criado em 1949 para uma reflexão global sobre o assunto. As cidades de novo vivem uma revolução com as perspectivas da informática, do ciberespaço, e a eminência do colapso com a água, lixo, transportes, poluição, aquecimento, energia, emprego, uso do solo e segurança. Se as cidades falharem, a civilização explode. O problema maior do século XXI são as cidades. Inaceitável que no Brasil o Urbanismo e o urbanista sejam tão desconsiderados. Como pode uma cidade como Cuiabá ter nos quadros de sua prefeitura apenas seis arquitetos? Um para mais de cem mil habitantes? E quantos dedicados ao Urbanismo? Logo a secularmente conhecida Cidade Verde? A falta do Urbanismo mata as cidades brasileiras, estressando, mutilando e matando seus cidadãos. Mas ainda são os locais da diversidade e da inovação. A existência do Ministério da Cidade e a promessa do governador Silval Barbosa de uma Secretaria das Cidades são alentadores, desde que dedicadas à promoção e apoio aos municípios no efetivo e urgente controle do desenvolvimento urbano em bases técnicas e democráticas. Crise é risco e oportunidade, e o problema urbano é o grande desafio global. E local.
(Publicado no Diário de Cuiabá em 09/11/2010)
José Antonio Lemos dos Santos
Surgida há 5 mil anos a cidade constitui a maior, mais complexa e mais bem sucedida das invenções do homem, transformando o mundo e acelerando a evolução da humanidade. Com ela surge a civilização. De lá para cá o mundo foi se urbanizando e a partir de 2008 a população global urbana supera a população rural, com muitos países com percentuais superiores a 80%, como o Brasil.
Em sua história a grande mudança foi com a Revolução Industrial. Até então a cidade não fora questionada, ainda que tenha enfrentado importantes crises em seu desenvolvimento. Com a industrialização, a urbanização acelera e as cidades se desequilibram gravemente, exigindo controle e intervenções em seu desenvolvimento. Surge então a ciência do Urbanismo, que evolui e supera a etapa do urbanismo modernista da Carta de Atenas, passa pelas experiências pós-modernistas do Novo Urbanismo, e chega a uma nova Revolução, a da informática e da globalização, com os desafios da compatibilidade ambiental, da inclusão e das possibilidades das cidades inteligentes, verdes e sustentáveis.
De extrema complexidade, a cidade é comparável a um organismo vivo, só que em dimensões imensas, que vão das pequenas vilas até as megalópoles, chegando a centenas ou milhares de quilômetros quadrados com dezenas de milhões de habitantes. A cidade é um enorme recipiente, articulado regionalmente, onde acontecem as relações urbanas em toda sua múltipla diversidade. Sua função é permitir que tais relações aconteçam da melhor forma com sustentabilidade, conforto, segurança e, sobretudo, justiça. Ajudá-las no cumprimento desta função é o objetivo do Urbanismo.
Em evolução contínua, o Urbanismo reflete a complexidade de seu objeto de trabalho e necessariamente envolve os diversos campos de conhecimento que a cidade envolve. Assim, o urbanista não é mais um especialista, mas um generalista voltado a entender o organismo urbano com um todo. Não se pode tratar os problemas da cidade sem antes tratar da cidade com problemas. O urbanista precisa saber um pouco de tudo para enxergar o todo, e, em especial, deve saber que seu conhecimento é quase nada e não pode prescindir da companhia das muitas outras especializações técnicas que tratam das múltiplas facetas da cidade.
8 de novembro é o Dia Mundial do Urbanismo, criado em 1949 para uma reflexão global sobre o assunto. As cidades de novo vivem uma revolução com as perspectivas da informática, do ciberespaço, e a eminência do colapso com a água, lixo, transportes, poluição, aquecimento, energia, emprego, uso do solo e segurança. Se as cidades falharem, a civilização explode. O problema maior do século XXI são as cidades. Inaceitável que no Brasil o Urbanismo e o urbanista sejam tão desconsiderados. Como pode uma cidade como Cuiabá ter nos quadros de sua prefeitura apenas seis arquitetos? Um para mais de cem mil habitantes? E quantos dedicados ao Urbanismo? Logo a secularmente conhecida Cidade Verde? A falta do Urbanismo mata as cidades brasileiras, estressando, mutilando e matando seus cidadãos. Mas ainda são os locais da diversidade e da inovação. A existência do Ministério da Cidade e a promessa do governador Silval Barbosa de uma Secretaria das Cidades são alentadores, desde que dedicadas à promoção e apoio aos municípios no efetivo e urgente controle do desenvolvimento urbano em bases técnicas e democráticas. Crise é risco e oportunidade, e o problema urbano é o grande desafio global. E local.
(Publicado no Diário de Cuiabá em 09/11/2010)
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sábado, 6 de novembro de 2010
HABEMUS PRESIDENTA!
HABEMUS PRESIDENTA!
José Antonio Lemos dos Santos
Viva a democracia! Dilma venceu e a partir do ano que vem será a presidenta de todos os brasileiros com o respeito cívico de todos, mesmo daqueles que, como eu, não votaram nela. Que Deus e o Bom Jesus de Cuiabá a abençoe. Venceu por seus méritos e determinação, apoiada pelo presidente brasileiro mais popular, por um partido e uma coordenação eleitoral com comando e agilidade. Amplia o mérito de sua vitória ter vencido um grande candidato, ainda que prejudicado por um partido desorientado e sem uma estrutura de campanha competente.
Creio que a oposição no Brasil deva ser reconstruída. Inexistiu nos últimos oito anos no país e em Mato Grosso. As mortes de Teotônio, Ulysses, Montoro, Covas e Dante, deixaram a oposição sem rumo, reduzida a figuras que se acham muito maiores do que realmente são, preocupadas apenas com o lugar de destaque que acham merecedoras. Nos últimos anos o Brasil e Mato Grosso perderam muito com o silêncio da oposição, que paga por isso com a derrota. Como tirar da campanha Fernando Henrique Cardoso e sua obra? Como esquecer Dante e sua obra?
Apesar de ter tido mais votos em Mato Grosso, nem assim a oposição foi a vitoriosa e nem Dilma a derrotada. Foi o governo Lula que perdeu, punido pelos mato-grossenses por sua calamitosa atuação em Mato Grosso. Contando sempre com o silêncio da oposição, é bom nunca esquecer. Como vencer tendo paralisado a obra da Ferronorte? Se tivesse continuado os trilhos já estariam prá lá de Sinop e o estado seria outro. Como aceitar o pouco caso com a paralisação há mais de três anos do maior investimento privado no estado, o complexo gasoduto/termelétrica de 1 bilhão de dólares, que estaria trazendo matéria prima e energia limpa, confiável e barata para o desenvolvimento estadual? Como vencer com a paralisação das obras do aeroporto Marechal Rondon e o atual descaso da Infraero para com a Copa do Pantanal em Cuiabá? Não foi Dilma quem perdeu aqui, foi Lula.
Um dos coordenadores da campanha de Dilma em Mato Grosso disse sobre os resultados no estado que “quem apanha nunca esquece”, lembrando inúmeros problemas não só de campanha, mas também das ações da policia federal, fechamento de madeireiras e entraves burocráticos. Sinop ganhou de Lula sirenes de madrugada invadindo lares, aterrorizando um povo trabalhador e embaralhando o promissor futuro de muitas cidades mato-grossenses e daquela que era o principal centro regional do norte do estado. E Lula, não Dilma, perdeu em todas elas. Se o povo fazia alguma coisa errada em relação ao meio ambiente, só fazia aquilo para o qual foi atraído pelo próprio governo federal em outras épocas, quando mata em pé significava "terra improdutiva" sujeita à desapropriação. Mais correto uma política inibidora das práticas hoje condenadas do que as sirenes e o terror. Ganhariam todos, o meio ambiente, a região e o estado. Talvez até a candidata.
Do jeito como Mato Grosso foi maltratado o resultado não poderia ter sido outro. O governo Lula, não Dilma, perdeu em 90 dos 141 municípios mato-grossenses. Até mesmo na Sapezal de Maggi, na Matupá do governador Silval e em Lucas do Rio Verde, destino da fantástica ferrovia criada um ano antes da eleição visando os votos daquela gente do norte recém sacrificada em nome do meio-ambiente. Nem com sangue de barata. Mas, em sua vetusta sabedoria, a Grande Cuiabá fez Dilma vitoriosa em suas urnas, crendo que mesmo os melhores podem melhorar e mostrando que Mato Grosso espera e confia na presidenta eleita com os projetos que necessita e tem direito. Afinal, se Mato Grosso tem apenas 1,5% do eleitorado, produz mais da metade do superavit comercial brasileiro e aguarda o respeito federal que merece.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 02/11/2010)
José Antonio Lemos dos Santos
Viva a democracia! Dilma venceu e a partir do ano que vem será a presidenta de todos os brasileiros com o respeito cívico de todos, mesmo daqueles que, como eu, não votaram nela. Que Deus e o Bom Jesus de Cuiabá a abençoe. Venceu por seus méritos e determinação, apoiada pelo presidente brasileiro mais popular, por um partido e uma coordenação eleitoral com comando e agilidade. Amplia o mérito de sua vitória ter vencido um grande candidato, ainda que prejudicado por um partido desorientado e sem uma estrutura de campanha competente.
Creio que a oposição no Brasil deva ser reconstruída. Inexistiu nos últimos oito anos no país e em Mato Grosso. As mortes de Teotônio, Ulysses, Montoro, Covas e Dante, deixaram a oposição sem rumo, reduzida a figuras que se acham muito maiores do que realmente são, preocupadas apenas com o lugar de destaque que acham merecedoras. Nos últimos anos o Brasil e Mato Grosso perderam muito com o silêncio da oposição, que paga por isso com a derrota. Como tirar da campanha Fernando Henrique Cardoso e sua obra? Como esquecer Dante e sua obra?
Apesar de ter tido mais votos em Mato Grosso, nem assim a oposição foi a vitoriosa e nem Dilma a derrotada. Foi o governo Lula que perdeu, punido pelos mato-grossenses por sua calamitosa atuação em Mato Grosso. Contando sempre com o silêncio da oposição, é bom nunca esquecer. Como vencer tendo paralisado a obra da Ferronorte? Se tivesse continuado os trilhos já estariam prá lá de Sinop e o estado seria outro. Como aceitar o pouco caso com a paralisação há mais de três anos do maior investimento privado no estado, o complexo gasoduto/termelétrica de 1 bilhão de dólares, que estaria trazendo matéria prima e energia limpa, confiável e barata para o desenvolvimento estadual? Como vencer com a paralisação das obras do aeroporto Marechal Rondon e o atual descaso da Infraero para com a Copa do Pantanal em Cuiabá? Não foi Dilma quem perdeu aqui, foi Lula.
Um dos coordenadores da campanha de Dilma em Mato Grosso disse sobre os resultados no estado que “quem apanha nunca esquece”, lembrando inúmeros problemas não só de campanha, mas também das ações da policia federal, fechamento de madeireiras e entraves burocráticos. Sinop ganhou de Lula sirenes de madrugada invadindo lares, aterrorizando um povo trabalhador e embaralhando o promissor futuro de muitas cidades mato-grossenses e daquela que era o principal centro regional do norte do estado. E Lula, não Dilma, perdeu em todas elas. Se o povo fazia alguma coisa errada em relação ao meio ambiente, só fazia aquilo para o qual foi atraído pelo próprio governo federal em outras épocas, quando mata em pé significava "terra improdutiva" sujeita à desapropriação. Mais correto uma política inibidora das práticas hoje condenadas do que as sirenes e o terror. Ganhariam todos, o meio ambiente, a região e o estado. Talvez até a candidata.
Do jeito como Mato Grosso foi maltratado o resultado não poderia ter sido outro. O governo Lula, não Dilma, perdeu em 90 dos 141 municípios mato-grossenses. Até mesmo na Sapezal de Maggi, na Matupá do governador Silval e em Lucas do Rio Verde, destino da fantástica ferrovia criada um ano antes da eleição visando os votos daquela gente do norte recém sacrificada em nome do meio-ambiente. Nem com sangue de barata. Mas, em sua vetusta sabedoria, a Grande Cuiabá fez Dilma vitoriosa em suas urnas, crendo que mesmo os melhores podem melhorar e mostrando que Mato Grosso espera e confia na presidenta eleita com os projetos que necessita e tem direito. Afinal, se Mato Grosso tem apenas 1,5% do eleitorado, produz mais da metade do superavit comercial brasileiro e aguarda o respeito federal que merece.
(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 02/11/2010)
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