"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



sábado, 26 de novembro de 2016

VÁRZEA GRANDE E A COPA

Imagem José Lemos

José Antonio Lemos dos Santos
Semana retrasada fui convidado pelos alunos de Arquitetura e Urbanismo da Univag para falar sobre os impactos da Copa do Pantanal em Várzea Grande. O honroso convite tinha um pouco de melindroso, pois meus caros leitores sabem que sempre fui simpático ao grande evento mundial em nossa cidade, e todos também sabemos que a preparação urbana não foi exatamente um mar de rosas ou uma operação indolor e coube a Várzea Grande sofrer os impactos negativos mais evidentes, em especial ao longo do eixo da Avenida da FEB.
     Mas o desafio tornou-se empolgante à medida avançava no assunto. Para mim a Copa do Pantanal significou a maior oportunidade de investimentos públicos e privados concentrados no tempo vistos por Cuiabá e Várzea Grande em toda sua história. É claro que estes investimentos resultaram em intervenções físicas que trouxeram muitos problemas, entretanto trouxeram também aspectos positivos que não são tão evidentes. O sapato apertado chama mais a atenção que o confortável. No caso de Várzea Grande que balanço pode ser feito? A cidade hoje está melhor ou pior que antes da Copa? Os impactos negativos saltam às vistas, já os positivos, tive que conferir pela cidade com olhos de ver, e o resultado foi bem animador.  
     Primeiro impacto positivo, o Aeroporto Marechal Rondon, o 14° do país com cerca de 3,0 milhões de passageiros/ano, está hoje com sua área triplicada, equipado com “fingers”, embarques e desembarques mais confortáveis, e amplo estacionamento. Mesmo com sua ampliação a estação de passageiros já parece no limite de sua capacidade, imaginem se hoje aquele antigo painel com a simpática arara azul continuasse limitando sua extensão.  Apesar do nosso renitente “complexo de pequi-roído” se extasiar com pesquisas que colocam o Marechal Rondon como o menos confortável entre os 15 maiores aeroportos do país, hoje ele está muito melhor que antes da Copa, o que não pode ser motivo para relaxar na cobrança da conclusão urgente de suas obras. Convém lembrar que o Marechal Rondon é a interface do mundo globalizado com Mato Grosso, uma das regiões mais dinâmicas e produtivas do planeta, o que representa uma imensa vantagem comparativa para a cidade que o abriga.
     À frente do aeroporto encontra-se o “Shopping Várzea Grande”, empreendimento privado destravado com a vinda da Copa depois de anos atrás de um tapume em ruínas. Foi inaugurado em 2015 oferecendo 3,5 mil empregos diretos e indiretos e a previsão de mais 900 vagas temporárias para o final daquele ano. Além dos empregos, elevou a autoestima várzea-grandense. E próximo ao aeroporto e ao Shopping, chegaram novos e sofisticados hotéis. Dizem que um ou outro fechou diante da duplicação de leitos na Grande Cuiabá para a Copa. O mal não está nos hotéis mas na falta da prometida política de promoção ao turismo ancorada na propaganda propiciada pelos holofotes da Copa.
     E a nova interseção do “ZeroKM”, com sua bela trincheira? E o viaduto do Cristo Rei? Faltou um retorno para o centro de Várzea Grande, assim como falta um ligando quem sai do aeroporto ao Shopping. Um dia farão. E a nova “estrada da Guarita”, agora uma avenida em pista dupla ligando o centro histórico da cidade à nova fronteira urbanística várzea-grandense? E a magnífica Mário Andreazza, também em pista dupla e características urbanas, com calçadas e as devidas sinalizações, ligada a Cuiabá por uma nova ponte e a trincheira Ciriaco Cândia, tão criticada quando em construção mas que agora nem pode ser interditada para acabamentos pois sua falta gera enormes engarrafamentos? Quanto ao VLT o negócio é concluí-lo, punindo quem merecê-lo. Para mim, apesar dos problemas, o saldo é positivo.
(Publicado em 27/11/16 peloMidiaNews, FolhaMax, NaMarra, ArquiteturaEscrita, em 28/11/16 pela PáginaDoEnock, ...)



COMENTÁRIOS:
Por e-mail

Maristela            26/11/16         22:52


"Oi José Antônio, boa noite!
Acabei de postar meu comentário para seu último artigo, mas não apareceu a confirmação do envio. Em todo caso, quero lhe dizer que escrevi agradecendo por me ajudar a ver com “olhos de ver” os benefícios que a Copa trouxe para Cuiabá e Várzea Grande. Gostei muito! Valeu! 
Grande abraço
Maristella "

No Face
Carlos Oseko    26/11/16
"VG pode e precisa deMAIS!!!"

Nanda Lopes  26/11/16
"Que matéria show em professor , realmente sofremos muito com o impacto da copa , mas também acho que não devemos chorar pelo leite derramado , mas sim erguer a cabeça e aproveitar o pouco que foi dado , que fez diferença , e que não iríamos ganham mesmo sem a copa , e isso aí "

Everaldo Araújo  26/11/16
" Isso se chama visão de futuro Jose Antonio Lemos Santos e vc sempre em todos artigos que leio faz críticas construtivas. E como apaixonado pela nossa calorosa e bela Cuiabá sonho um dia ver o VLT inaugurado que beneficiará milhares de trabalhadores e estudantes que padecem nesses ônibus a maioria sem condições de uso sem ar condicionado sem dizer nas horas que perdem nos pontos de ônibus esperando ! Vamos sonhar e cobrar nossos gestores públicos porquê se não fossem tão incompetentes com certeza o legado da Copa 2014 teria sido muito maior para Cuiabá e Várzea Grande!"



sábado, 19 de novembro de 2016

MATO GROSSO POR INTEIRO

gopantanal.com.br

José Antonio Lemos dos Santos

     O encontro em Cuiabá no dia 14 passado do governador com o ministro das Relações Exteriores um dia poderá ser considerado um marco na história do desenvolvimento de Mato Grosso, extrapolando a região de Cáceres, foco principal da reunião. Os assuntos tratados abrangeram um conjunto de temas que podem ser sintetizados numa ambiciosa política de integração continental através da Hidrovia Paraguai-Paraná, tendo como ponto de partida a Princesinha do Paraguai. Mais importante, vai reintegrar o Mato Grosso platino ao desenvolvimento estadual, reforçando a unidade geopolítica do estado ameaçada pelo projeto de isolamento ferroviário da Grande Cuiabá.
     O porto e a ZPE de Cáceres são assuntos discutidos há décadas mas parece que agora é para valer pela abrangência da abordagem, envolvendo questões de logística, segurança, comércio e relações com os países vizinhos, inclusive com a programação de um grande encontro em Cáceres, para o qual já estariam convidados os ministros da Justiça, do Desenvolvimento, da Defesa e o próprio ministro das Relações Exteriores. José Serra também convidou o governador para uma reunião em Brasília com ministros do Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia e Chile, específica sobre a grave questão da segurança nas fronteiras comuns. Destaco a tese de que o desenvolvimento do Mato Grosso platino está amarrado à solução da questão da segurança na fronteira, e vice-versa. Uma coisa depende da outra.
     Da parte do desenvolvimento a reativação do porto de Cáceres com a implantação da ZPE é um ótimo começo. O porto será uma das principais portas de saída para os produtos mato-grossenses, muitos processados na própria ZPE, e será também a entrada para o desenvolvimento com as cargas trazidas pelo rio. Porém estes projetos demandam a criação da logística complementar, rodoviária, ferroviária e aeroviária. Aí entra então a retomada da ferrovia, hoje em Rondonópolis, passando por Cuiabá para chegar até Cáceres e Nova Mutum e daí aos portos do Pará e Pacífico, somando-se à FICO. Entram também a reativação do aeroporto de Cáceres, bem como, a consolidação do Aeroporto Marechal Rondon com a criação de voos internacionais, a começar pela prometida ligação com Santa Cruz de la Sierra. O aeroporto em Várzea Grande é a interface de globalização de Mato Grosso, poderosa ferramenta de desenvolvimento. Ao desenvolvimento regional ainda é fundamental que o gasoduto seja levado a sério dando-lhe confiabilidade como elemento propulsor da economia do porto, da ZPE e da Região Metropolitana do Cuiabá com vantagens econômicas e ambientais. Esse conjunto de fatores positivos viabilizariam a Região Metropolitana como um polo de verticalização da produção primária mato-grossense utilizando a mão de obra disponível em indústrias de vestuário, produtos em couro e beneficiamento de carnes, por exemplo.
     Mas não se pode pensar em desenvolvimento sem resolver a grave questão da segurança na fronteira, inviabilizada pelo poder da mais poderosa e cruel das armas inventadas pelo homem, a droga, ramificada em outros nefastos tráficos como o de veículos e armas. O Brasil vem sendo bombardeado por essa arma através da fronteira mato-grossense, arremessada em fardos por pequenas aeronaves em voos que escapam aos radares de segurança do espaço aéreo nacional. Por que não instalar em Cáceres uma Base Aérea aproveitando a pista de pouso asfaltada ali existente e ociosa? No controle da extensa fronteira, por mais zelosas que sejam as ações em terra, estas dificilmente alcançarão êxito sem um apoio ostensivo aéreo, com aviões de verdade, portadores do intimidador e vitorioso emblema da gloriosa Força Aérea Brasileira.
(Publicado em 19/11/16 pelo FolhaMax, NaMarra, 20/11/16 no MidiaNews, ArquiteturaEscrita, 23/11/16 no Diário de Cuiabá, no BlogDoValdemir, ...)
COMENTÁRIOS
Por e-mail
Cléber Lemes 19/11/16
"Parabéns Dr. José Antonio, pela excelente reportagem . Um abraço
​Cleber"

sábado, 12 de novembro de 2016

RECONSTRUIR A REPÚBLICA

             
                

José Antonio Lemos dos Santos
     A comemoração da Proclamação da República é uma oportunidade para se lembrar do grande desafio deixado aos brasileiros pelo papa Francisco quando esteve por aqui em 2013, pouco divulgado entre nós, até pela própria Igreja, talvez pela grandeza do desafio, mais provável porém pela sua inconveniência para alguns. Deveria interessar em especial aos cidadãos que, ungidos pelo voto, transformaram-se em novos políticos, vereadores e prefeitos, que trazem a esperança de transformações nas práticas públicas.
     Na perspectiva dessa mesma esperança o papa no Teatro Municipal do Rio de Janeiro disse aos brasileiros que o “futuro exige hoje a tarefa de reabilitar a Política, que é uma das formas mais altas da Caridade.” Ouvi “ao vivo” pela TV e fiquei surpreso pois, ao menos no Brasil, nada parece mais “nada a ver” com a Caridade que a política. Superada a incredulidade entendi que a “política” referida pelo papa era aquela com “P” maiúsculo, a da doação do cidadão à causa do bem comum, da coisa pública, a “res-publica” que deveria ser o objetivo maior desta nação proclamada republicana a 15 de novembro de 1889.
Imagem da capa do jornal A Gazeta de Cuiabá de 12 de dezembro de 1889 publicando notícia da Proclamação da República - armazenado no Arquivo Público de Mato Grosso - Renê Dióz G1/MT


     Infelizmente no Brasil as saúvas venceram corroendo a República e a arte nobre da verdadeira Política, que perdeu então o seu “P” maiúsculo e seu foco no bem comum. A coisa pública passou a ser tratada como um butim eleitoreiro a ser usado em função de interesses pessoais, grupais, empresariais ou partidários que se misturam a cada 2 anos nas mais esdrúxulas combinações e transações, iludindo o cidadão eleitor, que ao final paga o pato em todos os sentidos, ao perder sua nação, sua cidade, e ficar com a conta e a culpa de tudo.
     Os tempos de hoje parecem ser ideais para o resgate do desafio papal. O Brasil chegou ao paroxismo, ao fundo do poço definitivo, depois de muitas vezes ter dado a impressão tê-lo alcançado. O povo sai às ruas indignado com esta situação na qual lhe é arrancado cerca de 40% de tudo o que produz apenas para a manutenção de uma pirâmide político-administrativa de cargos regiamente remunerados, dedicada a subtrair o patrimônio público, roubo a mãos cheias, surrupio às escâncaras que vão muito além dos 40% do que lhe é imposto oficialmente. Cada dia mais escândalos que parecem sem fim. Enquanto isso, o bem-comum mingua sob a alegação de falta de recursos, as escolas desmoronam, os hospitais são insuficientes, as estradas matam, a autoridade pública se esvai na desconfiança e desrespeito que se generaliza. As imagens do sofrimento do povo nas filas, no caos diário da metástase urbana, afogados na falta de saneamento e nos preços nos mercados, são imagens de uma nação que virou fumaça. Só se salvará se resgatada pela cidadania e a tarefa inicial é a reconstrução da República, mas reconstrução urgente e de verdade, não só passar um batonzinho como querem alguns, muito menos agir no sentido inverso, como nas matreiras tentativas de se perdoar o “caixa 2”.

     Cuiabá tem ligação especial com a República. Além de ter filhos entre os líderes da Proclamação, teve Dutra como presidente, Dante como restaurador das eleições diretas e os marechais Deodoro e Floriano Peixoto como moradores antes de serem os primeiros presidentes da República. O proclamador de República inclusive casou-se aqui e Floriano foi presidente da província, orgulhoso de ter um filho cuiabano, segundo Rubens de Mendonça. A casa identificada pelo historiador Laurentino Gomes como sendo a do marechal Deodoro em Cuiabá já foi reformada, deixando a situação de abandono e ruínas denunciada por ele. Mas a República proclamada por Deodoro, mais que uma reforma, precisa ser reconstruída para ser reproclamada. E já.
(Publicado em 12/11/16 pelo site NaMarra,  ArquiteturaEscrita, no dia 13/11/15 pelo MidiaNews, no dia 14/11/16 pela Página do Enock, FolhaMax, no dia 17/11 no Diário de Cuiabá,...)

COMENTÁRIOS, 
Na FolhaMax
Zeca Tenuta 14/11/16, 11h32
"Professor, belo texto, porém, antes de culparmos a classe política pelos desmandos citados, temos que atentar para o fato de que é impossível a existência da mesma sem a fundamental participação do eleitor. Fui candidato a um cargo de vereador em Cuiabá, pois, acredito que só participando diretamente do processo eleitoral, poderia comprovar as inúmeras denuncias de compra de votos, troca de favores, compromisso com cargos etc. Pois é, a coisa é muito pior do que eu imaginava e mais triste ainda porque a iniciativa de "negociar" o voto parte, infelizmente, do eleitor. Saí do processo me sentindo um idiota, porque acreditava que a minha vida pregressa de comunitário atuante, serviria de passaporte para um desempenho melhor no pleito municipal. Frustrei por constatar que o poder financeiro decide as eleições no nosso país. E o mais desanimador é verificar que as autoridades "competentes" nada fazem para coibir esta nefasta e ilegal prática."
RESPOSTA NO FOLHAMAX 15/11/16
José Antonio Lemos dos Santos
"Prezado Zeca Tenuta. Obrigado pela honra da leitura e a gentileza do comentário. Seu eu pudesse dar um conselho seria para não desanimar. Você como cidadão tentou de boa fé, foi lá no âmago desse nosso sistema eleitoral deturpado, conheceu a triste realidade e nos traz mais um testemunho de quanto é necessária a reconstrução desta nossa República a começar pela reconstrução (não reforma para enganar o povo) do nosso sistema eleitoral perverso já em sua estrutura. Mas seus votos não foram perdidos pois ajudaram o PRP a eleger 2 vereadores que passam ter responsabilidade para com os votos que seu nome e seu prestígio deu a eles, e portanto vamos cobrá-los com toda a ênfase e aplaudi-los quando for o caso."
No HiperNotícias:
Carlos Nunes - 14/11/2016
"Só visualizo uma maneira...SE, em 2018, na próxima eleição, a gente elegesse como presidente da república SÉRGIO MORO, vice JOAQUIM BARBOSA; e renovasse todo Congresso Nacional, colocando uma outra safra de pessoas para fazer política. É como a gente pudesse ZERAR tudo, e escrever uma outra página na história do Brasil. Mas SÉRGIO MORO não será candidato, ele mesmo já informou isso; então teríamos que procurar outro ou outra brasileiro(a) para preencher essa vaga. Quem seria esse herói ou heroína? Não seriam aqueles políticos profissionais, que já ocuparam vários cargos, já foram até eleitos, e deu no que deu: uma Economia arregaçada com 12 milhões de desempregados. Deve existir, em algum lugar do Brasil, a pessoa certa; afinal de contas o país é continental. Apesar de, certa vez, um filósofo grego sair com uma lanterna procurando uma pessoa "justa e honesta", e não ter encontrado ninguém; acho que deve existir aos montes..."
José Laurentino Gomes         20/11/16
"Prezado professor José Antonio, boa noite
Li, dias atrás, o excelente artigo que escreveu sobre a Proclamação da República e a situação do Brasil hoje. A certa altura, o senhot escreve tambem que a casa onde o Marechal Deodoro teria vivivo em Cuiabá, e que vi em ruínas em 2013, acabou de ser restaurada. Sei que há controvérsia a respeito desse imóvel e não se tem certeza se seria, de fato, a casa de Deodoro. Mas a recuperaçao de uma edificio histórico no Brasil é sempre uma rara e boa noticia. Por isso, gostaria de fazer um blog sobre o assunto. O senhor saberia me dizer se alguem ou algum orgao publico teria fotografias dessa casa, antes e depois da restauração? Em caso positivo, poderia me colocar em contato?
Agradeço desde já a sua gentileza.
Um grande abraço e boa semana"



sábado, 5 de novembro de 2016

O AEROPORTO PAROU, DE NOVO!

Foto José Lemos

José Antonio Lemos dos Santos
     Algum pressentimento parece ter orientado quando na semana passada citei a linha aérea internacional Cuiabá-Santa Cruz de La Sierra como exemplo de um assunto de interesse do município estando, portanto, entre as obrigações das autoridades e lideranças municipais se
interessar, acompanhar e brigar junto às instâncias competentes por sua realização, independente de partidos ou outros interesses menores. Podia ter citado o gasoduto, a ferrovia, mas escolhi a nova linha aérea por sua importância e pela proximidade da data anunciada para sua inauguração, 5 de dezembro, sugerindo a necessidade dos prefeitos e vereadores dos municípios do Vale do Rio Cuiabá, novos ou velhos, só ou em conjunto, cobrarem o andamento do assunto antes de um possível derramamento do leite. Pois não é que o governo dias após suspendeu o contrato da obra do aeroporto, faltando 25% a ser concluída? Tomara que não atrapalhe em nada a inauguração da linha internacional, tão importante para a Baixada Cuiabana.
     Historicamente a relação dos órgãos gestores dos aeroportos no Brasil nunca foi de simpatia ou agilidade com nosso aeroporto, hoje o 14º do Brasil em passageiros. Um dos poucos grandes momentos de sua história foi no começo da década de 40 quando o governo do estado resolveu doar uma área de 700 ha para o aeroporto, decisão mais que visionária, profética, pois naquele tempo a aviação civil mal iniciava sua consolidação no Brasil. A primeira estação de passageiros só aconteceu porque a então primeira dama do Brasil, de passagem por aqui, precisou ir ao banheiro. Foi um pampeiro! Sorte, pois desse fato pitoresco saiu a primeira estação de passageiros, inaugurada em 64 com o nome de Maria Tereza Goulart, logo após mudado para Marechal Rondon. Depois disso, outra sorte foi em 2002 quando o saudoso cuiabano Orlando Boni presidiu a Infraero e suspendeu uma reforma meia boca programada para o aeroporto e determinou a execução e implantação de um projeto moderno de ampliação e um Plano Diretor para o Marechal Rondon. A ampliação começou, parou, começou, parou, e agora está parada de novo. O Plano Diretor sumiu. Fora isso, só pouco caso, incompatível com a importância da Infraero e seu quadro técnico.
     A maior chance veio com a Copa do Mundo, Cuiabá uma das 12 sedes e o aeroporto como peça fundamental. A ideia era de que nessa oportunidade o Marechal Rondon seria levado a sério. Que nada! A abertura da licitação para o projeto da ampliação só saiu em 2010, ano e meio após a escolha de Cuiabá como uma das sedes e sua ordem de serviço só 2 meses e meio depois. A licitação para as obras só em julho de 2012, 3 anos e 2 meses depois da escolha da sede, com menos de 600 dias para o início da Copa. A boa vontade com Cuiabá era tanta que a então ministra Gleise Hoffmann chegou a propor uma cobertura de lona, caso o aeroporto não ficasse pronto a tempo. Lona, isso mesmo!
     Mesmo inconcluso o Marechal Rondon melhorou muito em relação ao que era antes da Copa, graças ao governo do estado da época ter corajosamente assumido o risco de tocar as obras. Se não, nem isso estaria pronto. Qual o prejuízo sofrido por Mato Grosso, em especial Cuiabá e Várzea Grande com suas novas 15 torres hoteleiras que vieram com a Copa? Afinal, quem defende os interesses de Cuiabá e Várzea Grande? Eventualmente um deputado de Rondonópolis ou de Sinop? Tomaram nossa ferrovia, inviabilizaram nosso gás, fica assim? Quem lutará por nosso aeroporto e sua primeira linha internacional? Está difícil, hein? Com uma história de bravos antepassados será que viramos uma geração de amebas, incapazes de aprumarmos ao menos para reivindicar os próprios direitos? Ou cobrar de quem tem a obrigação de fazê-lo?
(Publicado em 05/11/16 pelo MidiaNews, no Blog do Lúcio Sorge, Arquitetura Escrita, NaMarra e em 10/11/16 pelo Diário de Cuiabá,...)

COMENTÁRIOS:
No Midianews  Carlos Nunes  05.11.16 09h30
"Não sou vidente, mas prevejo que essa tragédia vai acontecer é com o VLT - depois de abrirem a cidade toda, DE PONTA A PONTA (do Porto até o CPA e do Centro ao Coxipó), e o dinheiro minguar, acabar, porque ninguém realmente sabe o tamanho dessa crise, nem quanto tempo ela vai durar, PARA TUDO. E a cidade vai ficar toda aberta esperando o dinheiro cair do céu. Máquinas e tratores já terão mandado pró espaço tudo o que estava na frente, embaixo e nas imediações: asfalto de boa qualidade, avenidas, ruas, calçadas, canos, adutoras, rede de esgoto, rede de energia, telefônica, e muito mais. Quanto custa esse patrimônio público consolidado que vai pró espaço? Quanto custará para REFAZER tudo isso? Aí o fracasso do Silval é transferido automaticamente para o Taques - fracasso antigo o eleitor esquece, mas fracasso atual não esquece...VLT ainda vai derrubar alguns políticos, que não serão mais eleitos pra nada. Se não fizeram na época das vacas gordas, fazer agora na época das vacas magras, do dinheiro curto, da pindaíba financeira, é suicídio. Agora não tem dinheiro nem para garantir o pagamento dos servidores, depende de repasse federal, se o dinheiro chegar paga, se não chegar não paga. Ontem os telejornais (todos) mostraram a calamidade econômica no Rio de Janeiro, e o comentarista do SBT alertou: o que acontece no Rio, vai ter um efeito cascata em todo país - NÃO TEM DINHEIRO. Não podemos deixar abrirem Cuiabá DE PONTA A PONTA, porque o negócio pode piorar. O que já está ruim, pode ficar pior. Não deviam é ter deixado o Silval comprar as Composições Milionárias do VLT, sem entender bulhufas de VLT. É caro para fazer e depois para manter."