"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



sexta-feira, 20 de setembro de 2024

CANDIDATOS A VEREADOR NO MUNICÍPIO DE CUIABÁ 2024

 

Autor: José Antonio Lemos dos Santos

2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ

CANDIDATOS ORGANIZADOS POR PARTIDO OU FEDERAÇÃO A PARTIR DE LISTA COM CANDIDATOS ORDENADOS POR ORDEM ALFABÉTICA, CONFORME SITE DO TSE                  (https://divulgacandecontas.jus.br )

ATENÇÃO: 
ANTES DE DEFINIR SEU VOTO VERIFIQUE EM QUAL DAS LISTAS ABAIXO ELE SE ENCONTRA

COMO SABEMOS NAS ELEIÇÕES PROPORCIONAIS (VEREADORES E DEPUTADOS) PODEMOS VOTAR EM UM CANDIDATO E ELEGER OUTRO. ISSO PORQUE NELAS NOSSO VOTO VAI PRIMEIRO PARA O PARTIDO OU FEDERAÇAO A QUE PERTENCE O CANDIDATO DE SUA PREFERÊNCIA.  SÓ DEPOIS OS VOTOS SÃO DISCRIMINADOS POR CANDIDATO E SÓ OS MAIS VOTADOS OCUPARÃO AS CADEIRAS CONQUISTADAS POR SEUS PARTIDOS. E É POR ISSO QUE SEU VOTO EM SEU CANDIDATO PODERÁ ELEGER UM OUTRO, ÀS VEZES ATÉ UM QUE VOCÊ NÃO QUEIRA ELEGER OU REELEGER.

MUITO CUIDADO ENTÃO: 1 - ANTES DE DEFINIR SEU CANDIDATO LEMBRE A QUE PARTIDO  OU FEDERAÇÃO ELE PERTENCE; 2 – BUSQUE ABAIXO A LISTA CORRESPONDENTE AO PARTIDO OU FEDERAÇÃO DO CANDIDATO PREFERIDO; 3 – VERIFIQUE OS OUTROS CANDIDATOS QUE ESTÃO COM ELE NA LISTA;  - SE NA SUA VISÃO NADA DE MAL EXISTE CONTRA QUALQUER DOS COMPANHEIROS DE LISTA , MANTENHA O VOTO NO SEU CANDIDATO ESCOLHIDO; 5 -  CASO

ENCONTRE JUNTO ALGUÉM QUE NÃO QUEIRA VER ELEITO(A) OU REELEITO(A), VOCÊ TEM A OPÇÃO DE ESCOLHER OUTRO BOM CANDIDATO EM OUTRA LISTA ; 6 – CASO NÃO ENCONTRE NENHUMA LISTA TOTALMENTE LIMPA, FAÇA SUA AVALIAÇÃO DE RISCO E SÓ ENTÃO ESCOLHA; 7 – DE

 PREFERÊNCIA NÃO ANULE SEU VOTO NEM VOTE EM BRANCO.

 

NOTA: ESTA LISTA FOI ORGANIZADA E COMPARTILHADA PARA MINHA PRÓPRIA ORIENTAÇÃO, DE FAMILIARES E AMIGOS COM A ÚNICA INTENÇÃO DE AJUDAR NA DEFINIÇÃO DO NOSSO MAIOR DEVER CÍVICO QUE É O VOTO.



LISTAS DE CANDIDATOS A VEREADOR EM CUIABÁ

 

FEDERAÇÃO BRASIL ESPERANÇA – FÉ BRASIL  (PT / PC do B/PV)

ABEL NATUREZA

ALEX RODRIGUES

ALUIZIO LEITE

ANDRÉ PEDRA 90

CARLA BRAGA

EDNA SAMPAIO 3PRETAS DAY NEUSA

EMÍDIO DE SOUZA ACDHAM

FANIZE ALBUÊS

GILSON BATISTA

JANIO AMORIM

JOÃO CUSTÓDIO

JULIANE NUNES

JULIER

LEO RONDON

LUIZINHO GOMES

MÁRCIA EDUCADORA AMBIENTAL

MARCUS BRITO JR

MARIA MAGALHÃES

MÁRIO NADAF

MIRIAM DO PEDRA NOVENTA

NILSON NERIS DO VIVEIRO MT

ODILZA PRETA

OZIANE DA HORA ESTENDIDA

PROF ROBINSON CIREIA

PROFESSOR REGINALDO ARAÚJO

PROFESSORA ENELINDA SCALA

RONALD MUZZI

ROSE BARRANCO

ROSILENE 


2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ


UNIÃO

ACHILLE

ALEX FRAGA

ANA PAULA LEIRIA

BEBÊ DA SAÚDE

CEZINHA NASCIMENTO

CLAUDINEY VIEIRA

DÉRICA FLSH BACK

DILEMÁRIO ALENCAR

DOMINIQUE BIANCARDINI

DR. DAÚDE

DR. LUIS FERNANDO

DUDA PEIXOTO

EDLEUSA MESQUITA  DE ALMEIDA

GABRIEL CESAR

GUILHERME OLIVEIRA

LEONARDO DE OLIVEIRA

MARCELO BUSSIKI

MARCELO CUIABANO

MÁRCIA BRONZE

MARIMAX COMAZZE

MICHELLY ALENCAR

PROF CARLINHOS

PROFESSORA BATATA

PROFESSORA MARIA RITA

SARGENTO JUCÁ

SARGENTO LAUDICÉRIO

VALDEMIR BERNARDINO

WILLIAN CAMPOS


2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ


MDB

ADALBERTO CAVALCANTE

CLAUDIA NAZÁRIO

DEVA FONSECA

ELIANE ABREU

JUAREZ FRANÇA

LUIS CLAUDIO

MARCREAM SANTOS

MARICELMA LULU

NASSER FARES

NICASSIO DO JUCA

PAULO HENRIQUE

PROFESSORA DÉBORA

ROBINHO

SARGENTO ERVESON

SARGENTO VIDAL

SINGLAIR MUZIS

SUZI GONÇALVES

THIAGO BERGAMINI

ZORAIDE SANTOS


2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ


PL

ADAVILSO AZEVEDO

ANDREA BARROS

ANDRICO XAVIER

BIA CALMON

CABO HUDSON

CHICO 2000

DANIEL PADILHA

DANIEL ROBERTO

DRA MARIANA CARVALHO

EMANUEL DAUBIAN

ÉRIKA GAMA

FELLIPE CORREA

IRMA MARTA

JOAQUIM LIRA

LEANDRO FIGUEIREDO DO CATTANI

MARCELO CRAICI

MARINA REIS

PAULA CALIL

PAULO RIBEIRO

POLICIALFEDERAL RAFAEL RANALLI

PROF. RAQUEL MACIEL

PROFESSOR ADMILSON

PROFESSORA MAZÉ

RAFAEL YONEKUBO

ROBERTO ZICO

RODRIGO GUILHERME

SAMANTHA IRIS – DO ABÍLIO

SGT ELI CARLOS


2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ


SOLIDARIEDADE

ADEVAIR CABRAL

ALIZANGELA MOTORISTA MORENA

BAIXINHA GIRALDELLI

BETO DA PANELA

BIA CALMON

BOTOF

CIDA FIGUEIREDO

CIDA RODRIGUES

CLEO COSTA

DÉBORA BRASIL

DILON CAPOROSSI

EDU ARAÚJO

ELIAS SANTOS

JONAS CABANHA

LORO

LUIZ HENRIQUE BOTELHO

MARCO AURÉLIO CONTADOR

MAURÍCIO VASCAÍNO

NATALICOL

PAULINO ARRUDA

PEDRINA DO SOPÃO

PLÍNIO JÚNIOR

PROFESSORA DANY

SERGINHO RODRIGUES

THAISA FIGUEIREDO

VOVÓ MALUCA DA SAÚDE

ZIDIEL COUTINHO


2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ


NOVO

ADRIANO

ARIELLE FERREIRA

ARTHUR GARCIA

CLÁUDIA FÁTIMA

CLEBER BEZZANO

CORONEL ZÓZIMA

DINO

FABINHO BILL

FABRÍCIO VIEIRA

JACK BRASIL

JOEL CABELEREIRO

JOSE SIRLEI

LORRAYNE PIMENTA

LUIZ FERNANDO DA GRÁFICA

MÁRCIA MANICURE

MATEUS FUIM

NATAL CARVALHO

PAULO SÉRGIO BORGES

PI

PROFESSOR BENEDITO

PROFESSORA HELISAINE

RAYRA SILVESTRE

RONIE PETERSON

SGT WALDEMIR MATOS ENFERMAGEM

SORAYA SILVA

VANDINHO PATRIOTA


2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ


PSB

ADILSON LEVANTE

ADRIANE MARTINS

ADRYA

ANDREA JANAÍNA

ARI ARAÚJO

AUGUSTO CAMPOS

BOB PERON

CARLA FAHIMA LUNAR

DARLING RODRIGUES

DÍDIMO VOVÔ

ÉDIO MARTINS

ELGA

ENFERMEIRA MERIELLY

GUSTAVO PADILHA

ILDE TAQUES

JAN MOURA

JEAN BARROS

KATIUSCIA

LAURO BOA SORTE

MARCELO CUNHA

MARIA MOLINA

PAULO BATMAN

PORTELA

PRESIDENTE REGINA FERRAZ

PROFESSORA MARISA

SARGENTO JOELSON

VILMA BARROS

VITINHO


2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ

REPUBLICANOS

CARLOS RAFAEL FURTADO

CIDA SILVA MODELS

DANIEL MONTEIRO

ED MAGAL

EDUARDO MAGALHÃES

FABIO SENNA

FÁTIMA PARANÁ

FRED GAHYVA

GABRIEL GUILHERME

GIORGIO AGUIAR

JA JA DO POVO

JULIANA GIMENES

JULIO DA POWER

JUNIOR LIMA DA VOVÓZONA

MAYARA ROSA

MAYSA LEÃO

PAOLLA REIS

PASTORA PATRÍCIA ARAUJO

PAULO PEIXE

PROFESSORA MARIA PRA MUDAR

RAQUEL DO QUILOMBO

REGIS REGENTE

RENATO FERREIRA RFL

ROBERTINHO FERNANDES

RODRIGO POUSO

RONDON

SARGENTO DIVINO

SARGENTO SAMER ROGER


2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ

PSD

ABNER BUENO 

ALBERT ARRUDA

BETO PITA

CHINA DIGORESTE

DITO LABAMBA

DR. ADJAIR PEREIRA

FRANK SABIÁ

GASOLINA

HELENA NASCIMENTO

JEFERSON SIQUEIRA

JOSANE DIAS

JOSÉ ADVAIR “O BOLO”

JOVANIL PEDRO

JUCELMA OLIVEIRA

JURANDIR ZARAMELLO

LEIVA LELÊ

LEMES

MÁRCIO DEODATO

MARCOS LEVY

MARIA ARAUJO

MAYCON DOUGLAS

MISAEL GALVÃO

NAZIRA FONSECA

NÉRIS

PROFESSORA ZILEIDE

SOL


2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ


FEDERAÇÃO PSDB/CIDADANIA

ALDEMIR OLIVEIRA

BETINHO  CUIABANO

CARINE CEPIL

CLAU DA SOCIAL

DIANA SOUZA

ENFERMEIRA JULIETE

ENG. LEONARDO DOMICIANO

ENG. THIAGO MARQUES

JEFFERSON DALTRO

JÉSSICA JBL

MARIA AVALONE

MARIA SPADINI

NETO MARQUES

PAULO BORGES

PROFESSOR EDIVALDO ROCHA

RAFAEL XPIO

RENIVALDO NASCIMENTO

RODRIGO DE ARRUDA E SÁ

ROGÉRIO VARANDA

RONAN ITACARAMBY

SILBAYNE SILVA

T. CORONEL DIAS

TEREZINHA

THAMI GALAXE

THIAGO PEDRA 90


2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ


PMB 

ALENCAR FERRO VELHO

CLAUDIA NOIA

DEVA GAZELA

DEYWISON

DR. MARCIONE

EDJANE BOTELHO

ELIANE BOLO

EMANUELLE BRASIL

GILBERTO LOPES FILHO

GIRLAYNNE ALMEIDA

JOSÉ QUEIROZ

LUIZ WALTER

MARCELO PIRES

MARCIO BULHÕES

MENEZES DA FARMÁCIA

PASTORA MARIA FILHA

PAULA RAMOS

PROF ANA MARIA

PROFª MARIA INES

RENATO MOTA

RODRIGO SANT’ANA

RONALDO PEDRA 90

SGTº PEREIRA

SGTº ASSIS DO BIGODE

SILVANO CRUZ

SIMONE INCROCCI

THYAGO CORREA

WILSON KERO KERO


2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ


PRTB  

ALESSANDRA REIS

ALESSANDRO CASTRO

BILLY

CASSIO FRANÇA

CONCEIÇÃO COSTA

CREONE DIAS

ELAINE MAIA

ELEUS AMORIM

GIROLDO

IRAPUA O MARCÃO

JHONY’S DOG

JULIANO NARDEZ

KERO

LEO SABOIA

NATAL MORALECO FILHO

ONILCE

PABLO CUIABANO

PEDRO POÇÃO

RAPHAEL BRUNINI

RENAN CARVALHO

SANDRA PROTETORA

SANSÃO

SIDNEY DE SOUZA

SILVIA PAPI

SUB TENENTE AMINADABE

TANIA MENDES

WELLINGTON BEZERRA


2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ

DC   

ALESSANDRA TEIXEIRA

AMANDA BORGES

AMAURI PEREIRA

BELCHIOR

BENGUÉ

BOLA MIRANDA

CASSIMIRO SILVA

CLARICE RODRIGUES

CLEBINHO POTÊNCIA

DELVI FARMACÊUTICO

DRA. CLAUDIA LOPES

ELIAS GALLI

FERNANDO FERNANDES

GABRIEL CHAVEIRO

GERALDA MENDES


2024    - CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ

PP  

ANA DE FÁTIMA OTHON

BENEDITA SILVEIRA

CLAUDIO CARNEIRO

DEMILSON NOGUEIRA

DR LICÍNIO

DÚBIA SANTOS

DUDU FARIA

ENFERMEIRA JOVELINA TIZOT

ENFERMEIRA LÍGIA

FABINHO PROMOÇÕES

FLÁVIA MESQUITA

GUILHERME ROCHA

JÚNIOR OLIVEIRA

LILO PINHEIRO 

NELSON FARIAS

PASTORA IRANILDES

PROFº IZAQUE LUX

PROFº JOSÉ NETO

PROFº NEVITON

RAFIC YASSIM

RICARDO ARRUDA

ROSANA XAVIER

SORAYA AMARAL

VANDERLEI

VILSON NEVES

VINICYUS CLOVITO HUGUENEY

WANDERSON SANTOS


2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ

FEDERAÇÃO PSOL/REDE 

ANDREIA LIMA

BAIA

CAROLINA GUIMARÃES

EDILENE RIBEIRO FILÓSOFA

EDILSON ROSA

ERON CABRAL

ESPONJA

EUDO PEREIRA

IRENE MESSIAS

JOSÉ ROBERTO

LIBERATTI NARRADOR

MAURO LEITE

TURKÃO

VÂNIA RIBEIRO

WANIA AMORIM

ZÉ DO GÁS


2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ

PDT 

ANDRÉIA SCHWARZ

CÁSSIA PEDROSO

CIDA DO CAMELÔ

DR. THALYSON BUENO

ISAC PÓVOAS

JANETE IZIDORIO

KALIL STOCK

MARA BADAN

MARCUS FABRÍCIO

PAULO MACEDO

PROF JORGINHO

PROFESSOR CAIUBI KHUN

RAUNY OLIVEIRA

ROBERTINO DA FARMÁCIA

RUBINHO DA GUIA

TAINÁ ALVES

WESLEY ALVES

GUILHERME OLIVEIRA


2024    -   CANDIDATOS A VEREADOR CUIABÁ

PODE

ARI CAPAS

BARBARA DUTRA

CESAR LIMA

DR, XAVIER

DRA MARA

EDILSON ODILON

JENNIFER MEZZONO

JOANA DARC

KASSIO COELHO

KEKO

KLAUS

LOBÃO

MANU

MARCIO COSTA

MARKINHOS COM VOCÊ

OSCARLINO ALVES

OSCEMÁRIO DALTRO

PASTOR ANDRÉ CRISTHIANO

RENILDO FRANÇA

ROSANA SELMA

SGT NELSON JUNIOR

STEPHANIE JACOMO

VICENTE VUOLO

WALTINHO DA LUA MORENA



sexta-feira, 23 de agosto de 2024

O VOTO NO VEREADOR

 

José Antonio Lemos dos Santos

     Por muitos anos mantive em artigos a expectativa de que elas um dia aparecessem, como enfim apareceram nas eleições de 2022. Era no mínimo ilógico que em eleições proporcionais para vereadores, como as daquele e deste ano, em que o eleitor vota primeiro em listas de candidatos (por partidos ou federações), as tais listas não fossem dadas ao conhecimento do eleitor, originando o grotesco fenômeno brasileiro do eleitor votar em um candidato e eleger outro, sem saber sequer quem foi eleito com seu voto. Muitas vezes até elegendo um candidato que gostaria de vê-lo banido da vida pública. Pior, levando a pecha de não saber votar e ainda pagando a conta. Em 2022 elas foram apresentadas no site do TSE, ainda que não tão fácil de encontrar. Mas estavam lá, com nomes discriminados pelas suas respectivas agremiações partidárias, pelas quais concorriam. 

     Para este ano o TSE foi além. Facilmente o eleitor interessado encontra no site do órgão a plataforma DivulgaCandContas e lá facilmente também encontra a lista dos candidatos a vereador por município, atualizado a cada 30 minutos, indicando seu partido ou federação por qual concorre. Melhorou muito. Uma grande inovação promovida pela Justiça Eleitoral. Porém, ainda falta que os candidatos fossem apresentados em listas por partido ou federação e não por ordem alfabética pois é dentro de seus partidos ou federações que eles vão disputar um naco do quociente eleitoral e é neles que o eleitor deve escolher seu voto procurando evitar uma compra de gato por lebre.  

     A preocupação especial com as eleições proporcionais é procedente pois, nas eleições majoritárias a eleição é simples: o voto é direto no candidato e os mais votados ganham. Já nas eleições proporcionais o voto é dado a candidatos vinculados a listas por agremiação a qual conquistará um número de cadeiras de acordo com a totalidade dos votos recebidos, inclusive os votos dos “derrotados”: mas só os mais votados ocuparão as cadeiras conquistadas. Assim, nas proporcionais mesmo que o seu candidato escolhido não tenha sido eleito, seu voto ajudará a arrumar uma cadeira para outro, que você nem sabe quem é.

     As proporcionais são importantes e funcionam bem em democracias avançadas. O problema é que aqui as tais listas não eram dadas ao conhecimento oficial do público, quando muito uma lista geral por ordem alfabética sem a necessária separação por agremiação, impossibilitando ao eleitor conhecer os demais candidatos parceiros de seu escolhido e passíveis de se elegerem com seu voto. Como votar em uma lista, ou em um time, sem conhecer seus componentes? E a Justiça Eleitoral agora vem fazendo esse imprescindível reparo. Com as listas publicadas, ao escolher um candidato de antemão o eleitor saberá quais outros poderão ser eleitos com seu voto. Não mais um voto no “escuro”. 

     Esta aparentemente simples providência da Justiça Eleitoral poderá ser um divisor de águas na história das eleições no Brasil. Arriscando-me a derrapar na maionese da empolgação, ela trará para o Brasil algumas mudanças importantes: o eleitor terá chance de escolher melhor seu candidato, bem como terá a possibilidade de saber quem se elegeu com seu voto, e cobrar dele as responsabilidades do cargo. 

     Mais importante: as sucessivas eleições forçarão as agremiações mais sérias a selecionar melhor seus candidatos, valorizando os partidos, o papel de suas convenções na definição das listas, aprimorando com isso a qualidade dos nossos parlamentos. A sinergia gerada por esta sequência de mudanças será positiva para as eleições brasileiras. Completando a obra, a Justiça poderia determinar aos partidos ou federações a publicação em folhetos das listas com nomes e fotos de seus candidatos lado a lado, como os antigos “santinhos”. Ou que as próprias agremiações se encorajem a fazê-lo por livre vontade. 



terça-feira, 13 de agosto de 2024

ÁGUAS DE MANSO


José Antonio Lemos dos Santos

     Água é vida, e muito mais quando tratada e em abundância para todos. Nas cidades brasileiras, apesar dos avanços em muitas delas, o suprimento de água potável está quase sempre aquém da demanda por motivos diversos, dentre estes a falta de controle na expansão de suas zonas urbanas, que quase sempre vão na direção de áreas ainda sem infraestrutura, e quando em cotas mais elevadas ficam fora do alcance da estação de tratamento d’água (ETA) mais próxima, tendo então que construir outra em nível mais elevado. E enquanto não se constrói outra o jeito é adotar as soluções alternativas do caminhão-pipa, do poço artesiano, das latas d’água na cabeça, dos córregos fétidos etc. 

     A Baixada Cuiabana poderia estar melhor. Explico, nos idos de 78 trabalhei na Comissão da Divisão de Mato Grosso no extinto Minter em Brasília, e participei das discussões nas quais foi decidida a energização da então futura barragem de Manso, de início prevista apenas como proteção de Cuiabá contra enchentes como a de 1974. 

    Na época o principal problema estrutural de Mato Grosso era a energia que vinha precariamente de Cachoeira Dourada, com duas linhas de transmissão de cerca de 700 km, inseguras no fornecimento e com grandes perdas de carga. As alternativas eram o projeto da Usina do Funil, em Rosário Oeste, e a construção de uma terceira linha de transmissão até Cachoeira Dourada. Pior, diziam que o presidente João Figueiredo não desembolsaria nada além dos valores determinados pelo presidente Geisel, seu antecessor, autor da divisão do estado. 

     A obra da barragem de Manso que começava, e que seria só de proteção urbana, foi então suspensa para inclusão da geração de energia no projeto. E a alteração foi além da geração de energia, acrescentando ainda a previsão de irrigação de 40 mil ha de terras, e outros projetos como psicultura, aquicultura, turismo e, o que interessa diretamente a este artigo, a possibilidade de abastecimento de água por gravidade às cidades da Baixada Cuiabana. Por suas várias finalidades o projeto ficou conhecido por APM Manso, (aproveitamento múltiplo de Manso), como até pouco tempo constava nas placas indicativas da localização do empreendimento. Na mesma ocasião era projetada na Bahia a Barragem de Pedra do Cavalo tendo como objetivo principal, veja bem, o abastecimento de água à Região Metropolitana de Salvador, a 120 km de distância, e mais, a proteção das cidades à jusante da barragem e a irrigação de áreas rurais. Só depois acrescentaram a geração de energia. Hoje, segundo o “dr.Google”, Pedra do Cavalo abastece com água 60% da população de Salvador, que tem cerca de 2,5 milhões de habitantes.

     Vivemos nestes dias o início das eleições municipais de 2024 e esta história faz muito sentido para a Baixada Cuiabana, em especial Cuiabá e Várzea Grande onde a falta de água potável é grave, demandando sempre novas estações de tratamento e, ainda, às voltas com a degradação das fontes naturais de captação. Naquele tempo a solução para Salvador foi a construção de uma barragem especificamente para o abastecimento de água, que depois agregou novas funções. Aqui, temos grande parte da população sofrendo por falta d’água e uma barragem pronta cumprindo sua função principal de proteção urbana, e ainda gerando energia e oportunidades para o turismo, lazer e empreendimentos imobiliários, porém desprezada como fonte de água. 

     O saneamento certamente será abordado nestas eleições, como nas outras, e deveria sê-lo em amplitude e profundidade por todos os candidatos a prefeito e vereador dos municípios da Baixada como um tema regional, não só de seu município, envolvendo o governo do estado e a Região Metropolitana. Ao final, que os eleitos levem para seus mandatos um compromisso suprapartidário e supramunicipal pela solução definitiva desse problema, não só soluções pontuais e momentâneas, mas estruturantes e universais, com ou sem as águas de Manso. No século XXI, a sede não pode mais ser motivo para dor, ainda mais com uma imensa caixa d’água caríssima e pronta nas proximidades.

dojoselemos.blogspot.com/2024/08/aguas-de-manso.html?m=0 

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terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

FERROVIAS E CONEXÕES URBANAS



José Antonio Lemos dos Santos

O imbróglio sobre o traçado ferroviário dentro da zona urbana de Rondonópolis protagonizado pela prefeitura municipal e a empresa RUMO não pode ser visto com olhos pequenos, como se fosse apenas uma picuinha do município ou uma demonstração de força da grande empresa. O assunto é muito sério pois seu deslinde ultrapassará as cercanias de Rondonópolis, influenciando decisões futuras sobre o mesmo assunto em dezenas de municípios que estão na iminência de receber o modal ferroviário, não só em Mato Grosso, como em todo o Brasil.

     Vista de longe, apenas pelo noticiário, a questão é que a RUMO tem contrato com o estado para construir uma ferrovia ligando Rondonópolis a Cuiabá e a Lucas do Rio Verde, com prazos estabelecidos para conclusão. Acontece que o trajeto definido pela empresa passa por dentro da Zona Urbana de Rondonópolis, cuja prefeitura, em seu direito a meu ver, negou autorização para este caminhamento tendo por base a legislação que trata do uso e ocupação do solo urbano do município. 

     Sem menosprezar a importância de uma ferrovia desse porte para o estado, para o país e, muito especialmente, para a própria cidade, lembro que o que está se fazendo pelo Brasil e mundo afora é justamente o contrário, isto é, a retirada dos trilhos ou sua ressignificação urbanística, ainda que das românticas “Marias-Fumaças”, urbanizando as faixas resgatadas. Considerando as atuais dimensões do empreendimento é fácil imaginar a incompatibilidade entre a malha urbana e a circulação de comboios de carga que podem chegar a 100 vagões com um ou dois andares cada. Trilhos hoje em cidades só os destinados ao transporte urbano de passageiros em suas várias escalas. 

     O ideal seria que a questão de Rondonópolis, no que ela tem de certo e de errado, pudesse servir de balizamento aos demais municípios brasileiros que também aguardam a chegada dos trilhos trazidos pela exuberância produtiva do agronegócio. De certo tem a defesa da qualidade de vida de sua população ao defender sua legislação. De errado está em não ter enfrentado esse problema com antecedência, no mínimo desde a inauguração do grande terminal ferroviário no município, antecipando-se ao grande problema.

      Nessa linha, com os trilhos ainda em São Paulo, Cuiabá iniciava a elaboração de seu Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e já tratava da futura conexão ferroviária e em 1994 concluiu uma proposta básica de caráter urbanístico indispensável ao trabalho que se fazia de projeção da cidade (desenho ilustrativo no “Caderno do IPDU”). O partido da proposta foi a logística, adotando como seu eixo a Rodovia dos Imigrantes, convergência das 3 BR’s que passam pelo município. Na área escolhida, localizada na Região Sul de Cuiabá à jusante das águas e dos ventos dominantes, havia disponibilidade de terras compatíveis com as novas funções, inclusive para expansão habitacional.

     Ainda que a ferrovia não tenha chegado após 3 décadas, as principais alterações na legislação foram implementadas pelas administrações municipais que se sucederam, tais como a expansão da Macrozona Urbana de Cuiabá e a criação da Zona Especial de Alto Impacto com previsão de expansão do Distrito Industrial ao longo da Rodovia dos Imigrantes, tendo no seu limite externo uma faixa contínua para a circulação ferroviária, tangenciando-a sem adentrá-la inclusive para instalação do terminal local, (legislação publicada no compêndio “Legislação Urbana de Cuiabá). Passado tanto tempo é evidente que se trata hoje de uma proposta carente de revisão completa, porém poderia ser um ponto de partida, ou recomeço. Importante é que os interesses das cidades e das ferrovias sejam harmonicos e que os municípios no caminho da ferrovia antecipem também seus estudos assumindo seu protagonismo na construção de suas histórias. Já estão atrasados. 


segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

AS LISTAS DAS PROPORCIONAIS

 

José Antonio Lemos dos Santos

Por muito tempo mantive a expectativa de que elas um dia aparecessem, como enfim apareceram nas eleições de 2022. Era no mínimo ilógico que em eleições proporcionais, como as deste ano para vereadores, em que o eleitor vota em listas de candidatos (por partidos, coligações ou federações), as tais listas não fossem dadas ao conhecimento do eleitor, originando o grotesco fenômeno brasileiro do eleitor votar em um candidato e eleger outro, sem saber sequer quem foi eleito com seu voto. Muitas vezes até elegendo um candidato que gostaria de vê-lo banido da vida pública. Pior, levando a pecha de não saber votar e ainda pagando a conta. 

     Ei-las! Em 2022 elas foram apresentadas no site oficial do TRE, não tão fácil de encontrar, mas simples de manusear. Espero que nestas eleições de 2024 elas voltem a aparecer, talvez agora com um avanço a mais, apresentadas em separado por partido ou coligação com todos os seus candidatos lado a lado em tela única facilitando ao eleitor na definição de seu voto, identificando eventuais candidatos indesejáveis e, no caso, sugerindo outra escolha, em outra lista menos poluída.

     A preocupação especial com as eleições proporcionais é procedente pois, nas eleições majoritárias a eleição é simples: o voto é direto no candidato e os mais votados ganham. Já nas eleições proporcionais o voto é dado a candidatos em listas por agremiação que conquista um número de cadeiras de acordo com a totalidade dos votos recebidos, inclusive os votos dos “derrotados”: os mais votados ocuparão as cadeiras conquistadas. Assim, nas proporcionais mesmo que o seu candidato escolhido não tenha sido eleito, seu voto ajuda a arrumar uma cadeira para outro, que você nem sabe quem é.

     As proporcionais são importantes e funcionam bem em democracias avançadas. O problema é que no Brasil as tais listas não eram dadas ao conhecimento oficial do público, a não ser uma lista geral por ordem alfabética sem a necessária separação por agremiação, impossibilitando ao eleitor conhecer os demais candidatos parceiros de lista de seu escolhido e passíveis de se elegerem com seu voto. Como votar em uma lista, ou em um time, sem conhecer seus componentes? Em 22 a Justiça Eleitoral fez em parte esse imprescindível reparo. 

     Com as listas publicadas, ao escolher um candidato de antemão o eleitor saberá quais outros poderão ser eleitos com seu voto. Não mais um voto no “escuro” como nas eleições atuais. Para se ter ideia, nas eleições para deputado federal de 2018 em Mato Grosso, apenas 1 (25%) em 4 eleitores aptos a votar votou em quem foi eleito, enquanto 34% votaram em quem não foi eleito. Os demais 41% nem votaram, optaram pelo voto em branco ou nulo, ou pela pescaria com os amigos. 

     Esta aparentemente simples decisão do Justiça Eleitoral poderá ser um divisor de águas na história das eleições no Brasil. Arriscando-me a derrapar na maionese da empolgação, ela trará para o Basil algumas mudanças importantes imediatas: o eleitor poderá escolher melhor seu candidato, bem como terá a possibilidade de saber quem se elegeu com seu voto, caso seu escolhido não seja eleito. 

     Mais importante: as sucessivas eleições forçarão as agremiações mais sérias a selecionar melhor seus candidatos, valorizando os partidos, o papel de suas convenções na definição das listas, aprimorando com isso a qualidade dos nossos parlamentos. Esta sequência de mudanças positivas poderá gerar um processo sinérgico de grande proveito para as eleições brasileiras. Aguardemos, pois, as listas oficiais de 2024 para definir nosso voto nas proporcionais.   


quinta-feira, 23 de novembro de 2023

segunda-feira, 20 de novembro de 2023

24/11 ANTONIO JOÃO 200

 


José Antonio Lemos dos Santos

     24 de novembro, data que celebra um herói. Não se trata de exaltar as guerras em geral ou uma guerra específica. Heróis existem em cada lado de qualquer contenda ou disputa, assim como covardes ou traidores, a depender do lado por onde são vistos. Herói é aquele que promove ou defende a todo custo, inclusive pessoais, os valores primordiais de seu povo em todas as áreas da ação humana, até nas guerras, embora estas não devessem acontecer, mas aconteçam. Covardes ou traidores são o contrário dos heróis.

     Quero falar sobre Antonio João Ribeiro, hoje quase desconhecido, mas um herói brasileiro que defendeu seu país a preço da própria vida em um dos episódios mais dramáticos e desprezados da Guerra da Tríplice Aliança. Nascido em Poconé (MT)em 24 de novembro de 1823, morreu em Mato Grosso do Sul, na região onde hoje é o município de Antonio João, que o homenageia com seu nome. Neste ano de 2023 são completos exatos 200 anos de seu nascimento e este é o principal motivo deste artigo.

    Seu drama ocorreu quando comandava a Colônia Militar de Dourados com uma guarnição de 14 soldados, mais cinco colonos - quatro homens e uma mulher - tendo que enfrentar um cerco de 365 adversários mais equipados. Rejeitou com altivez o ultimato do inimigo para render-se, não fugindo ao embate desigual. Antes do embate enviou mensageiro ao comando superior com sua decisão de defender aquela posição brasileira, ainda que a preço da própria vida. Não se escondeu em gabinetes, ao contrário, foi para a linha de frente onde morreram ele, dois soldados e mais dois colonos. Os demais foram dominados. 

     A mensagem enviada foi interceptada pelos inimigos e, mesmo assim, tamanha era a eloquência de seu texto que a fez saltar da folha de um papel dado como extraviado, para as páginas das grandes epopeias brasileiras. Os bravos reconhecem seus iguais e se respeitam mesmo estando em lados opostos. E assim foi. 

     Em 1980 o Exército Brasileiro consagrou o Tenente Antonio João Ribeiro como um de seus Patronos e construiu na Praia Vermelha, onde se encontram dois dos mais importantes centros de formação militar do Brasil, a Escola de Comando e Estado Maior do Exército e o Instituto Militar de Engenharia, um monumento em homenagem aos combatentes da Guerra do Paraguai tendo em posição de destaque a figura do ilustre mato-grossense e sulmatogrossense, o poconeano Tenente Antonio João Ribeiro representado no momento em que seu corpo se curva para trás alvejado de morte. 

     A mensagem enviada a seus superiores e interceptada pelos adversários, era pequena no tamanho e grande no significado. Segundo o site do Exército Brasileiro ela extravasava o inarredável sentimento do dever militar, expresso nas poucas palavras ali colocadas pelo bravo Tenente:” Sei que morro, mas o meu sangue e o de meus companheiros servirá de protesto solene contra a invasão do solo de minha Pátria”. Foi, de fato, para além do dever militar firmando-se na linguagem cívica brasileira como expressão da afeição extrema da cidadania pelo seu berço pátrio diante de quaisquer tipos de ameaças que sobre ele pairem. Merece ser lembrado

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

SEGURA SEU VOTO

 

Charge: prof. José Maria Andrade

José Antonio Lemos dos Santos

 Praticamente a um ano das eleições de 2024, começam a aparecer os esboços de candidaturas, tanto para os executivos como para os legislativos municipais em todo o Brasil. Muitas nem serão concretizadas, mas, mesmo assim os nomes começam a ganhar espaço nas ruas, em especial, em adesivos nos carros, seguindo a tradicional regra do começar cedo para “beber água limpa”. Isto é, chegar nos eleitores antes que eles se comprometam com outros eventuais candidatos. De um modo geral começam buscando familiares, colegas de trabalho, velhos colegas dos bancos escolares (até então esquecidos), amigos, em suma, aquelas pessoas potencialmente formadoras do que seria um capital político pessoal. Com base nesses laços pessoais de diversos tipos acabam arrancando compromissos amarrados em “fios de bigode” de difícil escapatória futura. Com as eleições ainda a um ano, muitos desses compromissos são sacramentados em frases ditas sem muito pensar, muitas vezes ditas para encurtar uma conversa chata, ou para não ser desagradável. Aí mora o perigo.

     Em 2017 houve umas alterações eleitorais vindas do que se esperava ser uma reforma política substanciosa, “a mãe de todas as reformas”, mas que acabou não passando de uma “reforminha”, tal qual a que pretendem fazer agora, às pressas ainda antes de outubro. Contudo, do jeito como as regras estão até agora, as próximas eleições serão funcionalmente semelhantes a última, só mudando os cargos em disputa. Em relação ao voto em si quase tudo ficou como antes, só que as de 2024, abrangerão apenas a escolha para prefeitos e vereadores em eleições majoritárias e proporcionais, respectivamente. 

     Como nas democracias mais avançadas do mundo, temos no Brasil dois tipos de eleições, majoritárias e proporcionais, uma privilegiando o candidato individual e outra a proporção em que se distribui no eleitorado as diversas correntes ideológico-partidárias.  Ambas necessárias, pois se complementam. Só que o voto majoritário é simples, vence o candidato que tiver mais votos, enquanto o voto proporcional não é tão simples assim. Nestas vota-se no conjunto – listas - de candidatos por partido ou federação (antiga coligação) através dos votos dados aos candidatos nelas constantes. Os mais votados em cada “lista” são eleitos em número de cadeiras de acordo com o “coeficiente eleitoral” alcançado por cada partido ou federação. Nas eleições proporcionais busca-se a distribuição das cadeiras parlamentares na proporção da preferência dos partidos no universo eleitoral. Tais cadeiras são ocupadas pelos candidatos mais votados em cada corrente, a maioria dos quais não é escolhida diretamente pelo eleitor. Assim, o cidadão escolhe um candidato e seu voto pode eleger outro. Esta é a beleza das eleições proporcionais, mas também seu grande mal entre nós, já que, apenas em 2022 as listas passaram a ser publicadas por partido ou federação, porém, só no site da Justiça Eleitoral, ainda sem muita divulgação e penetração entre os eleitores. De qualquer forma um grande avanço no sentido de maior legitimização e representatividade para as eleições.

      Acompanho este assunto no mínimo desde 2010, quando o STF decidiu que a cadeira conquistada numa eleição proporcional é do partido ou coligação e não do candidato, confirmando ser esta uma eleição coletiva. Aprendi nesse tempo que votando em listas desconhecidas o eleitor podia escolher um bom candidato e eleger sem querer outro, às vezes indesejado, ainda que do mesmo partido ou coligação. Deste modo são reeleitos aqueles de sempre, com o povo enganado no seu próprio voto, elegendo e legitimando muitos daqueles que não gostaria de ver eleitos ou reeleitos. O coitado é ludibriado, paga a conta e ainda leva a culpa e a fama de não saber votar, situação esta que certamente deve ser minorada com a continuidade da iniciativa da publicação das listas pela Justiça Eleitoral, aguardando-se novas medidas no sentido de fazê-las chegar ao maior número possível de eleitores.

     O sentido de consciência e responsabilidade do eleitor na hora de votar deve então ser multiplicado nas eleições proporcionais. Antes de nos comprometer com o candidato parente, amigo, colega ou compadre é importante aguardar a oficialização das candidaturas. Na eleição passada a Justiça Eleitoral deu um grande passo no sentido da legitimidade e representatividade das eleições, publicando em seu site a lista dos candidatos não apenas em ordem alfabética, mas também por partido ou coligações. Talvez em alguma das próximas eleições estarão nas telas das próprias urnas. As listas mostrarão ao eleitor quais os outros candidatos que poderá eleger ao votar naquele que hoje postula o seu voto. Entre eles pode estar um ou mais candidatos que não se queira eleito, nem pintado de ouro. Nesta condição, aquele que é seu verdadeiro amigo entenderá ao negar-lhe seu voto. Importante é não se precipitar em compromisso muito cedo com algum pré-candidato. Segure o seu voto.


segunda-feira, 20 de março de 2023

AS CHEIAS DE SÃO JOSÉ


José Antonio Lemos dos Santos

     Para os antigos a estação das chuvas em Cuiabá tinha dois picos, um em dezembro/janeiro e outro em março, também chamado de “repique”, por volta do dia de São José quando encerrava o período chuvoso. As cheias eram aguardadas nessas épocas, ainda que quase sempre ocorrendo com intensidades diferentes. O último dia 17 de março marcou os 49 anos do dia da cota máxima da cheia de 1974 em Cuiabá, chegando a 10,87 metros, desabrigando milhares de pessoas nos antigos bairros do Terceiro (“de Dentro” e “de Fora”), Barcelos e Ana Poupino, conjunto de bairros que formava a região mais populosa da cidade. A cheia de São José naquele ano foi uma tragédia para a cidade logo quando esta dava um salto de crescimento decorrente da inauguração de Brasília, dentre outros fatores. Grosso modo Cuiabá saltava de 56 mil habitantes em 1960 para 240 mil em 80. Um crescimento para o qual a cidade não estava preparada, nem seus cidadãos, nem seus governantes. Ninguém entendia quando alguns visionários, verdadeiros profetas propunham a necessidade de preparar a cidade para aquela expansão.

     A calamidade daquela cheia serviu para dar uma sacudida nas autoridades. O governo Geisel tomara posse dois dias antes já com a inundação avançada. De imediato o ministro do Interior Rangel Reis veio a Cuiabá e tomou duas decisões radicais marcantes para a cidade e que não podem ser esquecidas. Determinou a demolição do que sobrara dos bairros atingidos, transferindo suas populações para conjuntos residenciais a serem construídos, e foram construídos, um deles o Novo Terceiro. Nesse processo perderam-se alguns marcos da cultura cuiabana que viraram saudade nas lembranças dos blocos carnavalescos “Sempre Vivinha”, “Coração da Mocidade” e “Estrela Dalva”, por exemplo.

     Outra determinação do ministro foi a realização de estudos técnicos para evitar novas tragédias semelhantes em Cuiabá. Daí resultou Manso, em princípio só para evitar novas enchentes, um “açudão” de proteção urbana. Embora pouco divulgado, Manso cumpriu essa função ao menos em 2002 e 2010 impedindo que volumes de água superiores aos 3.025 m³/s de 74 chegassem a Cuiabá. Seria ótimo Furnas informar se aconteceram outros volumes maiores que o de 1974. Fosse só este seu objetivo, Manso já teria valido a pena.

     Já em 1978, no antigo Minter, a Comissão da Divisão do Estado, da qual tive o privilégio de participar, propôs a transformação de Manso em um projeto de aproveitamento múltiplo (APM) de barragem, então pioneiro no Brasil para solucionar também a questão energética, na época o principal problema estadual. Junto com a energização do “açudão”, foram acrescidos os objetivos de regularização de vazão do rio, garantindo cotas mínimas e máximas, prevendo ainda o abastecimento urbano de água e irrigação rural para a Baixada Cuiabana, três barragens a fio d’água rio abaixo, sendo que seu lago poderia também receber projetos de piscicultura, turismo e lazer. Até hoje Manso enquanto APM está subutilizado.

     Ainda há quem pense que Manso foi construída para gerar energia, o que seria um absurdo pela dimensão de seu lago, maior que a Baía da Guanabara e 10 vezes o Lago de Brasília gerando apenas 210 MW. Com Manso segurando o rio, e um bom gerenciamento da ocupação das Áreas de Risco segurando a força dos córregos, Cuiabá pode oferecer condições de segurança à sua população nos períodos chuvosos. Ao contrário do que se vê na maioria das cidades brasileiras, com tragédias a cada verão sempre tratadas com soluções paliativas e projetos pontuais que quase nunca saem do papel antes da próxima tragédia. Teria sido apenas uma questão de sorte Cuiabá pegar um governo recém-empossado que, talvez querendo evitar que uma tragédia urbana mal enfrentada manchasse sua imagem logo em seu início, propôs então uma abordagem abrangente, numa escala mais adequada com bons resultados até hoje



sábado, 21 de janeiro de 2023

A CADEIRA E A CONSTITUIÇÃO

José Antonio Lemos dos Santos 

(Por absoluto medo, corajosamente peço que não compartilhe este meu texto.)

     Como sabemos, em especial os arquitetos, as cidades e seus edifícios são recipientes físicos que abrigam funções urbanas, das mais básicas, como uma padaria, até as mais importantes, como o caso da Praça dos Três Poderes, em Brasília, com as sedes dos maiores Poderes da Nação: Executivo, Legislativo e Judiciário.  Portanto, a Praça dos Três Poderes deveria ser considerada o espaço mais importante do país, como sempre eu pensei que fosse, pois ela abriga suas mais importantes instituições cívicas, os pilares institucionais da nação brasileira, seu comando. Deveria, portanto, também ser o espaço mais protegido e respeitado do país, mantido sob constante vigilância com o que há de mais moderno em termos de segurança, como também pensei que fosse. E descobri que não é. As vezes o edifício e até algumas cidades se confundem com as funções que abrigam, mas continuam sendo apenas o abrigo destas e não elas próprias. Em suma, o mais importante é a função e não o edifício que a abriga. Mais importante o vinho do que a garrafa.

      Porém, parece estar havendo um inversão de valores. As instituições a alguns anos vem sendo atacadas e destruídas criminosamente diante do silêncio das autoridades e da grande imprensa. Estas agora dirigem suas indignações para a vandalização também criminosa e inaceitável de bens públicos e privados. As instituições nacionais vem sendo atacadas e destruídas em sua essência, tanto o Poder Executivo, que perdeu sua autonomia, quanto o Legislativo, este em estágio avançado de perda de representatividade e o Judiciário, que vem usurpando prerrogativas dos outros poderes ao mesmo tempo em que vandaliza ele próprio aquilo que é sua função precípua : defender a Constituição Brasileira. Ou seja, nesta inversão de valores, estamos chorando mais pelos danos criminosos feitos nos Palácios físicos da Praça dos Três Poderes do que pelos danos também criminosos produzidos nos seus conteúdos, na sua essência que tinham por objetivo abrigar, defender. Para a Nação e seu povo é muito mais grave a perda de um artigo, ou mesmo uma vírgula da Constituição Federal, ou o esvaziamento de quaisquer dos Seus Poderes, do que mil vidraças, ou mil cadeiras de qualquer um dos edifícios, repito, criminosamente atacados, por mais belos que sejam, por melhor que seja o arquiteto que os tenha projetado, por maiores que sejam sua importância artística, histórica ou cultural. 

     Enquanto isso, nossa Carta Magna se esvai rapidamente, sem choro, nem vela, sem vozes que se levantem em sua defesa com a mesma ênfase das que protestam pela perda das cadeiras, que também não poderiam ser destruídas. 

(Imagem Wikwpedia)