Olhardireto
José Antonio Lemos dos Santos
O ambiente de extremo dinamismo e produtividade vivenciado por Mato Grosso e Cuiabá, amplificado pelos investimentos públicos e privados trazidos pela Copa, que destaquei de maneira tão entusiasmado e otimista nos artigos de fim de ano, de forma alguma pode ser entendido como o final de um processo bem-sucedido e um convite à acomodação em algum berço esplêndido que sequer existe. Evidente que a geração de riquezas expressada na liderança nacional da produção agropecuária, no crescimento do PIB, saldos comerciais, renda per capita, etc., é apenas uma etapa de um processo cujo fim deve ser a melhoria da qualidade de vida do povo que produz todo esse sucesso com seu trabalho, empreendedorismo, confiança e sacrifícios.
É importante festejar o sucesso econômico e a geração de um excedente produtivo que permita ir além da simples subsistência. É a produção de um excedente de riquezas que permite acrescentar qualidade de vida a uma população. A produção é básica e deve ser festejada sim. Ainda mais o trabalhador mato-grossense, patrão e empregado de todos os pontos da cadeia produtiva, que conseguiram a proeza de transformar uma terra que aos míopes parecia improdutiva em uma das regiões mais produtivas do planeta, apesar de todas as dificuldades, da falta de apoio dos governos em termos de pesquisa, logística, serviços de saúde, educação, etc.. É um milagre, o milagre do trabalho. Acho que Cuiabá como principal polo dessa fantástica cadeia produtiva deveria até organizar uma grande festa anual da produção mato-grossense.
A riqueza produtiva exuberante e tão visível nos engarrafamentos que provoca nos principais canais de exportação do país dá por fim ao tradicional discurso da pobreza que sempre funcionou como um álibi para os maus políticos quando se tratava de levar qualidade de vida à população. Agora não. Somos ricos com superávits mensais de mais de US$ 1,0 bilhão, em crescimento do PIB, nos importantes investimentos para a Copa, VLTs, BRTs, etc. Riqueza tem, quando se quer aparece, quando se quer faz, é a grande lição da Copa. Só que enquanto a produção da riqueza é necessariamente coletiva, o seu compartilhamento além das quireras é Político, com P” maiúsculo, e só se dará através da cobrança construtiva e positiva da sociedade, objetiva e eficiente, através de suas organizações empresariais, profissionais e comunitárias diversas, impulsionadas pela participação constante da cidadania. Produzir é difícil e deve ser festejado, mas transformar a produção em qualidade de vida justa e sustentável é muito mais difícil e tem que vir da cobrança e do interesse cidadão. Não mais esperar El-Rey ou entrar na ladainha da politicagem enganadora e corrupta.
Daí a necessidade de se imaginar uma agenda da cidadania para Cuiabá e Mato Grosso, que deve ser pensada junta, pois não existiria este Mato Grosso unido e campeão sem sua capital e nem esta Cuiabá dinâmica e vibrante, jovem tricentenária, sem este Mato Grosso forte. A tarefa é ampla diante da velocidade das transformações do momento e do imenso futuro que se vislumbra cheio de perspectivas e potencialidades. É estratégico pensar 2014 à luz de pelo menos três horizontes de aproximações: no futuro imediato visando à otimização da Copa do Pantanal, no curto prazo tendo como referência as comemorações do Tricentenário, daqui a 5 anos, e a médio e longo prazos, consolidando Mato Grosso e Cuiabá em termos da sociedade justa, sustentável e com elevados padrões de vida, que todos sonhamos. E tudo passa pelas nossas ações ou omissões neste 2014 recém iniciado, que promete grandes emoções. Criticar, cobrar, também aplaudir e comemorar. Mas isso tudo não cabe em um só artigo. Viva 2014!
(Publicado em 07/01/2014 pelo Diário de Cuiabá)
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