"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



sábado, 19 de novembro de 2016

MATO GROSSO POR INTEIRO

gopantanal.com.br

José Antonio Lemos dos Santos

     O encontro em Cuiabá no dia 14 passado do governador com o ministro das Relações Exteriores um dia poderá ser considerado um marco na história do desenvolvimento de Mato Grosso, extrapolando a região de Cáceres, foco principal da reunião. Os assuntos tratados abrangeram um conjunto de temas que podem ser sintetizados numa ambiciosa política de integração continental através da Hidrovia Paraguai-Paraná, tendo como ponto de partida a Princesinha do Paraguai. Mais importante, vai reintegrar o Mato Grosso platino ao desenvolvimento estadual, reforçando a unidade geopolítica do estado ameaçada pelo projeto de isolamento ferroviário da Grande Cuiabá.
     O porto e a ZPE de Cáceres são assuntos discutidos há décadas mas parece que agora é para valer pela abrangência da abordagem, envolvendo questões de logística, segurança, comércio e relações com os países vizinhos, inclusive com a programação de um grande encontro em Cáceres, para o qual já estariam convidados os ministros da Justiça, do Desenvolvimento, da Defesa e o próprio ministro das Relações Exteriores. José Serra também convidou o governador para uma reunião em Brasília com ministros do Uruguai, Argentina, Paraguai, Bolívia e Chile, específica sobre a grave questão da segurança nas fronteiras comuns. Destaco a tese de que o desenvolvimento do Mato Grosso platino está amarrado à solução da questão da segurança na fronteira, e vice-versa. Uma coisa depende da outra.
     Da parte do desenvolvimento a reativação do porto de Cáceres com a implantação da ZPE é um ótimo começo. O porto será uma das principais portas de saída para os produtos mato-grossenses, muitos processados na própria ZPE, e será também a entrada para o desenvolvimento com as cargas trazidas pelo rio. Porém estes projetos demandam a criação da logística complementar, rodoviária, ferroviária e aeroviária. Aí entra então a retomada da ferrovia, hoje em Rondonópolis, passando por Cuiabá para chegar até Cáceres e Nova Mutum e daí aos portos do Pará e Pacífico, somando-se à FICO. Entram também a reativação do aeroporto de Cáceres, bem como, a consolidação do Aeroporto Marechal Rondon com a criação de voos internacionais, a começar pela prometida ligação com Santa Cruz de la Sierra. O aeroporto em Várzea Grande é a interface de globalização de Mato Grosso, poderosa ferramenta de desenvolvimento. Ao desenvolvimento regional ainda é fundamental que o gasoduto seja levado a sério dando-lhe confiabilidade como elemento propulsor da economia do porto, da ZPE e da Região Metropolitana do Cuiabá com vantagens econômicas e ambientais. Esse conjunto de fatores positivos viabilizariam a Região Metropolitana como um polo de verticalização da produção primária mato-grossense utilizando a mão de obra disponível em indústrias de vestuário, produtos em couro e beneficiamento de carnes, por exemplo.
     Mas não se pode pensar em desenvolvimento sem resolver a grave questão da segurança na fronteira, inviabilizada pelo poder da mais poderosa e cruel das armas inventadas pelo homem, a droga, ramificada em outros nefastos tráficos como o de veículos e armas. O Brasil vem sendo bombardeado por essa arma através da fronteira mato-grossense, arremessada em fardos por pequenas aeronaves em voos que escapam aos radares de segurança do espaço aéreo nacional. Por que não instalar em Cáceres uma Base Aérea aproveitando a pista de pouso asfaltada ali existente e ociosa? No controle da extensa fronteira, por mais zelosas que sejam as ações em terra, estas dificilmente alcançarão êxito sem um apoio ostensivo aéreo, com aviões de verdade, portadores do intimidador e vitorioso emblema da gloriosa Força Aérea Brasileira.
(Publicado em 19/11/16 pelo FolhaMax, NaMarra, 20/11/16 no MidiaNews, ArquiteturaEscrita, 23/11/16 no Diário de Cuiabá, no BlogDoValdemir, ...)
COMENTÁRIOS
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Cléber Lemes 19/11/16
"Parabéns Dr. José Antonio, pela excelente reportagem . Um abraço
​Cleber"

2 comentários:

  1. Não entendo essa ferrovia parada em Rondonópolis. Pelo andar da carruagem, quase estou me convencendo de que é mais fácil ligar Lucas à China que a Rondonópolis.

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    1. Também acho Luciana. Nós cuiabanos-varzeagrandenses somos de muita boa fé e somos constantemente enganados. Mas acho que as coisa mudaram um pouco com a eleição do Trump que não vai deixar os chineses nadarem de braçada por aqui, bem como com o Porto de Cáceres e sua ZPE. Tende a puxar a ferrovia que terá que passar pela Grande Cuiabá (a não ser que façam um viaduto eh eh). Obrigado pela gentileza do seu comentário.

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