"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 13 de maio de 2014

HERÓIS E FERROVIA

José Antonio Lemos dos Santos

     A ideia inicial era escrever sobre a importante reunião do último dia 28 em Brasília quando, depois de quase 2 anos de espera, a UFSC apresentou à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) o estudo comprovando a viabilidade da ferrovia no trecho Rondonópolis – Cuiabá, resultado esperado, pois repete estudos semelhantes que vêm desde pelo menos a década de 70, e confirma o que pode ser visto por qualquer cidadão honesto disposto a ficar uns minutinhos ali na Rodovia dos Imigrantes olhando o movimento das carretas e bitrens. Este trabalho se torna importante, pois sepulta uma inviabilidade inventada que justificaria uma absurda interrupção da Ferronorte em Rondonópolis. A continuidade dessa ferrovia por apenas 460 Km até Lucas do Rio Verde passando por Cuiabá constituí hoje o projeto mais importante e urgente para Mato Grosso. Apesar disso, o noticiário não registrou na reunião a presença de qualquer deputado, federal ou estadual, senador, vereador, prefeito ou qualquer autoridade pública, em especial ligados à Cuiabá ou Várzea Grande, a não ser o ex-secretário de logística Francisco Vuolo, de conhecida e histórica ligação familiar com a obra. 
     Aconteceu, porém, na quinta- feira passada a tragédia na Arena Pantanal, com a morte de Mohammed Ali Dom Paolo Nicholas Poseidon Maciel Afonso, um operário cuiabano, morador de Várzea Grande, morto trabalhando aos 32 anos. Por esta indesejada e triste notícia antecipo o texto que faria depois da Copa em homenagem aos seus verdadeiros heróis, os trabalhadores, aqueles que estão construindo suas magníficas obras (algumas nem tanto) ou que se preparam para prestar os serviços de apoio nas diversas áreas indispensáveis a um evento desse porte. Mas esperava escrever sobre heróis vivos, estes verdadeiros heróis que não são lembrados, nem durante nem depois das obras, a não ser para uma mediazinha nas inaugurações de algumas obras mais midiáticas, ou em tragédias como esta. 
     A estes heróis verdadeiros que estão construindo a Arena Pantanal, VLT, viadutos, trincheiras, avenidas e aqueles que farão com seus serviços a Copa do Pantanal funcionar, antecipo em nome de Mohammed Ali esta minha reverência de cuiabano apaixonado e bairrista que gostaria de poder fazer uma parcela mínima de tudo o que estão fazendo pela minha cidade, apesar de todos os problemas. Mas, neste mês que homenageia o Trabalhador e o aniversário de Mato Grosso, amplio a homenagem a todos os heróis trabalhadores mato-grossenses. Na verdade não consigo desvincular a construção da Arena e tudo o que está acontecendo em Cuiabá com a épica construção de Mato Grosso como líder disparado da produção agropecuária no Brasil e grande potência produtora de alimentos em nível de mundo. Graças ao trabalho sofrido e persistente de sua população, este ano Mato Grosso oferecerá para alimentar o Brasil e o mundo uma safra com cerca de 50 milhões de toneladas de grãos e quase 30 milhões de cabeças de gado. Em contrapartida recebe quase nada ou coisa nenhuma. Não fosse o compromisso internacional da Copa... Saiu agora a estatística dos acidentes em rodovias federais em Mato Grosso para o primeiro semestre, com um acréscimo de 14,2% no número de mortes, chegando a 136 óbitos em mais de 6 acidentes diários em média, matando quase 1 herói ou heroína por dia. Heróis que precisam viajar para trabalhar, para estudar, em férias, para tratamentos de saúde, em suma, para continuar construindo este grande estado. E os seus representantes, regiamente pagos, nem sequer comparecem a uma reunião sobre a continuidade da ferrovia. Certamente, têm suas prioridades. Os produtores que percam, o ambiente que degrade, o povo que morra. 
(Publicado em 13/05/2014 pelo Diário de Cuiabá, ...)

terça-feira, 6 de maio de 2014

ESTADO UNIDO DE MATO GROSSO

Aprosoja

José Antonio Lemos dos Santos

     Na próxima sexta, 9 de maio, deveríamos comemorar com muita festa e orgulho o 266° aniversário de Mato Grosso, data que lembra o ano de 1748, quando o rei de Portugal, dom João V, através de Carta Régia, determina a criação de duas Capitanias, “uma nas Minas de Goiás e outra nas de Cuiabá”. A Capitania das Minas de Cuiabá virou a Capitania de Mato Grosso e para governá-la foi designado dom Antonio Rolim de Moura, que tomou posse e permaneceu em Cuiabá por cerca de um ano, até que Vila Bela fosse construída. Morou no centro histórico de Cuiabá, próximo à praça que tem o seu nome e que é popularmente conhecida como Largo da Mandioca. Depois chegou a ser o vice-rei do Brasil, o governante maior no país na época, já que El-Rey ficava em Portugal. Que tal pensar na reconstrução da casa de Rolim de Moura na Mandioca, uma nova atração no centro histórico de Cuiabá? 
     Sei que existem aqueles que acham que não temos nada a comemorar, alegando que em Mato Grosso faltam escolas, hospitais, não tem esgoto, não tem rodovias nem ferrovias, não tem, não tem... São os que só enxergam o que falta. E é bom que existam pessoas assim, em especial os que com essa visão produzem uma crítica positiva. Eu já sou da turma que prefere enxergar aquilo que existe, em especial aquilo que foi produzido pelo trabalho do povo, patrões e empregados, apesar de todas as dificuldades, apesar de tudo aquilo que nos falta. Mato Grosso é hoje o maior produtor agropecuário do país, liderando o país em algodão, milho, girassol e soja e também é um dos maiores produtores de ouro, diamante, madeira, álcool, biodiesel, carnes de frango, suíno, peixe e gado, com um rebanho bovino de quase 30 milhões de cabeças. Mato Grosso não produz armas, bombas atômicas, mísseis, aviões de guerra, como muitos daqueles que nos criticam. Ao contrário, é um dos maiores produtores de alimentos do mundo e com muito orgulho ajuda a matar a fome de um planeta cada vez mais carente de alimentos.
     Para chegar a esta posição Mato Grosso conta com a extensão e diversidade produtiva de seu território e, principalmente, com o trabalho determinado e sofrido de sua gente em todos os cantos. Comemorar os 266 anos de Mato Grosso é festejar a grande obra do mato-grossense que ano passado produziu um superávit comercial de US$ 14,4 bilhões para o Brasil que daria para construir vários hospitais, escolas, ferrovias, duplicações rodoviárias e melhorar em muito a qualidade dos serviços públicos. Mato Grosso literalmente vem entupindo o Brasil de grãos, mostrando ao mundo que o país não se preparou para o tanto que este estado produz, num descompasso que já custa muito caro em termos econômicos, ambientais e de vidas humanas aos mato-grossenses em especial. 
     Comemorar os 266 anos de Mato Grosso não é ufanismo idiota nem se deitar em berço esplêndido, é festejar a riqueza construída e, antes de tudo, cobrar tudo aquilo a que o povo que a produz tem direito. É vibrar com as exibições do Mixto, Luverdense e Cuiabá na Arena Pantanal, palco fantástico da Copa. É ver o cuiabano torcendo pelo Luverdense e o Luverdense torcendo pelo Cuiabá. É ver hoje Mato Grosso rico espantando a pobreza que sempre foi o álibi dos maus governantes. A desculpa da pobreza não vale mais. O mato-grossense tem que festejar com alegria, orgulho e muitas cobranças. O sucesso de Mato Grosso é a força do trabalho de seu povo unido na grandeza e diversidade de seu território, nas dimensões exatas exigidas pelo século XXI, o século da internet, da TV a cabo, do asfalto, do avião a jato... Ainda que tenha muito a consertar, Mato Grosso é para ser festejado, imitado e, sobretudo, aplaudido. Viva Mato Grosso, unido e cada vez mais forte! 
(Publicado em 06/05/2014 pelo Diário de Cuiabá, ...)

domingo, 4 de maio de 2014

O SHOW DA NAVE

A Arena Pantanal dando um showzinho durante a visita da Taça do Mundo no último fim de semana, em fotos da arquiteta Cassia Abdallah:






terça-feira, 29 de abril de 2014

MATRIZ DO TRICENTENÁRIO

José Antonio Lemos dos Santos

     Desde que Cuiabá foi escolhida como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014 tenho repetido que essa surpreendente e não sonhada regalia foi um artifício do Senhor Bom Jesus de Cuiabá para dar uma sacudida em nós cuiabanos forçando-nos a entrar no ritmo dos novos tempos de sua cidade, condição para compreendê-la e prepará-la para o seu Tricentenário. Da escolha em 2009 até hoje 5 anos se passaram rapidamente, a Copa chegou e já virou passado em termos de planejamento. Para a Copa do Pantanal, resta-nos concluir as obras que ainda possam ser concluídas a tempo e correr para o abraço na recepção aos visitantes, fazendo a festa da melhor maneira possível.
     A Copa nos fez olhar para o futuro, pensar em projetos para a cidade, correr contra o tempo, discutir obras - seus avanços e transtornos - torcer para tudo dar certo, e esse redirecionamento de perspectiva foi bom e precisa ser cultivado como um dos principais legados do grande evento. Cuiabá não pode perder este pique e para não perdê-lo é fundamental o estabelecimento já de um novo objetivo macro, com data fixa, o Tricentenário, escrito com inicial maiúscula como são tratadas as efemérides. Está bem aí a 5 anos, tempo muito curto como nos ensinou duramente a Copa, com relógios e calendários correndo cada vez mais rápidos. É preciso agir desde agora estabelecendo já uma nova matriz de responsabilidade com metas e projetos a serem alcançados em 2019, nos moldes da que foi feita para a Copa, agora a matriz do Tricentenário, pactuada não mais com a Fifa, mas entre os cuiabanos e sua cidade, os mato-grossenses e sua capital, os brasileiros e a cidade que alargou os horizontes ocidentais do Brasil. 
     Arrisco-me a iniciar com algumas propostas óbvias. A primeira seria concluir ainda dentro do atual governo as obras da matriz da Copa que não ficarem prontas para o evento, o máximo que for possível. A permanência do governador Silval Barbosa até o final de seu mandato foi um gesto fundamental de responsabilidade e visão pública. As obras da Copa correm o risco de dependerem da grandeza ou da mesquinhez política do futuro governador, já que temos a tradição canalha dos governantes não darem continuidade às obras dos antecessores no absurdo raciocínio de que favoreceriam o concorrente. Não só param as obras como prejudicam o funcionamento das que foram concluídas e para isso usam de explicações verdadeiras ou não, tais como corrupção ou mudança de prioridades. Param as obras, mas não punem os supostos corruptos. Punem o povo. E estão descobrindo que obras públicas dão muito trabalho e polêmicas e é muito mais confortável não fazê-las. 
     Uma outra proposta para matriz do Tricentenário seria a revitalização do Centro Histórico de Cuiabá, com rebaixamento da fiação, expandido a toda a área central da cidade, trabalhando o passado dentro de uma perspectiva de futuro, como deve ser feito. Este é um projeto que vem rolando há décadas e que parece estar bem avançado em termos de viabilização pela prefeitura, estado e união. Mas para aprontar e funcionar em 2019 é preciso começar já. Assim também o projeto do atual prefeito de um centro administrativo municipal, no qual só ressalvo que o atual Palácio Alencastro seja preservado como gabinete oficial do prefeito e sede simbólica do poder político de Cuiabá, sob pena de matar o centro histórico da cidade. Importante também seria presentear a cidade com um órgão moderno para o planejamento urbano contínuo de longo prazo de forma que a cidade não evolua mais aos saltos de curto prazo. São muitas as alternativas de projetos a serem avaliadas, com os pés no chão. 2019 já começou. Não dá para subestimar o tempo, o único recurso realmente não renovável. 
(Publicado em 29/04/2014 pelo Diário de Cuiabá, ...)

sábado, 26 de abril de 2014

PEQUIM EM BOLHAS

BBCBrasil
BBCBrasil


Arquitetos sugerem 'bolhas de ar limpo' para isolar Pequim da poluição

Atualizado em  21 de abril, 2014 - 16:51 (Brasília) 19:51 GMT

A ideia foi lançada pelo escritório de design e arquitetura londrino Orproject. O projeto "Bolhas" prevê instalar enormes estruturas com vegetação em seu interior, que se encarregaria de regenerar o ar.
Ver mais em
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/04/140421_china_domos_rb.shtml

sexta-feira, 25 de abril de 2014

NOVO SHOPPING EM CUIABÁ

Lançado em agosto de 2012 inicialmente com o nome de Royal como mais um grande empreendimento privado estimulado pela Copa, na semana do aniversário de 295 anos de Cuiabá, a cidade ganhou mais um shopping de grande porte, o ESTAÇÃO CUIABÁ com inauguração prevista para novembro de 2015. Mais empregos e mais qualidade de vida..  Veja abaixo matéria do Diário de Cuiabá sobre o assunto. Outras imagens e informações no site  http://shoppingestacaocuiaba.com.br/ .

Imagem http://shoppingestacaocuiaba.com.br/


     "A BRmalls, a maior empresa de shoppings da América Latina, lança na próxima quinta-feira, dia 10, seu primeiro empreendimento no Estado, o shopping Estação Cuiabá, que será edificado na Capital, na região do trevo do Santa Rosa. O projeto, considerado um presente na semana em que Cuiabá comemora 295 anos, tem previsão de inauguração em novembro do ano que vem. 
     Localizado em uma região nobre e em pleno desenvolvimento, o shopping Estação Cuiabá fica na Avenida Miguel Sutil, próximo ao trevo do bairro Santa Rosa. Seu acesso é fácil e fluido, vindo de uma das maiores avenidas da cidade. Serão 46 mil metros quadrados (m²) de área de lojas, 12 âncoras e megalojas, 207 lojas satélites, três pisos, cinema multiplex, praça de alimentação com 26 operações e mais de mil lugares, alameda gourmet com quatro restaurantes, games, alameda de serviço e 2.150 vagas cobertas para estacionamento. No centro da praça de eventos haverá claraboias que permitem a entrada de luz natural. “No cenário atual, com essas características, o shopping Estação Cuiabá será o maior de Mato Grosso”.
     Como explicam os executivos da BRmalls, a concepção preza pela valorização da cultura e da tradição local, tão ricas e com características marcantes, o shopping Estação Cuiabá teve a sua logomarca inspirada na cuiabania. “Buscou no Festival de Cururu e de Siriri, com as suas saias rodadas e coloridas, a inspiração para as cores e o movimento da imagem que representa o empreendimento”.
     Planejado sob medida para oferecer conforto e uma experiência de compras agradável, o lançamento traz o que há de mais moderno no mercado de shoppings. De fácil circulação, o shopping Estação Cuiabá foi concebido de modo que os corredores e lojas sigam um fluxo circular, no qual o visitante não se perde, além de garantir fácil acesso a todos os andares.
     O setor comercial já está trabalhando com a locação de espaços para lojistas e vem colhendo boa aceitação do mercado. Lojas já confirmadas: C&A, Renner, Riachuelo, Avenida, Cinépolis, City Lar Prime, academia Bio Ritmo, Brooksfield, Brooksfield Jr., Brooksfield Donna, Via Veneto, Vivara, Polo Wear, Track&Field e Planet Park. 
     BRMALLS - A BRmalls, maior empresa de shoppings da América Latina, escolheu a cidade pelo seu grande potencial varejista, pois Cuiabá é um polo comercial e de serviços, e pela força econômica que o Mato Grosso vem apresentando nos último anos. O shopping Estação Cuiabá é o 54º empreendimento da empresa, sendo o 4º do Centro-Oeste e o primeiro em Mato Grosso." 
(Publicado em 08/04/2014 pelo Diário de Cuiabá)

quinta-feira, 24 de abril de 2014

COMENTÁRIO ESPECIAL

Comentário adicional do arquiteto Sérgio Coelho sobre o artigo "BELÍSSIMA!" (postado com autorização dele):

"Caro Prof. José Antonio, farei na seqüência à essa mensagem privada, madrugada à dentro (depois de um longo dia na GCP, espero conseguir vencer o cansaço...) um comentário "mais enxuto" em seu post "Belissima" feito hoje (ontem) em seu Blog, que tanto emocionou os arquitetos aqui da GCP. Prefiro escrever nesse momento uma mensagem privada de "colega para colega" . Muito obrigado pelas suas palavras, que iniciando pela Tríade Vitruviana, me remeteu aos já longínquos anos de escola, assistindo às aulas de mestres como Eduardo de Almeida, Paulo Mendes da Rocha e Zanettini. É sem dúvida nenhuma, uma honra para mim, ler seus posts "Belissima" e "A Nave Pousou" (como esse título me fez lembrar do genial filme "E la nave va" de outro mestre, o Frederico, me fazendo lembrar o quanto a arquitetura é próxima do cinema, mas essa é outra conversa...), posts que fazem uma análise extremamente apropriada desse novo equipamento que Cuiabá recebe. No primeiro, o desafio do legado, de como pilotar essa nave que claramente nos coloca nessa nova interface da arquitetura com as "media", ou a arquitetura como plataforma, também digital. Tive a felicidade de visitar Medellin no ano passado e fiquei "de quatro" com os Parque Biblioteca, como o Espanha, um verdadeiro HUB, que extrapola muito a simples função convencional de biblioteca. requalifica o entrono, lança a cidade e sua orgulhosa comunidade ao futuro. Lá fiquei emocionado com a arquitetura. Assim sonhei, com extrema humildade que poderia ser em Cuiabá, guardadas as proporções e programas. Desde o dia zero do projeto da Arena Pantanal, entendemos esse projeto também como de requalificação urbana, uma pequena cirurgia de revitalização da área do Verdão. Impusemos que o projeto não fosse apenas de um estádio, mas sim de espaço público qualificado, integrado ao Aecim (daí termos deslocado a arena para o sul e termos feitos as rampas que ligam o nível 00 ao Aecim). E voce com enorme sensibilidade arquitetônica+urbanística percebe tudo isso e apresenta com precisão em seu blog. "Ao fim ao cabo", como dizem nossos colegas d'além mar, para mim, a arquitetura só existe se houver uso, ou melhor: usuário. E assim como voce, estimado Zé Antonio (desculpe-me a informalidade), tive a sorte e o prazer de lá estar naquele 02 de Abril. E ainda por cima, eu sou Santista !!! Fiquei arrepiado não de ver meu projeto (quase) pronto, mas sim de ver o povo, o público, a comunidade, a torcida Boca Suja, vibrando, apropriando-se do que desenhamos e com tanto custo acompanhamos, para que saísse o mais próximo do perfeito possível.
Lindo ! Belíssimo ! As famílias, a luz, o grito da torcida... um sonho realizado. Nós da GCP tivemos essa sorte: um projeto para tantos milhares de "donos": o povo de Cuiabá e do Mato Grosso. É lógico que deve haver aqueles que não gostam da arquitetura um tanto única que desenvolvemos, mas nós arquitetos vamos aprendendo que unanimidade é impossível....mas continuo sonhando, porque não fizemos esse projeto para a Copa ou FIFA, como acham alguns, fizemos para o futuro. Com muito cuidado, muito empenho e muita, muita responsabilidade. Infelizmente como nem tudo é perfeito, acabei de saber ontem que o jogo da Luverdense com o Vasco (aposto na vitória da moçada de São Lucas !) ainda não será com a capacidade total e que também ainda nossa "nave" não terá sua iluminação cênica pronta (fachadas e pórticos são iluminados por barras de LED, que dará o toque final da astronave cuiabana)....por isso, acabei re-agendando a ida do fotógrafo Leonardo Finotti e cancelando também minha viagem no sábado. Agora fico no aguardo da confirmação de meus clientes da Secopa da data do jogo em que tudo estará realmente acabado, para me arrepiar de novo. Seria uma honra para mim, encontra-lo nesse dia e assistirmos juntos a festa que mais uma vez os cuiabanos farão. Mais uma vez obrigado em meu nome, da equipe da GCP e demais colaboradores. SAUDAÇÕES ARQUITETÔNICAS !!!"

terça-feira, 22 de abril de 2014

BELÍSSIMA!


 José Antonio Lemos dos Santos

     Arquitetura é a arte de transformar o espaço de acordo com as necessidades do homem. Só que nem todas as transformações deste tipo podem ser consideradas Arquitetura, assim como nem toda escrita é Literatura, nem toda cura é Medicina, nem toda justiça é Direito. Foi Vitrúvio, um arquiteto do primeiro século depois de Cristo, quem complementou nossa definição de Arquitetura dizendo que para alcança-la uma construção deveria necessariamente ter três temperinhos fundamentais, chamados por ele de “Firmitas, Utilitas et Venustas”. Usou o latim que era a sua língua e no caso continuamos a usá-la ainda hoje, não por pernosticismo, mas por absoluta falta de palavras em Português que possam expressar todo o significado de cada um desses elementos que ficaram conhecidos como Tríade Vitruviana. “Firmitas” vai além da firmeza que o termo sugere e envolve também, por exemplo, as noções de estrutura, solidez, segurança e até nossa atual sustentabilidade. Já a “Utilitas” vai além da utilidade envolvendo também a funcionalidade, comodidade e o conforto. “Venustas” ultrapassa a estética e a beleza, e alcança também a zona mágica do encanto, deslumbramento e do fascínio. A utilização de qualquer uma dessas palavras em Português por certo reduziria em muito o verdadeiro significado da Tríade e da verdadeira Arquitetura. 
     Armado só com o conceito de Arquitetura apreciamos a Arena Pantanal na noite de sua pré-inauguração, 2 de abril de 2014, jogando Mixto e Santos pela Copa Brasil. A Arena Pantanal sempre despertou enorme expectativa enquanto Arquitetura, uma vez que seu projeto chegou a ser premiado dentro e fora do país e recebeu alguns elogios na imprensa, em especial, estrangeira. A ideia era observar a reação dos usuários em seu primeiro contato com este novo espaço que surge na cidade, afinal a Arquitetura é feita para o homem e aquela seria uma oportunidade ímpar para se observar as primeiras e mais espontâneas reações. Seriam de segurança, conforto e encantamento? Ou de decepção? 
     E o que vi foi uma autentica festa, desde a caminhada forçada a pé pela área restrita ao trânsito de veículos, com o público fazendo brincadeiras simpáticas disfarçando a forte expectativa pelo que veriam na nova Arena. Chegando pelo lado leste, diante daquela ampla esplanada tendo ao fundo a Arena Pantanal iluminada, pude assistir a um dos maiores espetáculos de encantamento coletivo. Lembrou-me o filme Contatos Imediatos de Spielberg, com o povo em figuras minúsculas diante da nave espacial fantástica vista pela primeira vez. Fotos de grupos, “selfies” apressados diante da ansiedade em chegar logo ao interior da espaçonave, digo, da Arena Pantanal.     
     

Foto José Lemos

     E dentro da Arena, a realização do prazer arquitetônico. Um espaço magnífico transmitindo a todos um sentimento de satisfação e de orgulho. “Firmitas, Utilitas et Venustas” mostravam-se presentes, em especial no espetáculo luminotécnico, na audácia das coberturas suspensas em grandes pórticos e no esplendor verde do gramado, digno de substituir o do saudoso Verdão, tido como o melhor gramado do Brasil. Ouviu-se bastante a expressão “nem parece Cuiabá”, talvez querendo dizer que nem parecia realidade, que tudo parecia um sonho.
     Depois daquela noite mágica voltei algumas vezes à Arena Pantanal pelo lado externo e pude observar que a população já adotou suas grandes praças como áreas de passeio e lazer com um número muito grande de pessoas em caminhadas e corridas, famílias reunidas em pé ou sentadas em cadeiras trazidas de casa, jovens e crianças em patins, skates, pipas e bicicletas usufruindo aquele novo espaço público. Oxalá consigamos mantê-la cada vez mais útil e bela. Belíssima!  
  


Fotos José Lemos
(Publicado em 22/04/2014 pelo Midianews, Página do Enock, RepórterMT,  e excepcionalmente no dia 23/04/2014 pelo Diário de Cuiabá, ...)

terça-feira, 15 de abril de 2014

CUIABÁ, CAPITAL

José Antonio Lemos dos Santos

     O artigo do prefeito Mauro Mendes por ocasião do 295º aniversário de Cuiabá foi além das manifestações oficiais comemorativas de praxe e traz uma nova e importante forma oficial de ver a cidade. Desta nova visão fica a boa expectativa de que a atual administração municipal também supere as formas tradicionais de gestão provinciana com que as sucessivas administrações sempre trataram a cidade, adequando-se aos novos tempos que a cidade vive como polo de uma das regiões mais dinâmicas do planeta. Como estudioso das cidades e, em especial, de Cuiabá, tenho esperado este tipo de abordagem há quase três décadas. Ainda no final da década de 80 quando do projeto original de um órgão de planejamento para a cidade, o hoje finado IPDU, foi prevista uma diretoria destinada ao estudo e proposições sobre a dimensão regional da cidade, dimensão que naquela época já começava a cobrar de Cuiabá transformações urbanísticas estruturais, físicas e institucionais, de forma cada vez mais intensa. A diretoria não foi aprovada.
     Infelizmente as autoridades nos anos 80 e subsequentes, até hoje, não chegaram a perceber a preponderância crescente dos impactos regionais positivos e negativos sobre a cidade. Toda cidade tem uma região que gera um excedente produtivo que lhe dá origem e sentido através da demanda dos diversos tipos de serviços urbanos de apoio. As cidades expressam suas regiões no tipo das atividades que essas regiões desenvolvem, na qualidade das demandas urbanas que impõem e, principalmente, nas dimensões do excedente econômico que geram. Quanto maior o excedente, maiores as demandas urbanas, mais complexas, sofisticadas e de maior valor agregado. Cabe às cidades responder com os serviços, produtos e o apoio que suas regiões demandam.
     Historicamente Cuiabá sempre centralizou uma vasta região no oeste brasileiro, que a princípio ia de Mato Grosso do Sul até os limites do Acre. Com o passar dos tempos e a criação de novas centralidades, Cuiabá foi perdendo parte desse seu imenso hinterland, mas ainda assim polariza uma região muito grande, chegando ao Acre e nordeste da Bolívia, além de todo o território mato-grossense. Acontece que enquanto essa região permaneceu como um vazio econômico, isto é, praticamente em nível de subsistência, sem qualquer excedente significativo, Cuiabá permaneceu estagnada cultivando uma visão provinciana, permanecendo assim até as décadas de 60 e 70. Sempre tendo Cuiabá como seu principal polo, cápita, capital, cabeça de apoio e articulação, aquela região antes adormecida começa a ser sacudida e hoje desponta como uma das regiões mais dinâmicas e produtivas do planeta. As demandas regionais sobre Cuiabá são incrementadas ano a ano na medida das sucessivas quebras de recordes nas safras agrícolas e nos rebanhos. A cidade real responde de imediato e todo esse dinamismo é visível no ritmo das incorporações imobiliárias e da construção civil, na constante instalação de serviços complexos e sofisticados de educação, saúde, cultura, lazer, comércio e indústria. 
     Só que a cidade institucional ainda não acordou para esse novo tempo da cidade real e permanece descolada dela. Daí a importância da disposição do prefeito em assumir também institucionalmente Cuiabá como a capital do agronegócio e do turismo, cabeça da cadeia produtiva campeã nacional na produção de alimentos, a capital que sempre foi e continua sendo. É fundamental que a cidade institucional se compatibilize com a cidade real. A nova visão proclamada pelo prefeito pode ser também a indicação de novos e melhores tempos para a cidade. 
(Publicado em 15/04/2014 pelo Diário de Cuiabá, ...)

terça-feira, 8 de abril de 2014

CUIABÁ 300-5

José Antonio Lemos dos Santos

     Às vésperas do tricentésimo aniversário, Cuiabá vive seu melhor momento, plena em vitalidade, experimentando seu terceiro salto de desenvolvimento, aquele que poderá ser o salto de qualidade, impondo a seus líderes, administradores e cidadãos desafios crescentes que exigem a compreensão correta de seu atual momento e o atendimento de renovadas e sempre ampliadas demandas por infraestrutura e serviços.
     Aos 295 anos, Cuiabá segue rumo ao Tricentenário, sua efeméride no século. Em termos de planejamento a Copa passou. Agora é preparar a cidade para seus 300 anos, daqui a só 5 anos, pouquíssimo tempo como a experiência da Copa nos tem ensinado. O aniversário de Cuiabá festeja uma cidade que nasceu entre as pepitas de um corguinho com muito ouro, tanto que era chamado pelos nativos de Ikuiebo, Córrego das Estrelas, que desembocava em um belo rio, num lugar de grandes pedras chamado de Ikuiapá, lugar onde se pesca com flecha-arpão em bororo. E a cidade floresceu bonita, célula-mater do oeste brasileiro, mãe de tudo o que sucedeu neste ocidente do imenso Brasil, mãe de cidades e estados.
     No curto ciclo do ouro, Cuiabá chegou a ser a mais populosa cidade do Brasil. O fim do metal teria selado seu destino como o das cidades-fantasmas garimpeiras não fosse a localização mágica, centro do continente, cuja expectativa de riqueza atraía Portugal. Com a rediscussão do Tratado de Tordesilhas, Cuiabá vira o bastião português em terras então espanholas e dá seu primeiro salto de desenvolvimento, o da sobrevivência. Conseguiu continuar viva. E logo Portugal criou a Capitania de Mato Grosso, sediada em Cuiabá enquanto se construía a capital Vila Bela. Mesmo voltando a ser capital, por quase três séculos sobreviveu à duras penas, período heroico que forjou uma gente corajosa e sofrida, mas alegre e hospitaleira, criadora de um dos mais ricos patrimônios culturais do Brasil e com proezas que merecem mais respeito e melhor tratamento pela história oficial brasileira. Como um astronauta contemporâneo, vanguarda humana na imensidão do espaço, ligado à nave só por um cordão, assim Cuiabá sobreviveu por séculos, solta na vastidão centro-continental, ligada à civilização apenas pelo cordão platino dos rios Cuiabá e Paraguai. 
     Até que na década de 60 a cidade vibra de novo, vira o “portal da Amazônia” e sua população decuplica no salto da quantidade, expandindo-se como base de ocupação da Amazônia meridional, sem a menor preparação ou apoio da União. Sozinha e sem recursos, apoiando uma região ainda vazia economicamente, Cuiabá explodiu em todos os sentidos, despreparada para tão grande e súbita demanda. 
     No raiar do novo milênio, Cuiabá vive seu terceiro salto, o salto da qualidade. Não é mais o centro de um vazio. Ao invés, articula e polariza uma das regiões mais dinâmicas do planeta, que ajudou e ainda ajuda a ocupar e construir, e que hoje a empurra para cima demandando serviços cada vez mais especializados e de maior valor agregado, em um sadio processo de simbiose regional ascendente. Aos 295 anos, Cuiabá vibra em desenvolvimento, conectada ao mundo e turbinada pela Copa. É o momento certo para uma nova matriz de responsabilidade, não mais com a FIFA, mas dos cuiabanos com sua cidade, dos mato-grossenses com sua capital e do Brasil com a cidade que ampliou seu território a oeste de Tordesilhas. Mais que reverenciar o passado e festejar o presente é preciso cuidar do futuro, num choque de adrenalina e competência que coloque cidadãos, líderes e dirigentes à altura da cidade que temos para dignamente prepará-la para o Tricentenário com qualidade de vida, ainda mais bela, justa, democrática e sustentável. Viva Cuiabá! 
(Publicado em 08/04/2014 pelo Diário de Cuiabá, ...)

sexta-feira, 4 de abril de 2014

A ARENA DE MINHA JANELA

Após ter sido realizado seu primeiro jogo teste no dia 02/04/2014 passado, entre Mixto e Santos, posto a última foto desta série de acompanhamento da construção da Arena Pantanal a partir da varanda de meu apartamento. Veja:
Foto José Lemos

Compare com a maquete ao final das postagens e mande seu comentário. 


 Dá para comparar com a situação a 1 ano atrás (04/03/13):

Foto José Lemos
                                                                                    

E com 2 anos atrás, dia 4 de março de 2012, momentos de mais dúvidas que certezas.   Veja:
Foto: José Lemos



Era para ficar pronta em outubro de 2013. Foi prorrogado para dezembro, depois para janeiro de 2014, agora para março, com inauguração ainda em março. O primeiro grande jogo Mixto x Santos pela Copa Brasil, no dia 02/04/2014, com meia carga de público por exigência do primeiro teste, mas com metade das cadeiras instaladas. Depois Luverdense x Vasco, pela série C do Campeonato Brasileiro. Confira com a maquete para ver se ficou parecida:


terça-feira, 1 de abril de 2014

PRAÇA DEVOLVIDA, VITÓRIA CIDADÃ

José Antonio Lemos dos Santos

     No início de agosto de 2012 o noticiário local denunciava a aprovação pela Câmara de Cuiabá de projeto de lei do executivo autorizando a venda de 4 áreas públicas localizadas nos bairros Alvorada, Cidade Alta, Jardim Vitória e Jardim Cuiabá. Bem em frente à Arena Pantanal, palco da Copa, em uma delas encontrava-se a Policlínica do Verdão, excluída do pacote pelo prefeito da época após denúncia do fato em alguns de meus artigos. O promotor de Justiça Carlos Eduardo da Silva de imediato investigou o assunto e em outubro ainda de 2012 o Ministério Público Estadual pediu à Justiça que fosse decretada a indisponibilidade dos imóveis colocados à venda, pedido atendido no último dia 25 de março de 2014 pelo juiz Rodrigo Roberto Curvo, com a anulação da Lei Municipal 5574/12, o cancelamento da venda e a determinação da devolução do valor pago pelo terreno do Jardim Cuiabá, o único que chegou a ser vendido. Claro que os demais só não foram vendidos pela repercussão que o caso alcançou.
     Sem dúvida, fatos bem sucedidos como este de defesa e recuperação do patrimônio público contra a sanha daqueles que deveriam protegê-lo, demonstram que ainda podemos ter alguma esperança no pouquinho que ainda resta da República que pensávamos estar construindo. Aqui e ali alguns homens sérios ocupando cargos que sempre deveriam ser ocupados por pessoas desse jaez, aliados a uma pequena parcela de cidadãos ativos e vigilantes que ainda não entregaram a palha e a rapadura de vez, e apoiados por uma parte da imprensa que ainda acredita ser o quarto poder das verdadeiras democracias, formam um conjunto que às vezes chega a resultados como o que acaba de acontecer em Cuiabá. Tem que ser comemorado. Parece tão pouco, mas é muito.
     As áreas públicas que pretendiam sorrateiramente alienar, são áreas que seriam subtraídas daquelas destinadas e indispensáveis à qualidade de vida do cidadão, por isso previstas nas leis de parcelamento a partir de criteriosos parâmetros urbanísticos. As áreas públicas em um loteamento são propriedades em condomínio do cidadão que adquiriu cada lote, e por extensão propriedade de todos os habitantes da cidade, e devem ter na prefeitura um fiel depositário em nome do povo, e não seu dono, com poder de fazer com elas o que bem entender. Infelizmente, as cidades, e Cuiabá em especial, vêm ao longo das décadas perdendo suas áreas destinadas às praças, áreas verdes ou equipamentos urbanos, patrimônio não só dos cidadãos de hoje, mas de seus filhos, netos e todas as gerações de descendentes que pagarão muito caro por nossa atual irresponsabilidade urbana e ambiental.
     Agiu bem o Ministério Público Estadual ao tomar imediata iniciativa no caso e a Justiça dando o justo e correto desfecho que dela se esperava. Grande também o papel da imprensa noticiando o andamento do caso, desde a estranhamente veloz tramitação na Câmara de Vereadores onde teve quem confessasse ter votado sem sequer ter lido o projeto, até agora na decisão judicial. Através da imprensa a cidadania pode expressar toda sua indignação, e teve participação decisiva agindo na cobrança de posições e impulsionando o bom resultado com a anulação da Lei e da venda realizada. Só acredito que vamos ter cidades realmente voltadas para o bem estar e a qualidade de vida de sua população quando a cidadania assumir que a cidade é sua e não de qualquer El-Rey de plantão. Quando a cidadania assumir que as autoridades são funcionários públicos, isto é, seus funcionários, e que não cabe a ninguém mais ficar esperando, mas correr atrás, cobrar, exigir, fiscalizar, propor, criticar e também ter coragem para aplaudir quando for o caso. E este é um destes. Raríssimos.
(Publicado em 01/04/2014 pelo Diário de Cuiabá, ...)

terça-feira, 25 de março de 2014

A NAVE POUSOU

Foto: EdsonRodrigues/Secopa

José Antonio Lemos dos Santos

     Duas semanas atrás ao chegar em casa à noite fui à varanda e me surpreendi com a Arena Pantanal resplandecente em seu primeiro teste de iluminação. Tenho a regalia de uma ótima vista da cidade e nela a Arena me permitindo acompanhar sua construção desde o início. Com todo respeito ao também belo Verdão demolido, é claro que ao ver maravilhado a Arena iluminada pela primeira vez, bati logo uma foto que por deficiência do fotógrafo saiu tremida, mas, sem querer, expressando bem a emoção do momento, logo postada em meu blog.
     Tratei sempre a Arena Pantanal como uma espaçonave intergalática prestes a pousar em Cuiabá. Finalmente pousou linda, cintilante, como um objeto totalmente novo acomodando-se na malha de luzes noturnas da cidade. Agora recebe seus últimos ajustes para os inestimáveis voos que a justificaram pela imensidão das potencialidades mato-grossenses no espaço globalizado do esporte, da cultura, da educação, do turismo e, até, da saúde e da segurança públicas. O esporte é uma das formas mais sublimes de expressão da vida e, investir no esporte é investir na vida saudável, pois o corpo é sua principal ferramenta, sem espaço para as drogas e outros descaminhos, raízes da violência, do crime e da degradação humana. Além disso, o futebol é uma das mercadorias mais valorizadas e consumidas no planeta, um mercado de trabalho que fascina os jovens acenando-lhes como um caminho de realização profissional e pessoal, o único realmente competitivo diante das tentações fáceis do mundo do crime. Mente sã em corpo são.
     Mas para essa nave voar e trazer seus benefícios é preciso antes entendê-la e aprender pilotá-la. Não mais um estádio de futebol, mas uma arena multiuso como as que se instalam hoje pelo planeta, um novo tipo de edifício resultante das demandas e possibilidades técnicas do mundo moderno com o avião a jato, a internet, a fibra ótica e a TV via cabo e satélite. A arena moderna é filha do tempo atual, irmã das lan houses. São complexas plataformas midiáticas globais para eventos que extrapolam o interesse local e chegam ao nível da audiência planetária, como numa Copa do Mundo ou num show do Rolling Stones. Sua viabilidade está em plateias nacionais ou mundiais através de direitos de transmissão, publicidade e pacotes de viagens, não mais só pelas bilheterias locais. Assim, transforma-se também em poderosa ferramenta de promoção das potencialidades dos locais onde se instala. Um inovador instrumento de política de desenvolvimento.
     Só que se trata de uma estrutura grande, sofisticada e cara. Para administrá-la será preciso uma estrutura especializada e, no caso da Arena Pantanal, seria ideal que fosse gerida em conjunto com o Ginásio Aecim Tocantins. Sua gestão deve trabalhar tendo como pano de fundo as potencialidades atrativas naturais do Pantanal, Amazônia e cerrado no centro do continental, bem como as paisagens artificiais “high-tech” das “plantations” e campos criatórios mato-grossenses, disputando pelo Brasil e o mundo a agenda internacional de eventos esportivos, culturais e de negócios, com um ano ou dois de antecedência.
     O mundo hoje é midiático, globalizado e plano. Só é periferia quem quer. Quem não estiver na vitrine global, não existe, morre. As arenas estão sendo inventadas e construídas para colocar um país, uma cidade ou região aos olhos do mundo, fazendo seu marketing, mostrando o que tem a oferecer ao planeta. E Mato Grosso tem muito a oferecer. Será preciso aproveitar as experiências semelhantes já desenvolvidas no mundo e as que começam a surgir no Brasil. Aqui mesmo em Cuiabá já existe a experiência do SEBRAE com o Centro de Eventos do Pantanal, que poderia ser um bom começo neste grande desafio da Arena Pantanal. 

(Publicado em 25/03/2014 pelo Diário de Cuiabá)

sábado, 15 de março de 2014

A ARENA DE MINHA JANELA

Veja na foto tirada agora, dia 15/04/14 às 18h:15, com o meu celular da Arena iluminada, certamente em um de seus primeiros testes, senão o primeiro, de iluminação com todos ou boa parte de seus refletores. Show. A foto é péssima, mas fica como um registro.

Foto José Lemos

terça-feira, 11 de março de 2014

LISTAS OCULTAS

José Antonio Lemos dos Santos

     Que me perdoem de novo os especialistas em política, mas, como qualquer cidadão incorporo a majestade do eleitor, principal agente da democracia, a quem deve sempre preocupar os destinos de sua cidade e da nação. Assim, deixo um pouco as obras da Copa, as questões regionais e urbanas para abordar outra vez um assunto que me incomoda há muitos anos e que tem a ver com a tão necessária Reforma Política. Refiro-me às eleições proporcionais, ou melhor, a forma como ela é praticada no Brasil, que me parece desvirtuar as intenções de voto do cidadão. É comum se ouvir que o cidadão não sabe votar e que é dele a culpa pelos políticos que o país tem e, em consequência, pela qualidade dos governantes de nossas cidades. Coitado. Desrespeitado e maltratado, paga a conta e ainda leva injustamente a culpa.
     Como todos sabemos, no Brasil temos dois tipos de eleições, as majoritárias e as proporcionais, e é importante que existam as duas. Nas majoritárias vence o candidato que tiver mais voto. É simples e todo mundo sabe em quem está votando. Nas proporcionais já não é tão simples assim. O cidadão escolhe um candidato e seu voto pode eleger outro, muitas vezes até eleger um que ele não queria ver eleito. Nas eleições proporcionais o objetivo é eleger a divisão proporcional do poder político entre as diversas correntes partidárias representadas nas listas de candidatos de cada partido, proporção esta expressa no número de cadeiras parlamentares que cada corrente conquistar. Estas cadeiras são ocupadas pelos candidatos mais votados em cada corrente, os quais, na maioria das vezes não são aqueles escolhidos diretamente pelo eleitor. Por isso os mandatos das eleições proporcionais são dos partidos e não dos candidatos. Esta é a beleza das eleições proporcionais, mas também seu grande mal entre nós.
     Em suma, o eleitor pode escolher um bom candidato e eleger sem querer outro do mesmo partido ou coligação a qual pertence o candidato escolhido. O eleito pode até ser um que o eleitor quisesse banido da vida pública. E é o que geralmente acontece, pois as listas dos candidatos discriminadas por partido ou coligação não são mostradas aos eleitores, deixando o eleitor sem saber quem seu voto pode eleger de fato. As listas de candidatos dos partidos são montadas habilmente pelos seus caciques de forma a garantir suas próprias eleições ou de seus escolhidos, não necessariamente os da vontade do eleitor. Do eleitor eles só querem as cadeiras. Por que esse sistema não é bem explicado ao povo? Por que as listas não são divulgadas claramente? Enquanto isso, prevalece à falsa ideia de que as eleições proporcionais são iguais às majoritárias e, assim, as coisas continuam como estão com o povo sendo enganado no seu próprio voto, elegendo e legitimando muitos daqueles que não gostaria de ver reeleitos.
     As eleições proporcionais são importantes desde que devidamente explicadas, e, muito especialmente, desde que mostrando ao eleitor a lista de candidatos que seu voto pode de fato eleger. Podia ser no verso dos “santinhos” dos candidatos, em vez das usuais imagens de santos, calendários, receitas ou escudos de times de futebol. É fácil culpar o eleitor pela qualidade de nossas bancadas, se não lhe é dado saber em quem de fato está votando. A publicação massiva das listas discriminadas dos candidatos, da mesma forma como é feita a divulgação dos nomes dos candidatos, seria uma boa e fácil providência enquanto a Reforma não vem. Com ela o eleitor veria que junto a seu candidato escolhido pode ter outro ou outros que ele não quer eleger, mas que na maioria das vezes ganha a cadeira com seu voto de boa fé. Aí os partidos pensariam muito antes de colocar alguns nomes em suas listas. 
(Publicado em 11/03/2014 pelo Diário de Cuiabá, Midianews, RepórterMT, JornalOeste)

segunda-feira, 10 de março de 2014

ENTREVISTA NO HIPERNOTÍCIAS

HiperNotícias/Mike Toscano

Veja no link abaixo entrevista dada por mim no site HiperNotícias (link abaixo)  respondendo a perguntas desafiadoras. Falo sobre o momento da cidade, perspectivas, efeitos da Copa, planejamento, etc..

http://www.hipernoticias.com.br/TNX/conteudo.php?sid=180&cid=33867

quarta-feira, 5 de março de 2014

A ARENA DE MINHA JANELA

Veja como estava a Arena Pantanal vista de minha varanda no dia 4 de março de 2014. Estão sendo envelopados os pórticos com algum tipo de membrana branca. Dá para notar que a área do entorno imediato à Arena já está em fase final, com gramados e palmeirinhas. Não dá para ver mas, por dentro o gramado já recebeu as traves com o sistema eletrônico de confirmação se a bola entrou ou não, bem como começam a ser feitas as marcações e a instalação dos refletores. Os telões estão instalados. Segue a instalação das cadeiras, ainda com 12 mil instaladas. Compare com a maquete ao final das postagens e mande seu comentário. Veja:

Foto José Lemos


 Dá para comparar com a situação a 1 ano atrás (04/03/13):

Foto José Lemos
                                                                                    

E com 2 anos atrás, dia 4 de março de 2012, momentos de mais dúvidas que certezas.   Veja:
Foto: José Lemos






Era para ficar pronta em outubro de 2013. Foi prorrogado para dezembro, depois para janeiro de 2014, agora para março, com inauguração ainda em março. O primeiro grande jogo Mixto x Santos pela Copa Brasil, no dia 02/04/2014. Depois Luverdense x Vasco, pela série C do Campeonato Brasileiro, no dia 09/04. Confira com a maquete para ver se está indo tudo certo:


terça-feira, 4 de março de 2014

SÍMBOLOS E MONUMENTOS

RenêDiozG1

José Antonio Lemos dos Santos


    No último dia 23 de fevereiro o Governo do Estado e a Mitra 

Arquidiocesana entregaram restaurados os relógios e os sinos da 

Basílica do Bom Jesus de Cuiabá. Com os relógios já funcionando a 

alguns dias, os sinos voltaram a badalar às 10h:30 daquela manhã, 

depois de 20 anos. As torres também teriam sido reformadas por dentro 

permitindo visitas agendadas ao campanário e à cripta, a qual, como 

poucos sabem, guarda os jazigos de vultos históricos, como Paschoal 

Moreira Cabral, Miguel Sutil e Dom Aquino. Não fosse a Copa, sabe 

quando isto teria acontecido? Nunca. À bem da verdade lembro que na 

administração José Meirelles foi feita uma reforma patrocinada pela 

colônia sírio-libanesa, doadora dos relógios originais. Porém, durou 

pouco, pois a aparelhagem exige manutenção especializada permanente 

que tem custos, problema que espero ter sido equacionado desta vez. 
RenêDiozG1


     Todas as cidades têm símbolos e monumentos que as marcam, seus 

cartões-postais. Podem ser naturais ou construídos, religiosos, 

públicos, comerciais. Nova York foi marcada por muito tempo pelo 

Empire State, São Paulo pelo edifício do Banespa. Paris tem a Torre 

Eiffel, e o Rio o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar. O carinho com que 

cada um desses ícones é tratado em cada cidade expressa de imediato 

aos visitantes o grau de civilidade de seus habitantes, medido pelo 

carinho com que os cidadãos cuidam de sua própria cidade. Os ícones 

urbanos interessam a todos. Já pensaram a estátua do Cristo Redentor 

caindo aos pedaços? No caso de um elemento menor como um relógio 

público numa igreja matriz, numa estação ferroviária ou obelisco, pode 

até ser que seu funcionamento nem chame tanta atenção de um visitante 

como chamaria seu eventual estado de abandono. Uma fonte ou chafariz 

abandonados como depósito de água podre e lixo, marcará para sempre em 

negativo aquela cidade e sua gente na memória do visitante.

     Representando as potencialidades turísticas de todo Mato Grosso, 

Cuiabá está a 100 dias de receber a Copa e com ela milhares de 

turistas, tendo sua imagem distribuída para o mundo todo. Não dá para 

errar. É preciso destacar e mostrar bem as coisas que nos são caras e 

belas. Em junho do ano passado fiz um artigo festejando a iluminação 

do belíssimo Redentor da Igreja do São Gonçalo no Porto, com seus 

3,6m, colocado sobre um globo lá no alto do campanário, a 36 metros 

de altura. É uma obra arquitetônica exemplar que encanta a todos, 

independente de religião, e merecia um tratamento daquele. Mas, na 

outra noite a iluminação já havia sumido. Não valeu o artigo elogioso.

     Agora novas esperanças com os relógios da Matriz revitalizados, 

bem como com a reforma que também está sendo feita na Igreja do Bom 

Despacho. Que esta forma de cuidar os ícones da cidade se alastre 

para outros de seus pontos queridos. Ainda nos monumentos religiosos 

destacaria as Igrejas do Rosário, da Guadalupe e da Boa Morte, a 

Presbiteriana da 13 de Junho, a Mesquita do Morro da Luz e o Grande 

Templo. A lista seguiria com o conjunto formado pela Praça da 

República e Jardim Alencastro e seus principais edifícios, em especial 

os Palácios da Instrução e Alencastro, com a fonte luminosa à sua 

frente. Iria além com o Centro Geodésico, o obelisco do Cinquentenário 

da Retomada de Corumbá na Praça do Porto, o Museu do Rio e o Aquário 

Muncipal, a Estação de Satélites do INPE, o Parque Mãe Bonifácia, 

a Praça das Bandeiras e os painéis de Humberto Spindola no Palácio 

Paiaguás. Tudo bem arrumado, sinalizado, seguro e iluminado, com 

calçadas e bocas-de-lobo íntegras e limpas, quem sabe até interligados 

por um programa de city-tour que há tanto tempo Cuiabá merece. E que 

assim permanecesse para sempre, com nossa eterna cobrança. Amém.

(Publicado em 04/03/2014  pelo Blog do José Lemos) 


Veja no link abaixo os velhos sinos sendo badalados novamente. Mas com badalos
pós-modernos: 
http://www.mt.gov.br/sala-de-imprensa/tv-paiaguas/sinos-e-relogios-da-igreja-matriz-de-cuiaba-voltam-a-funcionar-apos-20-anos/104973

sábado, 1 de março de 2014

UMA NOITE EM 67

franciscopetros.blogspot.com

     Para os que viveram essa época é bom rever este belíssimo documentário. Emocionante. Para os que não viveram é muito bom ver a história viva rompendo paradigmas de fato e sem blá-blá-blás. Mais do que um festival de música, mais do que belas músicas, mais do que simples artistas, a história sendo construída com palmas, vaias, participação. Beleza.
Veja no link abaixo:

http://www.youtube.com/watch?v=FOsXaaW4Pkk