"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



sábado, 6 de novembro de 2010

HABEMUS PRESIDENTA!

HABEMUS PRESIDENTA!
José Antonio Lemos dos Santos

Viva a democracia! Dilma venceu e a partir do ano que vem será a presidenta de todos os brasileiros com o respeito cívico de todos, mesmo daqueles que, como eu, não votaram nela. Que Deus e o Bom Jesus de Cuiabá a abençoe. Venceu por seus méritos e determinação, apoiada pelo presidente brasileiro mais popular, por um partido e uma coordenação eleitoral com comando e agilidade. Amplia o mérito de sua vitória ter vencido um grande candidato, ainda que prejudicado por um partido desorientado e sem uma estrutura de campanha competente.
Creio que a oposição no Brasil deva ser reconstruída. Inexistiu nos últimos oito anos no país e em Mato Grosso. As mortes de Teotônio, Ulysses, Montoro, Covas e Dante, deixaram a oposição sem rumo, reduzida a figuras que se acham muito maiores do que realmente são, preocupadas apenas com o lugar de destaque que acham merecedoras. Nos últimos anos o Brasil e Mato Grosso perderam muito com o silêncio da oposição, que paga por isso com a derrota. Como tirar da campanha Fernando Henrique Cardoso e sua obra? Como esquecer Dante e sua obra?
Apesar de ter tido mais votos em Mato Grosso, nem assim a oposição foi a vitoriosa e nem Dilma a derrotada. Foi o governo Lula que perdeu, punido pelos mato-grossenses por sua calamitosa atuação em Mato Grosso. Contando sempre com o silêncio da oposição, é bom nunca esquecer. Como vencer tendo paralisado a obra da Ferronorte? Se tivesse continuado os trilhos já estariam prá lá de Sinop e o estado seria outro. Como aceitar o pouco caso com a paralisação há mais de três anos do maior investimento privado no estado, o complexo gasoduto/termelétrica de 1 bilhão de dólares, que estaria trazendo matéria prima e energia limpa, confiável e barata para o desenvolvimento estadual? Como vencer com a paralisação das obras do aeroporto Marechal Rondon e o atual descaso da Infraero para com a Copa do Pantanal em Cuiabá? Não foi Dilma quem perdeu aqui, foi Lula.
Um dos coordenadores da campanha de Dilma em Mato Grosso disse sobre os resultados no estado que “quem apanha nunca esquece”, lembrando inúmeros problemas não só de campanha, mas também das ações da policia federal, fechamento de madeireiras e entraves burocráticos. Sinop ganhou de Lula sirenes de madrugada invadindo lares, aterrorizando um povo trabalhador e embaralhando o promissor futuro de muitas cidades mato-grossenses e daquela que era o principal centro regional do norte do estado. E Lula, não Dilma, perdeu em todas elas. Se o povo fazia alguma coisa errada em relação ao meio ambiente, só fazia aquilo para o qual foi atraído pelo próprio governo federal em outras épocas, quando mata em pé significava "terra improdutiva" sujeita à desapropriação. Mais correto uma política inibidora das práticas hoje condenadas do que as sirenes e o terror. Ganhariam todos, o meio ambiente, a região e o estado. Talvez até a candidata.
Do jeito como Mato Grosso foi maltratado o resultado não poderia ter sido outro. O governo Lula, não Dilma, perdeu em 90 dos 141 municípios mato-grossenses. Até mesmo na Sapezal de Maggi, na Matupá do governador Silval e em Lucas do Rio Verde, destino da fantástica ferrovia criada um ano antes da eleição visando os votos daquela gente do norte recém sacrificada em nome do meio-ambiente. Nem com sangue de barata. Mas, em sua vetusta sabedoria, a Grande Cuiabá fez Dilma vitoriosa em suas urnas, crendo que mesmo os melhores podem melhorar e mostrando que Mato Grosso espera e confia na presidenta eleita com os projetos que necessita e tem direito. Afinal, se Mato Grosso tem apenas 1,5% do eleitorado, produz mais da metade do superavit comercial brasileiro e aguarda o respeito federal que merece.

(Publicado pelo Diário de Cuiabá em 02/11/2010)

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