Fotos noturnas por satélites das cidades modernas iluminadas em regiões mais desenvolvidas simulam em analogia as ligações:
Cidades não são pontos isolados no espaço como podem dar a entender os mapas escolares comuns. Elas funcionam estruturadas em redes organizadas espacialmente e hierarquizadas de acordo com a magnitude das funções de produção, consumo e trocas que exercem entre si produzindo uma estrutura simbiótica ascendente na qual se ajudam e se complementam. As de posição inferior na rede ao demandarem produtos e serviços das que lhes estão em posição superior as impulsionam ainda mais para cima, ao mesmo tempo em que as “de baixo” também se desenvolvem com os bens serviços adquiridos, incrementando as necessidades de produção e consumo em todo o conjunto gerando um ciclo virtuoso de desenvolvimento. Em resumo grosseiro, as “de baixo empurram”, as de cima enquanto estas “puxam” também para cima as que lhes estão abaixo. Nada mais errado em termos de desenvolvimento do que disputas entre cidades, irmãs de uma mesma rede.
Entretanto, apesar desta característica já ter sido identificada ao menos desde o início do século passado pelo geógrafo alemão Walter Christaller e outros estudiosos, de um modo geral as cidades continuam tratadas como pontos isolados e autônomos, na maioria das vezes em situação de disputas ou conflitos entre si desprezando assim a grande força colaborativa propulsora resultante da estrutura em redes que poderia levá-las com mais facilidade aos seus objetivos de desenvolvimento.
O trabalho colaborativo sugerido pelas redes, como entendidas aqui, não supõe o desrespeito às competências federativas estabelecidas pela Constituição entre união, estados e municípios. A ideia é a utilização dos instrumentos já existentes para o tratamento de problemas comuns entre unidades federativas diferentes, tais como os consórcios intermunicipais, regiões metropolitanas, aglomerados urbanos, convênios etc. Como é o caso para Cuiabá da internacionalização do Aeroporto Marechal Rondon em Várzea Grande, de grande interesse comum aos dois municípios, cabendo, portanto, aos seus respectivos prefeitos juntarem-se aos eventuais outros interessados, em especial ao governo federal, em busca das providências necessárias junto ao governo federal e seus órgãos competentes no assunto, como a INFRAERO. Outros exemplos poderiam ser, para o caso de Cuiabá, a efetivação da região metropolitana de Cuiabá, a ferrovia passando pela Baixada e uma futura ligação a Cáceres e seu porto e ZPE, a distribuição canalizada do gás boliviano, a saída para o Pacífico, a otimização do aproveitamento das águas de Manso, os cuidados com o Rio Cuiabá, enfim, todos os assuntos que extrapolem os limites de um município e que uma vez implantados beneficiarão todos integrantes da parceria, com aumento da produção e do consumo entre eles, em suma, todos ganhando.
A agregação na estrutura de planejamento tradicional desta área de pesquisas e proposições ampliadas à região e seus desdobramentos, permitirá a otimização das oportunidades oferecidas pela dimensão regional da cidade até agora negligenciada.