"FIRMITAS, UTILITAS et VENUSTAS" (Tríade Vitruviana)



terça-feira, 12 de junho de 2012

A DOIS ANOS DA COPA



José Antonio Lemos dos Santos 




     A partir de amanhã estaremos a dois anos do primeiro jogo da Copa do Mundo 2014 em Cuiabá. Dois anos passam rápido, como passaram os três desde que Cuiabá foi escolhida pela FIFA com uma das sedes desse que é um dos maiores eventos de massa do mundo. Até lá Cuiabá viverá uma epopeia, uma nova epopeia, agora de vida, de construção, no sacrifício diário de mobilidade que já começamos a enfrentar com a preparação da cidade em tempo recorde para Copa e para sua elevação a novos padrões urbanísticos com mais qualidade de vida para sua gente.
     Aliás, quis o destino que a abertura da Copa do Pantanal venha a acontecer em um dia 13 de junho, logo após o espetáculo da florada dos girassóis de Campo Novo do Parecis e Campo Verde, dia de Santo Antonio, época de friagem e muitas festas na cidade, mas também data da outra epopeia cuiabana, a Retomada de Corumbá, quando relembramos o martírio de dois povos valorosos, irmãos e hermanos, brasileiros e paraguaios, ambos vítimas do maior conflito bélico das Américas, a chamada Guerra do Paraguai. Uma bela oportunidade para se brindar com tereré e guaraná, rasqueados e polcas paraguaias, a paz entre esta gente tão amiga e entre os povos do mundo inteiro. Em outros artigos cheguei a propor a construção de um monumento à paz na praça do Cae-Cae, campo santo onde jazem os corpos de metade da população cuiabana da época, vítima daquele triste episódio. Pensando melhor, não foi o destino que escolheu a data. Diria ser mais uma arte do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, sempre tão generoso com esta terra, que além de ter trazido a Copa como um estratagema, um choque de vida e adrenalina para que nos preparemos para o Tricentenário, também nos faz lembrar no coração da América que futebol é esporte, uma das mais sublimes maneiras de se celebrar a paz, ainda que em disputas acirradas.
     Na prática, porém, o evento começará um ou dois meses antes com os preparativos para a instalação das equipes de imprensa, trabalhos de segurança e mesmo a chegada antecipada de algumas das seleções em trabalhos de adaptação ao clima e às coisas do Brasil e Cuiabá. Assim, é preciso que antes já esteja concluída a maioria dos projetos preparadores da cidade para a tão esperada e bem vinda enxurrada de visitantes. E tudo caminha para que assim seja, principalmente com a população assumindo a Copa como um direito seu e de seus filhos e netos, criticando, cobrando e aplaudindo a continuidade das obras e serviços programados. A meu ver a única situação perigosa é a do aeroporto, pois até agora, três anos após Cuiabá ter sido escolhida como sede da Copa, até hoje a Infraero não aprontou o projeto executivo. Temo que a Infraero continuará enrolando a presidenta Dilma e Cuiabá, colocando-a em risco como sede da Copa – seja lá por quais motivos – se não houver uma intervenção dura dos setores turístico, hoteleiro e comercial e de todos os segmentos da sociedade mato-grossense junto à empresa e à nossa classe política de um modo geral, e em especial junto à bancada federal que deixou a situação chegar onde chegou. Sem aeroporto, Copa nem com a cidade pintada de ouro.
     Mas vai dar certo. Se não for tudo o que a Copa oportunizou ou tudo o que era preciso, certamente será muito mais do que Cuiabá veria nas próximas 3 décadas sem a Copa. A cidade hoje é um canteiro extraordinário de obras públicas e privadas e se alegra junto às obras, com o mea-culpa de suas autoridades e cidadãos quanto à forma como manejavam seu desenvolvimento e o seu futuro. Polarizando hoje uma das regiões mais dinâmicas e produtivas do planeta, e aproveitando a grande oportunidade da Copa, a cidade está bombando como dizem os jovens, vive o melhor momento de sua história e não vai desperdiçá-lo. 

(Publicado em 12/06/2012 pelo Diário de Cuiabá)

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