essencialarchitecture.blogspot.com
José Antonio Lemos dos Santos
O primeiro grande legado da Copa para o Brasil foi ter exposto ao mundo e, em especial, a nós mesmos que o país está encalacrado em um modelo político-administrativo enrolado, perdulário, corrupto e incapaz. A pretexto de combater a corrupção, que continua à solta, o país criou um emaranhado burocrático incapaz de construir qualquer projeto com datas inflexíveis, como a própria Copa ou as tragédias anuais de cada verão. Por enquanto a saída é o Regime Diferenciado de Contratações, que no fundo é um jeito legal de descumprir a lei, que de início seria só para a Copa, depois ampliou para o PAC e agora querem estendê-lo ao sério problema da armazenagem agrícola. A Copa vem mostrando que o Brasil precisa modernizar seus processos.
O bizarro é que o atual sistema tão preocupado com a corrupção ao invés de puni-la, prefere punir a obra, isto é, o povo. Quando aparece uma obra suspeita de corrupção a providência imediata é suspender a obra, deixando o corrupto ou o suspeito continuar em seu cargo e livre para ocupar cargos mais elevados, gerindo recursos públicos ou legislando,
Agora temos o caso das cadeiras da Arena Pantanal, cujos preços foram comparados capciosamente aos de produto de qualidade inferior. Sem voltar à discussão sobre a prioridade da Arena e mesmo da Copa, assunto já decidido e em fase vitoriosa de implantação, será que não houve precipitação nessa suspensão de contrato? Como entender a suspensão de uma etapa conclusiva de uma obra cujo prazo máximo de conclusão está compromissado para daqui a menos de 3 meses? Creio no bom senso e na inteligência da FIFA, cujo secretário-geral Jérôme Valcke visita hoje Cuiabá, mas temo os meandros barrocos de nosso sistema jurídico-administrativo. E se a empresa do contrato rompido recorrer à Justiça? A Arena Pantanal foi exposta a um risco por uma diferença pouco superior a R$ 6,0 milhões, que é muito para ser desperdiçado em um país cujo povo é tão carente como o nosso, porém ínfimo numa obra tão importante de meio bilhão de reais. Ainda mais que a suposta irregularidade não afeta a segurança da população e melhora a qualidade do produto final, com cadeiras comparáveis às da Arena Beira-Rio e de Fortaleza. Não seria o caso de se investigar antes, convocar os gestores, o arquiteto responsável para explicar sua especificação e o Conselho de Arquitetura e Urbanismo para um laudo técnico competente? Entendo que em princípio todos sejam inocentes, mas, se em caso de culpa, não seria mais justo punir e cobrar aos gestores responsáveis o valor eventualmente perdido, sem comprometer o cronograma de inauguração da nossa bela e premiada Arena Pantanal?
(Publicado em 08/10/2013 pelo Diário de Cuiabá)
José António, não sou muito adepta de teorias de conspiração, mas, as obras estão começando a aparecer e o condutor silencioso ao longo destes amargos anos de 2011 e 2012 começa a ganhar status de político sério que contrariou tudo e todos. Isto deve estar incomodando muito o coronel que por 8 anos administrou apenas em causa própria, valorizando apenas a área de influência imediata de seus latifúndios.
ResponderExcluirMuito bom tio!! Também pensoda mesma forma.. Cheguei a comentar em um site esses dias sobre o Hospital Central, uma verdadeira vergonha mesmo!!! Acho que falta honestidade, caráter, ou, no mínomo, sensatez... Catharina Lemos
ResponderExcluir