Midianews
Moacyr Freitas, arquiteto.
O tempo vai passando, e temos uma multidão de seres humanos se remexendo nas comunidades formadas na face da Terra, uns alegres outros tristes. Todos vivendo sujeitos a essa variação de sentimentos, aguardando a vinda de dias melhores. Tudo que está bom hoje, amanhã poderá estar diferente, não agradar mais, ficar ruim.
Percebemos que em nossas sociedades há muitos falsos superiores que tratam mal os outros como se fossem seres inferiores.
A vida em comunidade coloca-nos em contínua comparação. Acontecem as silenciosas competições, que fazem as pessoas mortificarem-se nas incontroláveis diferenças, provocando a inveja, o mal da humanidade.
Concordamos que nossa vida é uma contínua luta na busca da felicidade, mas tropeçamos em muitas indignidades. Arruinando ainda mais essa busca, entra a intrometida maldade, atravessando e atravancando os caminhos daqueles que honestamente vão buscar essa felicidade.
Partindo do seu restrito convívio familiar, vão confiantes e esperançosos, acreditando estar de posse de todos os ensinamentos, conhecimento para a sua vida; pois, é dessa “célula mater” que devem receber a necessária educação de base. Seria normal que assim fosse, se não viessem desmanchar esse ritmo outros fatores indesejáveis que aparecem para produzirem o mal.
Estamos percebendo que crescem o número de lares que se esfacelam. São muitos os convívios familiares destruídos por mais variados motivos, banais, às vezes. São comportamentos da juventude moderna os mais frequentes. Despreocupados, deixam se levar e desfazem suas uniões, buscando novas paixões.
Assistimos diariamente à “cartilha” desse mau comportamento nos vários programas de televisão. É a maldade em ação, a indicar esse “modelo” aos jovens iludidos com a nova e falsa vida. Separados do seu natural convívio familiar, irão seus filhos se educando em outros meios, longe da verdadeira amizade de seus pais. Estes, despreocupados com eles, estarão em outro lugar com outras ocupações. Certamente, seus filhos estarão recebendo novas interferências, que irão introduzir boas ou más ações nas suas mentes. Nessa passagem forçada, estarão eles sujeitos aos desvios de sua formação, que podem levá-los para campos nocivos a sua vida. São esses acréscimos malignos que podem deformá-los para sempre, tornando-os desligados e insensíveis às amizades.
A televisão noticia com frequência, condenáveis procedimentos, resultantes dessas deformações. São jovens estudantes, policiais, profissionais graduados, juízes, gestores dos mais elevados órgãos ou privados, vitimados por esses desvios da mente. Desfigurados, vão tratando mal seus semelhantes sem nenhum constrangimento. Estamos constatando em nossos dias exemplos desses tipos. São os indesejáveis, malcriados que vão contaminando nossas sociedades. Aparecem em escandalosas notícias em nossos meios de comunicação que chocam a humanidade. O mais lamentável ainda é que são habilidosos e chegam a ocupar posição de comando na sociedade.
Por outro lado, a ação da Justiça parece perder força diante desses insensíveis “graduados”. Mesmo sabendo que ordem judicial não se discute, cumpre-se, não a tratam com respeito. Confiam na impunidade. Assistimos também a Justiça falhar, quando encontram campo favorável à acusação, quando a defesa é fraca. Não exige maiores e importantes esclarecimentos, para levar à verdade dos fatos, chegando ao âmago da questão. Ela se prende e apoia em exposições superficiais e por essas julga e sentencia o réu ou a ré.
Encontro-me como vítima de um caso assim: sou professor titular aposentado da UFMT. Professor fundador de fato, antes mesmo daqueles outros que foram titulares por decreto, porque desde os primeiros movimentos de sua criação e fundação, estava lá, nos seus primeiros passos, dando aulas em lugares improvisados, diversos como: Palácio da Instrução, Colégio Estadual de Mato Grosso, Escola Técnica Federal, Colégio Barnabé de Mesquita como Instituto Ciências e Letras e, finalmente, no seu “Campus”, como Universidade Federal.
Portanto, desde seu princípio, em 1966. Nunca estive ausente dessa instituição, nem por alguma licença, pois nunca a solicitei, apenas pelas férias regulamentares. Contudo, a Justiça conseguiu julgar-me inapto, e também outros colegas aposentados sem direito a um adicional no meu salário de 28,86%, que recebia. Não aceitou o seu retorno porque, justifica, não constavam nossos nomes na relação enviada por algum órgão a outro da mesma administração, aquele que verifica quem é ou não é professor da instituição.
Ora! O mais incompreensível nisso é que nunca foi interrompido o pagamento de meus proventos, mesmo sem esse adicional, porque nunca deixei de ser professor dela. Todavia, interromperam, sem apelação, esse complemento ao meu salário. Contudo, outros professores, alguns foram alunos meus, recebem normalmente seus salários integrais sem nenhum corte ou interrupção. Apenas nós, aqueles que não estavam nas folhas dos autos, não recebemos mais nosso justo salário. Foi assim que determinou a Justiça, mesmo sem diligenciar a verdadeira existência nossa como professores no contingente daquela instituição.
Hoje, sou um velho professor aposentado, diferente dos demais, com salário reduzido, porque não existiu meu nome naquele processo por erro administrativo. Vou cumprindo há dezesseis anos aquela pena sentenciada pela Justiça. Decisão Judicial, cumpre-se. Sou leigo nessa área, mas não sou tão ingênuo.
São lamentáveis, esses acontecimentos! É muito triste ver nossas crianças crescerem sabendo desses fatos, dos maus procedimentos de adultos “graduados”. Agora mesmo, esse escândalo do “mensalão”! E tantos outros. Certamente, incorporarão a corrente cada vez mais crescente de pessoas sem esperança. Aquelas que não acreditam na seriedade daqueles que ocupam cargos relevantes nos governos, principalmente no campo da Justiça, onde deveria existir maior cuidado para não arrastar consequências tão danosas à vida de inocentes. É claro que existem honrosas exceções.
Como anda a Educação no nosso país, acrescida de tantos desvios deformantes?! E as famílias? Quem irá socorrê-las e salvá-las dessa destruição?
Minha solidariedade ao prof. Moacir de Freitas. Meu pai, Jesus Brandão, se vivo estivesse, seria um dos mal tratados pela injusta justiça.
ResponderExcluirCarinhosamente
Ludmila Brandão
Profa. da UFMT