"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 8 de abril de 2014

CUIABÁ 300-5

José Antonio Lemos dos Santos

     Às vésperas do tricentésimo aniversário, Cuiabá vive seu melhor momento, plena em vitalidade, experimentando seu terceiro salto de desenvolvimento, aquele que poderá ser o salto de qualidade, impondo a seus líderes, administradores e cidadãos desafios crescentes que exigem a compreensão correta de seu atual momento e o atendimento de renovadas e sempre ampliadas demandas por infraestrutura e serviços.
     Aos 295 anos, Cuiabá segue rumo ao Tricentenário, sua efeméride no século. Em termos de planejamento a Copa passou. Agora é preparar a cidade para seus 300 anos, daqui a só 5 anos, pouquíssimo tempo como a experiência da Copa nos tem ensinado. O aniversário de Cuiabá festeja uma cidade que nasceu entre as pepitas de um corguinho com muito ouro, tanto que era chamado pelos nativos de Ikuiebo, Córrego das Estrelas, que desembocava em um belo rio, num lugar de grandes pedras chamado de Ikuiapá, lugar onde se pesca com flecha-arpão em bororo. E a cidade floresceu bonita, célula-mater do oeste brasileiro, mãe de tudo o que sucedeu neste ocidente do imenso Brasil, mãe de cidades e estados.
     No curto ciclo do ouro, Cuiabá chegou a ser a mais populosa cidade do Brasil. O fim do metal teria selado seu destino como o das cidades-fantasmas garimpeiras não fosse a localização mágica, centro do continente, cuja expectativa de riqueza atraía Portugal. Com a rediscussão do Tratado de Tordesilhas, Cuiabá vira o bastião português em terras então espanholas e dá seu primeiro salto de desenvolvimento, o da sobrevivência. Conseguiu continuar viva. E logo Portugal criou a Capitania de Mato Grosso, sediada em Cuiabá enquanto se construía a capital Vila Bela. Mesmo voltando a ser capital, por quase três séculos sobreviveu à duras penas, período heroico que forjou uma gente corajosa e sofrida, mas alegre e hospitaleira, criadora de um dos mais ricos patrimônios culturais do Brasil e com proezas que merecem mais respeito e melhor tratamento pela história oficial brasileira. Como um astronauta contemporâneo, vanguarda humana na imensidão do espaço, ligado à nave só por um cordão, assim Cuiabá sobreviveu por séculos, solta na vastidão centro-continental, ligada à civilização apenas pelo cordão platino dos rios Cuiabá e Paraguai. 
     Até que na década de 60 a cidade vibra de novo, vira o “portal da Amazônia” e sua população decuplica no salto da quantidade, expandindo-se como base de ocupação da Amazônia meridional, sem a menor preparação ou apoio da União. Sozinha e sem recursos, apoiando uma região ainda vazia economicamente, Cuiabá explodiu em todos os sentidos, despreparada para tão grande e súbita demanda. 
     No raiar do novo milênio, Cuiabá vive seu terceiro salto, o salto da qualidade. Não é mais o centro de um vazio. Ao invés, articula e polariza uma das regiões mais dinâmicas do planeta, que ajudou e ainda ajuda a ocupar e construir, e que hoje a empurra para cima demandando serviços cada vez mais especializados e de maior valor agregado, em um sadio processo de simbiose regional ascendente. Aos 295 anos, Cuiabá vibra em desenvolvimento, conectada ao mundo e turbinada pela Copa. É o momento certo para uma nova matriz de responsabilidade, não mais com a FIFA, mas dos cuiabanos com sua cidade, dos mato-grossenses com sua capital e do Brasil com a cidade que ampliou seu território a oeste de Tordesilhas. Mais que reverenciar o passado e festejar o presente é preciso cuidar do futuro, num choque de adrenalina e competência que coloque cidadãos, líderes e dirigentes à altura da cidade que temos para dignamente prepará-la para o Tricentenário com qualidade de vida, ainda mais bela, justa, democrática e sustentável. Viva Cuiabá! 
(Publicado em 08/04/2014 pelo Diário de Cuiabá, ...)

4 comentários:

  1. Viva Cuiabá, neste dia tão ímpar que vive essa cidade tão hospitaleira, rica em diversidades, etnias, culturas e que ao mesmo tempo como vc disse nessa reportagem:

    "Mais que reverenciar o passado e festejar o presente é preciso cuidar do futuro, num choque de adrenalina e competência que coloque cidadãos, líderes e dirigentes à altura da cidade que temos para dignamente prepará-la para o Tricentenário com qualidade de vida, ainda mais bela, justa, democrática e sustentável".

    E como professor, por profissão (que ainda falta muito para um verdadeiro reconhecimento), mas como educador por ser consciente que todos nós, somos educadores, no sentido de buscar resgatar valores e virtudes que possam trazer à tona a realização de tudo o que vc disse.
    E como professor/educador, tenho a responsabilidade de valorizar esta que é minha cidade natal. Parabéns José, pela sua tão empolgante narração, que nos faz viajar pelo tempo e ao mesmo tempo alerta para o nosso senso crítico.

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  2. Me orgulho do título de cidad ana recebendo, mas curto ainda mais pela família aqui constitute a e as grandes opurtunidades aqui conquistadas. Vc é vejo seus avança e espero vê-la nos seus 300 anos, caso não esteja mais nestas terra de Cabral, anticipo agora minhas homenagem à esta bela e simpatica Cidade de Cuiaba, onde todos os irmãos que aqui bem plantaram, colheram e colem os bons fruto de suas histórias

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  3. Agradeço a honra da leitura e a gentileza dos comentários do Lucélio e do prof. Bene, que enriquecem o blog.

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  4. No Diário de Cuiabá enviado em 08/04/2014:
    "Caro professor,
    Adoro seus escritos. Parabéns! Vamos fazer de conta que estamos tomando uma chá com bolo e brindar pela aniversariante de hoje. Sou cuiabana de sangue, coração e alma.
    Continue escrevendo para o Diário de Cuiabá. Esse Jornal é cuiabano de tchapa e cruz. É a cara de Cuiabá.
    Abraços,
    Rosa Ferreira - professora"

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